quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

ARQUIVO PISTA & BOX - JULHO DE 1997 - 04.07.1997



            De volta com um de meus antigos textos, este abriu o mês de julho de 1997, e o assunto era a ameaça da Ferrari ao campeonato até então dominado pela equipe Williams naquela temporada. Jacques Villeneuve era o favorito destacado, mas Michael Schumacher, em seu segundo ano de competição pela equipe de Maranello, já mostrava a que tinha vindo e colocava o time italiano de novo na briga pelo título. De quebra, notas rápidas sobre alguns acontecimentos do mundo da velocidade naquela semana. Uma boa leitura para todos...


A AMEAÇA VERMELHA

            A Williams que se cuide! A Ferrari vem aí! Favorita disparada ao título no início da temporada, a escuderia de Frank Williams, quem diria, encontra-se em posição duvidosa ao meio do atual campeonato de Fórmula 1. A ameaça vem muito bem sinalizada na Ferrari, cujos carros são todos vermelhos, cor que tradicionalmente significa perigo. E a ameaça é mais do que evidente, especialmente depois do que se viu em Magny-Cours, onde foi disputado no último domingo o Grande Prêmio da França: Michael Schumacher dominou completamente a corrida desde a classificação para o grid de largada, surpreendendo a Williams e principalmente Jacques Villeneuve, até então o favorito ao título da temporada.
            A Ferrari lançou em Magny-Cours uma revisão aerodinâmica de seu carro, melhorando significativamente o seu desempenho. Os resultados apareceram na corrida, onde Schumacher deu o seu show de sempre, e Eddie Irvinne fez uma competente corrida para chegar ao pódio em 3º lugar, andando a prova inteira praticamente nesta posição. Mais do que a nova configuração aerodinâmica, a Ferrari encontrou também um excelente acerto para o circuito francês. A Williams, por mais que tentasse, não conseguia encontrar o mesmo acerto para seus carros, mas bem que tentou, pois Heinz-Harald Frentzen reagiu no final do treino, alcançando a 2ª posição no grid de largada.
            Frentzen, por sinal, parece finalmente encontrar seu ritmo na Williams. O piloto alemão andou à frente de Villeneuve durante toda a classificação e mostrou raça na corrida, andando sempre atrás de Schumacher e subindo ao pódio. Não ameaçou seu conterrâneo da Ferrari, mas redimiu sua equipe do que prometia ser um fiasco na etapa francesa. Enquanto Frentzen parece acordar de sua hibernação, Jacques Villeneuve parece ter sentido o golpe da reação de Michael Schumacher, que já acumula 2 vitórias consecutivas nas últimas etapas. O piloto canadense cometeu um erro grosseiro pela segunda vez consecutiva: desta vez Jacques rodou na curva que dá acesso à reta dos boxes na última volta do GP francês, na ânsia de tentar ultrapassar Eddie Irvinne, na luta pela 3ª posição. O prejuízo só não foi maior porque o canadense conseguiu voltar à pista e cruzou a linha de chegada um mínimo à frente de Jean Alesi, que terminou na 5ª posição. Como desgraça pouca é bobagem, o filho de Gilles Villeneuve ainda amargou um abandono infantil na penúltima etapa, justamente em seu país, o Canadá, ao rodar e bater seu carro logo no fim da 2ª volta daquela prova, abandonando a corrida. E pensar que o canadense foi considerado muito melhor piloto do que Damon Hill...
            Michael Schumacher mostra sua garra e fibra, e começa a reverter as expectativas da corrida ao título. Tencionando, de início, correr por fora nesta disputa, Schumacher já é o protagonista principal do campeonato. Assim como Ayrton Senna conseguia desequilibrar suas pendengas com Alain Prost e Nigel Mansell. Só para citar exemplos clássicos, em 1974, a Ferrari, então com Niki Lauda e Clay Regazzoni, era a favorita disparada ao título. Mas quem venceu foi Émerson Fittipaldi, da McLaren, que não tinha um carro tão bom quando a Ferrari. Valeu mais a perícia do piloto brasileiro. Em 1983, Nélson Piquet aplicou lição parecida em Alain Prost, da Renault, e René Arnoux, da Ferrari. O brasileiro superou ambos no fim do campeonato e levou o título. O resultado obtido pelo brasileiro foi tão contundente que provocou a demissão de Prost pela direção da Renault.
            Agora a situação é muito similar, mas tem um agravante que o fato de a Ferrari finalmente estar evoluindo e mostrando ter um carro que está praticamente quase ao nível da Williams. Ainda é cedo para afirmar que o carro italiano seja superior ao inglês, mas a Ferrari, ainda com meio campeonato pela frente, parece ter a melhor chance de conquistar o título mundial desde o último campeonato conquistado em 1979 por Jody Schkter.


André Ribeiro deu um basta no chassi Lola que vinha usando no campeonato da F-CART. A equipes Tasman também decidiu mudar de carro e comprou o chassi Reynard usado em testes pela equipe Walker, por 300 mil dólares. Como só pôde comprar um chassi, André diz que terá de tomar muito cuidado para não bater com o carro, já que teria de voltar a usar o chassi Lola, que ficará como carro reserva. A próxima corrida do campeonato é em Cleveland, na semana que vem.


Na F-Indy (IRL), Tony Stewart, da equipe Menard, finalmente desencantou e venceu sua primeira prova na categoria, ao chegar em 1º lugar no GP do Colorado, disputado em Colorado Springs, no autódromo de Pikes Peak International Raceway, de 1 milha de extensão, após as 200 voltas da prova, que teve inúmeros acidentes. Marco Greco largou em 22º e terminou em 13º; Affonso Giaffone Neto largou em 10º e ficou em 9º na bandeirada. Scott Sharp, o pole-position, foi o primeiro a bater no muro, logo após ser dada a largada da corrida. A próxima prova é no dia 26 de julho, em Charlotte.


Na etapa da F-Ford 2000 norte-americana, que foi disputada como preliminar da F-Indy, em Colorado Springs, deu vitória do brasileiro Zaqueu Morioka, a 1ª dele na categoria. Zaqueu é vice-líder do campeonato, com 11 pontos. O líder é Budy Rice, que tem 34 pontos...


Ricardo Zonta venceu a 4ª etapa da F-3000 Internacional, em Nurburgring, na Alemanha. A prova foi interrompida após 4 voltas por causa da forte chuva. Max Wilson ficou em 5º lugar. Zonta ainda foi o pole da corrida e só não está melhor no campeonato porque sua vitória em Silverstone foi cassada devido a irregularidades em seu carro...


Nas 4 Horas de Nurburgring, disputada na semana passada, a equipe AMG acabou deixando Roberto Moreno a pé depois que um dos carros Mercedes da escuderia quebrou. Moreno havia feito a pole-position em conjunto com Bernd Schneider. Com um carro a menos, a AMG remanejou os pilotos, e Moreno ficou sem poder participar. A vitória acabou sendo da AMG, obtida por Schneider, em conjunto com Klaus Ludwig.


Tarso Marques não foi muito longe em seu primeiro GP pela Minardi em 1997. Largando em último, devido a falhas do motor Hart na classificação, Tarso abandonou o GP da França logo à 5ª volta, quando o mesmo motor estourou em seu carro. Os demais brasileiros também não foram longe: Rubens Barrichello abandonou na 36ª volta, enquanto Pedro Paulo Diniz deu adeus à corrida na volta 58...


Nova fofoca nos bastidores em Magny-Cours: Alain Prost, insatisfeito com Shinji Nakano, poderia ter Damon Hill como piloto já no GP da Inglaterra, daqui a 1 semana. Hill, por sua vez, insatisfeito com o desempenho da TWR-Arrows até aqui, seria cedido por Tom Walkinshaw como forma de agradar à Honda e conseguir o fornecimento de seus motores para 1998...

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