Numa corrida das mais agitadas da temporada, Scott Dixon superou a tudo e a todos para vencer mais uma vez confirmando o vice-campeonato já conquistado, atrás apenas o campeão Álex Palou.
Quem
achava que as emoções da temporada 2023 da indycar já haviam se encerrado com a
finalização da disputa do título ainda em Portland, quando Álex Palou, da
Ganassi, comemorou o bicampeonato, e Scott Dixon, seu companheiro de equipe,
também garantiu o vice-campeonato, estava muito enganado. A pista de Laguna
Seca, na Califórnia, pode ser meio ruim em pontos de ultrapassagem, de modo que
várias corridas disputadas ali não ofereceram as emoções que muitos esperavam
em várias edições do GP, mas essa não foi a tônica da prova final desta
temporada do certame de monopostos dos Estados Unidos. Muito pelo contrário,
tivemos emoções a rodo, e várias confusões na pista também. Um prato cheio para
os amantes do automobilismo, que viram de tudo um pouco no belo circuito californiano.
O salseiro começou logo na freada da primeira curva, quando Christian Lundgaard tocou em Scott MacLaughlin, que por sua vez acertou Josef Newgarden, e acabou sobrando também para Graham Rahal, que envolveu também Juri Vips e Marcus Armstrong. Rahal disse adeus à corrida logo ali, enquanto outros conseguiram retornar à corrida, mas com chances bem complicadas de recuperação. Limpeza da confusão feita, todo mundo relargou, mas não demorou para termos uma nova bandeira amarela, quando Newgarden, já com a prova totalmente comprometida, ainda rodou novamente e bateu com o carro, complicando sua situação ainda mais. Relargada, e a prova pareceu correr bem, mas eis que Felix Rosenqvist, em sua despedida da McLaren, acabou se enroscando com o compatriota Marcus Ericsson, também de despedida de seu time, a Ganassi, e tome outra bandeira amarela. Nesse meio tempo, Álex Palou tinha assumido a liderança, e teve grande sorte com essa bandeira amarela, que acabou favorecendo-o diante dos rivais mais próximos, e parecia ter chances de terminar o ano com mais uma vitória.
Mas a situação andava complicada na pista, com pilotos rodando, alguns escapando da pista, e tivemos até rodada de piloto na entrada do pit line, complicando a situação de quem precisava visitar os boxes. E entre idas e vindas das bandeiras amarelas, alguns pilotos tiveram sorte, e outros deram azar. Palou, por exemplo, que já tinha tido sorte em uma das intervenções, deu azar em outra, e perdeu a liderança da prova. Scott MacLaughlin, por sua vez, conseguia se recuperar de forma esplêndida, e aparecia para disputar a liderança. Até Will Power, que vinha em branco na temporada em termos de vitórias, parecia em vias de conseguir a vitória e sair do zero em 2023. Mas, quem não podia ser subestimado era Scott Dixon, e mais uma vez, a exemplo do que fizera na segunda prova do misto de Indianápolis, o hexacampeão novamente surpreendeu para assumir a liderança, sabendo poupar equipamento e combustível para se colocar em posição de vencer. E assim o fez, conquistando sua 3ª vitória na temporada, e coroando com méritos seu vice-campeonato. Palou ainda conseguiu voltar ao ataque, para finalizar em 3º, fechando o pódio.
Com isso, McLaughlin redimiu um pouco a Penske, terminando o campeonato em 3º lugar, já que Newgarden teve um fim de semana e de campeonato para esquecer, tendo finalizado em 5º lugar, sendo superado por Patricio O’Ward na reta final com o mexicano terminando o ano em 4º lugar. Se sobrou a Newgarden o fato de ter vencido a Indy500 e mais 3 provas no ano, o resultado não é de todo ruim, mas para O’Ward, foi um ano abaixo do esperado, onde seu time, a McLaren, passou em branco, sem vencer nenhuma corrida, com Alexander Rossi, seu novo reforço terminando em 9º, e Rosenqvist, despedindo-se do time, apenas em 12º.
Se isso não pareceu bom, o que dizer da Andretti, então? Colton Herta passou o ano em branco, sem vencer nenhuma corrida, tendo de ver Kyle Kirkwood brilhar ao obter as duas únicas vitórias da escuderia na temporada. Herta ainda foi o melhor classificado do time, terminando o ano em um pífio 10º lugar, seguido por Kirkwood em 11º, demonstrando como o time de Michael Andretti ficou à sombra de Ganassi, Penske, e até da McLaren no ano, apesar de alguns bons desempenhos, que infelizmente não retornaram em resultados, como por exemplo as 5 pole-positions anotadas no ano, que fizeram da Andretti o time que mais vezes largou na posição de honra do grid. Só para comparar, Penske e Rahal/Letterman/Lanigan anotaram 4 poles cada uma, enquanto a McLaren largou em primeiro em duas oportunidades, e a Ganassi, time campeão, partiu na frente em apenas duas corridas, o que mostra que não importa quem sai em primeiro, mas quem chega, uma lição que serve também para a McLaren. Curiosamente, as poles do time de Woking foram conquistadas justamente pelo piloto dispensado pelo time, Rosenqvist, mostrando que largar na frente não é requisito de boas temporadas.
Ambos os times tiveram chance de uma redenção em Laguna Seca, porém tudo deu errado. Rosenqvist largou em primeiro, mas terminou em 19º. O’Ward foi apenas o 9º, e Alexander Rossi ainda salvou um 7º lugar. Na Andretti, Colton Herta, que usou uma pintura em seu carro igual à que seu pai usou quando venceu no circuito, cerca de 25 anos trás, também ficou pelo caminho assim como Kirkwood, enquanto Devlin De Francesco fazia apenas figuração na corrida. E Grosjean, se despedindo do time, fechou em 11º, tendo como grande trunfo não ter se metido em nenhuma das várias confusões vistas durante a prova, o que pode ser considerado até surpreendente, dado o nível de acidentes que ele protagonizou durante o ano.
Em sua última corrida de campeonato em tempo integral, Hélio Castro Neves teve uma corrida atribulada, que começou já na classificação, onde rodou e teve de largar da última posição, sem tempo. O brasileiro, tetracampeão da Indy500, conseguiu escapar da confusão da primeira curva, ganhando ali logo de cara 10 posições na pista. No decorrer da prova, Helinho chegou a figurar nas primeiras colocações, mas as coisas se complicaram também para ele, quando deu duas rodadas durante a corrida, sendo que em uma delas atingiu Colton Herta, e acabou também tendo um enrosco com Benjamin Pedersen. No final, acabou a corrida apenas em 13º, e fechou o ano com um modesto 18º lugar no campeonato, muito pouco para alguém com seu currículo na competição, apenas confirmando que seu retorno pelo time da Meyer Shank realmente não deu os resultados esperados, com exceção da impressionante vitória na Indy500 de 2021. A escuderia, aliás, teve azar em Laguna Seca, já que Tom Blonqvist abandonou a prova em uma das confusões da corrida. Poucos pilotos conseguiram de fato passar ilesos durante a prova. O risco de novas bandeiras amarelas bagunçou com as estratégias de times e pilotos, e não dava para apontar favoritos claros na briga pela vitória, para delírio do público que se instalou nas cercanias do circuito, aproveitando cada momento deste encerramento de temporada completamente imprevisível.
Tantas bandeiras amarelas gerou uma situação inusitada: o Pace Car precisou ser reabastecido, tamanho o número de voltas que precisou dar na pista para que as situações fossem normalizadas. As câmeras flagraram o pessoal tendo que reabastecer o veículo às pressas, diante de mais uma necessidade de seu uso, o que até atrasou sua ida à pista naquele momento. De fato, a corrida teve tantas entradas do veículo de segurança que isso certamente pegou o pessoal de surpresa com a necessidade de precisar reabastecer o veículo.
Nem todo mundo, claro, achou interessante o caos vivido durante a prova de Laguna Seca. Zak Brown, da McLaren, presente no fim de semana, classificou a pilotagem dos pilotos de “amadora” e que a Indycar deveria rever seu sistema de punições. Parece que Brown esqueceu que a Indycar não é a F-1, com seus exageros e frescuras a respeito da pilotagem na pista. Na categoria de monopostos dos Estados Unidos, a conversa é outra, é muito mais "racer", e com os pilotos partindo para as divididas de pista mesmo, num show muito, mais muito melhor do que o visto na categoria máxima do automobilismo. E, claro, sem conluios de companheiros de equipe. Era cada um por si, em disputa aberta, e é isso que o fã quer ver, mesmo que no fundo, as coisas dêem errado, apesar de tudo, algo que divide a opinião de certos amantes das competições.
O que não quer dizer que não houve punições aplicadas pela direção da prova aos pilotos que exageram na dose. O próprio vencedor Scott Dixon tomou um drive through logo no início da corrida por um toque em Rinnus Veekay que nem o piloto entendeu direito, já que no salseiro da primeira curva, vários pilotos tiveram que desviar suas trajetórias para evitar bater nos carros que rodaram, e nessa, alguns toques ocorreram entre os pilotos. Foram 17 punições ao todo, de modo que Brown não pode reclamar de que a corrida foi um vale-tudo, mas certamente muito menos do que veríamos na F-1, onde por muito pouco alguns pilotos já tomam punições, e muitos torcedores nutellas ainda ficam reclamando por mais castigo, dependendo do piloto envolvido. Na minha opinião, tem que deixar as coisas rolarem mais. Nenhum piloto na Indycar é exatamente um suicida sobre rodas, de modo que o nível de punições parece ser satisfatório, mas isso depende do torcedor, e claro, também do piloto envolvido, como tem ocorrido na F-1. Mesmo assim, a comparação é desfavorável para a categoria máxima do automobilismo, com a Indycar se saindo muito melhor em termos de disputa e show na pista.
Zak Brown, aliás, terá outras dores de cabeça mais sérias para digerir. O diretor da McLaren moveu ação na justiça norte-americana pela rescisão de Álex Palou quando o espanhol, agora bicampeão, declarou no mês passado que não iria mais cumprir o contrato firmado no ano passado, quando também se meteu em confusão contratual a respeito de onde faria a temporada deste ano. Segundo Brown, Palou assinou um contrato de três anos, onde defenderia a McLaren na Indycar em 2024, 2025, e 2026. Fora isso, ele ainda seria piloto reserva da McLaren na F-1, e pelo planejamento inicial, estaria até neste fim de semana em Cingapura, exercendo essa função, sendo que seu quarto de hotel já estava até reservado pela escuderia. A McLaren alega ter sofrido prejuízo na casa de US$ 20 milhões, e quer ser ressarcida por isso. A briga nos tribunais promete, até porque a Ganassi já anunciou renovação do contrato do piloto para 2024, só que diferente do ano passado, onde Chip Ganassi tinha de fato a primazia sobre a opção de renovar com o piloto, que tentou mudar de time e não conseguiu, tendo de cumprir o contrato que a Ganassi possuía com ele, resta saber se agora o contrato firmado não é mais favorável à McLaren, o que poderia azedar a renovação do piloto espanhol com o time de Chip.
A Indycar sai de cena, já deixando saudades, e uma grande espera até a próxima temporada, com início em março de 2024. Esse grande intervalo, aliás, tem tudo para diminuir nos próximos anos. Temendo concorrer com outros campeonatos esportivos, a Indycar sempre preferiu encerrar seus campeonatos no início de setembro, mas os índices de audiência do certame junto à TV dos Estados Unidos mostra um crescimento firme nas últimas temporadas, sendo que 2023 teve os melhores números de audiência em 12 anos. Roger Penske quer fortalecer o campeonato, e com o crescimento dos índices, é bem provável que o campeonato fique menos compactado em breve, com as corridas se estendendo também até o mês de outubro, e oferecendo menos estresse e correria durante as corridas, com intervalos maiores entre elas. Nos tempos áureos da antiga F-Indy, nos anos 1990, o campeonato chegou até o início de novembro, só para frisar. Se chegar ao meio de outubro, já seria uma boa mudança. Aguardemos o próximo ano para vermos o que eles de fato irão pensar para 2025.
Então, fiquemos agora na espera por 2024, e que seja um campeonato tão ou até melhor do que vimos neste ano...
Tão falado em possibilidades de assumir uma vaga titular em competições em 2024, eis que as portas acabaram se fechando para Felipe Drugovich, quase todas de uma vez. Na Formula-E, onde seu nome era especulado com chances maiores na Andretti, o time confirmou esta semana a contratação de Norman Nato, eliminando as chances do brasileiro formar dupla com o atual campeão da categoria Jake Dennis no próximo ano. Na Maserati, onde Felipe andou em dois testes e impressionou pela velocidade, o time deve cumprir com os contratos de seus dois pilotos, dando mais uma chance a Edoardo Mortara, que apesar da péssima temporada, tem um acordo muito bem amarrado com a escuderia até o fim do próximo ano, enquanto Maxximilian Gunther, contratado às pressas para o lugar que seria de Nyck de Vries, impressionou e até venceu corrida pelo time. Já na F-1, havia boatos de que Felipe poderia ser o companheiro de Valtteri Bottas na Sauber (ex-Alfa Romeo) no próximo ano, mas nesta quinta-feira o time confirmou a renovação com o chinês Guanyou Zhou, mantendo sua dupla atual por mais um ano. Felipe também recusou fazer um teste oferecido pela equipe Carpenter, visando uma possível participação na temporada 2024 da Indycar, da mesma maneira que recusou um teste na Ganassi no ano passado, para se dedicar a tentar um lugar na F-1, que parece cada vez mais distante, já que a Aston Martin, onde é piloto reserva e de teste, não pretende mudar sua dupla titular atual, contando com Fernando Alonso e Lance Stroll, que é filho do dono do time. Com isso, as chances de Felipe conseguir uma vaga no próximo ano reduzem-se quase a zero, havendo ainda a possibilidade de talvez substituir Logan Sargent na Williams, já que o estadunidense não está rendendo nada no time de Grove. Porém seu nome, até o presente momento, não constaria na lista de opções do time inglês. Será que Drugovich vai acabar seguindo a sina de Pietro Fittipaldi, que há anos é piloto reserva e de testes da Haas, mas não encontra lugar nas categorias de monopostos? Uma pena, mas Felipe também pode ter errado ao recusar os testes oferecidos por times da Indycar, que poderiam ser uma opção viável para seu futuro mais imediato, enquanto aguardaria por uma chance mais efetiva na F-1. Veremos agora como o brasileiro irá se posicionar no próximo ano...
A Fórmula 1 inicia hoje os treinos oficiais para o Grande Prêmio de Cingapura, na cidade-estado do sudeste asiático, e teremos novidades na pista. Por conta de obras próximas à zona portuária, o traçado existente entre as curvas 16 e 19 foi eliminado, de modo que agora, a partir da curva 15, criou-se um trecho de reta ligando diretamente à antiga curva 19. Com isso, a extensão total da pista, que era de 5,063 Km, passou para 4,94 Km, e a duração do GP, que era de 61 voltas, passa a ser disputado em 62. O novo trecho de reta deve oferecer um novo ponto de ultrapassagem, além de proporcionar menor estresse aos compostos de pneus. Curiosamente, o novo trecho elimina a antiga curva 17, onde Nelsinho Piquet bateu propositalmente em 2008, para ajudar Fernando Alonso e a equipe Renault a vencerem a corrida, no episódio que ficou conhecido como “Cingapuragate”. Após o término das obras no local do trecho suprimido, não ficou claro se o traçado voltará ao seu layout antigo, ou se será mantido o novo. Se tratando de um circuito de rua, se o novo trecho ajudar na dinâmica das disputas da corrida, pode ser que resolvam mantê-lo, especialmente se ajudar nas ultrapassagens na prova. A etapa do sudeste asiático é a primeira chance da Red Bull fechar matematicamente o campeonato de construtores: se fizer a dobradinha em 1-2 na bandeirada de chegada, e se a Mercedes, vice-líder do campeonato, não marcar nenhum ponto, a escuderia austríaca conquistará o título de construtores de 2023. Difícil, mas não impossível, dependendo do que acontecer na corrida A prova tem transmissão ao vivo pela TV Bandeirantes neste domingo, a partir das 09:00 Hrs., pelo horário de Brasília.
O novo traçado da pista urbana de Cingapura para a F-1, com o novo trecho de reta após Esplanade. |
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