E já estamos no mês de abril, tendo encerrado o primeiro trimestre de 2023, que parece ter começado ontem. O tempo voa mesmo, e já tivemos o início de vários dos campeonatos do mundo da velocidade deste ano, garantindo emoção e disputas até o final do ano quase. E início de mês é hora de mais uma edição da sessão Flying Laps, relatando alguns acontecimentos do mundo da velocidade neste último mês de março, sempre com alguns comentários rápidos sobre os eventos citados. Então, uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps no início do próximo mês, já em maio...
Sébastien Ogier garantiu sua segunda vitória na temporada 2023 do Mundial de Rali, ao triunfar na etapa do México, disputado neste mês de março. O francês, defendendo a equipe oficial da Toyota, já havia vencido a etapa de abertura do campeonato, em Monte Carlo, triunfo que já marcou a carreira do piloto por ser o seu 9º triunfo na prova, largando na frente na temporada. E agora, na etapa do México, Ogier repetiu a dose, e de quebra, assumiu a liderança do campeonato. Ogier assumiu a liderança no meio da etapa para não mais perde-la, cruzando a linha de chegada com cerca de 27s para o segundo colocado, o belga Thierry Neuville, da Hyundai, que superou Elfyn Evans, companheiro de Ogier na Toyota, na reta final da etapa, por míseros 0s4. O atual campeão, Kalle Rovanperä, também da Toyota, finalizou em 4º lugar. O resultado deixou a classificação do campeonato bem equilibrada, após 3 provas disputadas. Sébastien Ogier assumiu a ponta, com 56 pontos, apenas 3 à frente de Thierry Neuville, com 53. O belga, por sua vez, está apenas 1 ponto à frente de Kalle Rovanperä, que tem 52. Na 4ª posição vem Ott Tanak, da Ford, com 47 pontos, tendo vencido a etapa da Suécia, em fevereiro. Elfyn Evans, por sua vez, é o 5º colocado, com 44 pontos. Temos então 5 pilotos separados por apenas 12 pontos, um equilíbrio inusitado na competição. É verdade que foram realizadas até o momento apenas 3 provas, de um total de 13 etapas, e Ogier, apesar de estar liderando a competição, com 2 vitórias em 3 etapas, não disputou a 2ª prova, na Suécia, uma vez que octacampeão não estará disputando toda a temporada, e por isso mesmo, suas chances de levar o 9º título, e igualar-se ao compatriota Sébastien Loeb, são mais escassas, mas tudo pode acontecer, se os concorrentes não conseguirem aproveitar as etapas de ausência do francês. Será preciso aguardar para ver o que irá acontecer durante todo o campeonato, e quem conseguirá efetuar as melhores cartadas na competição, e conseguir disputar a fundo o título da temporada. A próxima etapa da competição é o Rali da Croácia, a ser disputado neste mês de abril, entre os dias 20 a 23. A temporada se encerra nos dias 16 a 19 de novembro, com o Rali do Japão.
Depois de ficar ausente das demais etapas da F-E este ano, por conta de ferimentos no pulso direito decorrentes de uma batida na corrida inaugural da temporada, na Cidade do México, Robin Frijns retornou à competição no ePrix de São Paulo, mas o cenário não foi muito positivo, não pelo piloto, que demonstrou estar plenamente recuperado, mas por ver que a ABT, seu time, continua sofrendo as consequências da falta de competitividade do trem de força da Mahindra. Frijns largou na penúltima fila, na 20ª posição, e de alento, terminou a corrida em 15º lugar, sem ter conseguido avançar muito, terminando à frente apenas de Oliver Rowland, da Mahindra, e de Sergio Sette Câmara, da NIO, entre os que receberam a bandeirada de chegada. A ABT, que retornou à F-E este ano, depois de um ano de ausência na competição, após disputar as primeiras 7 temporadas como parceira da Audi, ainda não conseguiu se reencontrar na competição dos carros monopostos elétricos, ocupando a última posição no campeonato, sendo o único time que ainda não conseguiu marcar pontos até aqui. O piloto holandês já havia mostrado estar recuperando quando disputou, na semana anterior ao ePrix de São Paulo a prova de abertura do Mundial de Endurance, na Flórida, Estados Unidos, as 1000 Milhas de Sebring, defendendo a equipe WRT, chegando em 6º lugar na classe LMP2.
Falando na estréia do Mundial de Endurance, a Toyota faturou em dobradinha as 1000 Milhas de Sebring. A equipe japonesa havia sido surpreendida na luta pela pole position, que ficou com a Ferrari, em seu retorno como time oficial na principal classe após décadas de ausência, mas na corrida, a experiência, e porque não dizer, um pouco de sorte, garantiu o triunfo para o time campeão das últimas temporadas, que teve o trio Mike Conway, Kamui Kobayashi e José María López, ao volante do bólido Nº 7, receber a bandeirada em primeiro lugar, com o carro Nº 8, com o trio Sébastien Buemi/Brendon Hartley/Ryo Hirakawa chegando 2s168 atrás, numa chegada apertada para uma prova de longa duração. A Ferrari Nº 50, de Antonio Fuoco, Miguel Molina, e Nicklas Nielsen fechou em terceiro, com duas voltas de atraso, depois de se complicarem sozinhos com um período de safety-car e tomarem um drive-through na relargada, além de sofrerem uma punição de 5s por não cumprir o procedimento correto, o que acabou com qualquer chance de tentar a vitória no duelo com os carros da Toyota, sendo que até a entrada do Safety Car, parecia que teríamos um bom duelo da Ferrari contra os então favoritos carros nipônicos. Curiosamente, o único período de Safety Car da prova deveu-se a um acidente... da própria Ferrari, mas na classe LMGTE-AM, onde Luis Pérez-Companc, se perdeu ao contornar da curva 1 do circuito de Sebring, com o piloto argentino saindo da pista e capotando espetacularmente. Felizmente, apesar do grande susto do acidente, os danos foram apenas no carro, com o piloto saindo do que sobrou do veículo. E quando foi para os boxes, a Ferrari perdeu seu Hypercar Nº 51, que engasopou no reabastecimento, e o carro Nº 50 se enrolou sozinho, tendo de se contentar em terminar na 3ª colocação, fechando o pódio da classe Hypercar na primeira corrida do WEC 2023. O carro 51 do time italiano ainda retomaria a corrida, mas se envolveria em um acidente, imaginem só, com um carro da AF Course na classe LMGTE-AM, que além de resultar em danos no carro, ainda lhes renderia uma punição por causar o acidente, fazendo o segundo carro Hypercar da Ferrari cruzar em 15º lugar. O retorno de um nome como o da Ferrari à principal categoria das provas de endurance no seu principal campeonato foi comemorado, e percalços à parte, o time de Maranello mostrou categoria. Faltou só maior entrosamento e experiência para de fato dar mais briga aos Toyotas, que largam na frente da temporada deste ano, mas podem esperar por uma briga mais próxima nas demais provas da competição.
Uma máxima do automobilismo diz que corridas só terminam na bandeirada, e já vi vários exemplos de como isso não pode ser menosprezado. Já vi pilotos baterem na última curva da última volta em provas que estavam liderando, e verem seu esforço virar farelo em questão de segundos, seja por culpa própria, seja por azares alheios, e até mesmo o imponderável. E a etapa das 12 Horas de Sebring, disputadas pelo campeonato do IMSA Wheather Tech, o campeonato de endurance dos Estados Unidos, viu um verdadeiro salseiro na parte final da prova difícil de acreditar. A cerca de 20 minutos para o encerramento da corrida, de 12 horas de duração, vejam só que os três primeiros colocados da prova acabaram se envolvendo em uma confusão generalizada, arruinando uma potencial dobradinha da Penske/Porsche, e envolvendo também um carro da Wayne Taylor Racing. Mathieu Jaminet, piloto do Penske/Porsche liderava, quando acabou atingido numa disputa pela liderança com Filipe Albuquerque, da WTR. No enrosco entre os dois, sobrou para Felipe Nasr, com o outro Penske/Porsche, que acabou atingindo os dois, e sobrando também para, imaginam, o GDT de Daniel Serra, que disputava com outro piloto, e nada tinha a ver com a briga pela classe principal. Só nisso, cinco carros ficaram fora de combate, na reta final da competição. Nesse rolo todo, a vitória caiu no colo de Pipo Derani, defendendo a Whelen Engineering Action Express, cujo carro, aliás, havia largado na pole position, mas que teve vários altos e baixos na corrida, inclusive tomando uma punição e que já nem tinha condições de lutar pela vitória, mas que no final acabou premiado com ela, após 322 voltas completadas com o trio Alexander Sims, Jack Aitken e o brasileiro Pipo Derani. Este triunfo agora contabiliza nada menos que 4 vitórias de Derani em Sebring, um feito para poucos, encontrando-se agora atrás apenas de Tom Kristensen, que ganhou seis na pista da Flórida, e de Dindo Capello, com cinco triunfos. Com 4 vitórias, Pipo igualou o número de conqusitas de Frank Biela e Allan McNish. De ressaltar que na classe LMP3 tivemos mais uma vitória de pilotos brasileiros, com Felipe Fraga, em parceria com Josh Burdon e Gar Robinson no carro Nº 74 trazendo novo triunfo para a Riley Motorsport.
O início da temporada 2023 da MotoGp para Marc Márquez já começou complicado, mais uma vez. Depois de um belo pódio na Sprint Race de Portimão, onde largou na pole, e terminou em 3º lugar, surpreendendo mais uma vez, o hexacampeão acabou arrumando confusão na corrida do domingo, ao perder o controle da moto após um encosto em Jorge Martin, da Pramac, e ir para fora da pista, atingindo com força Miguel Oliveira, da RNF. Além de ambos os pilotos saírem lesionados, o que levou ambos a terem de ficar de fora da etapa seguinte, na Argentina, Márquez recebeu uma punição por conta do acidente, devendo cumprir duas voltas longas, que deverá ser paga na etapa de retorno do piloto da Honda. A princípio, o enunciado da MotoGP afirmava que a punição seria paga na Argentina, mas com o ausência de Marc, isso se tornaria uma medida inócua, de modo que o comunicado foi corrigido, para a punição ser aplicada no retorno do piloto, o que deve acontecer na prova de Austin. Claro que isso motivou um protesto da Honda contra a mudança do enunciado da punição, feito dois dias após a comunicação original, alegando que tal procedimento viola o regulamento da MotoGP. O recurso da Honda contra a aplicação da punição imposta a Marc Márquez agora será julgado pela Corte de Apelações da MotoGP. Mas, sejamos coerentes: do que adiantaria aplicar uma punição, se o piloto estará ausente da corrida onde inicialmente deveria cumpri-la? Isso poderia dar ensejo a um precedente onde pilotos punidos poderiam simplesmente “pular” a etapa onde deveriam pagar a punição, livrando-se da pena. Lógico que Marc Márquez já teve sua própria punição ao fraturar um osso da mão direita e ficar de fora da etapa argentina, mas isso o faria escapar da punição aplicada. Ter de pagar a punição no seu retorno é coerente no sentido do piloto ter de cumprir o seu castigo pelo acidente causado com Miguel Oliveira, evitando que ele se safe da penalização. O problema, é claro, não é se isso é justo ou não, mas de está de acordo com as regras, e daí parte a justificativa do recurso da Honda, que até o fechamento desta matéria, ainda seria julgado.
Justo ou não, o recurso da Honda é válido, mas a imagem de Marc Márquez junto ao restante do grid já não anda nos seus melhores dias, e não é de hoje. O hexacampeão cultivou um estilo extremamente agressivo desde que estreou na classe rainha do motociclismo, guiando em um limite extremo, e se expondo, segundo vários outros competidores, “mais do que o necessário” em um esporte que já é tremendamente arriscado. E olhe que não faltaram tombos e quedas nestes anos todos, muitas delas evitáveis, na opinião dos pilotos. Se Marc cai sozinho, o problema é dele, mas quando leva outros consigo, aí a situação muda de figura, e para eles, o temor de Márquez arriscar demasiado em algumas manobras colocou outros pilotos em riscos “além do esperado”. Diante da “recaída” em Portimão, em que pese o trocadilho, os pilotos torcem para uma punição mais exemplar ao piloto da Honda, ainda mais neste momento em que o time japonês não tem uma moto tão competitiva, e que pode fazer o piloto exagerar ainda mais na luta por posições na pista. Marc Márquez teve muita sorte nos acidentes sofridos, até isso acabar em Jerez, em 2020, quando fraturou o braço, e sua recuperação virou uma novela longa que só se encerrou após 4 cirurgias, a última em meados do ano passado, que parece ter solucionado de vez seus problemas de saúde. Diante do dilema vivido nos últimos três anos, seria de se esperar que Márquez passasse a ser um pouco menos atirado nas disputas na pista. Ele até pode ter melhorado neste quesito, mas o incidente em Portimão foi o suficiente para as críticas a seu velho estilo voltarem com tudo por parte dos concorrentes, e vai ser difícil ele convencer seus rivais do contrário. Miguel Oliveira que o diga, depois de ser atingido pelo espanhol e ir para o chão justo na prova de seu país, como consequência da manobra do piloto da Honda, que quase levou Jorge Martin junto com os dois naquele momento. O piloto da Pramac conseguiu escapar de ir junto, mas foi por pouco. Mas, e numa próxima vez?
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