quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

FLYING LAPS – DEZEMBRO DE 2021

            E chegamos ao ano 2022. Nem parece que 2021 ficou para trás, e para muitos, foi um ano que não deixará saudades, por várias razões, incluindo eu mesmo, por motivos pessoais e profissionais. Mas a vida segue, e é hora de retomar os trabalhos neste novo ano. E vamos então à sessão Flying Laps, com algumas notícias que tiveram lugar no último mês de dezembro, encerrando 2021, sempre com alguns comentários rápidos a respeito de cada assunto. Então, boa leitura a todos, e espero novamente por vocês aqui na próxima sessão Flying Laps no mês que vem, entrando firme no ano de 2022...

Marc Márquez segue sua rotina de recuperação, visando retornar para a temporada 2022 da MotoGP em plenas condições. O hexacampeão teve dois anos atribulados, e busca consolidar sua recuperação como piloto. No início da temporada de 2020, teve uma fratura no braço após cair da moto no GP da Espanha, em Jerez de La Fronteira. Operado, tentou voltar no fim de semana seguinte, e acabou desistindo devido às dores e falta de condições para pilotar no limite, o que forçou a placa de titânio implantada no braço para auxiliar sua recuperação. Teve de se submeter a nova cirurgia, que revelou complicações e o fez perder praticamente todo o resto da temporada de 2020, além do início da temporada de 2021, que foi mais difícil do que o piloto imaginava, sem ter tido condições de se recuperar completamente. Mesmo assim, a “Formiga Atômica” voltou a vencer, conquistando três vitórias na temporada, mas ficando longe da luta pelo título. Mas, estava caminhando firme em sua recuperação, até que sofreu uma nova queda da moto fora das competições, e bateu a cabeça, resultando em um caso de diplopia (visão dupla) que o fez ficar de fora das duas provas finais, se recuperando. Dessa vez, a Honda resolveu ser mais prudente com seu piloto, convencendo-o a concentrar seus esforços em descansar para ter uma recuperação total, o que fez Marc perder os testes finais após a temporada de 2021. Os primeiros testes da pré-temporada de 2022 devem começar em 31 de janeiro, e a participação do espanhol ainda é dúvida. Márquez segue sua recuperação, e tudo o que se sabe é que ela está evoluindo “a contento”. Mas seu time descarta prometer uma data de retorno, uma vez que lesões em nervos podem ser mais complicadas de tratar do que outros tipos de ferimentos. Por isso mesmo, é preciso ter paciência. Se não for feita uma recuperação adequada, o piloto pode não retornar em sua plena forma, e em 2021, Márquez andou sofrendo alguns tombos potencialmente perigosos em seu ímpeto de tentar forçar seus limites para recuperar ritmo de competição, no que ele teve muita sorte de não se machucar de forma a se comprometer novamente. Mas acabou tendo azar em uma prova de motocross, e por isso, está até agora se ocupando de sua recuperação do novo problema. Para alguns, Marc precisa começar a ser mais prudente e cauteloso em sua maneira de conduzir a moto. Seu estilo por vezes agressivo demais na condução do modelo da Honda o fez sempre andar no fio da navalha, escapando de se acidentar em diversos momentos por conseguir “domar” seu arisco equipamento. E sua impaciência em tentar apressar o seu retorno em Jerez em 2020 acabou ocasionando todo o problema que o afetou durante a maior parte do ano passado. Se ele tiver a paciência necessária para esperar que seu corpo se recupere adequadamente, sem que seu time e equipe de apoio não tenham que fazê-lo descansar à força, ele só terá a ganhar quando retornar às pistas. Por enquanto, sua participação em 2022 ainda é uma incógnita, mas em teoria, a Honda espera que o tempo até a primeira corrida da competição, em março, seja suficiente para ele estar de volta e em forma para competir como sempre fez. Em comunicado oficial, eles esperam poder contar com o piloto já na pré-temporada, mas será preciso ver o estado de sua recuperação, e ninguém quer dar um passo maior que a perna, portanto, vamos ver como ele estará até lá...

 

 

Casey Stoner, bicampeão da MotoGP, fez severas críticas às imensas áreas de escape existentes nos circuitos que sediam etapas do campeonato. Segundo Stoner, estas grandes áreas de asfalto acabam incentivando a agressividade dos pilotos, que perdem o respeito e o senso de segurança que deveriam nortear as disputas. Se alguém sair da pista nestes espaços, não há problema, pois dá para voltar à pista, e isso faz os pilotos exagerarem na ousadia, o que segundo ele tem dado margem a vários acidentes que tem ocorrido nas categorias de acesso na Moto3 e Moto2. Antigamente, com maior número de caixas de brita, e a existência de grama logo ao lado da pista, os pilotos tinham de ter muito mais cuidado para não ultrapassarem o limite, pois sair da pista geralmente significava levar um tombo e/ou ficar atolado na brita, dando adeus à corrida. E o risco de tais saídas era bem maior, dependendo de como isso se dava. Segundo Casey, os pilotos não tem mais medo de sair do traçado, porque sabem que tem aquelas faixas enormes de asfalto, e que eventuais escapadas não terão muitas consequências. Não há como negar que, em parte, Stoner tem razão. Saídas de pista antigamente eram bem punitivas para os pilotos, que podiam cair das motos e ficarem por lá mesmo. Lembro dos fardos de feno que eram colocados para amortecer o impacto dos pilotos que alcançavam as muretas em saídas mais fortes, e era preciso ser muito preciso para não escapar do traçado. Mas as áreas de asfalto também trazem mais segurança para pilotos desgarrados, que tem chance de controlar suas motos e evitar acidentes, algo que não pode ser ignorado. Por outro lado, é preciso reeducar alguns pilotos para que não se sintam à vontade para usar esse recurso como um incentivo para acelerar além da conta, e serem abusados demais nas disputas de posição, pois em caso de um toque ou queda, as consequências podem ser imprevisíveis, não acontecendo nada com os pilotos além de saíram da corrida, mas também podendo resultar em tragédias potenciais, se os envolvidos derem azar de tudo ocorrer da maneira como não se deve...

 

 

A Stock Car terá uma grande novidade no calendário da categoria em 2022: o seu retorno ao Estado do Rio de Janeiro, onde correu pela última vez há praticamente 10 anos atrás, nos restos do antigo circuito de Jacarepaguá, que seria depois demolido para dar lugar ao Parque Olímpico, que hoje se encontra em situação mais do que lastimável, revelando mais uma vez o descaso e a falta de respeito para com o erário público, com o antigo circuito tendo sido destruído pela ganância e politicagem dos cartolas esportivos. E o local também será inusitado: a categoria de turismo nacional disputará uma rodada dupla em um circuito montado em uma das pistas auxiliares do Aeroporto do Galeão, que terá a forma aproximada de um anel externo, com cerca de quatro curvas. A etapa está marcada para o dia 10 de abril, e será a quarta etapa do calendário da competição. Por ser utilizada uma pista auxiliar do aeroporto, este manterá suas atividades normais de pouso e decolagem de aviões comerciais. O anúncio foi feito com entusiasmo pela Vicar, organizadora do campeonato da Stock Car, e pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. Não deixa de ser uma iniciativa mais do que interessante, e não é nada tão fora do normal assim em se tratado de competições automobilísticas. Na antiga F-Indy, uma das etapas do campeonato, em Cleveland, era realizada em um circuito montado nas pistas do aeroporto local da cidade. Os competidores tinham uma pista de imensa largura, o que não facilitava tanto as disputas de posição, já que por ser um local totalmente plano, os pilotos por vezes ficavam sem referências na pista, o que resultava em uma dificuldade anormal em uma corrida, mas propiciava bons pegas entre os carros. Alguns anos depois, a IRL correu em outra pista montada em aeroporto, no caso, na cidade de Edmonton, e nos dias atuais ainda temos também a prova de São Petesburgo, que pega parte da pista do aeroporto local da cidade, no Estado da Flórida, junto a algumas ruas próximas do local. Vamos ver como ficará a pista, e torçamos para termos boas corridas por lá, porque os torcedores cariocas merecem voltar a poder assistir corridas em sua cidade...

 

 

A Stock Car, aliás, disputou em dezembro sua rodada dupla final, encerrando a temporada de 2021, tendo como palco o circuito de Interlagos, em São Paulo. E a vitória na primeira corrida do final de semana ficou com Thiago Camilo, que travou um renhido duelo com Daniel Serra pela vitória, tendo terminado apenas 0s22 à frente de Serra na bandeirada. Gabriel Casagrande, que havia conquistado a pole-position, e aproveitando a liderança do campeonato, tratou de ficar apenas assistindo de longe ao duelo dos dois, garantindo-se na pista para fechar o pódio na 3ª colocação, mantendo-se em situação mais do que confortável para conquistar o título, já que seu único rival de peso, Daniel Serra, precisava vencer a corrida final, e ainda torcer para Casagrande ficar de fora dos pontos. Bem, Serra não conseguiu nem uma coisa nem outra: o piloto terminou a corrida final em 4º lugar, e viu Gabriel cruzar a bandeirada cerca de 4s à sua frente, em 3º lugar, resultado que garantiu o título ao piloto da equipe A. Mattheis Vogel, que fechou a temporada com uma vantagem de 24 pontos sobre Daniel, que acabou ficando com o vice-campeonato. Ricardo Mauricio venceu a última prova, com Ricardo Zonta terminando em 2º lugar. No campeonato, tivemos então Gabriel Casagrande campeão com 378 pontos; Daniel Serra em segundo lugar, com 354 pontos. Thiago Camilo finalizou o ano em 3º, com 310 pontos, seguido por Ricardo Zonta, com 307 pontos, e Ricardo Mauricio, com 304 pontos. Na temporada, dez pilotos venceram corridas, com Ricardo Maurício tendo vencido 7 provas, e sendo o maior vencedor no ano, e só não terminando mais à frente diante da melhor constância dos rivais, tanto que Casagrande, o campeão, venceu apenas 2 corridas na temporada, e Daniel Serra, o vice, faturou apenas uma vitória. E nada menos do que oito pilotos largaram na pole-position, com Gabriel Casagrande, Ricardo Maurício, Thiago Camilo e Rubens Barrichello a largarem por duas vezes na posição de honra do grid.

 

 

Quem gostaria de ver novos chassis aportarem na Indycar vai ter que ter muita paciência. A Dallara, que desde 2008 é a única fornecedora de chassis para o certame de monopostos dos Estados Unidos, renovou seu contrato com a Indycar, e deve continuar sendo a única fornecedora por muitos e muitos anos, com o novo contrato sendo classificado como plurianual, sem um tempo específico de duração, mas que deve ser renovado enquanto a categoria desejar manter a situação atual. Um dos motivos para se manter também o fornecimento único é a contenção de gastos, uma vez que a competição com marcas de chassis diferentes inevitavelmente produziria um custo adicional, como foi visto em parte no desenvolvimento dos aerokits produzidos por Honda e Chevrolet em temporadas recentes, substituídas por um aerokit padrão da própria Dallara para todos os carros em virtude de reduzir os custos de competição. Por esse mesmo motivo, Chevrolet e Honda devem continuar sendo as únicas fornecedoras de motores para a categoria, embora a direção da Indycar afirme estar empenhada em atrair novos fornecedores de propulsores para o certame. Então, tão cedo não veremos mais opções de equipamentos como se podia ver na antiga F-Indy nos anos 1990, quando havia muito mais marcas de chassis e motores competindo no grid, para deleite dos fãs e amantes da velocidade...

 

 

Depois de fazer sua primeira temporada na Indycar em 2021 competindo apenas nos circuitos mistos e de rua, Jimmie Johnson resolveu encarar também as pistas ovais, tão conhecidas por ele em seus tempos na Nascar, e vai disputar toda a temporada 2022 da Indycar pela equipe Ganassi, onde esteve presente em seu ano de estréia. Sem nada para provar a ninguém, é verdade que as performances de Johnson não foram nada empolgantes, com o multicampeão da Nascar tendo de aprender como guiar com um monoposto nas mais diversas pistas do calendário, totalmente desconhecidas para ele. E ele foi melhorando aos poucos, embora sua melhor participação, justamente na corrida de encerramento da temporada, em Long Beach, onde terminou em 17º, não seja exatamente tão animadora assim. Mas ele está disposto a encarar o desafio, especialmente agora de conduzir um carro Indy nos circuitos ovais, onde já testou no fim de 2021, e que pretende realizar o sonho de disputar as 500 Milhas de Indianápolis, a mais famosa corrida de todo o continente americano, e uma das mais famosas de todo o mundo do automobilismo. Depois de um ano e já mais experiente, todos querem ver Jimmie começar a mostrar serviço em sua nova temporada de participação na Indycar. E ele está mais empolgado do que nunca para começar logo a competição...

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