E o mês de agosto já ficou para trás, e já adentramos o mês de setembro de 2021, ainda aos trancos e barrancos, com os percalços da pandemia ainda varrendo boa parte do mundo, e complicando nossas vidas em muitos aspectos, apesar da esperança de dias melhores com a vacinação seguindo em frente em muitos lugares, inclusive aqui no Brasil. E o mundo da velocidade segue em frente do jeito que dá, com o andamento de seus campeonatos aqui e ali, com algumas corridas sendo canceladas, enquanto outras conseguem ser realizadas, por causa da pandemia. Esperemos que esse pesadelo se encerre o quanto antes, algo que só devemos ver mesmo em 2022, pois o que resta de 2021 ainda fica em dúvidas. E já que estamos novamente no início de um novo mês, é hora de mais uma sessão Flying Laps, reportando alguns acontecimentos do mundo do esporte a motor mundial ocorridos neste último mês de agosto, sempre com alguns comentários rápidos a respeito, desta vez com enfoque nos campeonatos da Indycar e da MotoGP. Então, boa leitura a todos, e espero vocês por aqui na próxima sessão Flying Laps no mês que vem...
Grande novidade na temporada 2021 da Indycar, o GP de Nashville foi bem agitado. Na verdade, agitado até demais para muitos pilotos, que tiveram uma corrida das mais complicadas, com direito a engarrafamentos provocados por batidas, enroscos entre pilotos, e até uma “decolagem” por parte do sueco Marcus Ericsson, da Ganassi, que encheu a traseira do carro de Sébastien Bourdais, da Foyt, causando o abandono do francês. Mas Ericsson conseguiu se manter na corrida, e com uma estratégia que acabou dando certo, em meio ás confusões que ocorreram na prova, ele ainda por cima acabou vencendo a corrida, em uma daquelas situações insólitas que vez por outra acontecem. Isso porque o piloto sueco esteve longe de ser unanimidade na prova, justamente pelo acidente bisonho que provocou, mas, coisas da vida... Enquanto isso, Colton Herta, da Andretti, vinha dando um verdadeiro show, superando os adversários e partindo para o ataque em busca da liderança da corrida e da vitória. Só que Herta empacou atrás de Ericsson, e na luta para pressionar o piloto da Ganassi, foi Colton quem acabou errando, acertando o muro, e dando adeus à corrida. Ao todo, foram 9 bandeiras amarelas durante a prova, que ajudou a bagunçar as estratégias de todos, para não falar dos prejuízos nos carros de quem acabou batendo, ou sendo batido, havia espaço para todo mundo aprontar alguma, como por exemplo Will Power, que acabou dando uma prensada no próprio companheiro de equipe Simon Pagenaud, da Penske, que foi parar no muro, e provocou o bloqueio da pista devido ao número de carros parados no trecho, obrigando a uma bandeira vermelha para colocar tudo em ordem. E sobrou também para Scott McLaughlin, que também andou se estranhando com Dalton Kellett. Apesar de um traçado interessante, a pista de Nashville esteve longe de agradar aos pilotos. O piso ondulado deixava os carros saltando demais, e havia um trecho da pista pra lá de apertado. Para 2022, um retorno à cidade do Tenesse deve obrigar os organizadores a darem uma corrigida no traçado e no piso, para evitar maiores complicações. Scott Dixon, da Ganassi, conseguiu sobreviver ao caos na corrida e terminou em 2º lugar, com James Hinchcliffe, da Andretti, espantando um pouco a má fase da temporada 2021 com o 3º lugar. Alex Palou, líder do campeonato, finalizou em 7º, mantendo uma boa vantagem na classificação. E Hélio Castro Neves, retornando à Meyer Shank após a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, terminou em 9º lugar, ainda tentando se achar com o carro do novo time em circuitos mistos e de rua.
Com uma temporada zicada, Will Power vinha batendo na trave em várias provas onde esteve perto de vencer em 2021, com alguma coisa sempre acontecendo com o australiano. Mas, dizem que não há azar que sempre dure, e Power conseguiu enfim vencer na Indycar este ano, ao faturar a segunda corrida no traçado misto do Indianapolis Motor Speedway. Quem também se redimiu um pouco, depois do erro cometido na prova anterior, em Nashville, foi Colton Herta, que terminou em 3º lugar. E quem deu show novamente no misto de Indianapolis foi Romain Grosjean, que terminou em 2º lugar. E quem teve um dia para esquecer foi Alex Palou, que a 18 voltas do final da prova, ostentando um pódio potencial, parou no meio da pista, com seu motor fumegando: era o abandono do líder do campeonato, que sofria um duro golpe em sua luta pelo título da temporada 2021. Com um 5º lugar, Patrício O’Ward diminuiu sua desvantagem na perseguição a Palou, enquanto Josef Newgarden finalizava num modesto 8º lugar, e Scott Dixon era apenas o 17º, depois de ter de largar lá atrás. Ainda lutando para entender o comportamento do carro em pistas mistas, Hélio Castro Neves foi apenas o 21º, enquanto seu companheiro de time Jack Harvey era um respeitoso 6º lugar. Jimmie Johnson, que vem fazendo uma temporada de puro aprendizado na Indycar, até que teve um bom desempenho nesta corrida, terminando em 19º, mas numa prova onde 28 carros largaram, e tivemos apenas 2 abandonos.
Quando dizem que a situação não pode piorar, aí é que o bicho pega mesmo: se Alex Palou já tinha ficado desolado com o abandono na segunda corrida no misto de Indianápolis, o que dizer então da prova seguinte, em Gateway, onde o piloto espanhol acabou tendo sorte pior, com um novo abandono, ao ser colhido em um strike promovido por Rinus Veekay no meio da prova, que levou junto Scott Dixon, acabando com a corrida de todos eles na última prova em circuito oval da temporada 2021. Com o 2º lugar na corrida, o mexicano Patricio O’Ward assumiu a liderança do campeonato, que até então era de Palou, que agora é o vice-líder, com 10 pontos de desvantagem para o piloto da McLaren. Josef Newgarden venceu a prova, o seu segundo triunfo na temporada, e voltou à luta pelo título, subindo para a 3ª posição, com 413 pontos, apenas 12 a menos do que Palou, com 425, mas também colocando O’Ward em sua alça de mira, com 435 pontos, uma vez que restam 3 provas, onde teremos 150 pontos em jogo, só contabilizando a pontuação das vitórias, sem mencionar os pontos extras pela pole e por ocupar a liderança da corrida. Vitimado por Veekay em Gateway, Scott Dixon é o 4º no campeonato, com 392 pontos, ainda mantendo esperanças de chegar ao seu sétimo título na categoria, apesar de não fazer uma temporada das mais inspiradas, mas chegando lá novamente. O pau vai comer nestas etapas finais da competição, que serão realizadas em Portland, Laguna Seca, e com o encerramento no circuito de rua de Long Beach. Devemos ter uma boa disputa entre estes quatro pilotos, embora outros nomes ainda apareçam com chances matemáticas, mas que dificilmente entrarão firmes na briga.
E Tony Kanaan despediu-se da temporada 2021 da Indycar com mais uma atuação que não fez juz ao seu grande currículo na competição. O piloto baiano terminou apenas em 13º, à frente apenas de Romain Grosjean, que teve uma apresentação cheia de altos e baixos em sua estréia em um circuito oval. Para 2022, muito provavelmente Kanaan repita o esquema de participar apenas das corridas em ovais com a Ganassi, como fez neste ano. E Pietro Fittipaldi acabou sacado da Dale Coyne, uma vez que estava substituindo Grosjean nos circuitos ovais, mas como o piloto resolveu disputar a corrida, e a escuderia não disponibilizou um terceiro carro, o jovem Fittipaldi preferiu ficar de fora, e se concentrar em obter um lugar de titular para 2022, ao invés de lutar por participações esporádicas, até porque continuar como piloto reserva da equipe Haas na F-1 não vai levar mesmo a lugar nenhum, e é melhor começar a verificar outras opções mais viáveis de seguir com a carreira no mundo do automobilismo...
E a passagem de Maverick Viñales pela equipe oficial da Honda chegou ao fim. Depois de ser suspenso pelo time nipônico na segunda corrida realizada na pista de Zeltweg, na Áustria, por ter tentado danificar de forma premeditada o seu equipamento, a escuderia dos três diapasões já havia resolvido deixar o piloto espanhol fora da etapa de Silverstone, de modo que ambos preferiram adiantar o encerramento do contrato entre ambos, que já havia sido antecipado para o fim desta temporada, com previsão inicial de terminar somente no fim de 2022. Desse modo, Cal Cruthlow, que é piloto reserva da Yamaha, e havia substituído o lesionado Franco Morbidelli na equipe satélite SRT na segunda corrida da Áustria, foi chamado para ocupar o lugar de Maverick na corrida britânica. Mas não ficará por aí: Morbidelli, que se recupera de uma cirurgia realizada no joelho antes das férias de julho, irá ocupar a vaga de Viñales no time oficial de fábrica da Yamaha assim que puder voltar à competição, o que deve ocorrer na próxima corrida, em Aragón. E seu lugar na SRT será ocupado pelo italiano Andrea Dovizioso, ex-Ducati, que havia ficado sem lugar para correr nesta temporada, fazendo dupla com Valentino Rossi em suas últimas provas como piloto na MotoGP.
Maverick Viñales, aliás, não ficará a pé: o piloto já acertou contrato para defender a Aprilia na próxima temporada, mas como o espanhol já ficou livre de seu compromisso com o time nipônico, sua nova escuderia já pretende contar com seus serviços ainda este ano. A estréia de Maverick deve ser no GP de Misano, na Itália, no dia 19 de setembro, substituindo Lorenzo Savadori na escuderia. A Aprilia, aliás, confia em conseguir obter vôos mais altos com a contratação de Viñales, ainda mais depois do pódio obtido por seu piloto Aleix Spargaró na etapa da Grã-Bretanha, que terminou a corrida em 3º lugar. Foi o primeiro pódio do piloto, e da escuderia. E não fosse um inspirado Fabio Quartararo, da Yamaha, o vencedor da corrida, e um decidido Alex Rins, da Suzuki, que foi o 2º colocado, poderia ter sido até a primeira vitória da Aprilia na classe rainha do motociclismo. Aleix pilotou forte durante a corrida, mas acabou tendo de se render à melhor performance de Quartararo e Rins. Não foi um resultado fácil, mas tanto Spargaró quanto a Aprilia se mantêm esperançosos de continuarem evoluindo, com meta a superar seus melhores resultados no próximo ano. A Aprilia está na MotoGP desde a temporada de 1997, com algumas interrupções, tendo participado também das categorias de acesso Moto3 e Moto2. Resta saber como Viñales vai se sair no seu novo time, já que o piloto espanhol surpreendia quando defendia a Suzuki, mas não conseguiu repetir o mesmo brilho na Yamaha. E, quanto teve a concorrência de um inspirado Quartararo este ano, desandou por completo a parceria entre o piloto e a escuderia japonesa. Maverick parece ser mais um caso com alguma similaridade com seu antecessor, Jorge Lorenzo, que depois de deixar a Yamaha, também não se acertou mais na MotoGP. Seus dois anos na Ducati não foram um desastre, mas também não foram tão bons quanto ele esperava, tendo demorado muito para se aclimatar à moto italiana, o que o fez ser engolido por Andrea Dovizioso, que lutou pelo título, enquanto Jorge tentava retomar o protagonismo perdido. E só piorou quando Lorenzo foi para a Honda, onde acabou completamente destroçado por Marc Márquez, sem conseguir sequer andar perto da “Formiga Atômica”. Vejamos como Maverick vai ser dar com a moto da Aprilia.
Marc Márquez está tendo mais dificuldades do que imaginava no seu retorno à MotoGP. Apesar da vitória em Sachsenring, a “Formiga Atômica” não conseguiu recuperar a velha forma de pilotagem, e vem amargando resultados aquém do esperado por ele mesmo. Na segunda corrida em Zeltweg, o hexacampeão revelou que precisou fazer uso de analgésicos no braço lesionado no ano passado, para conseguir disputar a corrida, pois as dores eram muito fortes. E o perigo não está longe: Marc tem sofrido quedas em corridas recentes, e isso pode comprometer sua recuperação, que não está totalmente completa. E, para variar, na etapa de Silverstone o piloto da Honda foi novamente ao chão, depois de tocar em Jorge Martin, da Pramac, amargando mais um abandono na temporada. O próprio piloto admite que não sabe precisar em que ponto ele está recuperado ou não, pois tem dias em que não sente nada, enquanto em outros, a dor volta forte, obrigando ao uso de analgésicos injetáveis que são usados com prescrição médica. Melhor que ele vá um pouco mais devagar na pista este ano, para tentar voltar melhor em 2022, do contrário, Márquez poderá ser considerado apenas um ex-campeão em atividade na MotoGP, sem brilhar mais como fazia antigamente...
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