De volta com mais um de meus antigos textos, esta coluna foi publicada em 11 de junho de 1999, e o assunto era o que seria os 90 anos de fundação da antiga F-Indy, que teve seu primeiro campeonato disputado no longínquo ano de 1909, data praticamente desconhecida dos fãs do automobilismo no Brasil, e que naquela década, passaram a acompanhar as corridas depois do título conquistado por Émerson Fittipaldi em 1989, ano em que também venceu as 500 Milhas de Indianápolis pela primeira vez. É um texto singelo, mas comparava as nove décadas do certame de monopostos dos Estados Unidos em comparação com os 50 anos que a F-1 completaria. Bem, naquele momento, a Indy estava rachada, com a criação da IRL em 1996, e isso teria consequências drásticas para ambos os campeonatos alguns anos depois.
A F-Indy original terminou no início de 2008, e a IRL acabou por absorver alguns times e pilotos em sua competição, bem como a contagem de estatísticas acumuladas no que seria quase 100 anos da categoria original. Curioso que, criada para ser o oposto da F-Indy, a IRL, hoje chamada de Indycar, tenha se voltado para as características do torneio original, que atingiu seu ápice de fama e importância quando era organizado pela antiga CART, com algumas diferenças, mas lutando para reconquistar a grandiosidade que as categorias Indy já desfrutaram um dia. Os tempos atuais infelizmente são mais bicudos para o automobilismo, e o certame norte-americano de monopostos sente as dificuldades inerentes ao meio. Mesmo assim, a atual categoria, nascida como Indy Racing League, acaba de completar 25 anos em 2021, tendo surgido lá em 1996. Se ela vai durar tanto quanto a Indy original, só o tempo dirá...
De resto, alguns tópicos rápidos, com relato de alguns acontecimentos do mundo do automobilismo naquela semana. Uma boa leitura, e em breve trago outros textos antigos aqui...
F-INDY: 90 ANOS
A data é desconhecida para muita gente no Brasil, mais acostumada às corridas e eventos da Fórmula 1 do que propriamente à F-CART, mesmo depois que esta última categoria ganhou notável popularidade em nosso país devido às conquistas de Émerson Fittipaldi. Mas amanhã, 12 de junho, é o aniversário da criação da F-Indy, nome original da categoria, que este ano completa nada menos do que 90 anos de existência.
É isso mesmo: 90 anos! A Fórmula Indy é a categoria automobilística mais antiga do planeta ainda em atividade, superando a Fórmula 1 em praticamente 40 anos. Vale lembrar que este ano a F-1 disputa seu 50º campeonato, iniciado em 1950. Até então, as grandes corridas européias não formavam um campeonato entre si, sendo apenas corridas isoladas umas das outras. Ao contrário disso, nos Estados Unidos a F-Indy surgiu já como um campeonato no distante ano de 1909, com várias etapas contando pontos.
A primeira corrida foi disputada em Portland, tendo como primeiro vencedor de uma corrida da Indy Howard Covey, ao volante de um Cadillac, à velocidade média de 89 Km/h, um assombro para a época. Ao fim do campeonato, coube a George Robertson a honra de ser o primeiro campeão da categoria, pilotando um Simplex. Nada era como hoje: as provas eram disputadas em circuitos improvisados, e só havia propriamente um autódromo de fato, que era Indianápolis. E quem acha que as 20 corridas do calendário deste ano são muitas, o primeiro campeonato teve nada menos do que 24 provas.
Com a nascente indústria automobilística, as corridas passaram a ser vistas como o maior laboratório potencial de avanços tecnológicos para os carros. Com isso, o caráter ainda amador das primeiras corridas foi pouco a pouco ganhando ares mais profissionais, com as indústrias automobilísticas dando muito mais atenção ao evento. Prova disso foi a estréia das 500 Milhas de Indianápolis em 1911, dois anos depois da criação do campeonato. A primeira prova de longa duração da F-Indy teve Ray Harroun como vencedor, pilotando o primeiro carro com espelho retrovisor da história das corridas e do automóvel.
A partir daí, tudo seguiu o seu curso, com um pequeno interregno entre as duas grandes guerras mundiais, que tão logo foram encerradas, fizeram a competição recomeçar com tudo. E, tal qual a F-1, a F-Indy também foi crescendo, tanto em disputa quanto em história. A categoria criou seus heróis e ídolos. O maior nome da categoria até hoje é o americano Anthony Joseph Foyt Junior, que conseguiu ser campeão por 7 vezes, superando o feito do argentino Juan Manuel Fangio na F-1. Outros nomes tornaram-se parte da história da categoria, que logo criou fama de criar verdadeiras dinastias da velocidade, como os Andretti, e os Unser.
A lista de nomes de sucesso é bem vasta, e é impossível relacionar todos aqui, mas alguns destes nomes o público brasileiro teve chance de assistir quando as provas passaram a ser exibidas na TV Bandeirantes na década passada. Nomes como Mario e Michael Andretti, Rick Mears, Al Unser e Al Unser Jr., Johnny Rutherford, A. J. Foyt, e muitos outros.
Hoje a categoria está rachada. Pela minha classificação, a continuidade da F-Indy hoje está na F-CART, enquanto a IRL – Indy Racing League é uma categoria totalmente nova, que surgiu em 1996, que até o presente momento não condiz com a tradição da categoria, apesar de possuir atualmente as 500 Milhas de Indianápolis. Mas essa cisão que surgiu só recentemente já tinha acontecido de forma efêmera muito antes, no fim da década de 1970, quando o USAC, a entidade que comandava a F-Indy, enfrentou a dissidência dos donos das equipes, que se associaram e criaram a Championship Auto Racing Teams (CART). Para se ter uma idéia da cisão, o campeonato de 1979 teve dois campeões, um pela USAC, e outro pela CART, diferentes. Mas a partir de 1980, a CART passou a organizar e comandar o campeonato, enquanto a USAC ficou apenas com a Indy500.
Em meados da década de 1980 a categoria começou a se internacionalizar, passando a receber pilotos estrangeiros em suas fileiras, disputando todo o campeonato, como o brasileiro Émerson Fittipaldi, o italiano Téo Fabi, e o holandês Arie Luyendick, entre outros nomes. Até então, praticamente todos os pilotos eram norte-americanos, com participações de pilotos estrangeiros apenas esporádicas, principalmente nas 500 Milhas de Indianápolis.
Com o aumento do número de pilotos estrangeiros, a categoria ganhou maior notoriedade no resto do mundo, e começou a sediar provas fora da América do Norte. Em 1991, a Austrália sediou a primeira corrida da categoria, em Surfer’s Paradise. Até então, todas as corridas eram disputadas nos Estados Unidos e no Canadá.
A vinda de Nigel Mansell, então campeão da F-1, em 1993, para a F-Indy, popularizou a categoria de vez na Europa. Em 1995, Jacques Villeneuve, com o título de campeão da Indy e da Indy500, foi para a F-1 no ano seguinte, onde acabaria por se tornar campeão em 1997. E a categoria seguiu sua internacionalização crescente: o Brasil estreou no calendário da F-Indy, seguido pelo Japão, e já há planos para uma etapa na Europa.
Hoje, aos 90 anos de idade, a F-CART, nome atual da F-Indy, exibe uma pujante categoria com grande competição e esportividade, com pilotos de diversas nacionalidades mostrando seu talento e lutando pelo título da competição em disputas muitas vezes empolgantes. E, mesmo com tanta idade, a categoria está mais jovem e forte do que nunca, contrariando a tendência do tempo que segue sempre em frente. Feliz aniversário de 90 anos, F-CART!
A F-1 chegou ao Canadá esperando uma disputa ainda acirrada na pista do que a vista em Barcelona há duas semanas. Fora dela, as coisas ficaram bem quentes: depois da chiadeira dos pilotos, foi Max Mosley quem retrucou as queixas dos competidores. E como retrucou! Por alguns momentos, cheguei a esquecer que estamos já no fim da década de 1990, e não no seu início, quando o francês Jean-Marie Balestre comandava de maneira quase ditatorial os rumos da F-1. E Mosley a cada dia parece estar ficando mais parecido com o ex-dirigente francês. Num momento em que a categoria atravessa momentos meio críticos no que tange às disputas de posição na pista, fica a dúvida do que pode vir por aí com este tipo de atitude. Sinceramente, algo precisa mudar na mentalidade de Mosley. Não é destratando equipes e pilotos que a F-1 conhecerá melhores dias na sua relação com a FIA...
Amanhã haverá mais uma edição das 24 Horas de Le Mans, uma das mais tradicionais provas do automobilismo mundial. A prova, única reminiscente do extinto campeonato de Esporte-Protótipos, já conta com um desfalque de peso este ano: a Porsche, vencedora das últimas 3 edições. Sem os favoritos alemães, as melhores chances de vitória recaem sobre o pessoal da Toyota, Mercedes, e BMW. A largada está prevista para as 13 horas da tarde, pelo horário de Brasília. Esta é a 67ª edição da prova, que junto com o Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1, e as 500 Milhas de Indianápolis, formam a “Tríplice Coroa do Automobilismo” mundial.
A Ford concretizou o que todo mundo já esperava: comprou a equipe Stewart de F-1. Com isso, a Ford torna-se a segunda fábrica mundial de automóveis a adquirir uma escuderia de F-1. A primeira foi a Fiat, que há anos atrás adquiriu a Ferrari, e por conseguinte, o time de F-1 também. Na coluna da semana que vem, pretendo falar mais deste assunto, bem como de seus prós e contras para a categoria máxima do automobilismo mundial.
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