quarta-feira, 5 de maio de 2021

FLYING LAPS – ABRIL DE 2021

            Já encerramos o primeiro trimestre de 2021, e praticamente um terço do segundo semestre, já adentrando o mês de maio, em um ano onde ainda prosseguimos aos trancos e barrancos, por conta dos problemas oriundos da pandemia da Covid-19 que ainda persiste no mundo. E, apesar disso, os campeonatos do mundo da velocidade tentam seguir em frente. E todo início de mês é hora de mais uma sessão Flying Laps, reportando alguns acontecimentos do universo do esporte a motor mundial ocorridos neste último mês de abril, com alguns comentários rápidos a respeito. E a edição de hoje é praticamente dedicada aos acontecimentos da Formula-E no mês que se passou, que teve algumas provas bem agitadas no seu campeonato, tanto no bom quanto no mal sentido da expressão. Então, uma boa leitura a todos, e espero vocês por aqui na próxima sessão Flying Laps no mês que vem...

 

O brasileiro Lucas Di Grassi não guardará boas lembranças da rodada dupla do ePrix de Roma de 2021 na competição da Formula-E. O piloto da equipe Audi teve o seu primeiro bom treino de classificação em várias corridas, e saía da 4ª posição na corrida do sábado. Andando forte desde o início da corrida, Lucas foi aos poucos galgando as posições, até assumir a liderança da corrida, mas sem ter folga, uma vez que os concorrentes estavam bem próximos, e qualquer erro poderia ser fatal. Quando foi pegar o modo ataque, acabou perdendo posições, mas foi em busca da recuperação, e faltando pouco tempo para o final da corrida, o brasileiro já estava atrás de Jean-Éric Vergne, da Techeetah, o líder da corrida. Di Grassi conseguiu superar o francês, e reassumir a liderança da prova, a poucos minutos do fim, e parecia pronto para voltar a vencer depois de quase dois anos, e de ter tido uma temporada abaixo do esperado em 2020. Mas o azar voltou a aparecer, fazendo seu carro apresentar um problema de transmissão, fazendo-o abandonar, e perder um triunfo que estava quase certo, já que ele conseguia desgarrar de Vergne pouco a pouco. Na segunda corrida, no domingo, a situação não foi melhor. Largando apenas em 13º, Di Grassi partiu novamente para tentar uma corrida de recuperação, e vinha tentando chegar mais à frente, quando a meio da corrida, acabou levando um toque de Sébastien Buemi, perdendo o controle do carro, e indo parar no muro. Resultado: fim de prova, de novo. O balanço do fim de semana acabou com dois abandonos, sem culpa do brasileiro, que com os demais pilotos marcando pontos, vai ficando cada vez mais para trás na classificação, e sem chances de tentar entrar de novo na disputa pelo título. A rigor, não foi exatamente uma rodada dupla boa para a equipe da Audi: seu outro piloto, René Rast, até terminou bem a primeira corrida, em 6ª lugar, mas no domingo, o alemão foi outro a também ficar pelo meio do caminho. E, ao fim da rodada dupla na capital italiana, Rast ainda era o 11º colocado na classificação, com 21 pontos, enquanto Di Grassi amargava a 18º colocação, com míseros 6 pontos. Desse jeito, a Audi, em sua última temporada na F-E, vai se despedir de forma melancólica do certame, a prosseguir nessa toada...

 

 

O novo traçado montado para o ePrix de Roma até que proporcionou boas corridas na etapa deste ano, se bem que as duas corridas acabaram marcadas um pouco pela chuva, que ajudou a dar um pouco mais de imprevisibilidade à disputa. Infelizmente, por causa do piso molhado, ambas as corridas de sábado e domingo acabaram sendo iniciadas atrás do Safety Car, e isso acabou diminuindo um pouco as provas, já que os pilotos tiveram menos tempo de corrida sob bandeira verde. Mas tivemos algumas boas disputas e ultrapassagens nas duas corridas. Com o abandono de Lucas Di Grassi, Jean-Éric Vergne venceu a primeira corrida, que teve uma confusão na parte final, justamente pelo problema no carro do brasileiro, que ao perder velocidade em um trecho de reta, deixou o pessoal que vinha atrás meio sem reação, e Stoffel Vandoorne acabou indo parar no muro, tentando desviar, e acabou sendo atingido pelo próprio colega de time, Nick De Vries. Quem também teve motivos para comemorar ao fim da corrida foi a Jaguar, que completou o pódio, atrás do piloto da Techeetah: Sam Bird, que havia largado em 10º, foi o 2º colocado; já Mith Evans, que largara em 12º, também fez uma boa corrida, e fechou o pódio com a 3ª colocação. Já André Lotterer, da Porsche, que havia largado na primeira fila, em 2º lugar, imediatamente atrás do pole Vandoorne, ficou em 14º apenas, após provocar um toque no piloto da Mercedes e acabar comprometendo sua corrida e a do belga, que vinha se recuperando muito bem, até o incidente com Di Grassi nos minutos finais da corrida. Já Sérgio Sette Câmara, coitado, teve problemas no carro, e depois de uma corrida complicada, terminou apenas em 16º.

 

 

Azar num dia, sorte no outro. É o que se pode dizer do fim de semana de Stoffel Vandoorne no ePrix de Roma. Depois de dar azar com o toque de André Lotterer no início da corrida de sábado e bater nos momentos finais, o belga levou a equipe Mercedes ao triunfo na corrida do domingo, depois de largar em 4º. Alexander Sims, da Mahindra, foi o 2º colocado, com Pascal Wehrlein em 3º, fechando o pódio. A maldição do pole-position desta vez abateu Nick Cassidy, da Virgin, que largando na frente, acabou rodando, e caindo para o meio do pelotão, e tendo de recuperar todas as posições perdidas. Só que, no meio das ultrapassagens para voltar à frente, acabou tocado, e indo parar no muro, com fim de prova para o piloto. Já Sérgio Sette Câmara, depois de largar em 22º, terminou em 12º. E Sam Bird, pódio no sábado, ficou pelo meio do caminho no domingo. Norman Nato, da Venturi, terminou em 3º, mas acabou punido por ter usado mais energia do que o permitido, e acabou despencando para 19º. Depois de vencer no sábado, Jean-Éric Vergne acabou terminando em 11º no domingo. E, no mesmo reverso da sorte, seu companheiro e atual campeão da categoria, Antonio Felix da Costa, abandonou no sábado, para terminar em 7º no domingo.

 

 

Se as corridas na rodada dupla do ePrix de Roma foram interessantes, o mesmo não se pode dizer da rodada dupla seguinte, o ePrix de Valência, disputada no Circuito Ricardo Tormo, palco dos testes de pré-temporada da categoria dos carros elétricos nos últimos anos. Correndo pela primeira vez em um autódromo permanente com um traçado mais próximo do “normal” (as corridas disputadas no Autódromo Hermanos Rodriguez, na Cidade do México, eram feitas em uma versão diminuta do traçado), já se imaginava que os carros teriam problemas com o consumo de energia pela falta de curvas fechadas que proporcionassem oportunidades de recuperação de energia das freadas. Foi feita uma curva na entrada da reta dos boxes, de forma a tentar contornar parte do problema, mas como se daria a competição neste panorama, até então inédito na F-E? Bom, a primeira corrida, no sábado, foi tão bagunçada que isso acabou virando um problema extremamente sério. Com a chuva caindo, em tese o menor ritmo de competição deveria ser um aliado, mas vários carros acabaram escorrendo no piso molhado, indo parar fora da pista, e exigindo a intervenção do Safety Car, que foi acionado cinco vezes durante a prova. E, como a categoria passou a adotar a regra de diminuição de energia a cada minuto de permanência do carro de segurança na pista, quando a corrida se aproximou de seu final, a maioria dos competidores estava praticamente no talo de suas baterias, o que resultou numa última volta praticamente ridícula, com vários carros se arrastando pela pista, à mercê da falta de carga. Pior para Antonio Felix da Costa, que depois de liderar a corrida desde a pole-position, ficou a ver navios na última volta, perdendo uma vitória que parecia certa. Aliás, apenas nove pilotos conseguiram ser classificados na corrida, com a vitória indo parar nas mãos de Nick De Vries, da Mercedes. Nico Muller, da Dragon/Penske salvou um 2º lugar inesperado, enquanto Stoffel Vandoorne foi o 3º colocado. Lucas Di Grassi acabou classificado em 7º lugar, em uma corrida onde o brasileiro não conseguiu mostrar nada, ficando sempre atrás do companheiro René Rast, que classificou-se em 5º lugar. Que a categoria precisa repensar algumas de suas regras, isso já não é de hoje, mas infelizmente a FIA e a direção da F-E parecem teimar em não dar o braço a torcer quando a situação exige que se pense melhor a respeito. Com as inúmeras entradas do Safety Car na prova, esta ficou com seu tempo de competição bem reduzido, e por tabela, os competidores ficaram sem energia mais do que se poderia esperar. Ainda acho essa regra de redução da energia no período da bandeira amarela com carro de segurança uma regra que traz mais malefícios do que benefícios, até porque perdemos tempo de corrida, que continua limitada a 45 minutos de duração, mais uma volta. É preciso repensar esse caso, mas como já mencionei, a teimosia em insistir em certas regras que já se mostraram não muito eficientes, e até equivocadas, compromete parte da imagem de seriedade que a F-E ainda tenta emplacar como competição de alto nível no mundo do esporte a motor. E o que vimos na corrida do sábado no ePrix de Valência infelizmente não ajudou a categoria neste quesito, muito pelo contrário...

 

 

Por conta do que havia acontecido na corrida de sábado, a prova de domingo da F-E em Valência foi muito mais cautelosa, e por assim dizer, morna e sem atrativos na maior parte de sua duração. Jake Dennis, que largou na pole-position, liderou a corrida inteira, com um ritmo controlado, tendo um verdadeiro trem de carros atrás de si que também tentavam ser bem cautelosos no gerenciamento de energia, o que resultou em poucas ultrapassagens e disputas mais acirradas durante a corrida. Houve alguns incidentes, mas nada que exigisse a intervenção do Safety Car, e mesmo assim, os competidores foram quase de novo nos limites do consumo de energia, mas sem reprisar o papelão que havia sido visto na corrida de sábado. André Lotterer, da Porsche, acabou em 2º lugar, com Alex Lynn, da Mahindra, terminando em 3º. Lucas Di Grassi, em mais uma corrida apagada, foi apenas o 10º colocado. Com o resultado do ePrix de Valência, a dupla da Mercedes assumiu a liderança do campeonato, com Nick De Vries na ponta, com 57 pontos. O belga Stoffel Vandoorne é o vice-líder, com 48 pontos, seguido por Sam Bird, da Jaguar, com 43 pontos, e que zerou nas últimas três provas. Na 4ª colocação temos Robin Frijns, empatado também com 43 pontos, mas sem vitórias, ao contrário de Bird. E Mith Evans vem logo atrás, com 39 pontos. Com os resultados ruins das últimas corridas, Lucas Di Grassi caiu para a 19ª posição, com 13 pontos, enquanto Sérgio Sette Câmara agora é o 20º colocado, com 12 pontos. Entre as equipes, a Mercedes lidera com 105 pontos, seguida pela Jaguar, com 82 pontos. A Virgin vem em 3º lugar, já mais atrás, com 58 pontos, apenas 1 a mais que a Techeetah, com 57. A Nissan e.dams, depois de terminar a temporada passada como vice-campeão, amarga a 11ª posição, com apenas 38 pontos, à frente apenas da NIO, a última colocada, com 18 pontos.

 

 

A categoria dos carros monopostos totalmente elétricos confirmou em abril a remodelação de seu calendário de 2021, diante dos percalços provocados pela pandemia da Covid-19, que tal qual ocorreu em 2020, mandou a fase final da competição para o espaço, obrigando a F-E a fazer uma rodada de seis provas em Berlin para completar sua temporada no ano passado. Agora a situação é um pouco menos radical, com algumas corridas localizadas pelo mundo, de forma a conseguir completar a meta de ter 15 provas para o certame de 2021. Como já vinha sendo esperado, as etapas de Santiago, no Chile, e de Marrakesh, no Marrocos, acabaram canceladas. A etapa do México foi mantida, agora em rodada dupla, mas em novo local, no autódromo de Puebla, que deverá receber a competição, uma vez que o Autódromo Hermanos Rodriguez está sendo usado como hospital de campanha para tratar pacientes com Covid-19. Esta rodada dupla ocorrerá nos dias 19 e 20 de junho. Nos dias 10 e 11 de julho, teremos mais uma rodada dupla, o ePrix de Nova Iorque, no já conhecido circuito no bairro do Brooklin. E depois teremos o ePrix de Londres, em mais uma rodada dupla, que será realizada no Excel Center, nos dias 24 e 25 de julho. E, fechando a temporada, outra rodada dupla, em Berlim, nos dias 14 e 15 de agosto. Diante das dificuldades enfrentadas no mundo inteiro por causa da pandemia, até que está de bom tamanho. Não é o ideal, mas é o que dá para fazer, e ao menos, melhor do que no ano passado. Esperemos que sejam realizadas boas corridas, e possam dar ao campeonato e aos fãs da velocidade elétrica um desfecho mais condizente com muita disputa nas pistas.

 

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