sexta-feira, 8 de novembro de 2024

VERSTAPPEN TETRA

Vitória antológica de Max Verstappen na chuva no GP de São Paulo, e praticamente garantindo o tetracampeonato mundial.

            Se ainda havia alguma esperança, ainda que tênue, de Lando Norris chegar ao título da temporada 2024 da Fórmula 1, o resultado do GP de São Paulo domingo passado sacramentou definitivamente o título do piloto holandês Max Verstappen, que ainda não fechou matematicamente a conquista, mas é mera formalidade. Será o quarto título do piloto da Red Bull, que pode sagrar-se campeão já em Las Vegas, a depender do que ocorrer na pista, não importando se ainda teremos mais duas etapas para fechar a temporada. E com todos os méritos.

            O desafio já era complicado, dado o modo como a McLaren e Norris vinha tirando a desvantagem pontual para Verstappen. Com o melhor carro da competição, equipe e piloto não souberam aproveitar o seu momento, e permitiram ao holandês ir administrando a situação com razoável confortabilidade, ainda que Max tenha perdido as estribeiras em algumas oportunidades, mostrando estar sentindo a pressão, e tomando certas atitudes na pista que não se justificavam, o que lhe rendeu diversas críticas, várias delas, justas, por sinal.

            Críticas que o piloto holandês mandou enfiar nos jornalistas domingo passado, depois de um show monumental na pista de Interlagos, onde o tricampeão largou em 17º, e venceu a corrida com uma performance soberba, deixando todos os demais pilotos no chinelo, especialmente Norris, que largando na pole-position, já começou a vacilar logo na largada, quando permitiu que George Russell saísse melhor e tomasse a liderança da corrida, que ele custaria muito a recuperar. Um piloto que quer ser campeão do mundo não pode vacilar dessa maneira, seja para qual piloto for na pista. E vimos um repeteco depois ainda pior, quando Norris ficou “entalado” atrás de Charles LeClerc, da Ferrari, sem que o inglês conseguisse superar o monegasco, que estava levando a Ferrari nas costas. Isso acabou por relegar Norris a uma ínfima 6ª posição na bandeirada. Sem comentários. Helmut Marko descreveu o problema de Lando, de que ele não tem o “instinto matador” de Verstappen. Alguém pode questionar a declaração do dirigente, por mais puxa-saco que ele sempre tenha sido do holandês? Basta comparar o desempenho que vimos de Norris e de Verstappen. Norris partiu da pole, e em tese tinha tudo para se manter na frente... Mas não foi o que vimos.

            Enquanto isso, partindo lá atrás, em 17º lugar, Verstappen dava um dos maiores shows de sua carreira, passando os concorrentes no melhor estilo Ayrton Senna, e conseguindo chegar rapidamente entre os primeiros colocados. Se é verdade que ele deu sorte na bandeira vermelha, não é menos verdadeiro que ele se colocou mais do que por méritos próprios na posição ideal para fazer proveito do momento, ganhando um pit stop gratuito enquanto alguns rivais, especialmente o inglês da McLaren, não tiveram a mesma sorte. Dali em diante, foi apenas uma questão de atacar no momento certo, assumir a liderança, e dar tchau para todo mundo rumando firme para a vitória, a primeira desde o GP da Espanha, seu último triunfo, cerca de 10 GPs atrás. Mas justamente quando precisava reagir, eis que Norris resolveu cometer erros, seguindo reto no S do Senna, e mostrando ali que já estava irremediavelmente derrotado na luta pela vitória em Interlagos, mas também no campeonato de pilotos de 2024. Com pista livre, e muito melhores condições de visibilidade, Verstappen pode ter tido facilidade para imprimir um ritmo mais veloz, repetidas vezes, mas isso não diminui a sua genialidade em pilotar daquela maneira no molhado, onde o menor erro poderia ser fatal.

Max Verstappen no ataque, na chuva, superando seus adversários um a um, como a Ferrari (acima), ou a dupla da Alpine (abaixo), após a relargada, e assumindo a liderança da corrida.


            Méritos também para a Red Bull que apesar dos pesares, soube manter a cabeça fria em meio às interpéries da corrida, e conseguiu, depois de treinos e classificação complicados, providenciar um carro que permitisse a Max demonstrar todo o seu talento no molhado, algo que Mercedes e Aston Martin não conseguiram proporcionar a seus pilotos ases na chuva. Fernando Alonso não conseguiu aproveitar as condições instáveis de chuva para driblar os limites de seu pouco competitivo carro, acabando até por errar durante a corrida, mas nada tão bizarro como foi ver seu colega de time Lance Stroll sair da pista e ainda ficar atolado numa manobra imbecil na caixa de brita na curva do lago. Já Lewis Hamilton, que também não conseguiu apresentar uma performance decente na curva, teve talvez o carro mais instável de todo o ano, sendo nítida a diferença de comportamento entre seu carro e o Russell, bem mais estável. Os dois campeões, contudo, mesmo que estivessem com seus carros minimamente melhor ajustados, certamente não conseguiriam fazer frente à monumental atuação de Verstappen. E antes que alguém comece a dizer que isso é desculpa furada, é preciso lembrar que até mesmo Ayrton Senna, o “mago” das provas de chuva, já teve algumas atuações horríveis em pista molhada, mostrando que nem mesmo ele era infalível se não tivesse um carro minimamente decente nestas condições.

            Norris já tinha tido uma saia justa no sábado, na corrida Sprint, onde precisou da ordem do time para ganhar a corrida, uma vez que Oscar Piastri havia largado na frente e mantinha-se na liderança, sem que Lando conseguisse efetivamente tomar a dianteira por conta própria, como deveria ser praxe para quem quer brigar pelo título. Piastri, por sua vez, não demonstrou muito companheirismo em ceder logo a posição, como deveriam combinar, para facilitar as coisas e ele ajudar o time neste momento com maior presteza. Mas também falta de pulso da McLaren em combinar de forma mais efetiva este tipo de situação, o que o time já tinha demonstrado falta de tato na etapa da Hungria, que causou uma desnecessária celeuma sobre a escuderia, sobre quem deveria vencer a prova. Sempre se questionou se aqueles pontos não fariam falta a Norris quando chegasse a hora do embate com Verstappen, mas depois do que vimos domingo, tal discussão torna-se completamente inócua.

            Afinal, agora a distância de Verstappen para Norris é de “apenas” 62 pontos. Temos 3 provas, e mais uma Sprint até fecharmos a temporada em Yas Marina, tendo um total de 86 pontos em jogo. O que já era complicado ficou praticamente impossível, e somente um azar monumental de Verstappen, aliado a vitórias incontestáveis de Norris poderiam reverter essa situação, algo muito, muito difícil de ocorrer, embora não impossível. Mas, depois do resultado de Interlagos, a sorte de Lando foi selada, e ele terá de se contentar com o vice-campeonato, e isso se a Ferrari não vir para cima com tudo nestas etapas finais, podendo entornar o caldo, e na pior das hipóteses, fazer o piloto da McLaren amargar a 3ª posição final na classificação, inclusive com o time de Maranello podendo levar o título de construtores no lugar da equipe de Woking.

Imagem emblemática da prova: enquanto Verstappen lidera a corrida, tendo saído de 17º, Norris (lá atrás), que saiu na pole, escapa reto na entrada da curva, mostrando sua derrota para o rival holandês.

            Por outro lado, também se torna mais premente as críticas ao excesso de agressividade de Verstappen em provas recentes, como nos Estados Unidos e no México, onde o holandês meio que extrapolou nos duelos com Norris. Nada daquilo era necessário, bastando apenas marcar o inglês, para neutralizar tanto quanto possível os prejuízos advindos dos resultados normais. Bastava Max pilotar como fez em Interlagos, mostrando que não precisava estrebuchar daquele jeito na pista como andou fazendo. Ele será campeão com todos os méritos, e poderia passar sem cometer algumas mazelas na pista dando a entender que parece vulnerável sobre pressão direta, o que poderia até ter comprometido mais seus resultados.

            E a McLaren sentiu o golpe, tanto que agora vem dizer que o objetivo sempre foi o título de construtores, e não o de pilotos, mas se fosse assim de fato, não justificava a troca de posições entre Piastri e Norris na corrida Sprint, como fizeram. Vale lembrar que esta é uma nova McLaren, com uma direção que há tempos já não consta com seus nomes históricos, como Ron Dennis no comando de tudo. Zak Brown ainda precisa aprender a disputar títulos a fundo, e para isso, precisa aprender com os erros cometidos este ano, e não foram poucos, e levar isso como aprendizado para 2025. Já foi um grande mérito o time de Woking ter conseguido alcançar o patamar técnico atual, contando com um dos melhores carros do grid, e candidato ao título de construtores, se lembrarmos de anos recentes onde a escuderia inglesa era mera figurante na competição, onde até mesmo chegar ao pódio parecia tarefa impossível. Se conseguir manter sua coesão técnica, continuando a apresentar bons carros, uma hora vai voltar a encontrar o caminho das pedras para voltar a ser campeã de pilotos também.

            No presente momento, embora conte com uma dupla reconhecidamente talentosa, tanto Lando Norris quanto Oscar Piastri ainda precisam de mais traquejo e vontade férrea para entrarem firmes em uma luta pelo título, num patamar muito mais exigente do que o necessário para vencer uma corrida ou outra. Um traquejo que sobra em Max Verstappen, e que o holandês não hesita em partir para o ataque com tudo, ainda que por vezes demonstre descontrole emocional dependendo da pressão. Resta esperar para ver se ambos assimilam as lições desta temporada, para tentarem a sorte novamente no próximo ano. Será um teste de fogo tanto para a escuderia de Woking quanto para Norris e Piastri. Uma nova derrota, a depender das circunstâncias, poderia comprometer seriamente a imagem da McLaren e de seus pilotos enquanto competidores capazes de vencer e de lutar pelo título de campeão de fato. E pode ser complicado se livrar desta má fama, se ela pegar de vez.

            Veremos a decisão do título em Las Vegas? Para a Liberty Media, que promove a corrida, e jogou toda a sua reputação nela no ano passado, poderia ser emblemático fazer o campeão sair nos Estados Unidos, onde aposta alto na popularização da F-1, com direito a ter 3 GPs por ano atualmente. Mas para Max, será só mais uma corrida. E ele vai cuidar de dar o seu melhor. Se o título vier, ótimo. Se não vier, certamente continuará muito bem encaminhado. Virou mera formalidade para o holandês. Os concorrentes que façam melhor no próximo ano, se quiserem encerrar o domínio do piloto holandês. Este ano até que saiu melhor que a encomenda, do modo como a temporada começou. Já estamos no lucro, apesar de mais um título do piloto da Red Bull. Que venha 2025 então...

 

 

Lewis Hamilton teve seu melhor momento na etapa brasileira quando guiou o McLaren MP4/5B com o qual Ayrton Senna foi bicampeão em 1990. O heptacampeão deu algumas voltas pela pista debaixo de chuva com o carro, levantando a torcida que lotava o encharcado autódromo paulistano, evocando também as lembranças do tricampeão brasileiro, ídolo de Hamilton, em sua pilotagem na chuva. Hamilton, contudo, foi além, e pegou de um fiscal a bandeira brasileira, emulando o gesto de Ayrton na última vitória de sua carreira, na Austrália em 1993, dando mais uma volta pela pista segurando nossa bandeira. Houve algumas escaramuças sobre a escolha de Lewis para guiar a McLaren de Senna, com alguns ex-pilotos, Rubens Barrichello e Émerson Fittipaldi, criticando abertamente a opção de Hamilton guiar o carro de Senna, e não um brasileiro, mas se levarmos em conta que Hamilton sempre se declarou um fã de Senna, a escolha não é tão polêmica assim, lembrando que em outra ocasião, Gerhard Berger guiou a mítica Lotus preta e dourada que Ayrton guiou em seus tempos de Lotus, de 1985 a 1986, e ninguém fez estardalhaço disso na ocasião. O grosso do público aplaudiu Hamilton em suas voltas pelo circuito, e depois quando o piloto estacionou o carro no meio da reta dos boxes e ainda posou novamente com a bandeira brasileira ao lado do carro. Lewis fez questão de afirmar que foi uma das maiores honras de sua carreira poder guiar o carro de seu ídolo. O carro, aliás, era o mesmo chassi com que Senna correu no Japão em 1990, e ainda guardava marcas da batida que o brasileiro deu na Ferrari de Alain Prost logo na largada do GP, resultando no abandono de ambos, mas cujo resultado dava o bicampeonato a Senna, numa espécie de revanche e vingança pelo que Prost havia feito com ele no ano anterior na mesma pista.

Lewis Hamilton ao volante do McLaren MP4/5B de Ayrton Senna, com a bandeira do Brasil, e guiando na chuva, emocionou os fãs.

 

 

Se Max Verstappen deu um grande show em Interlagos, não foi menos épica a performance da dupla da equipe Alpine, Esteban Ocón e Pierre Gasly, que aproveitaram-se também da chance de trocar pneus durante a bandeira vermelha, e se posicionaram nas primeiras colocações da prova quando de sua relargada. Óbvio que ambos acabaram sucumbindo à pilotagem magistral do piloto da Red Bull, que até ficou algumas voltas atrás, mas tanto Ocón quanto Gasly souberam se manter firmes na pista, especialmente Pierre, que passou boa parte do final da corrida sendo acossado por George Russell, mas conseguiu garantir o pódio com a 3ª colocação, enquanto Ocón, já de saída para a Haas em 2025, garantiu a dobradinha do time francês no pódio brasileiro com seu 2º lugar. O pódio duplo fez a Alpine dar um salto na pontuação, onde pontuou só no GP brasileiro mais do que em toda a temporada até aqui (35 contra 14), e fez a escuderia saltar para a 6ª posição, com 49 pontos, deixando Haas, Visa RB e Williams para trás, uma vez que estava à frente apenas da Sauber, que estava (e ainda está) completamente zerada no ano. Foi um resultado para lavar a alma do time francês na temporada, e até da Renault, que está de saída da F-1 ao fim da próxima temporada, diante dos altos custos de fabricação de um propulsor da categoria. Para não mencionar de Ocón e Gasly, que vinham tendo um ano dos mais complicados com o pouco competitivo carro da escuderia, que mais dissabores deu do que satisfação propriamente.

Os pilotos da Alpine também deram show em Interlagos, e subiram ao pódio.

 

 

E o Brasil enfim voltará a ter um piloto no grid da F-1 em 2025, depois de sete anos, com a confirmação de Gabriel Bortoleto como titular na Sauber, futura equipe Audi. A comentar em breve por aqui...

 

 

A Formula-E, diante dos problemas das chuvas torrenciais que atingiram a região de Valência, na Espanha, causando inúmeros estragos e deixando muitos mortos e desabrigados, precisou alterar sua programação da pré-temporada, que estava marcada para ocorrer esta semana no Circuido Ricardo Tormo, nas cercanias da cidade. Embora o autódromo não tenha sofrido danos com os temporais, a principal estrada de acesso ao autódromo sofreu danos, dificultando a passagem dos veículos. Porém, a direção do certame de carros elétricos achou por bem não ocupar a pista, diante da necessidade das autoridades locais precisarem canalizar todos os seus recursos no socorro às regiões afetadas, e por isso, mudou o palco dos testes da pré-temporada para a pista de Jarama, localizada na zona norte de Madri, a capital espanhola.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

FLYING LAPS – OUTUBRO DE 2024

            Já chegamos ao mês de Novembro, e praticamente estamos quase no final do ano de 2024 já, entrando na reta final de vários campeonatos do mundo da velocidade ocorrendo mundo afora, com ainda várias disputas entre os seus pilotos e times. E, todo início de mês é hora de mais uma edição da Flying Laps, recapitulando alguns dos acontecimentos ocorridos neste mês de outubro, com comentários rápidos a respeito dos tópicos, como é de costume neste espaço. Uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps, no início de dezembro, seguindo firme no último mês do ano, com um relato de alguns dos acontecimentos deste mês de novembro, com muita água ainda prometendo rolar por baixo da ponte em se tratando dos acontecimentos no mundo das corridas...

Demitido da F-1, o estadunidense Logan Sargeant vai realizar um teste na Indycar em novembro, pela equipe Meyer Shank, que deve ocorrer no circuito de Thermal Club, na Califórnia. O teste é visto como uma oportunidade para Sargeant buscar opções de competir em seu país no próximo ano, depois de perder sua vaga na equipe Williams. A Meyer Shank, contudo, fez questão de enfatizar que o teste é uma cortesia, já que a escuderia fechou sua dupla titular para 2025 na Indycar, contando com Felix Rosenqvist e Marcus Armstrong, além de Hélio Castro Neves na Indy500. Mike Shank fez questão de elogiar Logan, chamando-o de “piloto de elite”, e lembrando que embora o time da Indycar já esteja fechado, eles possuem um time no IMSA, e que poderia haver uma chance para a temporada de 2026, quem sabe. Nada contra Sargeant, mas chama-lo de piloto de “elite” ficou meio forçado, diante do que o piloto mostrou na F-1, ou melhor, deixou de mostrar, sendo que a Williams até teve boa paciência com o desempenho do piloto, procurando avalizar sua permanência no time como piloto de formação da escuderia. Mas Sargent se mostrou um piloto limitado, pelo menos na categoria máxima do automobilismo, e na Williams, raramente andou perto, ou à frente de Alexander Albon, que era a principal referência do time. Sargeant só não passou totalmente em branco em 2023 porque conseguiu marcar um ponto, justamente no GP dos Estados Unidos, em Austin, com uma 10ª posição, mas lembrando que isso só foi possível diante da desclassificação de Lewis Hamilton e Charles LeClerc diante de irregularidades na medição de suas pranchas dos assoalhos de seus carros, do contrário ele teria ficado sem marcar um único ponto. O time manteve sua aposta no estadunidense para 2024, esperando que ele evoluísse na competição, e pelo menos andasse melhor, o que não aconteceu, e depois de bater de novo com o carro, na etapa de Zandvoort, o time perdeu a paciência com ele, e nem o deixou terminar o ano, substituindo-o pelo argentino Franco Colapinto. Sargeant já estaria fora do time para 2025, com a contratação de Carlos Sainz Jr., de qualquer maneira. E Colapinto, infelizmente, apenas confirmou como Logan estava se mostrando um piloto de nível inferior, pois logo em suas primeiras corridas o argentino já deu canseira em Alexander Albon, e até já marcou seus primeiros pontos na competição no GP do Azerbaijão, com um 8º lugar, chegando bem atrás de Albon, que havia terminado o GP em 7º. Um grande alívio para a Williams, que luta peara melhorar sua posição no campeonato de construtores na F-1, ainda mais tendo outro carro pouco competitivo na temporada deste ano, exigindo muito mais esforço de seus pilotos para se obter bons resultados. Infelizmente, Logan Sargeant não se provou bom o suficiente para manter-se na F-1, apesar da chance que teve, mas pode ter melhor sorte em outra categoria, se pelo menos souber aproveitar a chance oferecida. Só vamos devagar com os adjetivos, porque chamar o piloto de “elite” de fato foi um pouco exagerado. Resta esperar que ele faça um bom teste, e não dê prejuízos à Meyer Shank se o pior ocorrer...

 

 

Quem ganhou um teste na Indycar foi o brasileiro Felipe Drugovich, que participou de um teste pela equipe Ganassi na pista de Barber, no Alabama, no dia 30 de setembro. O teste, sem um compromisso formal de vaga para 2025, diante da escuderia de Chip em tese já ter seu trio de carros fechados na Indycar com Álex Palou, Scott Dixon, e provavelmente Linus Lundqvist, foi a manutenção de uma promessa de dar a Felipe uma chance de testar com o time feita em 2023, mas que não pode ser realizada naquele ano diante dos compromissos do brasileiro e do time norte-americano. E, a exemplo do que fez na Formula-E quando testou pela Masearti, Drugovich impressionou a equipe, tendo feito 129 voltas no circuito de Birmingham sem enfrentar nenhum problema, e segundo medições não-oficiais, marcou um tempo cerca de 0s3 melhor do que o feito por Álex Palou em teste similar em outra oportunidade, um tempo muito relevante, se levarmos em consideração que Palou se tornou tricampeão da Indycar este ano. Felipe se manteve constante na pilotagem, diante das solicitações feitas pela escuderia durante o tempo do teste, e mereceu muitos elogios por parte de Chris Simmons, diretor de desempenho da Ganassi, que acompanhou o desempenho do brasileiro, afirmando que sempre é bom manter contato com vários pilotos, e o brasileiro certamente não podia ser ignorado, mesmo que em tese não haja vaga para ele no time na próxima temporada, insinuando que para 2026 algo poderia acontecer. Felipe, por sua vez, também aprovou o teste, tendo a oportunidade de guiar um bólido com um estilo de condução bem diferente da F-1, e sem recurso de direção hidráulica como os carros da categoria máxima do automobilismo. Felipe também elogiou as exigências da pista de Barber, um traçado misto que exige preparo dos pilotos para se obter bom desempenho ali. Resta saber agora se isso renderá de fato algo positivo concreto na carreira de Drugovich. No ano passado, ele foi cogitado pela correr na F-E, diante dos excelentes testes feitos com a Maserati, mas no final, acabou deixando passar a oportunidade, muito provavelmente por ainda insistir na F-1, onde é piloto reserva da Aston Martin. Mas as chances de competir pelo time de Silverstone diminuem progressivamente, ainda mais com os boatos de que Max Verstappen poderia competir pelo time a partir de 2026, na esteira da contratação de Adrian Newey pelo time.

 

 

E o Brasil tem mais um título no automobilismo internacional. Rafael Câmara conquistou, no último fim de semana de setembro, o título da temporada 2024 da FRECA (Formula Regional European Championship by Alpine). Com uma rodada restante para encerrar a temporada deste ano, o piloto brasileiro, que liderava a competição, conseguiu encerrar a disputa matematicamente com um 4º lugar na 2º prova da etapa de Barcelona. O brasileiro, que defende a equipe Prema Racing, já havia feito um 3º lugar na primeira prova do fim de semana, e tinha como principal adversário o finlandês Tuukka Taponen, da equipe R-Ace GP, que tinha terminado a prova em 2º lugar, e tentava descontar a diferença para Câmara, tentando levar a decisão do título para a etapa final, em Monza. Rafael precisava apenas de sete pontos a mais que Tuuka para fechar a conquista na segunda prova de Barcelona, deixando toda a pressão para o piloto finlandês, que precisava não apenas do melhor resultado possível, mas também torcer por um azar do brasileiro, a fim de melhorar suas chances. Mas quem deu azar foi justamente Taponen, que acabou se envolvendo em um acidente com outro piloto logo na primeira volta da segunda corrida da rodada na pista da Catalunha, o que o levou ao abandono, e praticamente ao fim de suas esperanças de título, confirmadas depois com o 4º lugar do brasileiro. Como desgraça pouca é bobagem, o finlandês ainda perdeu a vice-liderança na classificação para James Wharton, colega de Rafael na Prema, que teve um fim de semana impecável em Barcelona, vencendo as duas corridas, e agora passou à 2º colocação no campeonato, com 206 pontos, contra os 196 de Taponen. Rafael, com seus 266 pontos, não tem como ser alcançado, já que a rodada final em Monza, neste mês de outubro, terá 50 pontos em jogo, e mesmo que Wharton conquistasse tudo na rodada, a exemplo do que conseguiu em Barcelona, e Rafael ficasse zerado, ainda assim o brasileiro ainda ficaria 10 pontos à frente. A Prema tem tudo para terminar a temporada 2024 da FRECA fazendo 1-2 no campeonato, e com todos os méritos.

 

 

Rafael fez uma boa temporada na competição, com 6 vitórias em 18 corridas disputadas até aqui. Fora isso, ele ainda fez dois segundos lugares e mais dois terceiros, tendo feito uma temporada bem constante, e ficado sem marcar pontos apenas na rodada dupla da Áustria, na pista de Zeltweg. Seu pior lugar na zona de pontuação tinha sido na segunda corrida de Ímola, onde terminou em 9º lugar. Seu companheiro James Wharton demorou a reagir na temporada, tendo até o presente momento 3 vitórias e 4 pódios. Rafael manifestou sua alegria pelo título conquistado, exaltando a campanha constante da temporada, e a oportunidade de ter demonstrado o seu potencial e capacidade. O bom momento de Câmara tem tudo para seguir em 2025, uma vez que o brasileiro seguirá para a F-3, e já anunciou sua contratação pela equipe Trident, que venceu os últimos dois campeonatos da competição, e fechou seus pilotos titulares para o próximo ano, onde irá contar, além do brasileiro, com os pilotos Charlie Wurz e Noah Stromsted. E o fato de estar no time vencedor da F-3 traz não apenas expectativas, mas também pressão sobre o piloto, que sabe que terá uma forte disputa dentro do time e contra os rivais na competição. Mas Rafael não deixou de esconder sua felicidade por poder contar com um esquema vencedor na F-3, mesmo sabendo das dificuldades e cobranças que terá de gerir, entrando em uma competição e time completamente novos para ele.

 

 

Mais um título brasileiro foi conquistado neste mês de outubro. Felipe Nasr chegou ao tricampeonato no IMSA Wheatertech Sportscar, o campeonato de endurance dos Estados Unidos. Ao lado do parceiro Dane Cameron, o brasileiro fechou a conquista da taça durante a etapa final da temporada, na pista de Road Atlanta, na prova da Petit Le Mans, ao terminarem a corrida na 3ª colocação. Foi o primeiro título de Felipe com a Penske/Porsche, sendo que os outros títulos conquistados pelo piloto brasileiro, nas temporadas de 2018 e 2021, foram com a equipe Action Express, usando protótipos da Cadillac. Nasr, ao lado de Cameron, pilotaram o carro Nº 7 da equipe Penske/Porsche, utilizando um protótipo Porsche 963, modelo com o qual o brasileiro se orgulha de ter ajudado a conceber e desenvolver para a competição do campeonato de endurance dos Estados Unidos, sendo o primeiro título dele como piloto de fábrica da marca alemã, que participa do IMSA tendo a Penske como time oficial na competição. Nasr é mais um brasileiro que, dispensado de forma leviana da F-1, encontrou seu novo rumo de carreira nos Estados Unidos, no IMSA. O tricampeonato apenas atesta a qualidade e talento de Felipe, que na época da F-1 acabou preterido na equipe Sauber em favor do patrocínio endinheirado do sueco Marcus Ericsson, outro que, posteriormente, também acabou demitido do time suíço, e a exemplo do brasileiro, também se reencontrou nos Estados Unidos, mas disputando a Indycar. Além do tricampeonato no IMSA, Felipe ainda venceu as 24 Horas de Daytona este ano, coroando mais um grande triunfo à sua carreira de piloto nos Estados Unidos.

 

 

Felipe Nasr, aliás, também ganhou um teste na Indycar, como parte do reconhecimento pelo título conquistado no IMSA, e irá andar com um dos carros da Penske no circuito de Thermal Club. A Penske inicialmente não estaria presente nessa sessão de testes, mas resolveu dar uma chance ao brasileiro pela ótima campanha no certame de Endurance norte-americano. E claro, Tim Cindric garantiu que o time está fechado na Indycar para o próximo ano, e que Felipe seguirá firme no programa da Penske no IMSA. Mas claro que um bom resultado do piloto brasileiro o cadencia a ser uma das apostas da escuderia para um futuro próximo na Indycar, caso um dos atuais pilotos titulares acabe deixando o time, algo que, teoricamente, só poderia ocorrer em 2026, já que Josef Newgarden, Scott Mclaughlin e Will Power estão firmes no time para o próximo ano, ainda que tenham corrido certos rumores de que o australiano pudesse deixar o time de Roger Penske, o que não aconteceu.