sexta-feira, 27 de novembro de 2020

MOTOGP 2020

 

Joan Mir venceu pela primeira vez na classe rainha e sagrou-se campeão da MotoGP na temporada 2020, levando a Suzuki a conquistar um novo título depois de duas décadas.


            Em um ano atípico, devido à pandemia da Covid-19, a MotoGP foi outro campeonato, entre tantos outros do mundo esportivo, que teve de se reinventar para apresentar uma disputa, diante das severas restrições sanitárias, e apesar de vários percalços, conseguiu apresentar uma temporada cheia de emoções, e acima de tudo, sem favoritos, algo inédito pela primeira vez em muitos anos. E coroou o jovem Joan Mir, que teve o mérito de levar a Suzuki de volta ao título da classe rainha do motociclismo, depois de praticamente vinte anos da última conquista.

            Sim, já vão 20 anos desde que Kenny Roberts Jr. levantou o último caneco conquistado pela Suzuki, justamente no ano 2000, em uma época onde os norte-americanos e australianos davam as cartas na classe rainha do motociclismo, ao contrário dos tempos atuais, onde os espanhóis são a maioria dos protagonistas. Com o título da Suzuki, já se vão 13 campeonatos onde os times japoneses vencem a competição, domínio que na verdade já vem desde os anos 1970, e que só foi interrompido em 2007, quando a Ducati levou a parada com Casey Stoner. E Joan Mir, em sua segunda temporada, soube aliar constância e foco no campeonato, enquanto os rivais viveram um ano cheio de altos e baixos, algo crucial em uma temporada onde tivemos nada menos do que 9 pilotos diferentes no topo do pódio, sem termos favoritos destacados durante toda a temporada.

            E como chegamos a tantos vencedores diferentes neste ano? Simplesmente ficando sem Marc Márquez na competição. Sim, isso mesmo, a “Formiga Atômica”, como nos anos mais recentes, era o grande favorito para a luta pelo título, mas o piloto da equipe oficial da Honda, hexacampeão da categoria, sofreu um belo tombo logo na primeira prova, disputada em Jerez de La Fronteira, e ficou literalmente fora de combate. Marc até tentou retornar logo na segunda corrida, mas viu que não conseguiria pilotar como gostaria, e teve de adiar o seu retorno. Um retorno que não ocorreu, já que o piloto acabou tento um percalço em casa mesmo, e precisando passar por uma segunda cirurgia (já tinha passado por uma para curar o ferimento no braço direito, decorrente do tombo sofrido na primeira prova), que o obrigou a ficar de molho muito mais tempo do que ele e seu time gostariam, a ponto de, no final, programar seu retorno somente para 2021. Uma volta que pode até demorar um pouco mais, já que se cogita a necessidade de o piloto ter de passar por mais uma cirurgia, visto que sua recuperação está demorando muito para se consolidar.

            E sem Márquez, os demais competidores fizeram a festa nos pódios, e sem a menor cerimônia. Tivemos nada menos do que cinco times vencendo corridas. E o mais incrível: os times oficiais de fábrica ficaram devendo em alguns momentos, vendo seus times satélites darem o ar da graça. Que o diga a Yamaha, que averbou apenas um único triunfo no ano, com Maverick Viñalez, que declarou que este foi a sua pior temporada na classe rainha, cobrando muitas melhorias da marca dos três diapasões. Viñalez foi apenas o 6º colocado na classificação final do campeonato. Pior sorte ainda teve Valentino Rossi. O “Doutor” até começou o ano com ímpeto, mas depois acabou tendo vários azares e abandonos, além de perder duas provas por ter contraído Covid-19, passando mais um ano em branco, e terminando em um melancólico 15º lugar na competição, dando adeus ao time oficial de Iwata, depois de defender a marca por 15 temporadas na classe rainha.

De favorito destacado do início do ano, Fabio Quartararo derrapou feio na parte final da temporada, perdendo o rebolado, e terminando em um 8º lugar na classificação.

            Enquanto o time oficial não engrenava, o time da SRT brilhou em algumas provas. Primeiro foi Fabio Quartararo a assumir o posto de protagonista principal da luta pelo título, depois de vencer de forma convincente as duas primeiras corridas, na pista de Jerez de La Fronteira, na Espanha. Só que o piloto francês, promovido ao time oficial em 2021, logo perdeu o fôlego nas etapas seguintes, com performances menos destacadas, um pouco culpa dos problemas de competitividade enfrentados pelas motos da Yamaha, um pouco por culpa de si próprio, que admitiu não ter tido a cabeça no lugar em certos momentos. Ele até tentou retomar o controle da situação, com uma vitória no GP da Catalunha, mas dali em diante sua temporada desandou de vez, com quedas nas corridas que foram bem aproveitadas pelos rivais, que deixaram o piloto da SRT para trás, terminando a temporada em um modesto 8º lugar. E pior ainda: vendo seu colega de equipe, o muito menos badalado Franco Morbidelli, terminar o ano como vice-campeão, tendo vencido também três provas, mas mantendo-se mais concentrado nas corridas, e desperdiçando menos chances de pontuar. E com um mérito adicional: Morbidelli competiu com o modelo 2019 da Yamaha, enquanto Quartararo teve à sua disposição uma moto 2020, igual às de Rossi e Viñalez. Chega a ser irônico ver que o time satélite da marca dos três diapasões venceu 6 provas, contra apenas um do time oficial. Foram sete triunfos da Yamaha no ano, que dá até a sensação de que foi o melhor equipamento, o que esteve longe da verdade, já que em várias corridas, seus pilotos tiveram dificuldades para lutar por melhores posições, com desempenhos variados, que foram muito mais sentidos no time principal, especialmente com Viñalez, que até classificava bem, mas despencava feio durante as corridas, sendo incapaz de manter a constância de performance, algo que também ocorreu na SRT, ainda que em menor escala. Sobrou de consolo a Yamaha ter sido vice-campeã de construtores, com 204 pontos.

Andrea Dovizioso perdeu uma grande chance de tentar ganhar o título, mas a Ducati desandou em 2020, dispensando maiores sutilezas no trato com sua dupla de pilotos.

            Vice-campeão nos últimos três anos, sendo sempre derrotado por Marc Márquez, sem o hexacampeão na pista, este poderia ser finalmente o ano da grande chance de Andrea Dovizioso e da Ducati, certo? Infelizmente, não. O time italiano, que foi o melhor do “resto” do grid nos últimos anos, perdeu o rumo em 2020, dentro e fora da pista. Com uma moto difícil de apresentar um rendimento uniforme, o clima entre a escuderia e sua dupla de pilotos azedou completamente durante a temporada, a ponto de Danilo Petrucci praticamente comemorar sua demissão para a próxima temporada, onde irá defender a Tech3, time satélite da KTM. Apesar de ter vencido uma corrida na temporada, Danilo terminou o ano apenas em 12º lugar. Pior acabou sendo o resultado para Dovizioso, que mesmo tendo terminado a temporada em 4º lugar, não conseguiu repetir as mesmas performances dos últimos anos, perdendo sua melhor chance de vencer um campeonato desde que estreou no time de Borgo Panigale, ou mesmo na MotoGP, e terminou o ano praticamente desempregado, uma vez que rompeu as negociações com a escuderia, e esta praticamente não fez nenhum esforço para mantê-lo, numa atitude de pouco respeito para quem conseguiu os melhores resultados do time nas últimas temporadas. Sobrou de consolo para Andrea apenas a satisfação de vencer a primeira corrida da Áustria no ano, repetindo o feito dos anos anteriores. Dovizioso deixa a categoria em baixa, com a expectativa de um ano sabático em 2021, e um retorno pra lá de incerto em 2022, completamente sem garantias de se concretizar.

"Os últimos serão os primeiros", diz o ditado. Franco Morbidelli quase conseguiu isso: com a moto em tese menos competitiva das Yamahas na pista, venceu três provas e foi vice-campeão.

            O único ponto positivo para os italianos foi a conquista do Mundial de Construtores, com 221 pontos, obtidos com a união dos resultados de seus times satélites, como a Pramac, onde Jack Miller apresentou algumas performances bem destacadas, que o levaram à 7ª posição final na temporada, enquanto seu companheiro Francesco Bagnaia foi apenas o 16º, tendo ficado algumas provas de fora devido a uma fratura na perna. Uma conquista que, embora importante, ficou aquém do que a Ducati merecia ter conquistado pelo que mostrou nos últimos anos, e até mais do que realmente merecia pelo que fez nesta temporada. Na Esponsorama, outro time satélite da marca italiana, Johann Zarco até conquistou um pódio, mas não foi além de 13º no campeonato, enquanto Tito Rabat foi apenas o 22º, nunca conseguindo terminar dentro dos dez primeiros em uma corrida.

            E quem deu uma boa melhorada neste ano foi a KTM. A marca austríaca averbou três vitórias no ano, sendo apenas uma com o time principal, mas duas com a satélite Tech3. No time oficial, Pol Spargaró terminou o ano com um honroso 5º posto, com destaque para 5 terceiros lugares no ano. Faltou a vitória, mas não faltou garra, apesar de algumas performances um pouco abaixo do esperado, diante de um equipamento que ainda deve maior constância para se colocar firme na disputa pelas primeiras posições, e o piloto espanhol despediu-se do time austríaco com a moral em alta, e pronto para tentar encarar o desafio de correr no time oficial da Honda em 2021. E Brad Binder mostrou presença ao vencer na terceira prova da temporada, em Brno, mostrando que com maior experiência e entrosamento com a RC16, no que depender dos esforços da fábrica austríaca, pode voar bem mais alto na competição, indo além do 11º lugar conquistado neste ano. E quem já veio mostrando isso foi o português Miguel Oliveira, que venceu duas provas com a equipe Tech3, com destaque para a corrida de encerramento da temporada, justamente em Portimão, em Portugal, onde Miguel largou na pole-position e comandou a corrida de ponta a ponta, vencendo a corrida de seu país. Oliveira terminou o ano em 9º, enquanto seu parceiro Iker Lecuona foi apenas o 20º colocado. No Mundial de Construtores, a marca austríaca foi a 4º colocada, com 200 pontos, numa disputa bem parelha com as rivais Yamaha e Suzuki. Um pouco mais de constância, e a KTM poderia até ter faturado o vice-título nos construtores.

            E foi neste sobe-e-desce que a Suzuki, até pouco cotada para disputar o título no início da competição, foi comendo pelas beiradas, sem chamar atenção. Conquistou apenas duas vitórias no ano, uma com Álex Rins e outra com Joan Mir, mas cada um dos pilotos teve apenas três provas em que zeraram na pontuação. O pior resultado de Mir numa bandeirada foi na França, onde terminou em 11º, enquanto Rins acabou sendo 12º em San Marino e 15º em Portugal. Nas demais corridas, ambos os pilotos marcaram pontos, com Joan Mir subindo sete vezes ao pódio, sendo uma vitória, com três segundos lugares e outros três em terceiro. Já Rins teve apenas quatro pódios, sendo uma vitória, dois segundos e um terceiro lugares. E a Suzuki ainda manteve a disputa aberta entre seus pilotos, sem privilegiar Mir em detrimento de Rins: enquanto ambos tivessem chance de título, estavam livres para pilotar firme na pista. Se Rins não conseguiu ir melhor que Mir, não foi por culpa de ninguém além de si próprio, que teve alguns resultados inferiores ao do parceiro em algumas corridas, e permitiu que Joan o deixasse para trás. De qualquer forma Álex não fez feio: ele terminou o ano em 3º lugar, com 139 pontos, contra 171 de Mir, uma diferença de 32 pontos. A Suzuki também ficou em 3º lugar no Mundial de Construtores, com 202 pontos, apenas 2 atrás da vice-campeã Yamaha, e 19 da campeã Ducati.

            E a Honda? Por incrível que possa parecer, o time que venceu os últimos quatro campeonatos, ao perder Marc Márquez, literalmente sumiu das primeiras posições. Continuando a apostar em uma moto com um comportamento difícil na qual apenas a “Formiga Atômica” conseguia andar em alto nível, o time oficial da marca japonesa precisou baixar a crista, e finalmente ouvir seus pilotos, que já reclamavam há muito tempo deste problema do equipamento, mas eram ignorados pela marca, uma vez que Márquez vencia com aparente facilidade, e ainda era campeão, então, para quê perder tempo com as reclamações de quem não brilhava? Alex Márquez, irmão caçula de Marc, já começou a temporada “rebaixado” para 2021, quando defenderá a HRC, e isso certamente não o ajudou a se dar melhor com o comportamento arredio de sua moto, a qual só ficou mais previsível na segunda metade da temporada, com o jovem Alex a conquistar dois pódios, e quase vencer uma corrida. Mas foi só. Na grande maioria das etapas, o piloto que obteve melhores performances com a Honda foi o japonês Takaaki Nakagami, do time satélite HRC, que também experimentou uma melhoria de performance depois que a fábrica resolveu modificar um pouco a moto para deixá-la mais de acordo com o que seus pilotos pediam. Nakagami terminou em 10º lugar, enquanto o outro piloto, Cal Crutchlow, foi apenas 18º. Graças aos dois pódios que conseguiu, Alex Márquez terminou o ano em 14º, enquanto Stefan Bradl, que teve a inglória tarefa de substituir o lesionado Marc Márquez, foi apenas o 19º classificado ao fim do ano. Pela primeira vez desde 2004, a Honda passou uma temporada sem conseguir uma única vitória na competição, um baque, depois de passar a dominar a categoria com Marc Márquez, mostrando como ficou dependente de sua grande estrela. Algo a se pensar em mudar para o futuro próximo, caso tenha novos problemas com o hexacampeão. Nos construtores, a marca nipônica foi a 5º colocada, com 144 pontos, ficando à frente apenas da Aprilia, com míseros 51 pontos, e ocupando um dos últimos lugares na classificação de pilotos, com desempenhos desanimadores de seus pilotos.

Na estréia da MotoGP na bela pista de Portimão, Miguel Oliveira foi o grande nome da corrida, obtendo sua segunda vitória na temporada.

            Em termos de campeonato, tivemos 14 provas, número até satisfatório para compor a temporada. Assim como foi feito na F-1 e na Indycar, foi preciso apelar para a repetição de circuitos, com nomes diferentes para provas nos mesmos autódromos, a grande maioria totalmente sem público, diante das restrições sanitárias para se evitar aglomerações e prevenir o contágio da Covid-19. Jerez de La Fronteira, Zeltweg, Misano, Aragón e Valência tiveram rodadas duplas, oferecendo 10 etapas. Barcelona, Brno e Le Mans conseguiram manter suas etapas, ao contrário de Silverstone, Assen, Sachsenring, e Mugello, mesmo estando na Europa, já que ficou inviável competir fora do Velho Continente. E tivemos a boa chance de vermos Portimão encerrar a temporada, sendo a única pista “nova” no ano, e mostrando a que veio, sendo elogiada pela imensa maioria dos pilotos que lá competiram.

            E se teve algo que ninguém pode reclamar, é que as disputas continuaram a toda dentro da pista, com muitas ultrapassagens, vários tombos, trocas de lideranças (algumas na última volta até), e muitos pegas em todas as provas, que fizeram o pessoal se levantar da poltrona diante da televisão. E a inconstância do desempenho de vários pilotos deixou o campeonato imprevisível como há muito não se via, sendo quase impossível apontar com precisão durante boa parte do ano quem iria dar as cartas na decisão do título, que só por não ter Marc Márquez no páreo, já deixava todo mundo ouriçado, e fazendo as mais diversas apostas. Neste ponto, a MotoGP teve um ano muito melhor do que todos esperávamos.

            No Brasil, os fãs puderam respirar aliviados. Depois de a Globo anunciar que não mais transmitiria as competições da motovelocidade, a empreitada foi assumida pelo Foxsports, em uma operação engendrada pelo consórcio Rio Motorsports, que assumiu os direitos e os repassou ao novo canal. Que teve de resolver a situação por meio do Grupo Disney quando a Rio Motorsports simplesmente deu calote na Dorna, comprometendo a transmissão das provas para nosso país. Felizmente, tudo foi regularizado, com o acerto devido feito com a Dorna, de modo que os fãs poderão ficar tranquilos por poder contar em ver as disputadas das duas rodas pelos próximos anos no canal pago FoxSports, que ainda precisa ganhar mais traquejo na transmissão da MotoGP, é verdade, mas tem tudo para melhorar de nível no próximo ano, quando sua equipe de transmissão estiver mais antenada com a categoria.

Maverick Viñalez ganhou o apelido de "cavalo paraguaio" em 2020: ótimas classificações e péssimas corridas, despencando várias posições muitas vezes já na primeira volta, em um ano pra lá de complicado do time oficial da Yamaha.

 

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – NOVEMBRO DE 2020


          E o mês de novembro está se despedindo, restando somente mais um mês para encerrarmos este ano mais do que conturbado, devido à pandemia da Covid-19, que mostra que ainda vai dar muita dor de cabeça para todo mundo, nos quatro cantos do planeta. E já que é mais um final de mês, como de praxe, lá vamos nós para mais uma edição da Cotação Automobilística, com o tradicional balanço dos acontecimentos do mundo da velocidade neste mês, com comentários sobre cada situação, no esquema já conhecido por todos: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Por hora, então, aproveitem o texto, e tenham uma boa leitura. E, até a próxima edição da Cotação Automobilística, no final do mês que vem, encerrando o ano de 2020...

 

 

EM ALTA:

 

Lewis Hamilton: O piloto inglês sacramentou na Turquia o que todos já esperavam desde o início da temporada, a conquista de seu sétimo título, igualando-se a Michael Schumacher finalmente, e já tendo ultrapassado o número de vitórias do piloto alemão durante o campeonato. E mais uma vez, além de ter se sobressaído com relativa facilidade sobre Valtteri Bottas, que mais uma vez negou fogo na promessa de “dificultar” um pouco a vida de Lewis nas corridas, o inglês ainda deu um verdadeiro show na etapa turca, onde a Mercedes não conseguiu se encontrar devido ao piso sem aderência proporcionado por um asfalto ainda não curado, e cujas características só ficaram ainda mais ariscas com a chuva que caiu. Mesmo não precisando vencer para liquidar a fatura do campeonato, já que Bottas havia rodado e estava fora da zona de pontos, Hamilton ainda foi à luta, e aguardando o momento certo para avançar à frente, foi ganhando posições, até que partiu para a liderança ao superar Sérgio Perez, e literalmente sumir da vista do mexicano. Dosando seu equipamento, e confiando em sua visão de prova, Lewis pegou os concorrentes tentando se acertar na corrida, e averbou sua conquista do título com um triunfo inquestionável, que mais do que faz juz à sua conquista do título da temporada. E ele tem tudo para lutar por mais um título na próxima temporada, o que faria dele o maior vencedor de campeonatos da história, se obtiver o oitavo título. Mais do que um excelente carro que tem nas mãos, Hamilton também se mostra como o melhor piloto da F-1 atual, por mais que muitos tentem desmerecê-lo, sabendo explorar os limites de seu bólido como poucos são capazes de fazer.

 

Joan Mir: O piloto espanhol da equipe Suzuki fez o que muitos pensavam ser impossível, que foi levar o time japonês de volta ao título na classe rainha do motociclismo depois de vinte anos, quando todo mundo achava que Alex Rins seria o provável candidato a realizar tal feito. Em um ano de pandemia, e com Marc Márquez fora do páreo, o campeonato ficou completamente em aberto, e ofuscado pelo brilho inicial de Fabio Quartararo na equipe SRT, poucos notaram a constância e eficiência de Joan, que foi comendo pelas beiradas, sempre pontuando, até assumir a liderança da competição na fase final do campeonato. Aproveitando-se da inconstância de seus rivais na pista, Mir focou-se em terminar as corridas aproveitando todas as oportunidades, e com uma Suzuki em ascenção, obteve os pontos necessários para sagrar-se campeão. O grande mérito de Joan foi se manter concentrado e calmo, empenhando-se em conseguir resultados firmes, mesmo que não pudesse ir ao pódio ou lutar pela vitória. Desse modo, também evitou envolver-se em confusões ou sofrer quedas, tanto quanto possível, enquanto os rivais viviam numa verdadeira montanha russa, ora brilhando em uma corrida, ora apagando-se na prova seguinte. E se faltava conseguir sua primeira vitória, ela veio no GP da Europa, a primeira corrida na pista de Valência, onde Mir reafirmou sua força na luta pelo título, o qual conquistou com uma prova de antecedência do fim da temporada. O piloto agora terá um desafio tão ou até maior do que ter conquistado o título de campeão, que será mantê-lo em 2021, com o esperado retorno de Marc Márquez, e da nova oportunidade dos rivais tentarem batê-lo novamente. Se a Suzuki não dormir sobre os louros de sua vitória, e entregar uma moto competitiva a seus pilotos, ela estará pronta para repetir a dose, e principalmente Mir, que não deve se contentar apenas com um título na categoria.

 

Franco Morbidelli: O piloto ítalo-brasileiro da equipe SRT, satélite da Yamaha na MotoGP, conquistou o vice-campeonato com todos os méritos. Relegado à última “posição” entre os pilotos da marca, contando o time de fábrica da marca dos três diapasões, Franco competiu na temporada com um modelo 2019 da YZR-M1, em tese menos competitivo que o modelo 2020, que foi disponibilizado para Maverick Viñalez e Valentino Rossi, e também para Fabio Quartararo, novo queridinho da Yamaha, e que no próximo ano defenderá o time oficial da marca. Só que Morbidelli manteve a cabeça mais no lugar durante a temporada, enquanto Quartararo, de favorito destacado após vencer as duas primeiras corridas, despencou durante a temporada, não conseguindo retomar como deveria as rédeas da competição, especialmente depois de vencer na Catalunha. Franco, por outro lado, foi crescendo mais devagar, e mantendo mais constância, conquistando sua primeira vitória na corrida de San Marino, e depois faturando as provas de Teruel e de Valência. Morbidelli bem que tentou resistir à escalada de Joan Mir, mas não conseguiu superar todas as deficiências da moto da Yamaha, mas soube lidar melhor com as limitações do equipamento, e se mantendo longe de problemas, tanto quanto possível, e sendo o piloto com mais vitórias no ano, junto com Quartararo. E no ano que vem, terá a companhia da lenda Valentino Rossi a seu lado no box da SRT, onde poderá aprender muito com o veterano heptacampeão, e crescer ainda mais na competição.

 

Final de temporada da Stock Car Brasil: A temporada de 2020 da Stock Car conseguiu entregar emoção e disputas em um ano problemático por causa da pandemia, que bagunçou completamente o planejamento de todos para a temporada da competição, em um ano onde a expectativa era volta do confronto de marcas, com a entrada da Toyota para fazer companhia à Chevrolet. Ouve alguns percalços, é verdade, mas a categoria chega para sua etapa final, no próximo dia 6 de dezembro, em Interlagos, com nada menos do que 11 pilotos com chances matemáticas de título. Mesmo relativizando as chances reais que cada piloto tem de efetivamente chegar ao título, não há como negar que teremos vários competidores dando tudo por tudo na prova final no autódromo paulistano. Se a disputa mais ferrenha deve se dar entre Thiago Camilo, da Ipiranga, e a dupla da RC, Daniel Serra e Ricardo Maurício, que estão separados por apenas sete pontos, não se pode menosprezar quem vem um pouco atrás, como Ricardo Zonta, da RCM; Gabriel Casagrande, da R. Matheis; e Rubens Barrichello, da Fulltime, que podem surpreender os líderes e levar o caneco, dependendo das circunstâncias. A disputa deve pegar fogo na pista, e só é pena que o público não possa acompanhar no autódromo, como deveria ser uma etapa final com tantos possíveis candidatos ao título. Mas tal feito deve ser mais do que valorizado, e esperamos que seja possível termos uma boa disputa para fechar o ano do automobilismo nacional com chance de ouro.

 

Grande Prêmio do Brasil firme na F-1: Depois de tantos meses de conversas, fofocas, e indefinições, eis que o Brasil continuará firme no calendário da categoria máxima do automobilismo, e com seu Grande Prêmio no palco que lhe é de direito, o autódromo de Interlagos, único circuito nacional que reúne as condições necessárias para sediar a disputa de uma prova de um campeonato mundial deste quilate. Mas não foram poucas as vozes, e tratativas, de gente que tentou tirar, da forma mais pueril e indecente possível, a prova do autódromo paulistano, e leva-la para o Rio de Janeiro, prometendo mundos e fundos em um circuito onde nada existe, além de uma floresta que virou o novo alvo da sanha especulativa de picaretas do Estado, que há uma década, comemoraram a destruição da pista de Jacarepaguá para a construção de um parque olímpico que hoje está cada vez mais degradado e abandonado a cada dia que passa. A renovação do contrato com a pista de São Paulo garante o GP em nosso país pelos próximos cinco anos, com possibilidade de renovação por mais cinco. Fôssemos um país sério, não haveria problema de outra pista ganhar o direito de sediar um GP Brasil de F-1. Mas como a operação envolvia manobras escusas, e cheiro de trapaças, além de destruir uma floresta em área de preservação ambiental, cujo relatório de impacto estava eivado de irregularidades, seria uma verdadeira afronta tirar a corrida de Interlagos, e entregar nas mãos desta cambada de vigaristas que até agora não mostrou de onde tiraria os recursos necessários para a construção da nova pista com a qual pretendiam superar Interlagos. Apresentando ao menos um trabalho mais sério, e com propostas factíveis, o circuito paulistano ganhou a confiança da Liberty Media para renovar o seu acordo de realização do GP, ao mesmo tempo em que o grupo proprietário da F-1 se tocou da barca furada que seriam os planos do consórcio Rio Motorsports, não apenas para o prometido autódromo, que sabe-se lá quando e como será viabilizado, e o imbróglio dos direitos de transmissão da F-1 em nosso país. Uma vitória a ser comemorada pelos fãs do esporte a motor, e com muita efusividade.

 

 

 

NA MESMA:

 

Circuito de Portimão: O autódromo do Algarve fez sua estréia este ano tanto na Fórmula 1 quanto na MotoGP, sediando etapas que resultaram em ótimas corridas, tanto nas quatro quanto nas duas rodas, e conquistando elogios quase unânimes de todos os pilotos que lá aceleraram suas máquinas em 2020. Mostrando suas qualidades, tanto em estrutura quando na beleza e desafio de seu traçado, o mais novo autódromo português merece lugar cativo nas principais categorias do esporte a motor, mas só teve chance de realmente sediar corridas de dois importantes certames devido à pandemia da Covid-19, que obrigou os organizadores a buscarem alternativas na Europa diante das restrições de viagens e corte de custos. Com a expectativa de um panorama mais “normal” em 2021, não é de admirar que Portimão já tenha sido deixado de lado, em prol de pistas menos entusiasmantes e desafiadoras para os pilotos, mas que pagam bem mais pelo privilégio de realizar corridas. Ao menos a MotoGP deixou Algarve como pista reserva, para qualquer eventualidade, enquanto na F-1, uma volta a Portimão só ocorrerá caso não possa realizar algum GP em outro canto, como a prova do Vietnã, que não deve mais ocorrer, o que fornece a oportunidade para a pista portuguesa fazer nova aparição no próximo ano, mas novamente apenas em caso de força maior, o que é uma tremenda injustiça, pelo que o circuito proporcionou em termos de emoção e desafio, para a F-1 e MotoGP quando lá estiveram este ano.

 

Sergio Pérez: O piloto mexicano é um dos destaques da parte final da temporada de F-1, mostrando que merece e muito continuar na categoria máxima do automobilismo, mas estando a caminho do desemprego no momento. Com Lance Stroll garantido por seu pai ser o dono do time, só podia restar mesmo o sacrifício do mexicano, que até começou a temporada um pouco abaixo do canadense, em termos de resultados, e por ter perdido duas corridas por estar com Covid-19, mas desde então, Pérez tem terminado todas as provas nos pontos, e na Turquia, voltou ao pódio, agora com um belo 2º lugar, e assumindo a 4ª posição na classificação do campeonato, atrás apenas da dupla da imbatível Mercedes, e de Max Verstappen, da Red Bull. Sergio chegou de trás em uma disputa pelo posto de “melhor do resto” junto a outros pilotos como Charles Le Clerc e Daniel Ricciardo, e tem tudo para levar a melhor neste duelo, aproveitando ao máximo a competitividade de seu carro da Racing point, além do seu talento e capacidade de poupar pneus e equipamento, o que foram cruciais para terminar no pódio em Istambul, e mostrar a seu time que eles erraram em dispensá-lo para a chegada de Sebastian Vettel em 2021. O nome do mexicano é cotado para ocupar o lugar o Alex Alboon na Red Bull no próximo ano, mas Max Verstappen já declarou que prefere outro piloto como companheiro, Nico Hulkenberg, que também andou muito bem quando teve chance substituindo tanto Pérez quanto Stroll no time sediado em Silverstone. Será que o holandês sente que Hulkenberg seria mais facilmente domesticável do que Pérez, que poderia endurecer o jogo para Max no time dos energéticos? Todos gostariam de ter esta resposta, inclusive o próprio Sergio Pérez, que merece e muito a chance de medir forças pilotando um carro vencedor. Quem sabe possamos ver isso no próximo ano? Motivação é o que não falta para o mexicano, isso podemos ver nas últimas provas. Só que a Red Bull ainda não bateu o martelo, e isso só vai aumentando a ansiedade em todos. E tem tudo para ser um vai ou racha para Pérez: se não for para a Red Bull, fica fora da F-1 no próximo ano, e talvez em chances de conseguir voltar...

 

Brasileiros na Indycar em 2021: Insatisfeito com sua temporada de “despedida” em 2020, por causa da pandemia, que tirou o público das arquibancadas em várias corridas, entre elas a Indy500, Tony Kanaan reviu sua decisão de pendurar o capacete na categoria de monopostos dos Estados Unidos. E conseguiu um novo acordo para continuar no grid pelas próximas duas temporadas, e felizmente em um time muito mais estruturado do que a fracassada Foyt, a Ganassi. Mas podem esquecer campanhas mais ousadas, só pelo fato de Tony voltar a ter um esquema mais competitivo: o piloto irá competir apenas nas provas em ovais, no carro que no restante da temporada será conduzido por Jimmy Johnson, um dos destaques da Nascar, e que agora irá se aventurar nos monopostos. Como a Inbdycar está reduzindo o número de provas em circuitos ovais no próximo ano, isso significa que a presença de Kanaan será bem restrita, com o piloto baiano concentrando esforços nas 500 Milhas de Indianápolis, principal prova da competição. E outro piloto que confirmou sua volta à Indycar foi Hélio Castro Neves, que a exemplo de seu compatriota, também não conseguiu fazer um acordo para disputar muitas provas, tendo acertado defender o time da Meyer Shank em apenas 6 corridas, Indy500 inclusa. Desse modo, a presença brasileira no grid da categoria dos Estados Unidos continuará limitada, de modo que uma disputa de título está completamente fora de cogitação, e vitórias, embora mais possíveis, continuarão sendo muito difíceis. Agora é torcer para que a categoria continue tendo transmissão para o Brasil, seja no streaming, seja na TV, aberta ou fechada...

 

Dupla da Alfa Romeo mantida em 2021: E a F-1 fechou mais duas vagas para a temporada do ano que vem, e quando todos esperavam pela mudança de um de seus nomes, a Alfa Romeo surpreendeu, e renovou os contratos tanto de Kimi Raikkonen quanto de Antonio Giovinazzi, que seguirão juntos no time por mais um ano. Era dada quase como certa a contratação de Mick Schumacher para uma das vagas, mas ficava a dúvida sobre quem seria rifado no time. Giovinazzi, que até o presente momento não vem empolgando ninguém, era o mais cotado a ir para o olho da rua, se bem que, em fim de carreira, mesmo Raikkonen poderia já estar de saco cheio e ir preferir fazer outra coisa. Mas no final, optaram por manter ambos os pilotos, que ao menos já sabem que terão outra temporada complicada, já que os carros continuarão sendo os deste ano, com poucas modificações, e que se levarmos em conta como os carros construídos na ex-Sauber andam pouco competitivos este ano, não se deve esperar muitas melhoras para 2021, quando voltam as apostas sobre ser a derradeira temporada de Kimi na F-1, agora como novo recordista absoluto de GPs disputados na categoria, tendo deixado o antigo recordista, Rubens Barrichello, para trás. E Giovinazzi que se cuide, pois no ano que vem pode não ter a mesma sorte que teve neste, ao ganhar essa renovação de contrato...

 

Situação de motor da Red Bull para 2022: Depois do anúncio da debandada da Honda da F-1 ao fim do ano que vem, persiste a dúvida sobre o que o time dos energéticos irá fazer para garantir suas unidades de potência na temporada de 2022. O time prometeu uma decisão até o fim deste mês, e as opções, na prática, se restringem a duas: voltar a usar os propulsores da Renault, marca com a qual venceram quatro campeonatos, ou comprar o projeto da Honda, e desenvolvê-lo por si próprios. Mercedes e Ferrari já descartaram fornecer suas unidades à Red Bull e à Alpha Tauri, ficando a Renault como possibilidade mais viável, já que a partir do ano que vem eles serão os únicos a utilizarem seus propulsores. O que complica tudo é o clima belicoso com o qual a Red Bull tratou a marca francesa nos últimos anos, antes de lhes darem um pé na bunda para se unirem aos japoneses. A Red Bull, para ter melhores chances, pediu um congelamento do desenvolvimento dos propulsores a partir de 2022, como forma de evitar maiores gastos no projeto de desenvolver as unidades que poderia herdar da Honda, mas Ferrari e Renault não estão interessadas em verem seu desenvolvimento ser tolhido só por causa da Red Bull, que ainda mantém o queixo erguido, resistindo à idéia maior de retornar à parceria com os franceses, por não aceitarem ser um time “cliente”. Enquanto negociações e especulações continuam, ficamos sem saber exatamente o que os dois times utilizarão para impulsionar seus carros em 2022. Mas uma resposta terá de ser dada muito em breve, diante da complexidade que o assunto exige quanto à decisão necessária neste sentido, resta sabermos qual será ela...

 

 

 

EM BAIXA:

 

Consórcio Rio Motorsports: O grupo que havia “assumido” os direitos de transmissão da F-1 no Brasil arriou as pernas e pulou fora do negócio, ao mesmo tempo em que viu a confirmação de que o Grande Prêmio do Brasil seguirá firme em Interlagos pelos próximos cinco anos, melando os planos da suspeita que prometia erguer um novíssimo autódromo no Rio de Janeiro, em área de preservação ambiental, e cujos relatórios de impacto do meio ambiente se revelaram mais furados que queijo suíço, mostrando que a empreitada não tinha chances de prosperar do modo como vinha sendo tratada, mas era dada como favas contadas, de que o GP iria acontecer, mesmo que nem um tijolo tivesse sido assentado no local. A Liberty Media, por sua vez, depois do balanço que revelou um grande prejuízo neste ano de pandemia, parece ter caído na real, e vendo que a empreitada do grupo tupiniquim não oferecia garantias de pagamentos, e possivelmente lembrando do calote que a Rio Motorsports deu na Dorna, quanto ao pagamento dos direitos de transmissão do campeonato da MotoGP, preferiu buscar um caminho mais seguro, voltando a negociar a transmissão do campeonato da F-1 com a Globo, que havia desistido da empreitada. Ao alegar que a pandemia foi a causa do insucesso da empreitada, a Rio Motorsports deu uma desculpa que não convenceu ninguém. Muito provavelmente sentindo que não teria como se safar em caso de descobrirem picaretagens na operação, especialmente diante da situação de penúria que vive o Rio de Janeiro, e sem conseguir demonstrar de onde viria o dinheiro dos projetos tão ambiciosos divulgados, a Rio Motorsports optou por não se arriscar em tentar levar adiante seus planos, ao menos não no presente momento. Mas quem ganha é o esporte, pois o GP do Brasil seguirá no calendário pelos próximos anos, e com boa sorte, pela próxima década, de modo que o tão propalado autódromo de Deodoro não deverá ver a luz do dia tão cedo, já que sem a F-1, não teria como justificar a sua existência. E com os direitos da F-1 muito provavelmente retornando à Globo, o grupo perde outro produto potencial para tentar cativar os incautos que acreditavam em seu projeto mirabolante. Se isso é o canto do cisne da Rio Motorsports, talvez seja cedo para dizer, mas a credibilidade necessária para se tocar estes projetos dificilmente será reconquistada perante o público empresarial. Mas estamos no Brasil, e não seria surpresa se eles ainda tentarem vender esse tipo de ladainha em um futuro próximo, mesmo sem ter garantia alguma da viabilidade do projeto, bem como meios de tocarem as empreitadas de forma responsável e crível.

 

Valtteri Bottas: O piloto finlandês mais uma vez não conseguiu oferecer um desafio ao parceiro de time Lewis Hamilton, e agora tem que defender sua vice-liderança no campeonato de um Max Verstappen que, em tese, nem deveria preocupa-lo, diante da diferença de carros à disposição de ambos. Mas Bottas, mais do que azar em algumas provas, também não tem conseguido reagir à altura, e na Turquia, teve uma participação ridícula, sendo notado mais pelas rodadas na pista sem aderência do que pela sua performance na corrida. Mesmo com poucas chances, era o único que poderia adiar, mesmo que temporariamente, a conquista do heptacampeonato por parte de Hamilton, o finlandês sucumbiu fragorosamente em sua missão. Pior: ainda terminou a corrida com uma volta de atraso em relação a Lewis, que conseguiu driblar as adversidades e vencer uma prova onde não era considerado um dos favoritos à vitória. Bottas tem a missão moral de ser pelo menos vice-campeão, mas deveria conseguir esse objetivo com um pouco mais de facilidade, diante da superioridade do carro da Mercedes frente aos concorrentes neste ano, e não se ver sob ameaça de Verstappen, que mesmo com poucas chances, vai ser uma sombra perigosa nas provas finais da temporada. Com contrato renovado por mais um ano, Valtteri está garantido no melhor time da competição, e mais uma vez, vai prometer oferecer mais competição e quem sabe, lutar pelo título, mostrando a categoria que o credenciou na equipe Williams como um campeão em potencial. Só falta combinar com Lewis Hamilton, que mesmo demonstrando ser um fora de série, está tendo um pouco de sua vida facilitada pelos azares e percalços sofridos por seu colega de time. Será que dessa vez vai? Talvez só ele ainda acredite nisso atualmente...

 

Equipe Honda na MotoGP: O time que foi campeão nas últimas temporadas na classe rainha do motociclismo teve um ano infernal em 2020, e não foi no bom sentido da expressão, muito pelo contrário. Com Marc Márquez arrasando a concorrência nos últimos anos, pouca atenção se dava às reclamações dos demais pilotos que utilizavam as motos RC213V da Honda na competição, pedindo por melhorias no seu comportamento arisco e que não lhes permitia desenvolver todo o seu potencial de competição. Mas os japoneses davam de ombros para estas queixas, afinal, Márquez, com seu enorme talento, não apenas domava o cavalo chucro da fábrica nipônica como ainda por cima vencia corridas a torto e a direito, e vencia um título atrás do outro. Só que neste ano, já complicado por causa da pandemia, a Honda ficou sem Marc, que se acidentou logo na primeira corrida, e diferente de outras ocasiões, deu azar de se machucar de forma mais contundente, a ponto de ter de adiar o seu retorno para 2021, praticamente. E sem o seu gênio fora de série, a Honda de protagonista virou mera figurante, e passou a primeira temporada sem vitórias de que há memória na competição, uma vez que Alex Márquez, irmão mais novo de Marc, mostrou não ser exatamente um piloto fora de série. Demorou muitas corridas, até que a Honda decidiu ouvir seus pilotos, do time de fábrica e da equipe satélite LCR, para enfim conseguir uma melhora, mas mesmo assim, não o suficiente para que a marca voltasse a disputar vitórias, tendo como melhor resultado apenas dois segundos lugares de Alex Márquez em duas provas, e terminando o ano com seu melhor piloto, Takaaki Nakagami, da LCR, fechando a temporada apenas em 10º lugar. Alex Márquez foi apenas o 14º, com Cal Crutchlow apenas em 18º, e Stefan Bradl, substituto de Marc Márquez no time oficial da fábrica, em 19º. A Honda ignorou os riscos de ficar dependente de seu principal piloto, e acabou pagando o preço por sua teimosia. E agora fica na esperança de que com o retorno de Marc no próximo ano, volte ao seu protagonismo. Ou terá aprendido a não continuar no mesmo erro?

 

Fabio Quartararo: O piloto francês da SRT começou a temporada 2020 da MotoGP como um verdadeiro furacão, vencendo as duas primeiras provas e colocando-se como favorito disparado para o título da competição, pela forma como conseguiu dominar as duas provas disputadas na pista de Jerez de La Fronteira. Mas o piloto acabou tendo um ano de altos e baixos, e ele esteve longe de conseguir repetir o mesmo desempenho do início do ano. Ainda venceu mais uma corrida, tentando reafirmar-se na luta pelo título, mas dali em diante, azares e performances ruins acabaram por minar seu favoritismo, e ele terminou a temporada apenas em oitavo lugar, mesmo tendo vencido três provas no ano, feito igualado apenas por Franco Morbidelli, justamente seu companheiro de equipe, e que conseguiu manter melhor a cabeça no lugar, terminando o ano como vice-campeão. O próprio piloto já declarou que não conseguiu manter o foco nos momentos de dificuldades, o que o levou a fazer algumas corridas ruins, e a sofrer algumas quedas que poderia ter evitado, especialmente nas etapas finais da temporada, o que não deveria ter permitido acontecer. Se ele sentiu a pressão, mesmo defendendo o time satélite a Yamaha, a cobrança será ainda maior em 2021, por ir competir no time oficial da fábrica, substituindo ninguém menos do que Valentino Rossi. E Quartararo sabe que a parada será dura, e por isso mesmo, já anunciou que vai fazer um acompanhamento psicológico, a fim de se preparar mentalmente para a empreitada que o espera, e tentar voltar a apresentar-se como a nova esperança da Yamaha no grid da MotoGP, como era visto antes do início da temporada, quando já era anunciado no time principal no lugar de Rossi, pelo seu potencial e talento.

 

Andrea Ianonne: O piloto italiano praticamente viu o fim de sua carreira na MotoGP com o resultado do julgamento de seu caso no Tribunal Arbitral do Esporte, que envolvia a suspensão do piloto após ter sido flagrado pelo uso de uma substância proibida em um exame antidoping, com uma suspensão de 4 anos. Alegando ter ingerido uma carne com a possível substância proibida, o piloto não conseguiu apresentar maiores provas do ocorrido, de modo que seu apelo no tribunal acabou não sendo aceito, e sendo então aplicada a pena máxima. Sem conseguir provar sua tese, Ianonne acabou sendo julgado como um caso de doping intencional, e os quatro anos de suspensão, válidos a partir de dezembro do ano passado. O italiano iria defender a Aprilia nesta temporada, que até tentou aguardar o resultado dos apelos do julgamento, quando Ianonne recebeu inicialmente uma suspensão de 18 meses, mas a partir de agora, tudo indica que a escuderia irá acertar em definitivo com outro piloto. Com a suspensão, Ianonne está oficialmente impedido de participar de competições oficiais, e um período de quatro anos deve encerrar sua carreira de piloto não apenas na MotoGP, mas em outras competições, um destino inglório para qualquer esportista, mas que deu azar em um tema tão condenado como o uso de substâncias proibidas, em uma profissão onde dar bom exemplo de saúde é algo vital. Se ele ingeriu de fato de forma não intencional a substância proibida, infelizmente deveria ter mais cuidado, visando sua própria carreira. Se deu bobeira, e não se cuidou, terá uma pena dura, mas merecida.