Valentino Rossi comunicou sua aposentadoria da MotoGP, encerrando um era na competição da motovelocidade,
Saiu o comunicado
oficial. Algo que muitos já esperavam, diante dos acontecimentos mais recentes,
embora muitos ainda tivessem esperança de que fosse diferente. Mas, enfim, a
hora chegou: Valentino Rossi, o “Doutor”, um dos maiores vencedores de todos os
tempos do mundo do esporte a motor, anunciou sua aposentadoria, aos 42 anos, ao
fim da atual temporada da MotoGP.
Defendendo o time satélite da Yamaha, a SRT, apesar do apoio do time oficial da fábrica dos três diapasões, a performance do veterano piloto tem sido lastimável, em parte pela forma deficiente como a escuderia tem se comportado nesta temporada, que nem de longe lembra o desempenho exibido em 2020, quando seus pilotos venceram corridas, e foram mais bem-sucedidos que o time oficial. Mas é inegável que Rossi também tem sua parcela de culpa, mas não se pode culpa-lo por querer continuar competindo, mesmo enfrentando pilotos com metade de sua idade no grid atual da classe rainha do motociclismo. Valentino ama o que faz, tinha crédito de sobra junto à Yamaha, e principalmente, junto à MotoGP, onde é desde vários anos, o piloto mais carismático do grid, que arrastava sempre multidões de torcedores em várias etapas do campeonato. Torcedores que, com um pouco de sorte, poderão estar presentes em algumas das etapas restantes da atual temporada, tendo sua oportunidade de reverenciar seu ídolo pela última vez nas pistas na competição em duas rodas.
Por mais que as últimas temporadas tenham sido abaixo das expectativas, em parte pela queda de competitividade da própria Yamaha, e em parte às falhas e/ou azares de Rossi nas corridas, seu currículo no esporte é gigantesco: nada menos do que 9 títulos, sendo 1 na categoria 250cc, outro na categoria 250cc, e nada menos do que 7 títulos na classe rainha, entre 500cc e MotoGP. E nada menos do que 115 vitórias na competição, sendo 12 na categoria 125cc, 14 na 250cc, e impressionantes 89 triunfos nas 500cc/MotoGP.
Desde sua estréia na classe 125cc, com apenas 17 anos, em 1996, pela Scuderia ENI, com uma Aprilia, foram até o presente momento 423 corridas: 30 provas nas 125cc; 30 nas 250cc; e o restante na classe rainha do motociclismo. Um total de 65 pole-positions (5 nas 125cc; 5 nas 250cc, e 55 na classe rainha), com nada menos do que 235 pódios (15 nas 125cc; 21 nas 250cc, e 199 na classe rainha), onde marcou 96 vezes a volta mais rápida (9 nas 125cc, 11 nas 250cc, e 76 nas 500cc/MotoGP). Foram 26 anos de competição, uma carreira extremamente longeva e vitoriosa, com poucas exceções. Valentino só não subiu ao degrau mais alto do pódio nas temporadas de 2011, 2012, 2018, 2019, 2020, e na atual, onde pelo que tem demonstrado, muito provavelmente não terá chances de conquistar um último triunfo de despedida. Sendo assim, o jeito é considerar a vitória no GP da Holanda de 2017, em Assen, a sua despedida do degrau mais alto do pódio.
Sua primeira vitória veio logo em sua temporada de estréia na categoria 125cc, em 1996, no GP da República Tcheca, ano em que terminaria a competição em 9º lugar. Mas no ano seguinte, ele arrasaria a concorrência, agora defendendo a Genesis Racing: foram 11 vitórias em 15 provas, conquistando o título com relativa facilidade. O passo seguinte era a categoria das 250cc, e ele chegou chegando, obtendo 5 triunfos na temporada, e ficando com o vice-campeonato. E, tal como fizera na categoria inferior, no ano seguinte, em 1999, conquistaria o título, com 9 vitórias. Era hora de chegar à classe rainha, que na época ainda era conhecida como 500cc. Estreando pela Nastro Azzuro, time satélite da Honda, Valentino também chegou impondo respeito entre as feras da categoria: venceu 2 provas e terminou vice-campeão, a exemplo do que fizera nas 250cc. Em 2001, ele conquistaria o título pela mesma Nastro Azzuro, averbando 11 vitórias na temporada e deixando todo mundo comendo poeira.
Com as motos da Honda, os primeiros títulos na classe rainha do motociclismo.
No ano seguinte, a
classe rainha passaria a se chamar MotoGP, com motos de 1000cc, uma mudança
significativa na área técnica da competição. Mas para Rossi, agora defendendo o
time oficial da Honda na categoria, não mudou muita coisa: o italiano
conquistou o bicampeonato, com outro cartel de 11 vitórias, e novamente fazendo
os rivais baterem cabeça pensando em como vencê-lo. Bem, a concorrência até que
tentou, mas em 2003, Valentino arrebatou o tricampeonato, desta vez com “apenas”
9 vitórias no ano. E, a exemplo do que Michael Schumacher fez na F-1 no fim de
1995, quando resolveu ir para a Ferrari comandar a reconstrução do time
italiano para voltar a ser campeão, o novo tricampeão da MotoGP mudou-se para a
Yamaha para a temporada de 2004, um time que até então não tinha um retrospecto
vencedor desde 1992, quando conquistou o tricampeonato com Wayne Rainey. E
Rossi nem pareceu ter mudado de time: foi campeão logo em sua temporada de
estréia com a marca dos três diapasões, assombrando todo mundo e transformando
completamente o time nipônico. Quatro títulos consecutivos! Definitivamente,
Valentino Rossi já havia se tornado uma lenda na competição em duas rodas. Mas,
por que se impressionar com um tetracampeonato consecutivo? Pois em 2005 Rossi
tratou de aumentar o seu currículo, chegando ao pentacampeonato, o quinto
título consecutivo, e o segundo pela Yamaha. Já estava ficando feio para a
concorrência, que finalmente conseguiu dar uma estancada no apetite de títulos
do italiano, que foi “apenas” vice-campeão” em 2006, com Nick Hayden e a Honda
a finalmente darem uma resposta. Em 2007, Rossi também não levaria o título,
que ficou com Casey Stoner, com a Ducati, mas Valentino perdeu o
vice-campeonato por apenas 1 ponto para Dani Pedrosa, da Honda. Rossi sentiu
saudades de ser campeão, e em 2008 e 2009, novamente mostraria quem mandava no
pedaço, conquistando seus 6º e 7º títulos. Ao fim da temporada de 2010, com o
relacionamento intempestivo com o novo companheiro de time Jorge Lorenzo, que
levou o título naquele ano, Valentino resolveu se aventurar na Ducati nas
temporadas de 2011 e 2012. Não deu certo, e o italiano passou seus primeiros
anos sem vencer na MotoGP. De volta à Yamaha em 2013, ele foi reatar seus laços
com a escuderia nipônica, voltando a vencer uma corrida. Em 2014, 2015, e 2016,
terminou vice-campeão, tendo perdido os títulos para Lorenzo (2015), e para o
novo fenômeno da classe rainha do motociclismo, o espanhol Marc Márquez.
A partir dali, os resultados foram caindo, com a Yamaha perdendo performance nos anos seguintes. O último triunfo viria em Assen, na Holanda, em 2017, ano em que terminou em 5º lugar no campeonato. Em 2018, uma reação, terminando em 3º lugar, mas em 2019, foi apenas o 7º colocado, e em 2020, o 15º. Este ano, Rossi ocupa uma modesta 19ª posição até o presente momento.
Mas Valentino Rossi não foi um fenômeno apenas por seus números impressionantes de resultados. O italiano possui um caráter ímpar, é extremamente cativante e carismático, e suas comemorações incomuns e gestos espontâneos fizeram com que o piloto ajudasse a popularizar a MotoGP mais do que qualquer outro piloto. E a própria MotoGP aprendeu com Rossi, capitalizando sua popularidade, para se transformar em uma competição das mais emocionantes e disputadas do mundo do esporte a motor. Um feito extremamente incrível, a ponto de, mesmo tendo apresentado resultados bem mais modestos nos últimos tempos, o italiano ainda ser um dos pilotos mais aclamados e populares do grid da categoria. Que o digam seus torcedores, que simplesmente lotavam arquibancadas nos quatro campos do mundo onde a MotoGP se apresenta, ovacionando o Nº 46 onde quer que ele vá.
Na Yamaha, a consolidação de um dos maiores mitos do esporte a motor mundial, que chegou a ser cortejado até pela F-1.
E ontem, na Áustria,
onde a MotoGP faz seu retorno das férias de verão, a notícia da retirada do “Doutor”
da competição ao fim do ano gerou uma grande comoção, não apenas entre os fãs,
mas também entre diversos nomes da MotoGP, colegas e rivais de pista, entre os
profissionais das escuderias, e até mesmo de outras categorias do mundo do
esporte a motor. E não é difícil de entender, dada a popularidade do italiano,
seu imenso talento, e o fascínio que ele causava. Até mesmo a Fórmula 1 flertou
para ter Valentino no grid, com ele chegando a participar de alguns testes com
a Ferrari, que buscava um sucessor para Michael Schumacher, que estava para se
aposentar da F-1. E Rossi até tinha vontade de competir nas quatro rodas, mas
infelizmente, para a F-1, e felizmente, para a MotoGP, ele continuou na competição
das duas rodas, onde foi muito feliz e vitorioso. Mas, não pensem que Valentino
pretende pendurar o capacete: ele agora está livre para participar de outras
competições, e já andou dando uma dica das mais óbvias: aventurar-se nas 24
Horas de Le Mans, certamente já em 2022. E continuaremos a vê-lo no paddock da
MotoGP, já que seu time, a VR46, estréia de forma integral na categoria no
próximo ano, de modo que o “Doutor” agora estará no lado de dentro do box.
Havia especulações de que Rossi poderia continuar no grid em 2022. A SRT deve perder Franco Morbidelli, e havia a possibilidade também de Valentino ser titular de seu próprio time, a VR46, sendo que um dos patrocinadores tinha muito interesse em que o “Doutor” comandasse sua equipe tanto dentro quanto fora das pistas. E Rossi também se incomodava com os acontecimentos dos últimos tempos, que em sua opinião não lhe permitiram planejar adequadamente seus planos. Mas, a falta de resultados pesou na decisão do piloto, já que lhe faltava o prazer de poder competir de forma mais digna, de modo que ele já não se divertia tanto quanto antes. Uma decisão difícil, como ele mesmo admitiu, mas o momento é o ideal para fazer isso. Postergar tal atitude poderia até ser fácil, mas o momento do adeus mais à frente poderia não ser tão correta quanto está sendo no presente momento. É simplesmente aceitar, e honrar a decisão de um dos maiores mitos do esporte a motor da história. E, como já mencionei lá atrás, tratar de aproveitar as corridas finais desta temporada para ver as últimas participações do “Doutor” na pista, entendendo o significado do que sua decisão representa para a MotoGP. Todos sentirão sua falta na pista, mas a vida segue em frente, e depois de praticamente 26 anos competindo nas duas rodas, Valentino tem a sorte de ainda estar inteiro, depois dos acidentes que sofreu ao longo da carreira, e que em um esporte como a competição de motos, expõe seus pilotos a muito mais riscos do que a competição de carros. Poder dizer adeus dessa maneira, por vontade própria, após tantos e tantos anos, é um privilégio de que poucos podem se dar ao luxo, e se orgulhar do que fizeram.
Portanto, é hora de darmos adeus à Valentino Rossi. E vida longa a Valentino Rossi, também. Que aproveite sua vida fora das pistas a partir de 2022...
Em recuperação devido a uma cirurgia para corrigir uma lesão ocasionada por uma queda antes das férias de meio de ano, Franco Morbidelli, vice-campeão da temporada de 2020, foi liberado pela SRT para substituir Maverick Viñales no time oficial da Yamaha na temporada de 2022. O time oficial dos três diapasões ainda não oficializou nomes cotados para assumir a segunda vaga na escuderia, ao lado de Fabio Quartararo, mas a solução mais óbvia, e prática, para a Yamaha, é promover o ítalo-brasileiro, assim como fez com Quartararo. Seria a justa recompensa a Franco, que ainda competia com uma moto de 2019, que mesmo com atualizações, era um equipamento defasado, se comparado às motos do time de fábrica, e de Valentino Rossi, que dispõe de uma moto igual à de Viñales e Quartararo. Pelo que Morbidelli demonstrou em 2020, a Yamaha não ficará decepcionada com os resultados que ele poderá trazer ao time, que terá sangue “novo” em sua dupla titular no próximo ano, já que Viñales está de saída da equipe. Como Morbidelli deve ficar de fora por mais três provas, incluindo a de domingo, Cal Cruthlow será seu substituto na SRT nestas corridas. Morbidelli esperava estar plenamente recuperado até o fim das férias de verão da MotoGP, mas vendo como Marc Márquez teve uma recuperação difícil por ter tentado apressar o seu retorno, o ítalo-brasileiro preferiu não correr maiores riscos, e ter uma recuperação mais completa para evitar problemas.
Na contagem regressiva para a despedida de Valentino Rossi da MotoGP, temos o GP da Estíria neste domingo, que será disputado na pista de Zeltweg, o Red Bull Ring, na Áustria. O canal pago Fox Sports exibe a corrida ao vivo a partir das 9:00 Hrs. pelo horário de Brasília. Será a primeira corrida de uma rodada dupla que a MotoGP disputará em solo austríaco, a exemplo do que foi feito no ano passado, tanto pela MotoGP quanto pela F-1, devido à pandemia da Covid-19, que motivou a criação destas rodadas na mesma pista a fim de se obter um número de corridas razoável para as temporadas das categorias. No ano passado, Andrea Dovizioso venceu a corrida com a Ducati, tendo Joan Mir, da Suzuki na 2ª colocação; e Jack Miller, da Pramac, fechando o pódio. A pista de Zeltweg tem sido quase território exclusivo da Ducati nos últimos anos. Será que o time italiano manterá a escrita nesta temporada? A conferir...
E um conhecido nome da MotoGP estará de volta à pista para disputar o GP da Estíria: é Dani Pedrosa, que havia pendurado o capacete como piloto titular ao fim da temporada de 2018, após anos competindo pela Honda. O piloto espanhol desde então assumiu a posição de piloto de testes da KTM, equipe austríaca, que terá Pedrosa na corrida deste domingo como “wild card”, um piloto extra, que participa apenas eventualmente da competição. Nestes três anos em que ficou longe do grid, Dani nunca teve interesse em participar de alguma prova, mas este ano, a situação mudou, e ele está ansioso para disputar a corrida pela primeira vez com uma moto não-Honda em muito tempo. Apesar de ter competido pelo time oficial da Honda e vencido várias corridas, Pedrosa nunca conseguiu ser campeão, tendo conquistado no máximo os vice-campeonatos de 2007, 2010, e 2012.
E a Indycar está de volta, depois de suas férias de verão, em parte pela ausência da etapa de Toronto, no Canadá, cancelada por causa da pandemia da Covid-19, uma vez que o Canadá não abrandou as restrições de entrada no país, o que inviabilizou a realização do GP. E a prova deste domingo é em Nashville, no Tenesse, em um circuito urbano montado nas ruas da cidade, com 3,49 Km de extensão, e 11 curvas, sendo que um trecho do circuito é montado em uma ponte que cruza o Rio Cumberland, com pista nos dois sentidos. A corrida será disputada em 80 voltas. A TV Cultura exibirá a corrida al vivo, a partir das 18:30 Hrs. deste domingo, pelo horário de Brasília. E teremos um grid cheio, com 27 carros, entre eles o de Hélio Castro Neves, que retoma sua participação no campeonato deste ano da Indycar com a Meyer Shank, depois do triunfo nas 500 Milhas de Indianápolis em maio último.
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