quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

ARQUIVO PISTA & BOX – ABRIL DE 2000 – 14.04.2000

            Voltando a trazer um de meus antigos textos, este foi publicado no dia 14 de abril de 2.000, e o assunto era simples, mas ainda ilustrativo para muitos fãs do automobilismo à época, de um assunto até meio sem importância: os nomes de algumasdas equipes da F-1 no campeonato daquele ano, e como eles tiveram suas origens. Foi um texto simples, e que com algumas mudanças, ainda serviria para os dias atuais, mostrando que não tivemos exatamente grandes mudanças neste sentido, ainda que, nos dias de hoje, haja exemplos tanto a favor quanto contra. Apreciem a leitura, e boa diversão...

NOMES E CURIOSIDADES

             Quem já reparou pode notar que os nomes de várias escuderias do automobilismo levam os nomes de pessoas. Geralmente, são os fundadores destas equipes, que imortalizaram, por algum tempo, seus nomes no mundo do esporte a motor. Algumas estão vivas até hoje, enquanto outras escuderias já fecharam há muito tempo. E há aquelas cujos nomes tem outros significados, que nada têm a ver com seus fundadores em termos de nomes.

             No caso da Fórmula 1, o nome mais emblemático de todos é da Ferrari. Enzo Ferrari fundou sua equipe de competição em 1929, mas a princípio era o time de competições da Alfa Romeo. Com a decisão da Alfa de partir para o automobilismo com seu próprio nome, esta primeira encarnação da Ferrari foi absorvida pela Alfa, e Enzo, discordando da situação, acabou demitido. Mas, depois do fim da Segunda Guerra Mundial, Enzo montou uma nova equipe, sediada em Maranello, tanto para competições como para fabricação de carros de passeio. E em 1950, quando estreou a F-1, a Ferrari estava lá, como concorrente oficial da Alfa Romeo, que venceria os primeiros campeonatos. Mas, como se veria depois, o nome Ferrari agregou uma fama e prestígio muito superiores, e Enzo viu seu nome eclipsar totalmente seus antigos patrões da Alfa, que entre uma volta e outra à F-1, nunca conseguiram o mesmo sucesso e respeito que o time de seu antigo funcionário.

             Depois da Ferrari, temos a McLaren, que tem esse nome devido a Bruce McLaren, piloto da Nova Zelândia. Em 1958, o neozelandês fez sua estréia na categoria máxima do automobilismo, pela equipe Cooper, onde disputou corridas até 1965, quando a marca resolveu abandonar a F-1. Como alguns anos antes Bruce já havia criado a Bruce McLaren Motor Racing Ltd. Para a disputa de campeonato de corridas na Tasmânia, com a saída da Cooper, o piloto resolveu seguir os passos de Jack Brabham, e construir seus próprios carros para competir na F-1. Nascia então a equipe McLaren na categoria, em 1966. A equipe ia tendo altos e baixos, mas evoluía com o passar do tempo. Em 1970, contudo, Bruce McLaren faleceu em Goodwood, quando testava um carro. O time seguiu adiante com Teddy Meyer, amigo de Bruce, que em 1974 conquistaria seu primeiro título na F-1, com Émerson Fittipaldi. No fim da década, Ron Dennis assumiria a escuderia, que se tornaria a potência que é até os dias de hoje. E o nome McLaren continua firme no mundo do automobilismo. A designação dos carros da escuderia deriva do nome original (M – McLaren) mais o nome da antiga equipe de Ron Dennis (P4 – Project Four), seguido então do número do modelo.

             Na Williams, mais um nome inspirado em seu fundador. Frank Williams fundou seu time ainda no início dos anos 1970, mas a denominação atual da escuderia, Williams Grand Prix Engineering, veio em 1978, quando Frank, junto com Patrick Head, colocou na pista seu primeiro carro construído pelo time, o FW06. De um início modesto, competindo com equipamentos fornecidos por terceiros, a Williams tornou-se uma das escuderias mais bem-sucedidas na F-1, e mesmo estando paralítico desde 1986 em virtude de um grave acidente de carro, Frank Williams continua a gerenciar seu time com a mesma determinação e lucidez de sempre.

             A Benetton está na F-1 desde o início dos anos 1980, mas só em 1986 passou a ter um time na categoria. Antes apenas patrocinadora, o empresário de confecções Luciano Benetton adquiriu em fins de 1985 a equipe Toleman, que no ano seguinte, e até hoje, carrega o nome Benetton na F-1, tendo alcançado o auge do seu sucesso na categoria em 1994 e 1995, com o bicampeonato de Michael Schumacher. No momento, a escuderia tenta readquirir a mesma forma e voltar a brilhar com tudo na categoria.

             A Jordan é mais um time que carrega o nome de seu fundador. O irlandês Eddie Jordan já tinha um time na F-3 Inglesa, que iniciara suas competições no início da década de 1980. Na segunda metade da década, também competiu na F-3000, e com o sucesso obtido, em 1991 ingressou na F-1, sendo a equipe sensação da temporada. Apesar de alguns altos e baixos, o time conseguiu estabelecer uma boa reputação, sendo que no ano passado por pouco não entrou na disputa pelo título. Mais um apaixonado pelo automobilismo, Eddie Jordan sonha em levar seu time ao seleto grupo das equipes de ponta da F-1, e vem se esforçando para isso. Veremos se conseguirá.

             Da mesma estirpe de Jordan é o suíço Peter Sauber, que nos anos 1970 fundou seu time, construindo carros para competição e esportivos. Na década de 1980 competiu na categoria Esporte-Protótipos, onde iniciou uma parceria com a Mercedes, que em 1993, ajudaria o time a adentrar a F-1, onde tanto a fábrica alemã quanto o suíço tinham planos de obter grande sucesso. Infelizmente, as coisas não deram muito certo, e a parceria se desfez quando em 1995 a Mercedes rumou para a McLaren. Sem a forte parceria, desde então Peter Sauber luta para tirar seu time da posição de escuderia média da categoria, já tendo utilizado motores Ford e atualmente sendo cliente da Ferrari. Seus carros sempre tiveram a letra “C” no início da designação de chassi, que é uma homenagem à sua esposa, que se chama Christiane, e se mantém assim até hoje.

             A Prost é mais um caso em que o proprietário dá seu próprio nome ao time. A escuderia francesa é comandada por Alain Prost, o maior nome que a França já produziu na F-1, tetracampeão mundial, e um dos gigantes da história da categoria. Mas Prost não “criou” exatamente o time: ele comprou a antiga Ligier, e a rebatizou de Prost apenas. Infelizmente, até o momento, Prost não está conseguindo obter, como dono de equipe, o mesmo sucesso que teve como piloto. E, só para constar, o antigo nome da escuderia, Ligier, era o nome de seu fundador, o também francês Guy Ligier, que comandou o time por praticamente duas décadas, antes de repassá-lo ao conterrâneo Alain Prost.

             O último nome a ser considerado no rol dos times ativos da F-1 é a Minardi, cuja denominação é o sobrenome de seu fundador, o italiano Giancarlo Minardi, outro apaixonado pelas corridas que mantém firme seu amor pelo esporte, mesmo que seu time, que compete há praticamente uma década de meia, sempre tenha ficado no pelotão de trás, quase sempre ocupando um lugar entre as menores escuderias da F-1, e cujos bons resultados são tão raros que, quando acontecem, o time comemora mais do que se tivesse ganho uma corrida. Por seu pequeno porte, a Minardi, sediada em Faenza, na Itália, está sempre às voltas com problemas de patrocínio, e com grana curta no campeonato, não se consegue desenvolver os carros. Mesmo assim, a pequena escuderia é quase um xodó da F-1, pelo amor que seu proprietário e quase todos os seus funcionários, têm pela competição, por que se fosse depender de sucesso mesmo...

             As demais escuderias presentes no campeonato já tem nomes que nada têm a ver com seus donos e/ou fundadores. A Jaguar é uma das marcas pertencentes à Ford; a BAR é a sigla para British American Racing; e a Arrows é apenas o nome da escuderia. Na próxima coluna, vou fazer uma relação dos nomes das escuderias atuais que competem na F-CART, onde muitos deles também são derivados dos nomes de seus proprietários. Até lá.

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