quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

FLYING LAPS – JANEIRO DE 2024

            E nem bem chegamos a 2024, e o mês de janeiro já foi embora. Já estamos em fevereiro, e em breve começam os testes de pré-temporada, ou o que sobraram deles, das categorias que terão seus campeonatos este ano, como a MotoGP, que já deu sua largada esta semana. O mês de janeiro sempre tem suas competições, e como é de praxe, tivemos mais uma edição do Dakar, a Formula-E deu sua largada para a temporada deste ano, e ainda tivemos as 24 Horas de Daytona, uma das mais tradicionais corridas dos Estados Unidos, que deram largada para o campeonato de Endurance norte-americano, o IMSA Wheather Tech Sportscar. E, por isso mesmo, no início deste mês de fevereiro, não podemos deixar de falar um pouco das competições que ocorreram neste mês de janeiro que já ficou para trás, mas não foi esquecido. Então, lá vamos nós com mais uma edição da tradicional sessão Flying Laps, e como é de praxe, sempre com alguns comentários rápidos sobre os eventos citados. Então, uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps no início de março, relacionando alguns dos fatos deste mês de fevereiro que se inicia...

E mais uma vez tivemos vitória de pilotos brasileiros nas 24 Horas de Daytona, disputadas no último fim de semana de janeiro, no tradicional circuito do Estado da Flórida, nos Estados Unidos. Pipo Derani, com a Whelen Motorsports, já havia marcado presença conquistado a pole-position para a corrida, com o novo recorde para o traçado misto do circuito usado na prova, e foi ele quem largou, liderando o início da corrida, e travando bons pegas com Sébastien Bourdais, da Ganassi, pela dianteira na competição, prenunciando uma longa e acirrada disputa numa corrida que ainda teria muitas horas de duração. E assim foi, mas graças ao excelente trabalho de boxes da Penske, e ao empenho de seus pilotos, eles assumiram a liderança na parte final da prova, com Felipe Nasr a assumir a ponta e defender o time de Roger Penske na briga pela vitória, que foi bem renhida, agora com Tom Blomqvist no carro que largou com Derani. Nasr passou alguns apertos, em especial no encontro com retardatários na parte final da corrida, mas conseguiu manter firme a liderança, recebendo a bandeirada em primeiro, coroando sua primeira vitória nas 24 Horas de Daytona, e a 11ª na tradicional corrida que atualmente dá a largada para o IMSA Wheather Tech Sportscar, o campeonato de endurance norte-americano. Para Derani, que já havia vencido a corrida em 2016, restou o consolo do 2º lugar, conferindo uma dobradinha de pilotos brasileiros na corrida na sua classificação geral e na principal classe, a GTP, dos protótipos. De salientar que foi o 4º triunfo consecutivo de pilotos brasileiros na classificação geral de Daytona, já que nos últimos três anos Hélio Castro Neves havia vencido a corrida. Helinho, aliás, não participou da prova deste ano, já que seu time, a Meyer Shank, retirou-se do campeonato do IMSA para se concentrar em sua temporada na Indycar, depois do fraco desempenho do ano passado. No carro Nº 7 da Porsche/Penske, Nars teve a companhia dos pilotos Josef Newgarden, Dane Cameron, e Matt Campbell. Já Derani, com o carro Nº 31, teve como parceiros de prova Jack Aitken e Tom Blonqvist.

 

 

Mas não foi apenas na classe principal que o Brasil brilhou em Daytona este ano. Na classe GTD Pro, dos carros grã-turismo de equipes oficiais de fábrica, a Risi Competizione, representando a Ferrari, venceu em sua categoria, e com Daniel Serra ao volante, junto de James Calado e Alessandro Pier Guidi. Já na classe LMP2, Felipe Fraga e Felipe Massa andaram sempre entre os primeiros na sua categoria, e por fim finalizaram em 3º lugar, defendendo a Riley Motorsports, em outro grande resultado os pilotos nacionais. E, de última hora, Pietro Fittipaldi acabou sendo chamado para participar da corrida, substituindo o piloto Clement Novalak da equipe Inter Europol Competition, também na classe LMP2. Novalak acabou se machucando, e não poderia participar da corrida, pelo que a escuderia, que já tinha trabalhado antes com Pietro, o chamou às pressas. Mesmo tendo chegado em cima da hora, e praticamente sem ter participado dos demais treinos, Pietro conseguiu se aclimatar rápido ao carro, e fez uma boa prova, com seu carro terminando na 4ª posição da classe LMP2.

 

 

Um erro da direção de prova, contudo, colocou em suspense o resultado final das 24 Horas de Daytona, quando a bandeira quadriculada foi mostrada ao carro Nº 7 faltando pouco mais de um minuto e meio para completar o tempo de 24 horas da prova, indicando que deveria ter sido dada mais uma volta na corrida para completar o tempo regulamentar. Os pilotos ficaram confusos com a bandeirada antecipada, e na segunda feira após a prova, a IMSA admitiu o erro ocorrido, confirmando que a prova terminou um pouco antes do que previa o regulamento, porém, por força do mesmo regulamento, que a partir deste ano incluiu um artigo para casos assim, em que a corrida termine um pouco antes do previsto, fala que o resultado da prova será mantido, de modo que a classificação final da bandeirada de chegada para todos os pilotos foi mesmo o divulgado, não havendo mudanças a serem computadas.

 

 

A Formula-E viveu um fim de semana de altos e baixos na rodada dupla disputada em Diriyah, na Arábia Saudita, onde os pilotos ora foram bem, ora foram mal no final de semana. Jake Dennis, o atual campeão, por exemplo, fez uma bela corrida na prova 1, e venceu com categoria a primeira corrida do fim de semana, mostrando que, apesar dos percalços vividos no México, está sim na briga para tentar o bicampeonato este ano na competição dos carros monopostos elétricos. Só que, na segunda corrida, o piloto inglês da equipe Andretti teve uma péssima classificação, e pior ainda, viu seu suado 10º lugar ser anulado por ter feito ultrapassagem em bandeira amarela, tomando uma punição que o tirou da zona de pontuação. Já Sergio Sette Câmara, por sua vez, deu um show na classificação da primeira prova, largando em 4º lugar com o fraco carro da ERT. O brasileiro suou para conseguir manter o ritmo frente aos rivais com equipamentos mais competitivos, mas foi caindo pelas tabelas, dando sorte de terminar em 9º, e marcar seus primeiros pontos do ano com uma exibição de gala com talvez o pior carro do grid. Mas, como tudo que é bom dura pouco, no sábado, não houve como fazer milagre, e o brasileiro largou lá atrás, e lá atrás ficou, terminando praticamente em último lugar entre os que completaram a corrida. Sam Bird, agora na McLaren, teve uma boa primeira corrida, terminando em 4º lugar, mas na segunda prova, fez besteira numa dividida de posição com outro piloto e danificou seu carro, tendo de abandonar a corrida e ficando sem pontuar. Em contrapartida, alguns pilotos tiveram o sentido inverso de seus resultados: Robin Frijns, da Envision, por exemplo, foi apenas o 10º colocado na primeira corrida, mas terminou em 2º na segunda corrida. Já Oliver Rowland, da Nissan, terminou a primeira corrida em 13º, e foi 3º colocado na segunda prova, após ter largado na pole-position.

 

 

Em contrapartida, teve pilotos que não puderam reclamar do fim de semana em terras árabes na rodada dupla da F-E. Que o diga Nick Cassidy. O novo contratado da Jaguar ganhou o pódio de presente na primeira corrida devido a um erro de Mith Evans, que seguiu reto numa curva na última volta da prova, tentando disputar o 2º lugar com Jean-Éric Vergne, finalizando então em 3º lugar. Mas melhor ainda foi na segunda corrida, onde venceu a prova, e de quebra, além de se manter invicto no pódio nas três primeiras corridas da competição, disparou na liderança do campeonato, diante dos infortúnios dos adversários. Vice-campeão no ano passado pela Envision, Cassidy já assume ares de ser um dos mais fortes favoritos ao título na temporada 2024, ainda que haja 13 provas pela frente, e tudo possa mudar. Mas o neozelandês vem se sobressaindo até agora dentro da Jaguar, conseguindo deixar Evans, o veterano na equipe, para trás, e largando bem na frente. Evans, por outro lado, foi o 5º colocado na primeira corrida, e a exemplo do que ocorreu com Jake Dennis, teve uma atuação desastrosa na segunda prova, terminando em 10º lugar apenas, e isso apenas depois da punição do inglês da Andretti, que tinha terminado no último lugar pontuável.

 

 

Falando de maus momentos, Sébastien Buemi largou bem no México, subindo ao pódio em 2º lugar, e dando a sensação de que poderia voltar a seus melhores momentos. Mas em Diriyah tudo foi pelo ralo. O suíço foi apenas o 12º colocado na primeira corrida, e nem largou para a segunda prova, pois acabou batendo o carro logo após fazer seu tempo na classificação, danificando seu bólido a ponto de a escuderia não ter condições de repará-lo para a segunda corrida, optando então por deixa-lo sem correr. Com isso, Buemi, que saíra da Cidade do México como vice-líder, despencou para a 8ª colocação após três provas realizadas, e precisando correr atrás do prejuízo nas próximas corridas do campeonato. Quem também não teve nenhum momento positivo no fim de semana foi Lucas Di Grassi, comprovando que o ano seguirá difícil para ele e a ABT, confirmando que o fraco desempenho do trem de força da Mahindra segue sendo um grande problema para o time melhorar sua performance. Tanto o brasileiro quanto seu colega de time Nico Muller largaram na segunda metade do grid e por lá ficaram, sem nunca conseguirem flertar com a zona de pontuação. A Mahindra, por sua vez, até chegou perto de pontuar, mas assim como a ABT, também ficou zerada na pontuação, seguindo os dois times como os únicos sem conquistarem nenhum ponto após 3 etapas. Mas, situação mais tenebrosa seja a do português Antonio Félix da Costa: tendo um carro competitivo à sua disposição na equipe oficial da Porsche, o piloto até agora não se achou na competição em nenhuma corrida, tendo largado lá atrás, e por lá tendo ficado, incapaz de se recuperar nas provas, num cenário ainda mais tenebroso do que o vivenciado no ano passado, ainda mais quando Pascal Wehrlein, apesar dos percalços já venceu corrida e ocupa a vice-liderança do campeonato.

 

 

Com o cancelamento da prova da Formula-E em Hyderabad, na Índia, a Formula-E agora tem um intervalo de um mês e meio até a corrida seguinte na temporada, que será justamente aqui em São Paulo. Diante do cancelamento da prova indiana, a direção da categoria não optou por indicar uma corrida substituta, ou mesmo transformar alguma etapa existente em rodada dupla para manter o número de 17 corridas, optando por reduzir a temporada para 16 provas.

 

 

Aliás, não foi apenas a F-E que sofreu um percalço de etapa cancelada neste início de ano. A MotoGP, que tinha planejada a etapa da Argentina em Termas de Rio Hondo, ficou a ver navios quando o novo governo do país, nas medidas de cortes para eliminar as dívidas do Estado, cancelou o aporte à corrida, de modo que os organizadores, sem o apoio estatal, ficaram sem ter como bancar os custos da corrida, que teve de ser cancelada, causando um transtorno para a classe rainha do motociclismo e suas categorias de apoio, já que a etapa argentina ajudava a rachar os gastos de transporte com a etapa dos Estados Unidos, em Austin, no Texas. Assim como a F-E, a MotoGP também não indicou uma corrida substituta para a prova argentina, que espera estar de volta em 2025, já que o contrato se estende até lá, e quem sabe, eles consigam se planejar melhor para viabilizar a corrida sem o apoio do governo.

 

 

Pietro Fittipaldi será o único piloto brasileiro a disputar a temporada 2024 da Indycar, já que, até novidade em contrário, Hélio Castro Neves disputará apenas as 500 Milhas de Indianápolis. O neto de Émerson Fittipaldi irá defender a Rahal/Letterman/Lanigan, mas apesar de seu comprometimento à categoria de monopostos dos Estados Unidos este ano, o brasileiro continuará mantendo um pé na F-1, já que a posição que ocupou nos últimos anos de piloto de testes e reserva da equipe Haas será mantida, apesar das expectativas de quem dava o vínculo por encerrado. Mas, diante dos compromissos de Pietro na Indycar, o time terá outro piloto de testes e reserva, para as datas em que Pietro não puder estar presente. E ele será Oliver Bearman, participante da Academia de Pilotos da Ferrari, que já fez duas sessões de treinos livres para o time norte-americano no ano passado, e para 2024 disputará sua segunda temporada na F-2, cujas provas são disputadas nos finais de semana da F-1. Bearman também irá participar dos primeiros treinos livres nas etapas Emília-Romanha, Espanha, Inglaterra, Hungria, Cidade do México e Abu Dhabi. Ayao Komatsu, novo chefe de equipe da Haas, elogiou a permanência de Pietro na função que desempenha há anos, afirmando que o feedback do brasileiro nos testes e no simulador do time é preciso e muito valioso para o desenvolvimento do time. Pode até ser verdade, mas se o time valorizasse mesmo o trabalho de Fittipaldi, poderia ter lhe dado a chance de ser titular, ainda que, diante da pouca competitividade do carro, em especial no ano passado, talvez tenha sido melhor Pietro não se desgastar à toa na pista com um carro que não lhe ofereceria chances de bons resultados. Que ele se concentre mesmo em sua temporada na Indycar, e possa encontrar um caminho mais válido por lá para competir realmente.

 

 

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