sexta-feira, 30 de setembro de 2022

VERSTAPPEN BI NO DOMINGO?

A pista de Singapura pode ver a decisão do título da temporada 2022 neste domingo.

            A Fórmula 1 está de volta a Singapura, de onde esteve ausente nos dois últimos anos, devido à pandemia da Covid-19, para a disputa de mais uma edição daquele que foi o seu primeiro Grande Prêmio noturno da história da categoria, e a expectativa é se veremos já neste domingo Max Verstappen alcançar o seu segundo título mundial de F-1, algo que já está ao seu alcance, dependendo dos resultados da corrida deste domingo.

            Com a vitória obtida no GP da Itália, Verstappen abriu 116 pontos de vantagem para o segundo colocado, Charles LeClerc. Tecnicamente, se ele abrir 138 pontos, encerra matematicamente a luta pelo título, ainda com cinco provas para fechar a temporada. Presumindo que LeClerc marcasse todos os pontos possíveis nas etapas que faltam, e Max não marcasse mais nenhum ponto, o monegasco poderia no máximo empatar com o holandês, que levaria o título por ter mais vitórias, o que seria muito difícil de acontecer. Muito mais fácil liquidar a fatura e levantar a taça do bicampeonato agora. Para isso, ele precisa vencer a corrida, e LeClerc teria de terminar a corrida no máximo em 9º lugar. Não é fácil, mas não é impossível. Vencer não é mera possibilidade para o holandês, que é visto como grande favorito à vitória em praticamente todas as provas restantes da temporada, se formos ver a forma da Red Bull e de Max nas últimas corridas, onde mesmo largando lá atrás por causa de punições, Verstappen não apenas se recuperou como ainda ganhou as provas, para desalento dos rivais, que não conseguiram aproveitar as oportunidades como se esperava.

            Para a capacidade da Ferrari, em termos de performance, pode parecer difícil chegar tão atrás na zona de pontos, mas levando-se em conta as trapalhadas do time italiano vistas este ano, que comprometeram resultados mais do que possíveis até de vitórias para a escuderia, além dos erros cometidos pelos próprios pilotos em algumas ocasiões, as chances da disputa se encerrar em Marina Bay crescem bastante. Em teoria, porém, muitos apostam que a Red Bull, se não fechar a disputa em Singapura, pode ficar muito bem para resolver tudo na corrida seguinte, que é logo na semana que vem, no Japão, que também volta ao calendário após dois anos.

            A conquista no Japão teria um simbolismo forte para a Honda, que fornece os propulsores para o time austríaco, em que pese hoje o apoio ser velado, com apenas o logo HRC nos carros rubrotaurinos (Honda Racing Corporation), e não o logo oficial da marca nipônica na carenagem, como era até o ano passado, ao fim do qual a Honda deixou “oficialmente” a competição, com seus propulsores sendo, a partir de agora, cuidados pela Red Bull Powertrains, divisão da marca austríaca que cuida destes equipamentos. A Honda conseguiu capitalizar oficialmente a conquista do título de pilotos com Verstappen no ano passado, mas agora essa nova conquista se dá mais no aspecto moral no que no aspecto técnico, com a Red Bull praticamente humilhando a concorrência na disputa pelos títulos tanto de pilotos quanto de construtores. Pode não parecer nada demais, afinal, de uma forma ou outra, ainda é a unidade de potência japonesa equipando os carros do time rubrotaurino, e portanto, a conquista do bicampeonato por parte de Max Verstappen na prática é mais uma conquista para a Honda, até maior do que a obtida em 2021, por se dar de forma muito mais contundente, com a Red Bull conquistando também o título de construtores, algo que escapou no ano passado.

            E alcançar o título em Suzuka também seria emblemático, pois foi no circuito nipônico, que aliás pertence à Honda, nas cercanias de Nagoya, que a marca japonesa conquistou todos os seus títulos entre 1987 e 1991, com a Williams e a McLaren, pelas mãos de Nélson Piquet, Ayrton Senna, e Alain Prost. No ano passado, por conta da pandemia, o Japão não teve o seu GP, uma vez que o país ainda estava fechado para entrada de estrangeiros, tendo aberto exceção apenas para as olimpíadas, e mesmo assim, a conquista do título, tivesse sido realizada a corrida, veio apenas depois, na última etapa, em Abu Dhabi. Ver Verstappen conquistar o bi em “casa” lavaria a alma para a Honda, não apenas em relação à conquista de 2021, mas redimindo-se das temporadas frustrantes que teve em seu retorno em 2015 com a McLaren, quando a parceria não obteve os resultados esperados, e ainda virou motivo de chacota por causa da má performance e quebradeira dos motores durante 2015, 2016, e 2017, equipando os carros de Woking.

Na Itália, terra da Ferrari, Verstappen venceu de novo (acima), para desgosto da torcida ferrarista, com Charles LeClerc (abaixo) podendo no máximo adiar a conquista do título por parte do piloto da Red Bull.


            A Ferrari busca impedir algo que já é praticamente inevitável, e por isso, é bem capaz que consiga adiar a conquista de Verstappen, pelo menos evitando que o holandês feche a disputa matematicamente em Marina Bay. E Verstappen, por mais que mantenha sua mentalidade de ir para o ataque, é bem provável que mantenha-se mais prudente na pista, procurando evitar percalços, e consolidar sua enorme vantagem diante dos rivais. Teoricamente, o time italiano até pode ter o favoritismo no fim de semana, mas se vai conseguir aproveitar devidamente, é outra história. Para o campeonato, seria bom conseguir adiar a decisão mais para a frente, por mais que todos já saibam que Verstappen será novamente campeão, em um ano onde todos esperavam muito mais disputas do que realmente tivemos. Se no ano passado a Mercedes conseguiu virar o jogo a ponto de Lewis Hamilton e Max Verstappen chegarem para a decisão final apenas no último GP, a Ferrari não conseguiu repetir o feito, e agora, tem a tarefa de evitar de ser surpreendida pela própria Mercedes, que apesar de um carro complicado e de performance periclitante, pode até roubar a 2ª posição do time de Maranello na temporada, se tiver a chance.

            Difícil dizer o que podemos esperar da corrida em Singapura. Pelo retrospecto do ano, a Red Bull é favorita disparada com Max Verstappen, com a Ferrari pintando de desafiante. O time dos energéticos já andou forte nesta pista em edições anteriores, mas não dá para usar o mesmo parecer na prova deste domingo. Primeiro, porque os pneus este ano são diferentes, com aro 18, com os quais a F-1 nunca correu em Marina Bay. Além dos pneus diferentes, boa parte da pista do circuito passou por um recapeamento, alterando completamente o panorama conhecido pelos times da última vez que estiveram neste circuito. Como as curvas são praticamente todas de baixa, a Pirelli trouxe os compostos mais macios para a corrida, visando oferecer mais tração para os carros, que por sua vez, também são aerodinamicamente diferentes dos que estiveram na pista em 2019, hoje utilizando o efeito-solo nos seus novos assoalhos.

            Curiosamente, Max Verstappen adota um discurso cauteloso para a corrida, afirmando que a prova noturna na Cidade-Estado é mais complicada do que parece, e que a Red Bull não pode contar com o sucesso na corrida apenas pela expectativa e retrospecto da escuderia na corrida. Não deixa de ter certa razão, uma vez que, por se tratar de um circuito de rua, podemos ver alguém acertando o muro, e tendo a intervenção do Safety Car, que dependendo do momento e circunstâncias, podem alterar completamente a dinâmica da corrida, arruinando ou promovendo as estratégias de alguns competidores. Difícil acreditar na postura de cautela de Verstappen, conhecido por nunca recuar na pista, e muitas vezes exagerando na agressividade nos duelos de posição. Mas a imensa vantagem, e as boas chances de conseguir fechar matematicamente a conquista em Suzuka, terra da Honda, podem fazer com que piloto e equipe se satisfaçam com uma postura um pouco mais conservadora em Singapura. Até mesmo para evitar percalços inesperados, mesmo que na pior das hipóteses, a situação pouco mude de fato. Mesmo que Verstappen acabe sofrendo um acidente e fique sem pontuar, e LeClerc vença a corrida, ainda assim o holandês teria 90 pontos de vantagem, diferença considerável. O piloto da Ferrari precisaria vencer mais quatro corridas, com o atual campeão ficando sem pontuar completamente, para lhe tomar a liderança, e mesmo assim, por cerca de 10 pontos.

            Para o campeonato, seria o cenário ideal para tentar, ainda que de leve, reavivar a disputa pelo título da F-1. Mas, o contrário também pode ocorrer, com o piloto da Ferrari ficando fora de combate, e facilitando as coisas para Verstappen. Mas LeClerc e a Ferrari infelizmente não tem outra opção senão partir para o ataque, visando unicamente a vitória, até mesmo para reabilitar a moral do piloto e da escuderia italiana, depois das derrotas sofridas nas últimas corridas, e pelo menos, terminar o ano de 2022 com a moral em alta, mesmo sendo derrotados na luta pelo título, objetivo maior que deveria nortear Maranello, e que deve ficar novamente na esperança para vir em 2023, esquecendo-se de combinar com os rivais, caso estes continuem vindo fortes, caso da Red Bull, ou se recuperem na competição, caso da Mercedes, o que pode complicar ainda mais as esperanças da Ferrari voltar a ser campeã, o que não acontece desde 2007 com Kimi Raikkonen, no título de pilotos, e de 2008, no campeonato de construtores.

A Alpine superou a McLaren na luta pela 4ª posição no campeonato, mas não pode baixar a guarda para o time inglês.

            Lógico que a prova de Singapura não se resume apenas à possível decisão do título a favor de Verstappen. A Mercedes, mais uma vez, espera ter um desempenho mais positivo, e tentar não passar o ano sem sequer uma vitória, mas já vimos esse discurso antes, e apesar dos prospectos de simulações efetuados pela escuderia alemã, o desempenho do modelo W13 continua a ser instável, ora dando esperanças de se aproximar de Red Bull e Ferrari, ora mostrando apenas o suficiente para não ser ameaçada pelos times de trás. Mesmo assim, eles querem manter a esperança viva, e tentar dar algum alento a seus torcedores. Logo atrás, Alpine e McLaren continuam a se digladiar pelo posto de 4ª força da temporada, com vantagem do time francês sobre o inglês. Alfa Romeo e Alpha Tauri tentam recuperar a forma, assim como Haas, enquanto a Aston Martin ainda procura seu rumo na atual temporada, com Sebastian Vettel cumprindo suas últimas corridas na F-1. E a Williams espera contar novamente com um bom desempenho de Albon e muita sorte em uma corrida com expectativas de surpresas em seu decorrer.

            Não parece muita coisa, quando todo mundo está mais concentrado na possível conquista do título por parte de Verstappen, mas é o que sobrou, em uma temporada onde infelizmente a maioria dos times erraram muito mais do que acertaram, contribuindo para uma temporada muito menos emocionante e disputada do que todos gostaríamos de ver, ainda mais em um ano de novas regras técnicas. Esperemos que estes times acertem a mão e possam nos oferecer uma melhor disputa e competição em 2023, já que da temporada de 2022 só sobrou as disputas secundárias, que até que não estão tão ruins como se poderia esperar, mas podiam estar muito, muito melhores. Então, curtamos pelo menos o retorno da F-1 a Singapura, com o belíssimo visual da Cidade-Estado asiática ao longo de todo o circuito de Marina Bay, e que possamos ter uma boa corrida.

 

 

Depois de ficar de fora do GP da Itália, devido a uma apendicite, onde precisou inclusive de cirurgia, Alexander Albon está de volta à equipe Williams para a disputa do GP de Singapura. O anglo-tailandês era dúvida para a prova, devido ao período de recuperação do procedimento operatório, tanto que o time inglês estava com Nyck De Vries, que substituiu Albon em Monza, preparado para a eventualidade de precisar novamente de seus serviços na prova da cidade-estado do sudeste asiático. O piloto holandês, campeão da temporada 2021 da Fórmula-E, impressionou na prova de Monza, ao largar dentro do TOP-10, devido às punições generalizadas por meio grid, e conseguiu terminar em um excelente 9º lugar, marcando seus primeiros pontos em sua primeira corrida da F-1, o que o colocou no radar das equipes para 2023. Com a Williams tendo anunciado a dispensa de Nicholas Latifi ao fim da atual temporada, abre-se uma vaga do time fundado por Frank Williams, que tem boas chances de ser ocupada por De Vries. Só que a Williams parece que vai ter de batalhar para ficar com o holandês, que já estaria até tendo contatos com o pessoal da Red Bull, e portanto, pode acabar escapando se acabar seduzido pelas possibilidades que a organização rubrotaurina pode oferecer. Quem vai levar o piloto? Aguardem os próximos capítulos desta nova história...

 

 

A FIA aprovou o aumento das corridas Sprint para a temporada 2023 da Fórmula 1. Realizadas em três eventos no ano passado, quando estrearam, o número deveria ter sido aumentado já este ano, mas a própria FIA foi contra no primeiro semestre, tendo sido mantidas as provas de curta duração para as etapas de Ímola, Zeltweg, e São Paulo, sob a justificativa de que ainda era preciso analisar os custos oriundos no procedimento junto às escuderias, que recebem um “extra” para cobrir os custos destas mini-corridas, e à organização dos GPs. Para a próxima temporada, teremos seis corridas, as quais ainda serão definidas na nova temporada que terá nada menos do que 24 corridas. Teremos, então, corridas Sprint em praticamente um quarto da competição. E, como não poderia deixar de ser, o comunicado da FIA enche o procedimento das corridas Sprint de vários elogios à sua realização, por melhorar a competição e oferecer mais espetáculo ao público fã da velocidade, ajudando a tornar o fim de semana de GP mais atrativo para todos.

 

 

A MotoGP, depois de retornar ao Japão, depois de dois anos ausente por causa da pandemia, também faz outro retorno neste final de semana, com a etapa da Tailândia, no circuito de Buriran, que também ficou de fora do campeonato em 2020 e 2021. Depois de ter um pequeno refresco com a queda de Francesco Bagnaia e o azar de Aleix Spargaró em Motegi, Fabio Quartararo tenta defender sua liderança do campeonato no Circuito Internacional de Chang, que possui um traçado de 4,6 Km de extensão, com 12 curvas, sendo 5 para a esquerda e 7 para a direita, com a corrida sendo disputada em 26 voltas. Na última corrida disputada no país da Ásia, Marc Márquez saiu com a vitória. Fabio Quartararo foi o 2º colocado, e Maverick Viñalez fechou o pódio com a 3ª colocação. Hoje, os três estão em situações completamente diferentes daquela época. Márquez, depois de conquistar o hexacampeonato em 2019, se acidentou na primeira etapa de 2020, fraturando o braço, e tendo uma recuperação complicada que até agora não se concretizou plenamente, com o piloto lutando para recuperar a forma perdida e retornar à luta por vitórias com uma equipe Honda em crise pela dependência de sua maior estrela. Quartararo, então na equipe satélite SRT da Yamaha, hoje está no time oficial da fábrica dos três diapasões, atual campeão da classe rainha do motociclismo, lutando pelo bicampeonato. Já Viñalez saiu brigado da Yamaha, e hoje tenta restaurar sua carreira na MotoGP na Aprilia. A corrida terá transmissão ao vivo a partir das 5:00 Hrs. Deste domingo, pelo canal por assinatura ESPN4, e pelo sistema de streaming Star+.

A pista do Circuito Internacional de Chang está pronta para receber a MotoGP após dois anos de ausência por causa da Covid-19.

 

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