A Fórmula 1 volta das férias de meio de temporada prometendo retomar com tudo o duelo entre Lewis Hamilton (acima) e Max Verstappen (abaixo). Fiquem a postos!
E a Fórmula 1 está de volta, depois das férias de verão neste mês de agosto. O palco, o belo circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica, deve assistir à retomada do duelo principal desta temporada, entre Lewis Hamilton, o atual campeão, e Max Verstappen, o desafiante franco-atirador que promete vir com tudo para cima do heptacampeão.
Ao fim da rodada dupla da Áustria, o duelo entre ambos os pilotos caminhava de forma vigorosamente favorável a Verstappen, e à Red Bull, que haviam disparado tanto na classificação do mundial de pilotos como de construtores, com uma Mercedes e um Lewis Hamilton que pareciam incapazes de responder à forma superior dos desafiantes. O domínio que vimos tantas vezes por parte do inglês e da escuderia alemã agora seria exercido de forma similar pelo piloto holandês e o time austríaco, de modo a tornar o restante da temporada 2021 algo previsível e até enfadonho? A expectativa era forte.
Bem, como dizem, nada como um dia depois do outro. A Mercedes resolveu investir mais em algumas atualizações no seu carro, precisando rever um pouco os planos de se concentrar apenas no carro de 2022, sob o novo regulamento técnico, enquanto a Red Bull já havia decidido dar tudo por tudo no desenvolvimento do seu carro atual, e ser campeã, mesmo que isso pudesse comprometer o seu desenvolvimento em 2022, fato que eles negam veementemente que vá ocorrer. E, numa disputa quase roda a roda entre Hamilton e Verstappen na primeira volta do GP britânico, em Silverstone, sobrou para Verstappen, que em um toque com o inglês, saiu da pista, bateu forte, e deu adeus à prova, que ainda por cima acabou vencida por Lewis. Choradeiras mil por parte de Verstappen e da Red Bull, que estrebuchou até dizer chega (e ainda chia bastante), o maior prejuízo foi a perda da imensa vantagem adquirida até então, mas com boas chances de ser novamente ampliada diante da forte performance de ambos.
Mas aí, veio o GP da Hungria, e em uma largada em piso molhado, eis que um strike promovido por Valtteri Bottas na largada acabou calhando de atingir, entre outros pilotos, justamente a dupla da Red Bull, que novamente ficou histérica com o ocorrido, acusando o finlandês de agir de forma premeditada até na causa do acidente, esquecendo-se até de que Bottas não foi o único piloto a causar confusão na largada no piso molhado traiçoeiro do Hungaroring. E o resultado foi quase o pior possível, com Hamilton e a Mercedes retomando o comando dos campeonatos de pilotos e de construtores, além de a Red Bull estrebuchar novamente contra o time alemão, entre outros impropérios. Será que eles não cansam disso? Bem, parece que não, mas para todos os efeitos, dizem que sim, e que agora pretendem dar a resposta na pista. Veremos o que acontece se um novo incidente surgir...
Strike na largada do GP da Hungria: Valtteri Bottas escorregou no piso molhado e acertou vários carros, entre eles a dupla da Red Bull.
E isso não é difícil
de ocorrer. Max Verstappen sempre guiou com seu estilo arrojado e determinado a
intimidar os rivais na pista, e vai precisar partir para o ataque contra
Hamilton se quiser retomar o domínio da situação. E, como deve ser óbvio, o
inglês vai endurecer o jogo daqui para a frente, depois de ser tolerante até
demais em situações anteriores. Se vamos ver ambos batendo um no outro
novamente, pode ocorrer, mas também podemos ver Max ter um pouco mais de
prudência, especialmente depois de ter sido o maior prejudicado nos incidentes
anteriores, o que não significa que ele vá maneirar muito também.
Devido ao incidente na largada do GP da Hungria, ficamos sem saber exatamente quanto a Mercedes recuperou de performance frente à Red Bull. O time alemão conseguiu até fazer um bom treino de classificação, superando o time dos energéticos em um circuito que, por ser travado, esperava-se ter mais facilidade do que a escuderia de Brackley em lidar com a pista. Mas classificação é classificação, e corrida é corrida. Teoricamente, Verstappen e a Red Bull teriam como reagir na corrida, o que não foi possível conferir pelo strike de Bottas na freada da primeira curva no piso molhado da pista húngara. E o panorama de ambos os times na Hungria não é o mesmo da Bélgica.
O time austríaco trouxe atualizações para seu carro, seguindo sua determinação de evoluir o carro tanto quanto possível até o fim do ano, com o objetivo de conquistar o campeonato, o que significa que eles podem ter recuperado a vantagem diante da Mercedes. Esta, por sua vez, declarou que encerrou as atualizações do seu carro, e que novamente apenas concentrará seus esforços no projeto de 2022, estando satisfeita com a performance atual do modelo W12, com o qual seguirá competindo até o fim do ano. Fica a dúvida se o desempenho do carro será suficiente para que Hamilton consiga se manter na briga com Verstappen, ou se o objetivo será apenas fechar o ano, mesmo tendo de encarar a derrota nesta temporada, depois de anos de domínio, desde 2014.
É uma questão de ser pragmático: o limite orçamentário impede os gastos ilimitados que os times vinham praticando até o ano passado, de modo que quanto mais se gastasse para desenvolver o carro deste ano pode significar menos recursos para aplicar no projeto de 2022. Não fosse esse detalhe, que felizmente a F-1 conseguiu implementar, por força da pandemia da Covid-19, que abalou as fontes de receita da categoria máxima do automobilismo, a Mercedes continuaria firme no desenvolvimento do chassi W12, adotando o mesmo comportamento da Red Bull para com seu modelo RB16B. Encerrando o desenvolvimento de vez agora, qual a maior consequência que a Mercedes pode sofrer na temporada 2021? Praticamente, terminar como vice-campeã, tanto em construtores quanto em pilotos, e apenas isso. Os demais times da competição estão muito atrás para poderem colocar em perigo as posições tanto da Red Bull quanto da esquadra alemã, incluindo nessa lista McLaren e Ferrari, que mesmo fazendo boas temporadas, estão longe dos dois times da ponta.
Tendo vencido todos os títulos de pilotos e construtores da F-1 desde 2014, terminar como vice-campeã este ano, “amargando” a derrota para a Red Bull, não vai nenhum apocalipse catastrófico. Lógico que ninguém gosta de perder, mas é preciso, em determinados momentos, repensar as prioridades. A temporada da Mercedes está longe de ser um desastre, e com os desafios que o novo regulamento técnico impõe para os carros de 2022, não é errado o time germânico dar mais atenção a este projeto, uma vez que ele será a base dos carros dos próximos anos. E, conceber um projeto que resulte em um carro menos competitivo no próximo ano poderá ter reflexos mais duradouros, que poderiam afetar também os carros de 2023 em diante, que com um orçamento mais restritivo, poderiam ser mais difíceis de serem corrigidos, dependendo dos problemas que se apresentassem. Simplesmente podem sacrificar este ano para garantirem-se no ano que vem.
E claro que isso não significa que a Red Bull e Verstappen nadarão de braçada para o título de 2021. Dependendo da situação, podemos ver o duelo se estender até a última corrida. E dependerá também de como isso afetará os pilotos. Se Hamilton se ver em desvantagem, em tese pela sua já larga experiência, o piloto tentará terminar o ano de cabeça erguida, oferecendo o que puder de resistência para impedir uma conquista fácil por parte de Verstappen. Mas, e o piloto holandês? Se estiver em desvantagem no duelo, como ele irá reagir? Pode fazer o mesmo que Hamilton, tentar dificultar ao máximo que o rival leve o título fácil, para deixar claro que nunca desistiu da luta. Mas, e se perder as estribeiras, vendo-se novamente inferiorizado na pista, e fazer alguma besteira? Isso poderia facilitar a situação de Hamilton, que poderia correr para o título com mais tranquilidade. E a disputa poderia acabar antes do que todos poderiam esperar.
Mas também é precipitado afirmar isso, e ainda por cima, presumir que só Verstappen poderia perder o rumo na pista, por se encontrar em situação inferior na pista, como se Lewis não pudesse fazer besteira. Hamilton já fez várias besteiras em sua carreira, e a situação de domínio nos últimos anos poderia camuflar seu autocontrole neste tipo de situação, e sentindo-se pressionado por Max, voltar a errar bastante na pista. Só iremos saber mesmo corrida a corrida. O holandês preferiu desdenhar da vantagem da experiência, ao afirmar que o que interessa é um carro rápido, e que sem isso não se vai muito longe, quando questionado se Hamilton levaria vantagem pelos anos a mais que ele possui na F-1. Não está exatamente errado, mas ignorar a sabedoria que a experiência pode trazer pode ser um erro, onde você pode aprender muito em como lidar com determinadas situações. Não é exatamente uma garantia, mas um trunfo que pode fazer a diferença. E numa disputa acirrada, qualquer detalhe a mais que você puder dispor pode ajudar.
E Max já joga o favoritismo na etapa belga para a Mercedes, afirmando até que espera que as atualizações do RB16B lhe propiciem maiores chances de competir com os rivais. Pelo sim, pelo não, duvido muito que Hamilton e a Mercedes caiam nessa conversa. O perigo está à espreita, e depois do que vimos no primeiro semestre, todo cuidado é pouco...
A bela pista de Spa-Francorchamps, na Bélgica, recebe novamente a categoria máxima do automobilismo.
Spa-Francorchamps é um
circuito maravilhoso em termos de opções. A posição de largada não é essencial,
pois há bons trechos de ultrapassagem, em especial o trecho Raidillon-Kemmel,
logo após a subida da Eau Rouge, onde os carros atingem altas velocidades até
chegarem na freada da Les Combes. Nos últimos anos, só a Ferrari complicou a
situação da Mercedes na pista belga, sendo que a última vitória da Red Bull na
pista das Ardenhas foi em 2014, com Daniel Ricciardo, e isso porque Lewis
Hamilton e Nico Rosberg, a dupla da Mercedes na ocasião, se estranhou logo no início
da corrida, com o alemão dando um toque sutil no companheiro de equipe, que
danificou sua asa dianteira, e furou um dos pneus traseiros do inglês. Mas
currículo não ganha corrida, e a situação da Mercedes e da Red Bull hoje é bem
diferente dos últimos anos. Com seu desenvolvimento encerrado para 2021,
precisaremos ver até onde vai a performance do chassi W12 frente ao modelo
RB16B.
E temos de lembrar que a Red Bull tem um revés momentâneo: o limite de unidades de potência, já que na Hungria, Verstappen chegou à sua terceira unidade permitida, diante dos estragos sofridos nas últimas duas corridas, e que poderá ter de precisar de uma quarta unidade em seu carro em algum momento, diante do elevado número de corridas ainda restante na temporada, o que fará com que tenha de pagar a punição prevista no regulamento por causa disso. Dependendo da corrida, pode ser um fim de semana jogado fora, se for em uma pista difícil de se ultrapassar. E é um problema que também afetará Sergio Perez em algum momento, embora até o presente momento o mexicano tenha usado apenas duas unidades de potência até aqui, mas já tendo que partir para o uso da terceira unidade na Bélgica.
A segunda metade da temporada 2021 deve continuar prendendo as atenções de todos, pois muita coisa interessante está se desenrolando no campeonato deste ano, não apenas a disputa entre os dois postulantes ao título. Vamos ver o que o fim de semana em Spa-Francorchamps nos reserva...
As provas da Bélgica e da Holanda devem ser cruciais para Max Verstappen nesta temporada. São os “GPs” caseiros do holandês, assim como foram as etapas da Áustria e Estíria, no país natal da Red Bull. E Verstappen espera repetir nestas duas provas o que conseguiu na rodada dupla disputada em Zeltweg: vitórias, e nada menos do que isso. Se a Holanda é o país natal de Max, como a corrida só está retornando este ano ao campeonato mundial de F-1, até o ano passado os holandeses quebravam o galho indo assistir à prova de Spa-Francorchamps, pela proximidade da pista das Ardenhas com o país vizinho, de modo que não era difícil vermos hordas laranjas entre o público presente na corrida de Spa. Portanto, Verstappen vai querer fazer bonito diante de sua torcida, e esse bonito, certamente, é vencer as corridas. E, claro, a F-1 tem a preocupação se os fãs de Verstappen não manterão o respeito por Lewis Hamilton, diante dos incidentes entre Mercedes e Red Bull vistos em Silverstone e Hungaroring, que resultaram em prejuízos grandes para Max, que vinha se distanciando cada vez mais na liderança do campeonato. Há o temor de que o heptacampeão seja vaiado pelo público holandês, já que ele se tornou o “inimigo” de Verstappen. Vamos ver se os ânimos estarão acirrados a este ponto. Pelo lado de Max, ele já está cansado de ser questionado se o clima da disputa está incendiado entre ele e Hamilton, mas é obvio que contente ele não está, nem um pouco. Afinal, ele viu uma vantagem de mais de 30 pontos virar fumaça em apenas dois GPs, e ainda ficar 8 pontos atrás de Lewis na classificação. Um novo revés em Spa pode reacender aquele clima belicoso que vimos após o GP em Silverstone, onde só faltou pedirem a crucificação de Hamilton pelo incidente ocorrido entre ele e Verstappen. E é claro que para os fãs, quanto mais incendiária a disputa entre ambos os pilotos, melhor para a emoção da luta pelo título... O pessoal quer ver o clima pegar fogo mesmo!
A Alpine anunciou oficialmente a permanência de Fernando Alonso na escuderia pela temporada de 2022. O acordo inicial era deste ano, com a opção de renovação por mais um ano, embora para muitos, especialmente pela forma como o espanhol vinha se apresentando nos últimos GPs, a confirmação da permanência de Fernando seria mera formalidade. Verdade que Alonso apanhou um pouco nas primeiras corridas, tendo que se readaptar a um carro de F-1, e para variar, a um carro que não é dos mais competitivos, e foi superado por Esteban Ocón nestas primeiras provas. Mas o espanhol virou o jogo, e nas últimas seis corridas, esteve sempre na zona de pontuação ao fim dos GPs, enquanto Ocón ficava a ver navios. O francês conseguiu sua redenção no caótico GP da Hungria, onde conquistou sua primeira vitória na F-1, e a primeira da Alpine na categoria. Alonso, se perdeu a vitória para o companheiro de equipe, fez uma corrida forte, e travou um bom duelo com Lewis Hamilton na parte final da corrida, ganhando tempo que foi útil para garantir que Esteban vencesse a corrida, impedindo que o heptacampeão o alcançasse a tempo de tentar assumir a liderança da prova húngara. Com um carro mais competitivo nas novas regras de 2022, Alonso terá chance de mostrar mais vezes do que é capaz, e se tiver sorte da Alpine conceber um carro que dispute efetivamente as primeiras colocações, quem sabe possamos até rever Fernando no pódio da F-1, de onde está ausente desde 2014...?
A Aston Martin não teve êxito em seu recurso contra a desclassificação de Sebastian Vettel na Hungria, infelizmente. O jeito é tomar mais cuidado para não repetir o erro, porque Vettel mais do que mereceu o pódio que infelizmente acabou perdendo, pois havia feito uma excelente prova...