E já estamos chegando ao fim do mês de setembro, e fecha-se o terceiro trimestre, restando apenas mais três meses para encerrarmos o ano de 2022. No mundo do esporte a motor, mais alguns campeonatos, como a Indycar, e a F-2, já conhecem seus campeões da temporada, enquanto outros certames, como a F-1 e a MotoGP, ainda tem muito chão até encerrarem suas temporadas, com a primeira podendo conhecer o seu campeão muito em breve, enquanto na disputa das duas rodas o embate deve se estender até a última etapa, no ritmo em que a competição vem sendo travada. E todo fim de mês é momento de mais uma edição da Cotação Automobilística, com uma pequena avaliação de alguns dos vários acontecimentos e personagens do mundo da alta velocidade neste último mês, com alguns comentários, no velho esquema de sempre: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Portanto, tenham todos uma boa leitura, e cuidem-se todos, e até a próxima edição da Cotação Automobilística no mês de outubro...
EM ALTA:
Max Verstappen: O piloto holandês segue implacável em sua escalada rumo ao bicampeonato, com a dupla da Ferrari, principal rival, se mostrando incapaz de frear o atual campeão mundial, que abriu 116 pontos de vantagem na classificação, e pode conquistar o título de 2023 já na próxima corrida, em Singapura. Com ou sem punição nas posições de largada, Max tem vencido as corridas, mostrando não apenas um desempenho notável, mas aproveitando todas as oportunidades, e tendo a sorte de ver os rivais caindo pelo caminho pelos mais variados motivos, o que tem facilitado a vida do piloto da Red Bull, que praticamente está correndo sozinho a esta altura do campeonato. Para quem esperava uma melhor disputa na luta pelo título, não há nem o que falar, depois de anos de domínio da dupla Mercedes/Lewis Hamilton, agora podem ir se acostumando com uma provável hegemonia Red Bull/Max Verstappen, o piloto a ser batido no momento. Quem pode deter o piloto holandês? Nesta temporada, o título já é mera questão de tempo, e os rivais que comecem a se preparar para o duelo de 2023, e tratem de fazer a lição de casa direito, se quiserem de fato ter chances na disputa...
Will Power: O piloto da equipe Penske chegou ao tão merecido bicampeonato na Indycar com uma campanha que, se não brilhante, foi muito competente. Mesmo vencendo apenas uma corrida em toda a temporada, o australiano marcou presença na maioria dos pódios do ano, procurando ficar sempre longe das confusões na pista, o que conseguiu na imensa maioria das provas, e maximizar os resultados, mesmo quando tinha de largar em posições desfavoráveis do grid. Mostrando maturidade, e sobretudo paciência, Will acertou na estratégia de corrida em vários momentos, para se manter sempre entre os primeiros colocados, com uma constância que foi crucial para chegar à liderança do campeonato e lá se manter, enquanto os rivais tiveram uma campanha mais irregular e acidentada. Power soube dosar sua agressividade para ser veloz nos momentos certos, e não exagerar na dose em disputas de posição e pilotagem aguerrida que em outros tempos o fizeram temido na pista, mas também desperdiçando oportunidades de bons resultados. Verdade que também o azar deixou de acompanhar o piloto este ano, o que não ocorreu em tempos recentes, onde Will acabou vitimado por vários percalços alheios ao seu controle. O piloto também precisou vencer o fantasma das reviravoltas sofridas nas temporadas de 2010 a 2012, quando chegava para a corrida final como favorito, e acaba perdendo a disputa, e o título, ficando com o vice-campeonato. O título faz renascer o protagonismo de Power na Penske, quando parecia ficar à sombra do companheiro Josef Newgarden, que concentrou as atenções do time dentro e fora da pista nos últimos anos. De quebra, o australiano ainda quebrou o recorde de Mario Andretti em número de pole-positions nas categorias Indy, algo que não é pouca coisa.
Felipe Drugovich: E o Brasil encerrou um jejum de mais de duas décadas sem título na categoria de acesso logo abaixo da F-1. Felipe conquistou o título matematicamente na etapa de Monza ainda na corrida Sprint, devido à combinação de resultados que deu ao brasileiro a vantagem de pontuação necessária para não ser mais alcançado no ano. Desde 2000, quando Bruno Junqueira conquistou o último título, quando a categoria ainda se chamava F-3000, que um piloto do Brasil não conquistava a taça. Felipe soube aproveitar as oportunidades para vencer, e marcar pontos importantes quando não era possível disputar a vitória, abrindo uma vantagem importante para controlar a aproximação dos adversários potenciais. Mas o sucesso de Drugovich, infelizmente, não é garantia de um lugar na F-1, e Felipe terá de se contentar, pelo menos por hora, com o posto de piloto reserva e de desenvolvimento na Aston Martin em 2023, embora tenha uma cláusula de liberação caso algum outro time tenha intenção de contratá-lo, o que até o presente momento parece pouco provável, repetindo o ocorrido com outros campeões recentes da atual F-2 que não conseguiram ascender rapidamente à posição de pilotos titulares na categoria máxima do automobilismo, com raras exceções. Se nenhum outro time manifestar interesse, restará a Felipe mostrar serviço nos bastidores da escuderia inglesa a fim de mostrar sua capacidade, além de buscar oportunidades que lhe permitam manter-se ativo, e credenciá-lo a outras categorias, na busca de opções, um desafio que pode ser ainda mais difícil do que ter conquistado o título na F-2. Resta esperar que ele tenha sorte e possa arrumar lugar efetivo em um time do grid para correr de fato.
Equipe Penske na Indycar: O time de Roger Penske teve uma campanha atribulada em 2021, e só chegou a disputar o título porque Josef Newgarden literalmente levou o time nas costas, sofrendo uma derrota para a arquirrival Ganassi pelo segundo ano consecutivo. Pois lição tomada, lição aprendida, e a escuderia mais vitória da história das categorias Indy entrou em 2022 disposta a lavar a honra perdida, e começou muito bem, vencendo as três primeiras provas do campeonato, e chegando para a decisão do título em Laguna Seca com todos os seus pilotos em condições de tentar levar a taça de campeão, em que pese de fato apenas dois deles estivessem de fato na briga. E o time do “capitão” teve de fato um ano redentor, vencendo 9 das 17 corridas do campeonato, sendo 5 com Josef Newgarden, três com Scott McLaughlin, e 1 com Will Power, que foi o campeão, ficando o restante das vitórias dividido entre Ganassi, McLaren, e Andretti, que juntas venceram as oito corridas. A Penske fez o campeão e o vice, ficando seu terceiro piloto, McLaughlin, terminando o ano em 4º lugar. Não fosse Scott Dixon se intrometer e terminar o ano em 3º lugar, a Penske faria 1-2-3 na competição esse ano, um domínio que foi significativo, mas tendo o risco de perder o título se as coisas tivessem sido diferentes na corrida final.
Calendário cada vez maior da F-1: Quem achava que a temporada de F-1 com 20 corridas já era muita coisa há algum tempo atrás, que se prepare para a temporada de 2023, onde foram anunciadas 24 provas no ano, um número verdadeiramente assombroso, e com algumas incoerências logísticas que só farão tudo ficar ainda mais corrido e desgastante para todos os participantes. Que a Liberty Media quer mais GPs, isso não é novidade, tanto que a empresa norte-americana, que detém a propriedade da categoria máxima do automobilismo atualmente, já se manifestou em ter 25 corridas por ano, o que daria uma média de uma prova a cada duas semanas, praticamente. O objetivo é arrecadar cada vez mais, com os promotores de GPs, e com os direitos de transmissão das corridas, para não mencionar ingressos cada vez mais caros em algumas provas que farão sua estréia na competição, como o GP de Las Vegas, que será realizado na noite de sábado, e deverá ter os ingressos mais caros de todos os tempos da F-1. Com o limite orçamentário, e mais provas, com muito mais deslocamentos, a próxima temporada deverá ser uma tremenda maratona para todos os envolvidos. Para os fãs, pode ser o máximo ter mais e mais provas, mas resta saber se isso se reverterá em boas corridas. As escuderias que se preparem para aguentar essa maratona ao longo de todo o ano, que certamente colocará à prova as condições de trabalho de seus integrantes, que trabalham quase ininterruptamente para poder fazer com que seus times possam competir nos GPs...
NA MESMA:
Álex Palou e Felix Rosenqvist: Depois de mais de dois meses de indefinição, eis que Álex Palou resolveu ficar na equipe Ganassi na Indycar, e não cumprir o novo acordo firmado com a McLaren, especialmente depois de ver que sua maior expectativa, que seria a chance de correr na F-1, no lugar de Daniel Ricciardo, nunca existiu, uma vez que o time já tinha assinado com Oscar Piastri para o posto. Assim, time por time, ficar na Ganassi era a melhor opção, até porque, em termos de desempenho, o time do velho Chip ainda está um passo à frente da McLaren na Indycar, ainda que isso não seja garantido em 2023 como foi neste ano. Com a recusa de Palou, a McLaren, por sua vez, tratou de confirmar a manutenção de Felix Rosenqvist, que estava seriamente ameaçado no time, já que o espanhol iria ocupar justamente o seu lugar, com o sueco ficando sob risco de ser realocado para a F-E, onde a McLaren estréia no próximo ano, e Felix já competiu, defendendo a Mahindra, algo que ele não desejava, o que resultaria em ele ter de encontrar outro time para defender na Indycar. Desse modo, tanto Ganassi quanto McLaren acabam mantendo seus pilotos titulares para a próxima temporada da categoria, sendo que o time de Woking terá o reforço de Alexander Rossi, ex-Andretti, para reforçar seu quadro, já que competirá com 3 carros em 2023 em todo o campeonato. Resta apenas saber o que será de Jimmie Johnson na Ganassi no próximo ano, mas isso não é problema para Palou e Rosenqvist, que agora estão garantidos pelo próximo ano, e tentarão esquecer os perrengues que passaram e/ou acarretaram para seus times na definição de suas posições para a próxima temporada, que no caso do piloto espanhol gerou tremendo desgaste em sua relação com o chefe Chip Ganassi. Situações resolvidas agora, vida que segue, e bola para frente para ambos.
Fabio Quartararo: No retorno da MotoGP após as férias de verão, o atual campeão mundial da classe rainha do motociclismo tem se dedicado a minimizar os prejuízos e tentar manter sob controle a liderança do campeonato, que está seriamente ameaçada pela escalada da Ducati, que vem ganhando praticamente tudo nas últimas corridas. A sorte do piloto da Yamaha é que os resultados tem se diluído entre os pilotos da marca italiana, com Enea Bastianini e Jack Miller a vencerem corridas no lugar de Francesco Bagnaia, a maior ameaça potencial na luta pelo título. Mas Quartararo também precisa lidar com o azar, como no acidente sofrido em Aragón, que por pouco não lhe resultou em um acidente grave ao colidir com a traseira de Marc Márquez, onde foi ao chão e acabou atingido por sua moto. Felizmente para ele, o azar também afetou Bagnaia na última corrida, em Motegi, onde o italiano errou e caiu, abandonando pela 5ª vez na temporada, e ganhando um refresco na dianteira do campeonato, indo para 18 pontos. Não é muito, mas quando a expectativa era de perder a liderança do campeonato, Fabio saiu no lucro. Mas, o perigo oferecido pela Ducati é mais do que real, e apesar dos esforços do atual campeão do mundo, a Yamaha parece não achar uma solução ideal para neutralizar a melhor forma técnica das motos italianas, de modo que Quartararo precisa continuar torcendo para azares do rival Bagnaia se quiser de fato conquistar o bicampeonato, já que somente seus esforços podem ser insuficientes para garantir o título.
Mercedes na temporada 2022: O time alemão sediado em Brackley continua acreditando na possibilidade de ainda conseguir uma vitória na atual temporada, mas o comportamento instável do modelo W13 mostra que vai ser preciso mais do que performance para voltar ao degrau mais alto do pódio. Em determinados momentos, o carro parece ter condições de avançar mais à frente, e discutir posições até com a Ferrari, mas em outras o rendimento mostra-se insuficiente para ameaçar de fato Red Bull e o time italiano, de modo que no cômputo geral, vai ser preciso sorte se o time multicampeão quiser pelo menos brigar pelo vicecampeonato de pilotos e de equipes, precisando que a Ferrari continue errando muito para oferecer chances de ser superada no campeonato. Não tem sido difícil o time italiano oferecer estas chances, como temos visto nas últimas provas, mas quando nada dá errado para eles, a performance do carro italiano deixa claro que o carro da Mercedes não é uma ameaça séria de fato. E, com a Red Bull, ou melhor com Max Verstappen, a situação é totalmente irreal, sem condições de disputa neste ano. Chegando em um momento crucial, onde é preciso definir a linha do carro de 2023, a Mercedes precisa ver se há algo de positivo a ser aproveitado do modelo deste ano, ou retornar a um projeto mais convencional no ano que vem, se quiser voltar a ambicionar novos títulos e conquistas na categoria máxima do automobilismo...
Alpha Tauri mantém Yuki Tsunoda: O piloto japonês, que corria risco de não ter o contrato renovado com o time “B” da Red Bull na F-1 acabou confirmado para seguir na escuderia por mais um ano, para felicidade de Tsunoda, que deve continuar sendo parceiro de Pierre Gasly, já que as tratativas para contratar Colton Herta não deram certo pelo fato do estadunidense não ter a superlicença necessária para guiar na F-1. Aliás, Gasly ainda acalenta esperanças de deixar o time para 2023, agora com a possibilidade de uma vaga na Alpine aberta, que até o presente momento ainda não foi preenchida, mesmo com as negativas de Helmut Marko, que declarou que só liberaria o francês se pudesse ter Herta no seu lugar no time da Alpha Tauri. Se Marko bater o pé e atravancar a vontade de Gasly de tentar a sorte em outro time, tudo indica que a Alpha Tauri manterá sua atual dupla titular para 2023, e pelo menos, já garantiu a presença de Tsunoda no time por mais um ano. O japonês, contudo, precisa voltar a abrir o olho, se não quiser ser rifado ao fim do próximo ano, já que seu desempenho não anda enchendo os olhos do dirigente da Red Bull, que volta a manifestar seu tradicional mal humor no que tange ao rendimento dos pilotos dos times dos energéticos, onde só Max Verstappen escapa...
Sem novos times na F-1: A categoria máxima do automobilismo parece empenhada em se sabotar, ou pelo menos, mostrar como pode ser cretina e mesquinha, contribuindo ela mesma para minar sua credibilidade perante o público torcedor de corridas. A nova “cruzada” parece ser encontrar justificativas para manter o número de equipes da F-1 no patamar atual, de apenas 10 escuderias e 20 carros, quando todo mundo deseja um grid maior, com mais times e pilotos, e sobretudo, mais disputa. Porém, para a cúpula da F-1 e da FIA, no que depender deles, tudo continua como está, sem a necessidade de novos participantes, que na opinião deles, precisam mostrar que suas entradas seriam positivas para a categoria, alegando que o número atual de times é sustentável, e garante a vitalidade do certame, argumentos que não convencem ninguém, até porque quem quer entrar, no caso, a família Andretti, não se trata de nenhum aventureiro principiante, mas de uma das famílias mais tradicionais do automobilismo mundial, com participação na Indycar e na Formula-E, e vem se planejando para entrar na F-1, se não for barrada de forma explícita pela cartolagem, o que vem acontecendo, por enquanto, de forma indireta, com alegações das mais furadas, e com muita conversa para boi dormir. O que eles não dizem abertamente, é que não querem dividir os lucros gerados pela categoria com mais participantes, já tendo declarado veladamente que eles não acham viável dividir por 11 o que dividem por 10. Uma patifaria com quem quer competir a sério, como já fizeram na década passada, quando rejeitaram o bem elaborado projeto da Prodrive de entrar na F-1, preferindo dar chance a times que não conseguiram competir decentemente na categoria, nem se sustentar nela, falindo pouco tempo depois. Ainda mais pela babação que fizeram pelo anúncio de Audi e Porsche de entrarem na competição, depois de anos e anos de tentativas de sedução, que por enquanto, parece ter garantido o ingresso apenas da Audi, com a outra marca a ter os planos ainda incertos. Saudades de quando a F-1 tinha 15 times e 30 carros, que apesar de ter lá seus problemas de competitividade, era muito mais acessível e liberal do que nos dias de hoje, quando parece cada vez mais uma panelinha de participantes e seus conchavos...
EM BAIXA:
Regras da F-1: Não é de hoje que os regulamentos da categoria máxima do automobilismo previsão ser revistos em alguns pontos. Infelizmente, parece não haver disposição, ou boa vontade, para se chegar a termos mais claros e objetivos, e conseguir conciliar os interesses de todos. Se no ano passado, em Abu Dhabi, o modo como a direção de prova agiu no safety car nas voltas finais, apressando os procedimentos para permitir a relargada na última volta, sem efetuar a passagem dos retardatários como deveria ser a regra, e criou-se o celeuma da disputa que mudou o rumo da luta pelo título para coroar Max Verstappen, em Monza, no GP da Itália desse ano, quando da aplicação correta da regra, acabou-se encerrando a corrida sob o safety car, que foi frustrante para pilotos e torcedores que ansiavam por uma luta pela vitória nas voltas finais, que não puderam ser disputadas devido à demora na remoção do carro parado de Daniel Ricciardo, o que mostra como é difícil agradar a gregos e troianos. Dizer que Max Verstappen foi beneficiado em ambos os momentos é uma meia verdade, porque na Itália o holandês rumava firme para a vitória, e talvez só tivesse de fato isso ameaçado se a prova fosse reiniciada, mas como ambos, ele e Charles LeClerc, haviam trocado pneus, na teoria nada mudaria, o que não ocorreu em Abu Dhabi onde a Red Bull trocou os compostos de seu piloto arriscando no reinício da prova, que não teria acontecido se o procedimento de liberação dos retardatários fosse efetuado conforme o figurino, que faria com que a corrida terminasse com o safety car, o que daria o título a Lewis Hamilton. Como os próprios times recusaram-se a achar uma alternativa melhor, que se virem com as regras atuais, que se não são as melhores, deve-se manter a coerência, e aplica-las sem distinção de piloto A ou B está na frente, e onde está o carro ou incidente que motivou a necessidade do carro de segurança. Da mesma forma, é ridículo como a FIA insiste em manter no regulamento quantidades mínimas de certos equipamentos em temporadas cada vez mais longas, sendo praticamente impossível que algum time ou piloto consiga cumprir todas as corridas sem incorrer em punição. Na Itália, quase metade do grid teve de pagar punições, quase todos por uso de componentes além do permitido, gerando uma bagunça generalizada que nenhum dos torcedores gostou, por verem os resultados da classificação não serem as reais posições de largada dos pilotos. Enquanto a FIA não tomar jeito, e parar com sua teimosia em relação a certos aspectos, a F-1 não irá melhorar ou ganhar mais credibilidade, ainda que a entidade não seja inteiramente culpada de tudo. Mas, como é ela que concebe o regulamento, que coloque alguma ordem na casa, então não fique se queixando para as críticas que recebe por sua omissão no assunto...
Daniel Ricciardo: O piloto australiano já vê como real a possibilidade de não fazer parte do grid na temporada de 2023, aceitando até ocupar o posto de piloto reserva ou de testes de algum time, na pior das possibilidades. Com seu foco na F-1, Daniel declarou que não tem planos de disputar outras categorias, ainda que isso possa mudar, dependendo das circunstâncias e oportunidades que surgirem. Infelizmente, a atratividade do australiano, que já foi considerado um campeão em potencial nos seus tempos de Red Bull, decaíram muito desde sua chegada à McLaren, onde definitivamente não conseguiu se entender com o carro e exercer a liderança do time na pista como havia feito na Renault, atual Alpine, que poderia ser sua melhor opção de continuar na F-1, mas que no momento parece olhar para muitas outras opções mais interessantes que Ricciardo. Restariam opções em times como Williams, Haas, ou até Alfa Romeo, onde os lugares ainda não confirmados para 2023 já tem uma lista grande de pilotos de olho, indicando uma disputa que não será das mais fáceis. Para complicar a situação de Daniel, suas últimas performances com o carro do time de Woking tem sido ainda mais desanimadoras, o que só ajuda a complicar ainda mais seus planos de tentar se mostrar como alternativa viável para outros times. Assim, não será surpresa se o simpático australiano acabar dizendo adeus à F-1. Simpatia e boa praça infelizmente não vencem corridas...
Nicholas Latifi: O piloto canadense está dando adeus à F-1, onde fica somente até o fim da atual temporada. A Williams resolveu dispensar o piloto, apesar do polpudo patrocínio do pai ao time, o que garantiu sua permanência no time inglês desde sua entrada na categoria máxima do automobilismo. A permanência de Nicholas já andava na corda bamba para 2023, com a escuderia avaliando se manteria ou não o piloto, diante de outras opções possíveis no mercado, diante da performance deficiente em relação a Alexander Albon. Mas a pá de cal veio com a participação de Nyck de Vries pelo time de Grove em Monza, substituindo às pressas Albon, que precisou ser operado de apendicite no sábado do fim de semana de GP. O campeão da Fórmula-E de 2021 não só conseguiu andar mais rápido que Latifi, como ainda conseguiu pontuar na corrida italiana, com um 9º lugar, em seu primeiro GP de F-1 oficial, enquanto o canadense não conseguiu repetir o mesmo feito, mesmo tendo muito mais tempo e conhecimento do carro da Williams. Dessa maneira, a trajetória de Latifi na F-1 chega ao fim ao término deste ano, e praticamente ninguém vai sentir saudades dele, diante da falta de resultados nestas temporadas ao volante dos carros da Williams.
Ferrari na luta pelo título da F-1 2022: O time italiano, se ainda acalentava alguma esperança de conseguir conquistar os títulos de pilotos e de construtores deste ano, já pode tirar o cavalo da chuva. Max Verstappen venceu de novo, e Charles LeClerc não conseguiu sequer diminuir a vantagem ostentada pelo piloto holandês, pelo contrário, viu ela aumentar ainda mais, de modo que Max pode conquistar o bicampeonato já na próxima corrida, em Singapura, dependendo dos resultados da corrida. Da mesma maneira, a Ferrari já pode dar adeus ao título de construtores, e pior ainda, cometendo erros e desacertos, tanto na pista quanto nos boxes, precisa colocar ordem na casa se não quiser perder até o vice-campeonato de pilotos e construtores para a Mercedes, que apesar do carro claudicante que possui, vem chegando perto graças às trapalhadas do time italiano, que conseguiu perder completamente o favoritismo exibido no início do ano, e vai ficando cada vez mais para trás em relação à arquirrival Red Bull, que agradece e nada de braçada rumo aos dois títulos. Como desgraça pouca é bobagem, Mattia Binotto parece ignorar a realidade, dando declarações que demonstram pouca ambição em querer lutar efetivamente pelo título, como se isso pudesse ser feito melhor no próximo ano, e deixando o empenho de melhoras deste ano se esvanecer, para tristeza da torcida ferrarista, e desmerecendo os esforços de sua dupla de pilotos, que apesar dos erros que cometeu, tem tido maiores frustrações com os problemas ocasionados pelo time do que por seus desempenhos propriamente ditos. Mais um ano na fila sem conquistar um novo título, com a esperança de que o próximo ano seja melhor, mas nessa esperança, tudo vai ficando mais distante. Uma hora, a paciência vai acabar...
Parceria Red Bull/Porsche: o tão aguardado anúncio do retorno da Porsche à F-1, que deveria acontecer em 2026, pode não mais ocorrer. O retorno da famosa marca alemã, que foi campeã nos anos 1980 com a McLaren e Alain Prost, seria em uma parceria com a Red Bull, onde a Porsche visava adquirir metade da escuderia austríaca, e com vistas a assumir sua totalidade mais à frente. Porém, o excelente desempenho da Red Bull na atual temporada, com as unidades de potência da Honda sendo realizadas em conjunto com a marca nipônica, e com a nova divisão de motores criada em Milton Keynes, motivaram desavenças com os alemães, uma vez que a Red Bull quer manter o controle dos acontecimentos, e não ficarem a reboque de decisões da marca alemã. O sucesso em 2022 já serve até para atiçar os japoneses, que começam a demonstrar interesse em um retorno oficial em 2026, de modo que a Porsche não teria espaço para ditar as normas no time, que prefere jogar no seguro do desenvolvimento atual realizado em conjunto com os japoneses, do que se arriscarem em um projeto totalmente novo que nem saiu do papel ainda, e que pode não ser tão vencedor como o que já tem em mãos. Com a Audi garantindo seu acesso através da Sauber, a sua marca-irmã no Grupo Volkswagen agora terá de buscar uma nova parceria, ou montar um time próprio do zero, o que complica os planos iniciais para seu retorno à F-1. Seria positivo para a categoria máxima do automobilismo ter a Porsche com um time próprio, de modo a aumentar o número de carros no grid, mas resta saber se isso será mais viável para a Porsche.
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