FOM/Liberty quer proibir de vez entrada de novos times no grid. Bairrismo mais do que escancarado, pela ganância e egoísmo.
A Fórmula 1 não
enfrenta um panorama tão empolgante na temporada deste ano. Além do claro
domínio de Max Verstappen e da Red Bull, a competição teve que viver com o
desgaste público da recusa de aceitar a presença de um 11º time no grid, no
caso, a Andretti, que já tinha sido inclusive aprovada em um procedimento de
ingresso da Federação Internacional de Automobilismo, que analisou pelo menos
três propostas, mas validou apenas o projeto da família Andretti, que inclusive
conta com o apoio da General Motors, através de sua marca Cadillac, que tem
sido usada inclusive nas competições de endurance do IMSA Whether Tech nos
Estados Unidos. A parceria entraria com força total em 2028, sendo que de 2026
a 2027, a Andretti competiria com um propulsor de terceiros, no caso do
planejamento inicial, os da Renault. Mas, apesar das boas bases técnicas, a
Fom/Liberty Media não quis saber, e fechou a porta na cara dos Andretti,
utilizando as mais ridículas justificativas, em nome do “bem do campeonato”, e
da “saúde financeira” dos times já estabelecidos, quando, em vários momentos,
já tinham dado declarações claras e objetivas de que não estavam dispostos a
dividir o bolo dos lucros da competição com um novo time no campeonato. E ponto
final.
Foi uma atitude das mais cretinas e vexaminosas possíveis, mostrando que a F-1 resolveu virar um Clube do Bolinha, onde quem quiser entrar, que compre um time e se vire, não aceitando novos participantes, por pura ganância de não querer ver sua partilha de lucros decrescer, sendo dividido apenas por 10, e não por 11. Mas, como que querendo posar de “generosa”, a Liberty declarou que, em 2028, quando a Andretti poderia de fato contar com os propulsores da Cadillac, o caso seria reanalisado, e então, eles poderiam, enfim, entrar para participar. A meu ver, não passou de uma desculpa para americano ver, apostando que, mais à frente, inventariam outra desculpa furada para barrar a Andretti de sua intenção, nem que precisasse inventar as mais improváveis razões do mundo para tanto.
E, não é que eles já resolveram inventar algo para, mais uma vez, barrar o desejo dos Andretti de competir na F-1? E ainda estamos em 2024, vejam só... Bom, a nova picaretagem que o pessoal da FOM/Liberty pretende implantar, na maior cara de pau, é estabelecer, no novo “Pacto de Concórdia”, um limite de apenas 10 times na competição, impedindo, pura e simplesmente, não apenas a tentativa de entrada da Andretti, mas de qualquer outro time que queira entrar nessa dança. As justificativas, claro, não passam de um repeteco requentado da forma mais pueril possível dos motivos que usaram para negar a entrada do time da Andretti. O atual pacto tem vigência até o fim do ano que vem, e o novo acordo seria válido de 2026 a 2030, e ele é o acordo geral que define direitos e responsabilidades de todos os participantes da categoria máxima do automobilismo.
O limite atual é de 12 times, mas a Liberty, cedendo à pressão da maioria dos chefes de equipe, vetou na maior cara de pau a entrada da Andretti, mesmo com todas as exigências aprovadas no relatório feito pela FIA. E vamos lembrar que a entrada da escuderia seria em 2026, com o advento de um novo regulamento técnico, ou seja, a Andretti está ainda se preparando para isso, e tomando todos os cuidados necessários. E a Liberty falou em “dar uma nova chance em 2028”, lembram? Bem, com essa tentativa de mudar o limite, eles simplesmente fecham a cara de novo não apenas para a Andretti, que é o alvo direto, como para qualquer outro time que queira entrar, só para dizer que isso não tem a ver com os Andretti, que são os únicos interessados de fato neste presente momento.
Max Verstappen: Vitória nas duas provas do fim de semana da China, e rumando incólume como candidato único ao título de 2024.
Além dos mesmos
argumentos retardados e requentados, para ofender a inteligência alheia, a
intenção de restringir ainda mais o limite, aos 10 times atuais da competição,
é simplesmente querer forçar à condição de que, se quiser participar, só
comprando um dos times, a exemplo do que a Audi fez com a Sauber, operação mais
do que comemorada tanto pela FIA quanto pela Liberty. Mas, com duas vagas em
aberto, quem iria querer comprar uma estrutura já pronta, se quiser optar por
ter a sua própria? Dessa maneira, eis parte da bronca da Liberty com os
Andretti: eles podem e querem entrar como time próprio, e não gastar para comprar
um time já existente. E qual o problema disso? O problema é que, com duas vagas
no regulamento sobrando, para quê gastar em comprar uma escuderia? Claro, isso
depende do objetivo e do modo de operar de um novo interessado, mas, sem ter
obrigatoriamente de comprar um time, seu valor de comercialização cai. Se a
Williams, por exemplo, quisesse ser vendida para um interessado, se ela
estipular um valor de compra muito alto, o interessado vai preferir criar seu
próprio time. Agora, se não houver outra maneira, a não ser comprar um time já
estabelecido, por não terem mais vagas, ele pode impor um valor de compra muito
mais significativo, e o interessado, ou aceita o preço, ou desiste de seu
projeto de time. É essa a condição que querem enfiar goela abaixo de novos
interessados. E transformar os times atuais em minas de ouro, no caso de surgir
alguém querendo competir na F-1. Sem aceitarem novos times, é pegar ou largar.
Só que, com 12 vagas, e apenas 10 times, havia a opção de se criar seu próprio
time, e daí, quem quisesse vender de fato teria de baixar seu valor, a fim de
se mostrar atrativo. Hoje, o interesse deste novo limite é não deixar outra
escolha para ninguém que queira entrar. Na pura cara de pau!
Mas, acreditem, esse tipo de patifaria não é algo novo. Em 1998, Bernie Ecclestone, em parceria com Max Mosley, então presidentes da FOA (atual FOM) e da FIA, respectivamente, alteraram as regras e o Acordo de Concórdia, limitando o número de participantes da F-1 a um máximo de 12 times, e 24 carros. A idéia, segundo eles, era “proteger o esporte” (acredita quem quiser), que segundo eles, tinha sido defenestrado com a participação de times sem responsabilidades e de aventureiros que não traziam nada de positivo à competição. A F-1 já tinha tido equipes sofríveis, como Life, Andrea Moda, Eurobrun, etc, e que mal conseguiam se classificar para as corridas, diante da performance fraca de seus carros. Só que todos estes times já tinham falido ou desistido há vários anos, de modo que tal limitação não passou de um engodo para “dourar” a F-1 perante grupos interessados em participar da categoria. Estávamos tendo um “boom” de popularidade do certame, com várias fábricas interessadas em entrar na competição. Naquela época, já tinha 11 times, e foi criado o limite de 12, porque a Honda já vinha com planos de entrar na competição, especificamente em 2001, de modo que o limite já tinha sido criado para reservar a vaga dos japoneses.
Quem quisesse entrar, só poderia fazer isso se comprasse um dos times. Foi o que a Ford fez, comprando a equipe de Jackie Stewart, e transformando-a em seu time oficial, a Jaguar, a partir de 2000. E claro, por preço nada módico, de forma que os times virariam objetos de cobiça e desejo para quem quisesse participar da brincadeira, e que teria de pagar muito bem por isso. Espertos, não? E as escuderias, claro, teriam seus valores disparando, com seus proprietários podendo faturar uma grana altíssima, afinal, os interessados na época eram as grandes montadoras mundiais, que tinham dinheiro saindo pelo ladrão, e com a F-1 virando a coqueluche do mercado mundial de marketing, quem iria querer ficar de fora?
Mesmo com a empáfia e despeito da F-1, a Andretti inaugurou uma nova e moderna fábrica na Inglaterra para ser sua base na Europa.
Bom, o tiro saiu pela
culatra. A Honda desistiu de entrar como time completo, contentando-se em
voltar apenas como fornecedora de motores. A Toyota até entrou, mas criando um
time próprio, e após a crise econômica de 2008, pularam fora ao fim de 2009. A
Ford, que tinha entrado com tanta pompa, pulou fora algum tempo depois,
repassando o time para a Red Bull. A BMW chegou a comprar a Sauber, mas a
exemplo da Toyota, também abandonou o barco, simplesmente “devolvendo” a
escuderia a Peter Sauber. Max Mosley ainda conseguiu arregimentar alguns times
para encher o grid em 2010, mas com uma avaliação capenga das escuderias, todas
fizeram mera figuração no grid, fechando as portas em pouco tempo. E o grid da
F-1 nunca atingiu o limite de 12 times, que o limite ainda atual do
regulamento, e que por ele, permite que a Andretti entre no grid. Ou deveria
permitir, não fosse a carta de pau de Ecclestone, que para manter seu poder em
uma provável briga com a FIA, resguardou o direto da FOM de aprovar e vetar
novos interessados com palavra praticamente final sobre o assunto. E é graças a
essa picaretagem, feita anos atrás, que a F-1 agora quer fechar ainda mais o
cerco à entrada de novos participantes.
Curiosamente, esta manobra das mais antiéticas e antidesportivas acaba prejudicando os próprios times, ao impedir que um novo time esteja no grid, e com isso, propiciando mais vagas potenciais para pilotos. Já temos visto times com problemas para acomodar pilotos de seus programas de formação, como a Mercedes, por exemplo, que tenta viabilizar a estréia de seu pupilo Andrea Kimi Antonelli, o que pode acontecer em breve, com a dispensa eminente de Logan Sargeant na Williams, time que compete com os propulsores alemães, mas e se a Williams não for fazer isso? A Red Bull, mesmo, quer promover Liam Lawson a titular, mas ainda está com Yuki Tsunoda e Daniel Ricciardo na frente, ocupando os cockpits da Visa RB. Anos atrás, para promover a estréia de Ricciardo, a Red Bull “alugou” o cockpit de um dos carros da Hispania, onde o australiano pôde se aclimatar à F-1 sem ter pressão alguma, diante da falta de performance do time espanhol, mas que serviu ao propósito de fazer Daniel conhecer um carro de F-1, e a competição na categoria em si, deixando-o bem mais preparado para sua estréia pela então Toro Rosso no ano seguinte.
Agora, com um grid “engessado”, e sem mais times disponíveis, isso acaba se tornando um efeito bumerangue que prejudica estes próprios times, e ajuda na não-renovação dos pilotos do grid. Só que, nem por isso, os times mudam sua postura atualmente bairrista, egoísta e gananciosa, que é o principal mote que faz com que a FOM/Liberty tenha essa postura de praticamente proibir a entrada de novos participantes. Mas, eles que cavaram essa cova, agora que se virem com ela... Mas os fãs do esporte é quem perdem mais, com essa postura completamente cretina da categoria, que em nada serve para defender o campeonato, e muito menos o esporte, e só os interesses financeiros egoístas de todos... Mesmo sabendo que hoje em dia tudo é um mero negócio, a cara de pau, onde nem tentam disfarçar mais a ganância e o egoísmo, já começa a dar nojo e uma tremenda decepção...
A Formula-E desembarca em Monte Carlo para o ePrix de Mônaco, que será disputado neste sábado, com largada programada para as 10:00 Hrs., pelo horário de Brasília, com transmissão ao vivo pelo Bandsports, na TV por assinatura, e pelo canal do You Tube do site Grande Prêmio (www.grandepremio.com.br). Será a última etapa com prova única da temporada, sendo que daqui em diante todas as demais corridas serão realizadas em rodadas duplas. Após a etapa de Misano, Pascal Wehrlein, da Porsche, retomou a liderança do campeonato, empatado em número de pontos com Jake Dennis, da Andretti, ambos com 89 pontos, mas com Dennis ficando atrás por ter apenas uma vitória, contra duas de Wehrlein, o primeiro piloto a vencer mais de uma vez no ano, ao faturar a vitória na segunda prova de Misano. Oliver Rowland, da Nissan, que ficou a vitória na primeira corrida da pista italiana, vinha firme para vencer a segunda prova quando ficou sem bateria na volta final, o que lhe roubou a chance de assumir a liderança, e no momento é o 3º colocado, com 80 pontos, e quer aproveitar o momento forte que vem apresentando para entrar firme na briga pelo título. Mas a disputa, a exemplo do que vimos nas outras etapas, tem tudo para ser bem acirrada, e ao contrário da F-1, largar na frente em Mônaco, pelo menos na F-E, não é garantia de vitória, uma vez que tivemos inúmeras ultrapassagens na prova do ano passado, numa corrida disputada entre vários pilotos. Uma prova disso é que Nick Cassidy, que venceu a etapa do principado no ano passado, largou em 9º lugar, e veio superando os adversários na pista, como Mith Evans, que havia partido da 6ª posição. E o atual campeão, Jake Dennis, fechou o pódio na 3ª posição, tendo largada do 11º lugar. E Jake Hughes, que largou na pole, terminou em 5º, com Sacha Fenestraz, que havia largado ao seu lado, em 2º, finalizando em 4º. Portanto, a prova, realizada no mesmo circuito utilizado pela F-1, deve mais uma vez ser bem concorrida, podem apostar...
A F-E não tem problemas em apresentar uma corrida bem disputada em Monte Carlo, para inveja dos fãs da F-1, que tem assistido a procissões nas ruas do principado.
A situação de Oliver Rowland, contudo, pode mudar. O piloto herdou a vitória na primeira corrida de Misano devido à desclassificação de Antonio Felix da Costa, que venceu de fato a corrida, porém, na vistoria técnica, foi encontrado uma mola de amortecedor considerada a partir deste ano irregular por parte da direção da F-E, e isso causou a desclassificação do piloto português do time alemão. A Porsche, contudo, resolveu recorrer da decisão, uma vez que a citada peça, além de não promover melhoria no desempenho do carro, era considerada legal no ano passado. A F-E, entretanto, tornou a pela ilegal para este ano, porém, os times não foram avisados deste detalhe, que ficou escondido dentro do livro de regras técnicas, com a peça não sendo mais listada como permitida para uso, apesar de ser fornecida pela própria Spark, a fabricante dos chassis da competição. Caso a vitória de Da Costa lhe seja restituída, Rowland perde 7 pontos na classificação, caindo para o 2º lugar, sua posição final de fato na corrida na pista, e fica mais distante da dupla líder da competição. Até o fechamento desta coluna, ainda não havia saído a resposta da FIA com relação ao recurso da Porsche.
A Indycar nem bem deixou a poeira assentar após a etapa de Long Beach, e todos os times e pilotos já estão de novo na pista hoje, para o Grande Prêmio do Alabama, primeira etapa em circuito misto do campeonato, que será realizado no Barber Motorsport Park, autódromo localizado em Birmingham, no Estado do Alabama, nos Estados Unidos. A pista tem um belo traçado, mas sua extensão de apenas 3,83 Km, com um total de 16 curvas, o tornam um circuito difícil em termos de pontos de ultrapassagem, o que torna a classificação mais importante do que nunca, já que é complicado superar os adversários na pista sem ter de correr riscos, diante dos pequenos trechos de retas existentes, ou conseguir efetuar uma excelente estratégia de corrida para superar os adversários com as paradas para reabastecimento, o que nem sempre é fácil. E intervenções do Pace Car também não são incomuns, o que pode tanto ajudar quanto complicar com as estratégias dos times e pilotos. A etapa tem transmissão ao vivo do canal ESPN 4, do sistema de streaming Star+, e da TV Cultura, a partir das 14:30 Hrs. deste domingo, horário de Brasília.
A pista de Barber, no Alabama, recebe novamente os carros da Indycar neste final de semana, para a terceira etapa da temporada. |