sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

RUMO AO MUNDIAL 2021

Sebastian Vettel e seu novo visual para a temporada 2021 na Aston Martin.

             A praticamente dois meses do início da temporada deste ano, as peças da Fórmula 1 começam a se assentar para a disputa do campeonato, apesar das incertezas que pairam sobre a competição, diante da pandemia da Covid-19, o que pode complicar muitas coisas, mesmo com a vacinação em andamento em vários países, uma vez que novas variantes do coronavírus têm demonstrado serem muito mais contagiosas, o que pode fazer com que os esforços de imunização precisem de mais tempo e esforço para surtirem efeito e promover um retorno à normalidade.

            Mesmo assim, a temporada segue cheia de expectativas, como é de praxe a cada ano. E fica a dúvida se a relação de forças vista no ano passado se manterá este ano. Apesar da manutenção dos chassis de 2020, as partes que sofreram mudanças no regulamento técnico, como as novas dimensões dos assoalhos dos carros, entre outros detalhes, podem influir no desempenho dos carros, de modo que a competitividade de alguns modelos poderá diferir do que foi visto no ano passado. A Mercedes, por exemplo, afirmou que as mudanças podem fazer com que seu carro “regrida” à performance exibida em 2019, indicando que ele perderá parte de sua competitividade. Mas será mesmo? O carro do time alemão não será o único afetado, e como as regras são para todos, certamente os demais times também terão de lidar com uma performance diferente da que exibiram em 2020. Só que ninguém sabe dizer quem será mais ou menos afetado por estas mudanças, então, fica a expectativa de quem se sairá melhor, ou talvez pior, em relação à temporada passada.

            Por isso mesmo, uma resposta mais clara só deverá ser vista nos testes coletivos da pré-temporada, que este ano serão ainda mais exíguos, com apenas 3 dias, a serem realizados na pista de Sakhir, onde a temporada começa no dia 28 de março. Com tão pouco tempo de pista, muito provavelmente ninguém vá esconder o jogo, pois todos precisam saber exatamente suas condições de competição. Seria também uma boa hora para se revogar a regra esdrúxula de terem apenas um carro na pista de cada vez, e deixarem os dois pilotos de cada time rodarem o que for possível, a fim de todo mundo acumular quilometragem e dados com os carros. Mas como a ordem é tentar conter gastos, acho difícil adotarem novamente essa postura, que a meu ver só deixou os testes de pré-temporada dos últimos anos extremamente maçantes.

            Assim como já está ficando chata também a “novela” da renovação de Lewis Hamilton com a Mercedes. O novo heptacampeão mundial sabe plenamente que a maior parte de seu sucesso se deve a estar no melhor time da categoria nos últimos anos, e essa lenga-lenga da renovação não deveria se estender tanto assim. Comenta-se que um dos detalhes a serem acertados são os valores a serem recebidos pelo piloto, que estaria querendo não apenas manter, mas até aumentar seus ganhos. Quando lembramos do momento complicado que nosso mundo está vivendo por causa da Covid-19, que impactou inúmeros setores econômicos, e também o mundo do esporte a motor, sendo que alguns times tiveram que precisar de auxílios governamentais para pagar seus funcionários, Hamilton poderia dar mais um exemplo de boa atitude, e aceitar uma redução salarial de seu já astronômico salário, a fim de mostrar solidariedade e sintonia com as necessidades dos tempos atuais. Não se trata de desmerecer seus ganhos, mas quando vemos exemplo de pilotos, como a dupla da McLaren, que aceitou ganhar menos no ano passado para ajudar o time a superar o momento difícil que todos viviam, o piloto inglês, que tanto se engajou em causas sociais no último ano, em especial o combate contra o racismo, poderia mostrar a mesma empatia.

Lewis Hamilton ainda não renovou com a Mercedes para a temporada deste ano.

            Duração de contrato, condições aqui e ali, tudo isso, convenhamos, poderia ser resolvido mais rapidamente. Ou a Mercedes está impondo condições normais, ou Hamilton está ficando exigente ou chato demais... Já vi isso em 1993, quando Ayrton Senna, inconformado por não ter um carro tão competitivo quanto o da Williams, ficou numa rinha de renovação corrida a corrida com a McLaren por metade do campeonato daquele ano que só serviu para o piloto brasileiro arrancar mais dinheiro do time inglês, que sim, precisava muito de Ayrton. A Mercedes sabe do valor de Hamilton, mas se ele começar a se comportar demais como prima dona, pode exagerar na dose, e ficando a pé. Exagero? Talvez, mas com o melhor carro da categoria nas mãos, o que aconteceria se o time alemão resolvesse bater o pé e deixar Lewis falando sozinho? Pode ser uma possibilidade remota de ocorrer, e parte do sucesso da Mercedes hoje também é devido a Lewis, que conquistou seis títulos nos últimos sete anos, com Nico Rosberg a garantir mais um, na maior hegemonia de uma escuderia em toda a história da F-1, que desde 2014 vem ganhando praticamente tudo na competição, sendo mais eficiente e competente que todos os rivais, apesar do empenho destes.

            Ou tudo pode ser apenas jogo de cena, para deixar fãs e imprensa ouriçados, com Hamilton já plenamente acertado para correr, e deixando a situação parecer incerta só para atrair a atenção de todos. Já se fala que tudo está acertado, e Lewis continua onde está, o que faria dele mais uma vez o grande favorito ao título, com chances de alcançar o octacampeonato, e se tornar o maior piloto da F-1 de todos os tempos, deixando Michael Schumacher para trás definitivamente nos anais da categoria. E Hamilton precisa aproveitar, pois com o novo regulamento técnico que entra em vigor em 2022, tudo pode mudar, com a Mercedes a não ter mais tanta vantagem sobre os demais times, ou nada mudar efetivamente.

            Mas, no caso de o time alemão passar a ter uma disputa mais ferrenha com os times rivais, Hamilton teria muito mais trabalho para continuar vencendo, então, se ele quer ampliar suas marcas, que faça bom uso desta temporada, onde apesar dos pesares, a Mercedes ainda tem tudo para dominar a temporada, ou pelo menos, boas chances, a serem confirmadas quando a disputa começar no Bahrein.

Sergio Pérez: reforço da Red Bull para 2021, assim como um novo motor da Honda.

            Enquanto isso, a Red Bull anunciou que chegou a um acordo com a Honda para continuar usando de forma independente as unidades de potência nipônicas em 2022 para seus dois times na categoria máxima do automobilismo. Os japoneses, aliás, estão fazendo um grande esforço para deixarem a F-1 por cima, tanto que adiantaram o projeto de 2022 para esta temporada, como cartada para tentar bater a Mercedes. Será que vai funcionar? É preciso lembrar que o carro da Red Bull em 2020 não foi aquilo tudo que eles imaginaram que seria, de modo que não foi apenas no motor que o time dos energéticos ficou devendo na disputa, que se imaginava que seria bem mais apertada. E nem se pode dizer que o carro da equipe austríaca alcançou a Mercedes em Abu Dhabi porque todos sabiam que o time alemão estava cumprindo tabela ali, já tendo parado de desenvolver o modelo 2020 há várias corridas, quando viam que sua situação estava plenamente encaminhada para garantir tanto os títulos de pilotos como de construtores. Nas últimas temporadas a Red Bull tem falado bastante, e até dado trabalho, mas apenas em provas esporádicas, sem conseguir disputar efetivamente o título. Será que desta vez será diferente?

            Um importante reforço é a chegada de Sergio Pérez, que todos esperam possa andar próximo de Max Verstappen como Daniel Ricciardo fazia e até superava o holandês. Pérez sabe que está tendo a oportunidade de sua carreira, e que não pode desperdiçá-la. Se andar no nível do holandês, pode ajudar a engrossar a luta da Red Bull contra a Mercedes, e complicar uma eventual recuperação da Ferrari, que vem com um motor totalmente novo para esta temporada, tentando se redimir do péssimo ano de 2020. Claro, fica a torcida para que os italianos tenham conseguido também resolver os problemas do carro, que também teve boa parcela de culpa na queda de competitividade do time de Maranello na temporada passada.

            Por enquanto, os italianos já apresentaram Carlos Sainz Jr. como piloto da escuderia, com o espanhol a treinar nesta semana com o carro de 2018 na Itália. As maiores fichas continuam apostadas em Charles LeClerc, que em 2020 deixou Sebastian Vettel completamente na sobra em Maranello. O tetracampeão alemão, por sua vez, também já foi apresentado esta semana como piloto da nova Aston Martin, ex-Racing Point, com direito até a um novo visual, meio careca, que surpreendeu os fãs, e que se espera, marque um momento de virada na descendente que Vettel vem enfrentando desde 2019. A Aston Martin, aliás, pretende dar mais um passo à frente, depois da boa temporada do ano passado, e se intrometer na luta das grandes.

Carlos Sainz estreou oficialmente pela Ferrari em um teste com o carro de 2018 realizado esta semana na Itália.

            E quem também quer continuar seu crescimento é a McLaren, que volta a usar as unidades de potência da Mercedes. O time prevê que este ano será de certa adaptação, e a meta é se manter no TOP-3 da competição, para tentar dar o salto em 2022, com o novo regulamento técnico. E tem em seu novo contratado Daniel Ricciardo a pessoa ideal para guiar o time dentro e fora da pista, contando também com o talento de Lando Norris, que ainda tem muito potencial para crescer.

            Com tudo isso, e mais a expectativa do que poderá render Fernando Alonso em seu retorno à F-1, agora com a Renault denominada Alpine, ficamos na ansiedade para vermos o que podemos esperar da nova temporada. Hora de começar a exercitar a paciência, mais uma vez. E que venha a temporada de 2021...

 

 

Pipo Derani e Felipe Nasr lutarão pela vitória nas 24 Horas de Daytona.

O campeonato de endurance dos Estados Unidos, o IMSA Wheather Tech Sportscar Championship dá sua largada neste final de semana com uma das provas mais tradicionais e famosas do automobilismo mundial, as 24 Horas de Le Mans, com a participação de 49 carros, divididos nas classes DPi, LMP2, LMP3, GTLM, e GTD. E os brasileiros largam na pole-position da corrida. O carro Nº 31 da Action Express sai em primeiro, posição conquistada pela dupla Pipo Derani/Felipe Nasr na corrida de classificação, disputada no último final de semana. Os brasileiros terão a companhia de Mike Conway e Chase Elliot no carro, e ambos lutarão pela vitória na corrida. Pipo Derani já venceu a prova em 2016, e Felipe Nasr busca seu primeiro triunfo na prova, que chega à sua 59ª edição, desde que passou a ser disputada. Na segunda posição vem o carro Nº 55, da Mazda Motorsports, com os pilotos Oliver Jarvis, Harry Tincknell, e Jonathan Bomarito. O Brasil terá seis pilotos competindo na edição deste ano. Além de Nasr e Derani, teremos também na classe DPi Hélio Castro Neves, atual campeão da categoria, estará presente defendendo a equipe Wayne Taylor, ao lado dos pilotos Ricky Taylor, Filipe Albuquerque, e Alexander Rossi. Mas essa participação é apenas para as 24 Horas de Daytona. Dirani e Nasr competirão com um modelo Cadillac, enquanto Hélio usará o Acura, modelo com o qual foi campeão no ano passado defendendo a Penske, que encerrou sua participação na competição. Na classe GTLM, Augusto Farfus segue defendendo o time oficial da BMW, com um modelo M8 GTE tendo como companheiros John Edwards, Jesse Krohn, e Marco Wittmann. Nossos outros representantes estão na classe GTD: Daniel Serra mais uma vez defenderá a AF Corse, pilotando uma Ferrari 488 GT3, junto com os pilotos Simon Mann, Nicklas Nielsen, e Matteo Cressoni; e Marcos Gomes competirá também com uma Ferrari 488 GT3, mas pela Scuderia Corsa, tendo como colegas de carro Ed Jones, Bret Curtis, e Ryan Briscoe. Felipe Fraga estava escalado para participar da corrida, mas devido às restrições de viagem decorrentes da pandemia da Covid-19, ele não conseguiu chegar aos Estados Unidos a tempo para participar da corrida, onde defenderia a equipe Riley Motorsports, na classe LMP3, que o substituiu por Spencer Pigot devido a esse problema. Deverão ser 24 horas de muita emoção na pista do Daytona International Speedway, e podemos ver muitas disputas pela vitória nas respectivas classes. Na DPi, a principal, a expectativa é se poderemos ver os brasileiros mais uma vez no topo do pódio, o que já aconteceu em sete ocasiões na história da corrida disputada em Daytona Beach, no Estado da Flórida, Estados Unidos.

 

 

O primeiro brasileiro a vencer as 24 Horas de Daytona foi Raul Boesel, em 1988, competindo pela Jaguar, com o modelo Jaguar XJR-9. A vitória seguinte viria em 2004, com Christian Fittipaldi, com a equipe Bell Motorsports, com um modelo Doran JE4-Pontiac. O filho de Wilsinho Fittipaldi repetiria o triunfo nas edições de 2014 e 2018 (esta, nossa última vitória), defendendo a Action Express, correndo com um modelo Coyote-Corvette DP e Cadillac DPi-VR, respectivamente. Oswaldo Negri venceria a prova em 2012, pela equipe Michael Shank, com um modelo Riley MkXXVI-Ford. Tony Kanaan faturaria a vitória em 2015, pela Chip Ganassi, também com um modelo Riley MkXXVI-Ford. E a última vitória brasileira a relacionar foi em 2016, com Pipo Derani, pela Tequila Patron, com um Ligier JS P2-Honda. Nossos três representantes na classe DPi estão em bons times, e podem lutar pela vitória este ano. Mas, diante de uma corrida tão longa, será preciso ter velocidade, confiabilidade, e acima de tudo, uma boa dose de sorte, já que tudo pode acontecer em uma corrida tão longa, e é preciso ter cuidado para não se meter em confusões, especialmente na disputa com alguns pilotos que são mais propensos a se estranhar com os outros na pista. Pipo Derani é sucinto ao afirmar que a pole não garante nada na corrida, e prefere manter os pés no chão, evitando expectativas mais entusiasmadas. E a corrida já acontece em um momento complicado, onde a pandemia da Covid-19 vem apresentando números assustadores, obrigando a corrida a ser realizada sob rígidos protocolos de segurança, uma vez que o número de casos e mortes diárias pela doença vem batendo recordes indesejáveis, e a vacinação ainda segue a passos lentos, diante do número de doses das mais avançadas vacinas disponibilizadas até o presente momento ainda se mostrar incipiente neste momento. A prova deve ter transmissão para o Brasil, ao vivo, pelo que sobrou do canal pago Fox Sports 2, a partir das 17h40min deste sábado, pelo fuso horário de Brasília. A emissora deve transmitir também a parte final da corrida no domingo.

 

 

Mais um nome de ex-piloto da Fórmula 1 se foi nesta semana. O espanhol Adrian Campos, que defendeu o time da Minardi nas temporadas de 1987 e 1988, morreu na Espanha, aos 60 anos, vítima de um aneurisma da artéria aorta. Sem ter obtido resultados que pudessem mantê-lo na categoria máxima do automobilismo, onde nunca conseguiu marcar um ponto sequer, Campos enveredou por outras categorias do mundo do automobilismo, e depois de pendurar o capacete, tornou-se chefe e dono de equipe, e também empresário de pilotos, tendo cuidado da carreira de Fernando Alonso, antes dele passar a ser agenciado por Flavio Briatore. Tentou por duas vezes ingressar na F-1 como equipe, mas não teve sucesso, e continuou a participar das categorias de acesso, como a F-3, e mais recentemente, a F-2.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

ARQUIVO PISTA & BOX – ABRIL DE 1999 – 23.04.1999

            Voltando a trazer mais uma de minhas antigas colunas, esta foi publicada no dia 23 de abril de 1999, e seu tema principal era um pequeno balanço do início da temporada daquele ano da F-CART, após três provas disputadas até então, onde não foi possível apontar nenhum favorito destacado na luta pelo título, algo normal na categoria norte-americana, que sempre se caracterizou por um equilíbrio de forças bem maior do que o da F-1. E seria de fato um ano bem disputado, com o título indo para o colombiano Juan Pablo Montoya, que conseguiu manter a Ganassi no topo da categoria, com o time a conquistar seu quarto campeonato consecutivo, mostrando toda a sua capacidade. Para os pilotos brasileiros, havia expectativa de um ano bem melhor do que os anteriores, e em alguns aspectos, até que foi, com nossos pilotos obtendo três vitórias na temporada, mas infelizmente ficando longe de disputarem o título.

            Nos tópicos rápidos, algumas notas do mundo do esporte a motor, com destaque para o falecimento do projetista Harvey Postlethwaite, um dos principais nomes do projeto de retorno da Honda à F-1, o que obrigou os japoneses a mudarem seus planos, de voltar como um time completo, para serem apenas fornecedores de motores novamente. O plano de ser um time completo só seria posto em prática anos depois, quando os nipônicos assumiram o controle da equipe BAR, mas sem obterem os triunfos que esperavam. Uma boa leitura a todos, e em breve trago mais textos antigos por aqui...

 

SEM FAVORITOS

 

            Com três etapas disputadas até o momento, o campeonato 99 da F-CART mais uma vez demonstra bom equilíbrio entre diversas equipes e pilotos, com 3 times e 3 pilotos diferentes vencendo até agora. No último domingo, no circuito de Long Beach, na Califórnia, a vitória ficou com a equipe Ganassi e seu novo piloto, o colombiano Juan Pablo Montoya, que apenas em sua 3ª prova na categoria já chegou ao degrau mais alto do pódio.

            Isso apenas confirma que a Ganassi deve lutar pelo tetracampeonato, depois de vencer o certame nos últimos 3 anos consecutivos. Mas, mais do que ter um bom carro, precisa ter também um bom piloto para tirar dele o máximo, e Montoya demonstra ter qualidades para repetir os feitos de Alessandro Zanardi na categoria, talvez até ir mais longo do que o italiano. Uma prova disso é Jimmy Vasser, o outro piloto da Ganassi, que até agora não teve um desempenho à altura de seu equipamento. Se o americano não reagir, vai ficar à sombra do colombiano, como ficou à sombra de seu antecessor italiano no time.

            Outras equipes também mostram a sua força: a Forsythe demonstrou ter poderio para lutar pelo título. Greg Moore lidera o campeonato, equilibrando arrojo e regularidade. Vendo que a vitória em Long Beach seria difícil, o canadense lutou para marcar pontos. A Newmann-Hass segue a mesma estratégia, enquanto se adapta melhor ao comportamento dos pneus da Firestone, e tanto Michael Andretti como Christian Fittipaldi estão na briga pelo título, podendo vencer a qualquer momento. A Tasman-Forsythe, depois de ficar meio ofuscada nas duas primeiras etapas, deu uma boa demonstração em Long Beach de que andar na frente é mais do que possível: Tony Kanaan largou na pole e dominava a corrida até bater sozinho. A primeira vitória de Kanaan pode não estar longe. A Green também está no páreo, especialmente com Dario Franchiti, que andou forte em todas as corridas e pode vir a surpreender mais à frente. A Patrick também confia em seu taco, com Adrian Fernandez tendo vencido o GP do Japão e ocupar a 2ª posição na classificação. E a Walker também parece ter recuperado o caminho do crescimento, pois Gil de Ferran divide com Fernandez a vice-liderança do mundial, fazendo da regularidade sua maior arma.

            As próximas etapas agora voltam para os circuitos ovais: Nazareth, Rio de Janeiro, Madison e Milwaukee. Só em Portland o campeonato retorna aos circuitos de rua. Até lá, muita coisa ainda pode acontecer e o panorama mudar totalmente. Mas não existem favoritos destacados. Muitos pilotos tem condições de vencer, sem falar que zebras são muito passíveis de acontecer, com os pilotos menos cotados intrometendo-se na luta pelas primeiras posições.

            No campo técnico, há bom equilíbrio na área de motores: tanto Mercedes quanto Ford e Honda demonstram ter potenciais parecidos, à exceção da Toyota, que ainda precisa melhorar bastante. A maior fábrica do ramo automotivo no Japão está trabalhando duro para chegar no nível de sua rival, a Honda. No campo dos pneus, dos pilotos de ponta, Gil de Ferran é o único a usar os pneus da Goodyear, ao lado de Al Unser Jr.. Se por um lado os pneus da fábrica americana já demonstraram maior durabilidade, os pneus japoneses ainda mostram melhor performance. Mesmo assim, Gil está tirando leite de pedra para andar mais rápido, como demonstrou no Japão ao conseguir a pole-position em Motegi. No campo dos chassis, a Reynard é franca favorita, por abastecer a maioria das escuderias, mas o chassi Swift mostrou qualidades, podendo desbancar a fábrica inglesa se mantiver a performance crescente. Fora da disputa, Lola e Penske lutam para conseguir recuperar o prestígio que um dia já desfrutaram na categoria.

            No que tange aos pilotos brasileiros, tudo indica que deveremos ter um ano bem melhor do que os anteriores. Com exceção de Tarso Marques, Guálter Salles, e Luiz Garcia Jr., que não puderam mostrar nenhum resultado de monta, todos os demais pilotos brasileiros já deram mostras de talento e brilho nestas corridas iniciais. Gil de Ferran e Christian Fittipaldi usam a regularidade para subir no campeonato: ambos marcaram pontos em todas as provas, e conseguiram subir ao pódio em Motegi, onde Gil ainda foi pole. Em Long Beach, foi a vez de Tony Kanaan brilhar, largando na pole e liderando a corrida durante mais da metade do percurso, antes de bater e literalmente dar de presente o triunfo a Montoya. Em Miami, Cristiano da Matta e Hélio Castro Neves, apesar da inferioridade de seus carros, andaram muito bem. Maurício Gugelmim também chegou a liderar a prova do Japão. Chegar à vitória parece ser apenas questão de tempo, mas é preciso manter os pés no chão, para que o excesso de otimismo não gere erros por excesso de confiança. Em 1997 também se imaginava um ano com muitas vitórias, e acabamos tendo apenas 1, com Maurício Gugelmim, em Vancouver. Depois de passarmos em branco no ano passado, é chegada a hora de revertermos a onda descendente e voltarmos a dar as cartas na F-CART. A briga, contudo, promete ser dura, e não se pode errar.

            Não há favoritos. Muita gente está firme na disputa. Que nossos pilotos entrem firmes na briga e possam trazer vitórias de novo para a alegria de nossa torcida. Acelerar é preciso...

 

 

A pista do circuito de Long Beach foi modificada, passando a ter aproximadamente 3 Km de extensão. Mas o aumento não significou muito em termos de pontos de ultrapassagem. Diversas partes da corrida foram uma verdadeira procissão em alta velocidade. Houve mais trocas de posições nos boxes do que na pista. Na reta dos boxes, teoricamente o melhor ponto para ultrapassagens devido à sua longa extensão, quase ninguém conseguia passar ninguém. Será que a F-CART está pegando ares de F-1? Espero que não...

 

 

Alessandro Zanardi já deve estar sentindo saudades da F-CART. Enquanto o italiano padece na F-1 com o carro temperamental da Williams para esta temporada, Juan Pablo Montoya, que assumiu seu lugar na equipe Chip Ganassi, venceu a prova de Long Beach. Coincidência ou não, foi nesta corrida ano passado que Zanardi iniciou sua escalada rumo ao bicampeonato na categoria. Zanardi já falaria até em voltar à F-CART, depois de cumprir o seu contrato de dois anos com a Williams, a menos é claro, que a situação do time inglês na F-1 mude...

 

 

Os planos da equipe Honda de F-1 que deve estrear no ano que vem sofreram um tremendo baque esta semana com a morte súbita de Harvey Postlethwaite por ataque cardíaco, em Barcelona. Postlethwaite, que era diretor técnico do novo programa de F-1 da fábrica japonesa, tinha 55 anos de idade. A morte do projetista, tido como peça importante no esquema da Honda para o seu retorno à F-1 no ano 2000, agora como um time completo, é mais um forte golpe e fonte de boatos sobre os planos dos japoneses para a categoria máxima do automobilismo. Devido aos altos custos do projeto (há quem fale em até US$ 300 milhões de gastos só para o ano 2000), a fábrica nipônica estaria repensando seu projeto, em virtude da atual crise da economia japonesa: de equipe completa, a Honda poderia voltar atrás e retornar oficialmente apenas como fornecedora de motores, como fez nos anos 1980 e início dos anos 1990. Agora, há quem diga que a Honda pode até abandonar o projeto de F-1. Mas até o momento, ainda não houve nenhuma declaração oficial da Honda sobre mudanças nos planos iniciais divulgados. Harvey Postlethwaite iniciou sua carreira na F-1 em 1971 na equipe March. Depois, participou do projeto da equipe Copersucar-Fittipaldi, de onde saiu para trabalhar na Ferrari. Ainda na década de 1970, o projetista trabalhou também nas equipes Hesketh e Wolf. Seu último trabalho de renome foi o Tyrrel DG19 de 1990, que lançou a moda dos bicos elevados na F-1.