sexta-feira, 10 de setembro de 2021

RUMO AO OSTRACISMO?

Fim da dupla Hamilton-Bottas na Mercedes. O piloto finlandês foi dispensado e correrá pela Alfa Romeo em 2022.

            E finalmente a Mercedes anunciou sua dupla titular para a temporada 2022, confirmando o que já se esperava: George Russel, que vem causando boa impressão na Williams, será o novo companheiro de Lewis Hamilton, marcando o fim da permanência de Valtteri Bottas no time germânico, onde está desde 2017. O finlandês vai defender a Alfa Romeo no próximo ano, substituindo seu conterrâneo Kimi Raikkonen, que se despede em definitivo da Fórmula 1 ao fim desta temporada.

            Bottas deixará de ser protagonista, para virar um figurante no grid, aponta a crítica especializada, uma vez que o time sediado em Hinwill, na Suíça, há muito não tem atraído as atenções por desempenho na pista. Mas, para alguns, Bottas já não conseguia atrair os holofotes nem mesmo defendendo a campeoníssima Mercedes, então, o ostracismo previsto para o piloto não seria uma situação totalmente estranha. Mas, em vez de pódios, e a possibilidade de vitórias, as perspectivas são de lutar para tentar marcar pontos, já que a performance da equipe só não é pior que a da Haas na temporada atual. Um calvário que pode mudar se as novas regras técnicas previstas para a temporada do ano que vem conseguirem equalizar melhor a competitividade do grid da categoria máxima do automobilismo, grande esperança de muitos para melhorar o nível das disputas.

Para muitos, Russel vai tornar a vida de Hamilton um inferno, e alguns, mais radicais, apontam até para o fim da “farsa” que seria o piloto inglês, como se seu heptacampeonato fosse devido apenas ao carro que possui, e nada mais. Bem, que George é um talento que a Mercedes corria o risco de perder, caso não pudesse aproveitá-lo, é um fato. Mas, dizer que ele vai “aposentar” Lewis Hamilton ainda é algo prematuro de se afirmar. Mas que ele terá a oportunidade de sua vida, isso é verdade. Dependerá apenas dele se essa oportunidade se tornará uma realidade, ou um breve sonho. E não foram poucos os exemplos de pilotos talentosos que tiveram azar de não vingar quando a chance surgiu.

Valtteri Bottas acaba se tornando mais um nome nessa lista. O piloto finlandês chegou à F-1 com bom currículo, entre eles os títulos da F-Renault europeia, em 2008, duas vitórias no Masters de F-3, e o título da GP3 em 2011. Valtteri passou a temporada de 2012 como piloto reserva e de testes da equipe Williams, tendo participado de boa parte dos treinos livres de sexta-feira, já visando sua estréia pela tradicional escuderia inglesa no ano seguinte. Em seu primeiro ano, foi apenas o 17º colocado, com 4 pontos marcados, resultado que deve ser relativizado diante da pouca competitividade os carros de Frank Williams, mas deixando o então queridinho do time nos anos anteriores, o venezuelano Pasto Maldonado, na sobra, tendo marcado apenas 1 ponto, e ficado em 18º na temporada, o que fez com que o sul-americano saísse do time inglês.

A temporada de 2014 seria infinitamente melhor. Com um carro competitivo, e dispondo da mais eficiente unidade de potência do grid, a Mercedes, Bottas terminou o ano em 4º lugar, ficando atrás somente de Lewis Hamilton e Nico Rosberg, a dupla da nova imbatível Mercedes, e de Daniel Ricciardo. O finlandês suplantou com sobras seu novo companheiro de equipe, o brasileiro Felipe Massa, que ficou apenas em 7º lugar na classificação, com Massa tendo marcado 134 pontos, contra 186 de Valtteri, que àquela altura, já era considerado um campeão em potencial. Nos dois anos seguintes, Bottas foi o principal nome da Williams, terminando o ano sempre à frente de Felipe, embora os resultados fossem minguando, conforme a Williams ia ficando para trás frente aos concorrentes. Mesmo assim, ainda era visto como um dos pilotos do futuro na F-1, pelo desempenho que apresentava quando o carro permitia. E então, veio o grande golpe de sorte: com a aposentadoria inesperada de Nico Rosberg após conquistar o título a temporada de 2016, a campeã Mercedes ficava com uma vaga disponível de forma inesperada. E Bottas, que desde anos era agenciado por Toto Wolf, o dirigente da Mercedes, sempre foi visto como a opção mais óbvia: era talentoso, e já era um piloto “Mercedes”, defendendo um time que utilizada os propulsores alemães. Bastou uma boa negociação para que a Williams, além de um bom desconto no contrato das unidades de potência germânicas, liberasse o passe do piloto, que ainda tinha contrato com a Williams para 2017, e que acabou postergando a aposentadoria de Felipe Massa em um ano.

Na Williams, em 2012, os primeiros treinos (acima), para virar titular em 2013. De 2014 a 2016, fez parceria com Felipe Massa (abaixo), superando o brasileiro com relativa facilidade.


            Em 2017, alçado à condição de protagonista, por ser agora piloto da Mercedes, o time que vinha ganhando tudo desde 2014, o que se esperava era o óbvio: a confirmação do grande talento de Bottas em um carro vencedor, e capaz de leva-lo ao título da competição. Mas, como ficaria o confronto com Lewis Hamilton? Bem, sua primeira temporada no time prateado não foi ruim. Valtteri marcou suas primeiras poles, e conquistou suas primeiras vitórias, tendo terminado o ano em 3º lugar, com 305 pontos, performance que não foi decepcionante, por ter perdido o vice-campeonato para Sebastian Vettel por apenas 12 pontos, em um ano onde a Ferrari foi uma ameaça forte para a Mercedes. Para sua primeira temporada no time campeão, estava de bom tamanho. Hamilton foi campeão, com 363 pontos. Dado o seu imenso talento, e já totalmente aclimatado na escuderia alemã, enquanto Bottas teve que se acostumar a tudo no time, era compreensível a diferença. E se levarmos em consideração que na Ferrari Vettel ficou mais de 100 pontos à frente de seu companheiro Kimi Raikkonen, a performance de Valtteri era mais sólida. Mas, em 2018, a cobrança poderia ser mais dura, e compreensível.

E foi em 2018 que a imagem de grande talento e potencial campeão de Bottas sofreu um grande abalo: enquanto Hamilton foi novamente campeão, com 408 pontos, mais do que ele conquistara no título de 2017, Valtteri foi “apenas” o 5º colocado na temporada, com 247 pontos. Lewis conquistou 11 triunfos na temporada, contra nenhum de Bottas, que ficou atrás de Vettel, o vice-campeão (5 vitórias no ano), Kimi Raikkonen, e Max Verstappen (1 vitória). Por mais que Hamilton tenha terminado o ano com 88 pontos a mais que Vettel, a diferença tão abismal para Bottas certamente foi um baque. Se a Mercedes dependesse dele para ser campeã, teria sido derrotada, certamente. E a imagem de Valtteri nunca se recuperaria de tal resultado, pelo menos, não totalmente.

            É verdade que em 2019 Valtteri fez uma boa temporada, tendo sido vice-campeão sem maiores problemas, e vencendo 4 corridas. Mesmo assim, em determinado momento da temporada, ele esteve acossado por Max Verstappen, recordando um pouco os momentos de fraqueza exibidos no ano anterior. Mesmo assim, foi o seu melhor ano na Mercedes, tendo vencido 4 provas, em que pese Hamilton ter vencido 11 corridas no ano, e feito 87 pontos a mais. Em 2020, mais uma vez Bottas ficou na sombra de Hamilton, que passeou durante boa parte da temporada, indo conquistar o seu heptacampeonato na F-1. E se Lewis voltou a faturar 11 vitórias no ano, Bottas venceu apenas 2 corridas, e pior, voltou a mostrar os momentos ruins vivenciados na temporada de 2018, tendo que dar duro para conseguir sagrar-se novamente vice-campeão no ano, o que conseguiu por uma margem bem pequena de apenas 9 pontos sobre Verstappen, que por pouco não terminou o ano na segunda colocação, e fazendo muitos questionarem se ele merecia continuar pilotando para o time campeão da categoria. Uma impressão que só ficou mais forte quando Valtteri ainda foi suplantado por George Russell no GP de Sakhir, quando o inglês, da equipe Williams, foi chamado para substituir Hamilton no time alemão, por ter contraído Covid-19. E Russell mostrou muita categoria e velocidade na prova, andando à frente de Bottas, e só não terminando melhor que o finlandês por uma presepada do time na troca de pneus que arruinou suas chances de vencer, ou no mínimo subir ao pódio. Mesmo assim, ele estava garantido para 2021 na Mercedes, pois não colocava a posição de Lewis em perigo na escuderia. Porém, não rendia tanto quanto poderia render.

Na Mercedes, dois vice-campeonatos, 9 vitórias e 17 poles.

            E a conta finalmente chegou. Com a Red Bull tendo um carro bem mais competitivo, e um Max Verstappen em posição de disputar efetivamente o título da temporada, a equipe germânica só não está pior na temporada porque Sergio Perez tem tido mais problemas e faltado com resultados importantes para a Red Bull dominar o campeonato de construtores. Mesmo ocupando a 3ª posição no campeonato de pilotos, Bottas tem sido ofuscado por Lando Norris e Perez, que mesmo com seus problemas, tem se sobressaído até mais do que o finlandês, que não conseguiu fazer frente a Verstappen em nenhum momento do ano. Em um momento onde a Mercedes precisa que seus dois pilotos unam forças contra um inimigo real e forte, Bottas tem ficado aquém das expectativas, mesmo guiando um carro que ainda é um dos melhores do grid. E com a perspectiva de Hamilton se aposentar em breve, Toto Wolf precisou pensar no futuro da escuderia alemã, que no ritmo em que se encontra, ficaria a perigo se dependesse apenas da performance de Valtteri.

            Hamilton bem que tentou defender o companheiro de equipe, afinal, nunca sofreu uma concorrência feroz por parte do finlandês, ao contrário do que aconteceu com seu antigo parceiro Nico Rosberg, que o derrotou na temporada de 2016. Mais do que natural sua preferência em deixar as coisas como estavam. Mas, voto vencido, agora faz coro por uma convivência harmoniosa com Russell, que mesmo afirmando que não será segundo piloto, precisaremos ver como será sua medição de forças com o heptacampeão, que está longe de ser um piloto em decadência, e acomodado, como alguns detratores apregoam. Caberá à Mercedes evitar que essa convivência descambe para um confronto generalizado, que possa comprometer a harmonia e estabilidade da equipe, algo muito precioso para eles. Pode haver disputa, só não precisa ser uma luta fraticida. De um modo ou outro, só saberemos como ambos se darão quando compartilharem os mesmos boxes. Até lá, tudo fica no terreno da especulação.

            Enquanto isso, Bottas que aproveite seus últimos momentos com um carro competitivo, antes de rumar para o que pode ser o seu ostracismo na F-1, apesar das declarações sobre seu novo contrato ser de “várias temporadas” com a Alfa Romeo. Pode ser o começo do fim de sua carreira na F-1, mas também pode não ser. Só o futuro saberá dizer o destino que aguarda Valtteri Bottas em sua nova casa. Que ele possa fazer bom proveito das oportunidades que surgirem por lá, e possa dar a volta por cima, e mostrar a seus críticos que eles estão errados sobre ele como piloto.

 

 

Kimi Raikkonen, que não pode disputar o GP da Holanda, domingo passado, por ter sido diagnosticado com Covid-19, também desfalcará a Alfa Romeo neste final de semana, na Itália. Por isso, Robert Kubica, piloto reserva do time, que disputou a prova de Zandvoort no lugar do finlandês, continuará exercendo a função em Monza. Sem disputar uma corrida desde o fim da temporada de 2019, o polonês até que fez uma apresentação decente na etapa holandesa, terminando a corrida em 15º lugar, enquanto Antonio Giovinazzi, o outro piloto do time, terminou em 14º, apenas uma posição à frente. E de ressaltar que Kubica, assim como todos os pilotos, teve de aprender o traçado de Zandvoort, e apenas teve o terceiro treino livre para isso, já que Raikkonen havia participado dos treinos livres da sexta-feira. Com isso, Kimi não poderá se despedir da torcida italiana como gostaria. Durante vários anos, o piloto defendeu a Ferrari, e sempre foi bem visto pela torcida rossa. E como já anunciou que deixará a F-1 ao fim do ano, seria o seu último GP em Monza. Infelizmente, a Covid-19 atrapalhou os planos, e Raikkonen está isolado em casa, cumprindo as regras de segurança em caso de infecção pelo coronavírus.

Robert Kubica defenderá a Alfa Romeo em Monza, mais uma vez no lugar de Kimi Raikkonen, diagnosticado com Covid-19.

 

 

E mais uma escuderia fechou sua formação para 2022. A Williams, que perdeu George Russell para a equipe Mercedes, manterá o canadense Nicolas Latiffi para a próxima temporada, e terá também Alexander Albon, ex-Toro Rosso e Red Bull, que volta à categoria máxima do automobilismo depois de um ano afastado, após perder sua vaga no time dos energéticos para o mexicano Sergio Perez. Perez, aliás, teve seu contrato renovado para seguir na Red Bull por mais uma temporada como companheiro de Max Verstappen. E por sua vez, a Red Bull também anunciou a manutenção da dupla titular de seu time “B” na F-1: Pierre Gasly e Yuki Tsunoda defenderão a Alpha Tauri por mais um ano. Com isso, agora resta apenas uma vaga aberta no grid para 2022, que é o segundo cockpit da Alfa Romeo, que já tem Valtteri Bottas confirmado para o ano que vem, e que não deve manter Antonio Giovinazzi.

 

 

A Indycar inicia a reta final da temporada 2021. Faltam apenas 3 provas para fechar o campeonato, e serão três corridas em três finais de semana consecutivos, começando por este domingo, com a disputa do Grande Prêmio de Portland, no traçado misto do Portland International Raceway. Na semana que vem, será realizado o Grande Prêmio de Laguna Seca, mais um circuito misto. E o campeonato será encerrado em Long Beach, no tradicional circuito urbano junto à orla do famoso balneário ao sul de Los Angeles, que teve de ser cancelado no ano passado devido à pandemia da Covid-19. Na verdade, estas três provas não puderam ser disputadas no ano passado, justamente por causa da pandemia, e estão de volta agora em 2021. E a disputa deve pegar fogo entre Patricio O’Ward, Alex Palou, e Josef Newgarden pelo título, com Scott Dixon correndo por fora como zebra. A corrida terá transmissão ao vivo pela TV Cultura neste domingo, a partir das 16:30 Hrs., com narração de Jefferson Kern, e comentários de Rodrigo Mattar. Garantido nas três provas finais, Hélio Castro Neves quer se entender melhor com o carro da Meyer Shank nos circuitos mistos e urbanos, e ter um encerramento de temporada mais digno, a fim de começar 2022 com tudo na escuderia. Vejamos o que ele conseguirá fazer nestas provas finais, que disputou pela última vez há vários anos atrás.

 

 

A MotoGP também estará em ação neste final de semana, com a etapa de Aragón, na Espanha. E a novidade é a estréia de Maverick Viñales já em sua nova escuderia, a Aprilia, como novo companheiro de Aleix Spargaró. Lorenzo Savadori, que teve sua vaga ocupada pelo ex-piloto da Yamaha, continuará com o time, podendo competir em alguma etapa como wildcard, e reassumirá o posto de piloto de testes da escuderia na temporada 2022. Vinãles e Aleix já foram companheiros de equipe durante as temporadas de 2015 e 2016, quando defendiam o time da Suzuki na MotoGP. A prova da classe rainha do motociclismo será transmitida ao vivo pelo Fox Sports neste domingo a partir das 9:00 da manhã.

 

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