Com uma atuação segura e sem afobação, Scott Dixon foi 2º em Sonoma e venceu seu 5º título na Indycar. |
Com uma semana de
atraso, falo nesta coluna sobre o campeão da temporada 2018 da Indycar, Scott
Dixon. Ou melhor, dizendo, o pentacampeão Scott Dixon, que em Sonoma, averbou o
seu 5º título no certame, o que o coloca, nas estatísticas das categorias Indy,
abaixo apenas do lendário Anthony Joseph Foyt Junior, mais conhecido como A.J.
Foyt, que averbou em sua carreira na F-Indy original nada menos do que 7
títulos, o que faz do estadunidense o maior mito das categorias Indy até hoje,
e que muitos consideravam inalcançável. Bom, Dixon está chegando perto... Se
ele vai superar Foyt, ainda é preciso esperar para ver, mas o neozelandês tem
plenas condições de chegar lá... Basta ter paciência, e um carro competitivo à
sua disposição, porque dentro da pista, Scott se garante como poucos.
E basta ver como ele
chegou ao título neste ano, defendendo seu time de longa data, a Chip Ganassi,
que já não dispõe mais da força de outrora, quando era o grande nome da
categoria, ao lado da Penske. Encolhendo a olhos vistos, Ganassi concentrou a
maioria dos recursos disponíveis no carro Nº 9 de Dixon, que tratou de fazer a
sua parte na pista, mantendo-se sempre entre os melhores lugares pontuáveis, e
vencendo quando a oportunidade aparecia, derrotando seus adversários quando
eles menos esperavam. E, acima de tudo, também tendo muita sorte de não se
envolver em confusões, ou pelo menos sair delas com um mínimo de problemas,
como ocorrido na etapa de Portland, onde por pouco não entrou no rolo ocorrido
logo na primeira volta entre vários carros. Dixon conseguiu evitar de bater,
voltou à pista, e ainda por cima, terminou a corrida à frente de seu principal
adversário, Alexander Rossi. Se deu sorte, por outro lado, sempre manteve um ritmo
forte, com um time que não deveria estar disputando o título pelas performances
vistas com o outro piloto, Ed Jones, que nem de longe chegou a acompanhar o
ritmo de seu colega de time.
Com isso, Dixon chegou
para a etapa final, em Sonoma, com 29 pontos de vantagem sobre Rossi, que
poderia ser tudo, ou nada, visto que a última corrida tinha pontuação dobrada.
O piloto da Ganassi partiu para o ataque, largando à frente, e de certa forma,
Alexander sentiu o baque, cometendo um erro crasso logo na primeira volta, ao
tocar no carro de Marco Andretti, e cair para o último lugar na pista, tendo de
ir ao box trocar o bico do carro, e torcer por uma série de fatores que, por
incrível que pareça, acabaram ocorrendo, como uma bandeira amarela, e estar na
posição certa para recuperar a volta perdida, e entrar de novo na briga. E
Rossi veio forte, passando muitos adversários na pista, e ficando até mesmo com
Dixon à vista. Conseguiria o piloto da Andretti, que andou muito forte em
várias provas, alcançar Scott e conseguir chegar ao título? Ele bem que tentou,
mas não deu.
A pista de Sonoma despediu-se do calendário da Indycar com pole e vitória de Ryan Hunter-Reay, da equipe Andretti. |
Mantendo seu padrão de
categoria bem mais equilibrada do que a F-1, a temporada teve 8 pilotos
vencendo corridas, sendo que os que triunfaram mais não foram além de 3
vitórias no ano. Scott Dixon, Alexander Rossi, Will Power e Josef Newgarden
foram os maiores vencedores, e a dupla da Penske, os últimos dois, só não
disputaram o título a fundo porque não conseguiram manter a constância e ainda
tiveram alguns abandonos. Ryan Hunter-Reay foi o único a vencer duas corridas,
ficando os triunfos individuais com Sébastien Bourdais, James Hinchcliffe, e
Takuma Sato. Nove pilotos largaram na pole-position no ano, sendo que Newgarden
e Power, com 4 poles cada um, foram os mais rápidos em 2018. Rossi averbou 3
poles, enquanto Hunter-Reay, Ed Carpenter, Robert Wickens, Sébastien Bourdais,
e Marco Andretti largaram na frente em uma corrida. Dixon também teve uma pole,
concedida a ele por estar liderando o campeonato, em Gateway, onde o treino de
classificação acabou cancelado pela chuva.
Um dos destaques do
ano foi o novo kit aerodinâmico universal, utilizado por todos os times, em
substituição aos aerokits utilizados nas últimas temporadas fornecidos por
Chevrolet e Honda. Com um visual mais limpo, inspirados nos carros da Indy
original nos anos 1990, o novo carro, com menos downforce, promoveu boas
disputas nos circuitos de rua, e mistos, mas nas etapas nas pistas ovais, o
resultado acabou sendo o oposto, com a perda de downforce complicando
sobremaneira as disputas de posição, uma vez que os pilotos não conseguiam
embutir nos carros à frente, perdendo pressão aerodinâmica, e tendo muitas
dificuldades para tentarem uma ultrapassagem, a ponto de ser necessária uma
revisão no pacote, de modo a melhorar as condições de disputa neste tipo de
pista. Algumas melhorias foram feitas durante a temporada, mas com resultados
inconclusivos. Isso acabou deixando as provas nos ovais muito menos disputadas
do que eram, e até mesmo a Indy500 sentiu os efeitos disso, com os duelos na
pista sendo muito menores e mornos este ano do que os do ano passado, sem
mencionar que o baixo downforce também deixou os carros meio ariscos na
Brickyard Line, o que acabou fazendo alguns pilotos rodarem ao não conseguirem
segurar seus bólidos, felizmente sem nenhum acidente de monta.
Robert Wickens sofreu um forte acidente em Pocono e teve sorte de sair inteiro, mas mesmo assim sofreu muitos ferimentos, e demandará um bom tempo na sua recuperação. |
Aliás, em termos de
acidente, impossível não mencionar o forte acidente sofrido pelo canadense
Robert Wickens no superoval de Pocono, onde seu carro decolou de leve no toque
com Ryan Hunter-Reay e atingiu o alambrado, destroçando-se com o impacto, numa
série de rodopios impressionante. Wickenss, que vinha sendo o novato sensação
da temporada, e cotado para vencer corridas a qualquer momento pelo seu time da
Schmidt/Petterson, escapou com vida, mas sofreu diversos ferimentos, sendo
necessário passar por várias cirurgias, e ainda sem ter uma data para receber
alta e poder voltar às pistas, uma vez que o piloto por pouco não ficou
tetraplégico. O novo chassi mostrou sua resistência e segurança em acidentes,
mas melhorias já estão sendo estudadas para reforçar ainda mais a segurança que
ele oferece ao piloto. Da mesma forma, a Indycar continuou levando a efeito os
testes visando à introdução do windscreen como novo dispositivo para aumentar a
segurança dos pilotos, a exemplo do halo introduzido na F-1. Deveremos ter
novidades nesta área na pré-temporada de 2019.
O campeonato continuou
“espremido” entre março e setembro, com o temor da Indycar em bater de frente
com outros certames esportivos, o que gera reclamações pelo número de corridas
por vezes muito próximas umas das outras. A pista de Portland, um dos circuitos
favoritos de times e pilotos na F-Indy original, fez sua estréia na Indycar
este ano, e foi muito bem recebido tanto pelo público como pelos competidores.
Sonoma, por outro lado, não deixará saudades, sendo substituída no próximo ano
por outro circuito muito afamado nos tempos da Indy original, Laguna Seca, que
irá encerrar a competição em 2019, onde se espera poder oferecer melhores
corridas do que foram realizadas em Infineon. Outra novidade para o próximo ano
é a estréia do Circuito das Américas no calendário, em substituição a Phoenix.
Para os brasileiros, foi
um ano de poucos resultados. Hélio Castro Neves foi remanejado por Roger Penske
para o seu novo time no certame do IMSA Weather Tech Sportscar, e o tricampeão
das 500 Milhas de Indianápolis só esteve presente nas etapas da capital de
Indiana, onde infelizmente abandonou a prova da Indy500, e foi apenas o 6º
colocado na corrida no circuito misto. Comandando a reorganização do time da
Foyt, Tony Kanaan viveu um ano de muitos baixos e quase nenhum alto,
finalizando a temporada em 16º lugar, com 312 pontos, tendo um 6º lugar em
Toronto, um 7º numa das corridas de Detroit, e dois 8ºs lugares como melhores
resultados no ano. Matheus Leist, novato na competição, acabou também sentindo
tanto o noviciado, quanto o momento de reorganização do time da Foyt, terminando
em 18º lugar, com 253 pontos. Pietro Fittipaldi tencionava fazer um ano mais
positivo, mas o acidente sofrido no WEC na etapa de Spa-Francorchamps, onde
machucou as duas pernas, por pouco não o fez perder todo o ano. O neto de
Émerson retornou nas provas finais da competição, e foi 9º em Portland, seu
único resultado decente na competição, já que nas outras provas que pôde correr
acabou sempre lá atrás, e ainda acabou colhido no rescaldo do forte acidente de
Wickens em Pocono. Pietro finalizou em 26º lugar, com 91 pontos.
Em termos de
transmissão, a Bandeirantes até que manteve o padrão visto nos anos anteriores,
embora o novo narrador escalado para a transmissão ainda precise melhorar
bastante, depois que a emissora resolveu dispensar o competente Téo José. Ao
menos, Felipe Giaffone esteve mais uma vez presente nos comentários na maioria
das corridas, ajudando a dar bom embasamento técnico aos assuntos discutidos
sobre os acontecimentos na pista e fora dela. Mas, se a categoria não dá mais
audiência, a culpa é da própria Bandeirantes, que não dá a devida atenção e
divulgação da competição, mesmo em seus telejornais no canal aberto, o que
poderia ter sido muito mais bem-feito. Mas, se levarmos a situação da emissora
em si, podemos dizer que os fãs até que puderam comemorar termos tido mais uma
temporada transmitida para o Brasil, e que deve ser mantida em 2019, até nota
afirmando o contrário, no presente momento.
A Indycar encerrou
suas atividades neste ano. Agora, só em 2019. Uma longa espera, e que tomara
venha a ser frutífera...
A.J. Foyt, maior vencedor das
categorias Indy, estreou na F-Indy original em 1957, disputando suas primeiras
corridas pela equipe Hoover. O piloto permaneceu em atividade como piloto até
1993, quando pendurou o capacete, já como dono de sua própria escuderia de
competição, a Foyt Enterprises. Nestes 37 anos de competição, venceu nas
temporadas de 1960, 1961, 1963, 1964, 1967, 1975, e 1979. Disputou 369
corridas, vencendo 67 delas, marcou 53 poles, e subiu ao pódio em 117 provas.
Dixon estreou na F-CART em 2001, pela equipe PacWest, onde venceu sua primeira
e única corrida na Indy original. Em 2002, ele já passou a integrar a Chip
Ganassi, e no ano seguinte, com a vinda do time para a Indy Racing League,
Dixon veio junto, e onde está até hoje, contabilizando, nas duas categorias,
304 provas, com 44 vitórias, 29 poles, e 105 pódios, em 18 temporadas
completas, tendo sido campeão em 2003, 2008, 2013, 2015, e neste ano.
Nascido em Brisbane, na
Austrália, Scott Ronald Dixon é filho de pais neozelandeses, e assim, quando
eles retornaram a seu país, ele se naturalizou neozelandês, passando a viver em
um subúrbio de Auckland, capital do pequeno país. Em 1994, ele iniciou sua
carreira nas competições de monopostos, disputando categorias locais, até 1998,
quando venceu o campeonato australiano de pilotos, além da Fórmula Vee
neozelandesa. Seu novo rumo seria a Indy Lights, nos Estados Unidos, no ano
seguinte, onde estreou pela equipe do ex-piloto Stefan Johansson, terminando a
temporada de estréia em 5º lugar. No ano 2000, agora na equipe PacWest da Indy
Lights, sagrou-se campeão, e no ano seguinte, ele seria promovido ao time da
F-CART, onde terminou o ano em 8º lugar, mas já tendo uma vitória no currículo.
Ele permaneceu na escuderia de Bruce McCaw ainda em 2001, mas com o fechamento
desta depois de algumas provas, ele conseguiu um lugar no time de Chip Ganassi,
onde fechou o ano, ficando em 13º lugar. Com a mudança para a Indy Racing
League em 2003, tanto a escuderia quanto o piloto “chegaram chegando” na nova
categoria, sendo campeão logo de cara. Desde então, Dixon nunca mais pilotou
para outro time na categoria. Seus piores anos foram em 2004 e 2005, onde ficou
em 10º e 13º. Dali em diante, com exceção de 2016, quando foi 6º colocado, sempre
terminou as temporadas em 1º, 2º ou 3º lugares, vencendo corridas em todos os
anos. Em termos de vitórias, contabilizando as categorias Indy, Dixon já é o
terceiro piloto mais vitorioso, atrás apenas de A.J. Foyt (67) e Mario Andretti
(52). Em títulos, estava empatado com Mario Andretti, Dario Franchiti, e
Sébastien Bourdais, com 4 títulos, que acabou de superar com o seu 5º título.
Aos 38 anos, Dixon ainda tem muita lenha para queimar, e certamente terá chance
de igualar, ou até superar o número de títulos de Foyt. Falta, claro, combinar
com a concorrência. Mas, se ele tiver carro, podem estar certos de que buscará
essas marcas, ao menos de títulos. De vitórias, pode ser um pouco mais difícil
superar Foyt, mas Mario Andretti está ao seu alcance. Veremos até onde o
neozelandês conseguirá ir nos próximos anos...
A Fórmula 1 entra novamente na
pista hoje, para a disputa do Grande Prêmio da Russia, em Sochi. Na pista, a
expectativa fica para ver se Sebastian Vettel e a Ferrari conseguirão dar uma
resposta à altura à Mercedes e Lewis Hamilton, para tentarem diminuir a
vantagem conquistada pelo piloto inglês. A confiança do time de Maranello,
contudo, já não é a mesma, depois das derrotas vividas em Monza e Marina Bay,
onde tinha tudo para conseguir vencer, e acabou batida pela rival, cometendo
erros na pista (Vettel em Monza) e fora dela (estratégias erradas em
Cingapura). O time rosso procura manter a calma, ciente de que ainda tem o
melhor conjunto na pista. O problema é que a Mercedes não está parada, e algumas
melhorias introduzidas na última corrida aparentemente foram positivas, de modo
a tornar o carro prateado mais competitivo. E o time de Brackley sabe que tem
de manter-se no ataque, então, não vai dar mole na etapa russa. E a Ferrari
precisa manter a cabeça fria, e encaixar todos os seus fatores, para não ser
novamente superada. Outra derrota poderá sacramentar a perda do título de
pilotos e de construtores, além de desencadear uma crise dentro da escuderia,
que já não vive dias muito calmos. E Sebastian Vettel certamente não terá dias
tranquilos se não conseguir pelo menos começar a diminuir a vantagem de
Hamilton na classificação. Se isso vai se traduzir numa boa corrida, não levo
muita fé, já que desde sua estréia, este GP nunca foi pródigo de oferecer boas
disputas. Mas, por ser uma pista onde os pontos de ultrapassagem não são
fáceis, devemos ver outra grande luta pela pole-position neste sábado. Façam
suas apostas!
A F-1 disputa do GP da Rússia neste final de semana. Será que a Ferrari acerta o seu rumo nesta prova? |