quinta-feira, 14 de agosto de 2025

HAVOC SERIES - A TEMPORADA DE 1987 – PARTE VII

Chegando à reta final da temporada, e com Nélson Piquet na liderança, virou um tudo ou nada para Nigel Mansell, e ele fez sua parte vencendo a prova da Espanha, mas Piquet minimizou os prejuízos, e seguia boma vantagem bem razoável na ponta da tabela do campeonato.

            E aqui chegamos à reta final da temporada de 1987. Nélson Piquet, após as últimas corridas, estava com a mão na taça praticamente, e Nigel Mansell, seu companheiro na Williams tinha que arrancar com tudo uma vitória aqui, na etapa da Espanha, ou simplesmente dizer adeus às chances de título. E tudo pareceu piorar quando Piquet anotou a pole-position. Mas Nigel Mansell, largando a seu lado na frente, tinha tudo para reverter a situação. O problema era a impressionante constância de Nélson, que vinha terminando todas as corridas no pódio, enquanto o inglês acertava uma prova, e dava azar na outra. Depois de duas corridas onde os resultados aumentaram a vantagem do piloto brasileiro, ou Mansell virava tudo em Jerez, ou o campeonato já era... Até porque, dependendo das posições, Piquet poderia fechar em Jerez a disputa do título.

            Mas, eis que Mansell foi com tudo para a liderança, tomando a ponta ainda na primeira volta, e não foi mais desafiado por ninguém a corrida inteira. Mas a corrida foi complicada para muitos pilotos, em especial aqueles que ficaram “trancados” atrás de Ayrton Senna, que virou uma verdadeira chicane ambulante na pista da Andaluzia, com vários pilotos sem conseguirem superar o brasileiro, que tentou fazer a corrida inteira sem trocar pneus, e se valeu da natureza estreita da pista, já difícil para ultrapassagens, para tentar se segurar como podia na frente de diversos pilotos, o que gerou tensão e erros de vários deles.

            No fim, deu mesmo Mansell, e com a vitória, a conquista da Williams do campeonato de construtores, repetindo o feito do ano anterior. Mas agora a vitória é mais completa, porque praticamente só a dupla da Williams poderia ser campeã, em que pese Senna ainda tivesse algumas chances, mas ninguém acreditava que o piloto da Lotus conseguiria tal feito. Alain Prost, que já não tinha mais chances de chegar ao título, fez uma bela prova para ficar em 2º lugar, com Stefan Johansson garantindo uma dobradinha da McLaren no pódio espanhol, com o 3º lugar. E Piquet? Bem, esta foi a pior corrida do brasileiro no ano, dentre aquelas em que ele recebeu a bandeirada, com o brasileiro da Williams ficando apenas em 4º lugar, tendo perdido a disputa com o piloto sueco pelo lugar mais baixo do pódio. E Ayrton Senna foi apenas o 5º colocado aqui, depois de resistir o quanto pôde aos pilotos atrás de si tentando passar, o que conseguiram conforme os pneus da Lotus iam piorando. O resultado pode não ter sido o que Mansell queria, mas o inglês também não poderia reclamar. Afinal, com 3 provas ainda pela frente, sua diferença agora era de 18 pontos, e com um pouco de sorte, e azar (de Piquet, claro), Nigel chegaria lá. Mas claro que faltava combinar com os rivais. Senna ficava ainda com chances, como Mansell, e até Prost ainda ganhava impulso, mesmo que matemático, para a luta pelo título, mas todo mundo já sabia que apenas Piquet e Mansell eram os protagonistas que poderiam ganhar o campeonato. Confiram então o vídeo completo do GP da Espanha de 1987 postado no You Tube pelo usuário MrViniciusF1 no link abaixo:

 

https://www.youtube.com/watch?v=mOpGSKwhoqw

 

A etapa seguinte do campeonato era o Grande Prêmio do México, que havia feito seu retorno ao campeonato mundial de F-1 em 1986, após uma longa ausência de cerca de 15 anos, e trazia novamente o Circuito da Cidade do México, agora rebatizado de Hermanos Rodriguez, como palco da corrida mexicana na categoria máxima do automobilismo. Na pista, Nigel Mansell só podia buscar um resultado possível: a vitória. Ou ele acabaria dando o título de bandeja para Nélson Piquet, que chegou ao México com chances de fechar a luta pelo título, se conseguisse abrir 19 pontos para o inglês, lembrando que, dali em diante, faltariam apenas duas provas para fechar o ano. E Mansell começou bem, arrancando a pole-position para a corrida, e ainda por cima vendo Piquet largar na segunda fila. Na largada, apesar de Gerhard Berger assumir a ponta, seguido por Thierry Boutsen, Piquet ainda saiu na frente do inglês, mas ao ser tocado por Alain Prost, rodou e ainda ficou parado, mas conseguindo voltar à pista, e agora precisando, mais uma vez, fazer uma heróica corrida de recuperação, como já havia efetuado em Detroit. Com o forte calor, e o ar rarefeito, as quebras começaram também entre os pilotos. Prost, com seu toque em Piquet, acabou por danificar sua McLaren, indo para o abandono, e deixando o time de Ron Dennis zerado na prova, já que Stefan Johansson também já tinha se enroscado com a Zackspeed de Christian Danner antes. E Thierry Boutsen, depois de liderar a parte inicial da corrida, foi outro que também ficou pelo meio do caminho. Berger, que vinha disputando a liderança com o belga da Benetton, nem teve tempo de comemorar, tendo problemas de turbo e abandonando pouco tempo depois, fazendo a Ferrari também deixar a prova a ver navios, uma vez que Michele Alboreto também já tinha abandonado a prova. Isso deixava Mansell com a liderança, e o inglês seguia firme na ponta, enquanto Piquet ralava para voltar lá de trás do pelotão, onde tinha ido parar.

Mas, na volta 33, Derek Warwick, da Arrows, bateu forte na proteção de pneus, e numa atitude rara na época, a corrida precisou ser interrompida para reconstrução da barreira de pneus em um ponto perigoso da pista, a saída da curva Peraltada, feita a pé embaixo pelos pilotos. Na relargada, Piquet veio com tudo para assumir a liderança da prova, mas esta agora passaria a contar com os tempos agregados das duas fases da corrida, de modo que Nigel Mansell, que tinha uma vantagem significativa sobre os demais, foi declarado vencedor na bandeirada final. Piquet acabou em 2º lugar, e Riccardo Patrese conseguia um merecido pódio para a Brabham com o 3º lugar. Ayrton Senna também foi outro a ficar pelo caminho, com apenas 9 carros a terminarem a corrida. Confiram então o vídeo completo do GP do México de 1987 postado no You Tube pelo usuário MrViniciusF1 no link abaixo:

 

https://www.youtube.com/watch?v=LboOmwjHdEM

 

O resultado obtido no México, se foi crucial, não aliviou tanto a situação de Nigel Mansell. Faltando duas provas para encerrar o ano, Piquet ainda detinha 12 pontos de vantagem, e o menor erro poderia ser fatal para as pretensões do inglês, que precisava torcer também para o azar do piloto brasileiro, que no México quase se materializou no toque que levou de Prost logo no começo da corrida. Piquet veio com tudo na segunda metade da prova, mas Mansell, ciente da vantagem que já tinha acumulado antes da interrupção pela batida de Derek Warwick, foi prudente de não querer vencer a todo custo na segunda metade, lembrando que ele já tinha tido azares com este tipo de abordagem em momentos anteriores. Ayrton Senna, por sua vez, despedia-se em definitivo da luta pelo título, como Prost já havia feito, e agora eram apenas coadjuvantes de luxo na disputa de titãs entre os pilotos da equipe Williams pelo troféu de campeão. Então, fiquem a postos para a última postagem desta série que revisita a temporada completa de 1987 da Fórmula 1, que consagrou o tricampeonato de Nélson Piquet. Até breve, pessoal!

No GP do México, nova dobradinha da Williams. Mansell venceu, mas Piquet continuou no comando do campeonato, que ia para as corridas finais com o brasileiro em vantagem contra o inglês.

Nenhum comentário: