sexta-feira, 7 de novembro de 2025

PARADA NO BRASIL

    

A pista de Interlagos está pronta para mais um fim de semana de Grande Prêmio de F-1, e promete sempre grandes emoções.

           
A Fórmula 1 chegou a Interlagos, e durante a semana, o movimento no autódromo da capital paulista é frenético, e hoje começam as atividades de pista, e na correria que ficou caracterizado nos últimos anos pela adoção do formato Sprint por aqui, sendo a única prova do calendário que ficou fixa neste formato desde então, já que por aqui as corridas curtas, ao contrário do quetem acontecido em outros lugares, tem sim, apresentado boas disputas e empolgado o público, o que não é o visto em outros lugares. Portanto, hoje temos o primeiro e único treino livre, com a classificação para a prova Sprint mais à tarde, e neste sábado a corrida curta, e depois a classificação para a prova do domingo, e podemos esperar muitas emoções.

            Interlagos é um circuito “old school”, e oferece muitas possibilidades de disputas no seu traçado, ainda que seja muito curto, em comparação com a icônica pista dos anos 1970 e 1980, que na minha opinião teria tudo para ser integralmente restaurada e oferecer ainda mais versatilidade ao autódromo e desafio aos pilotos. Na F-1, mesmo com os carros ficando complicados novamente de se ultrapassar, os dois trechos de reta oferecem oportunidades de disputa fortes, e com o uso do DRS, as trocas de posições são constantes, oferecendo um espetáculo para o público presente nas arquibancadas. E o momento da temporada é de decisão, em que pese não haver chance alguma de o título de pilotos ser decidido por aqui, o que não significa que a prova não terá peso decisivo nas campanhas dos pilotos que brigam pelo título da competição.

            Lando Norris chegou a Interlagos como líder do campeonato, tendo superado Oscar Piastri por 1 ponto com sua vitória na Cidade do México, e a disputa, em que pese os maus resultados recentes do australiano, segue plenamente aberta, ainda mais que, contando com a prova brasileira, teremos 4 corridas, e além daqui, a etapa do Qatar, em Losail também terá corrida Sprint, então, a quantidade de pontos em jogo ainda é muito alta, e tudo pode acontecer. E, justamente por ainda haver muitos pontos em jogo, é que o perigo vem de trás: Max Verstappen vem fazendo uma arrancada impressionante desde o GP da Holanda, e vem chegando perto da dupla da McLaren, que mesmo ainda tendo uma vantagem razoável, não pode se dar o luxo de abrir brechas que o tetracampeão holandês possa aproveitar. Mas o problema é que eles deixaram, sim, muitas oportunidades escaparem, e Max, sempre ao seu estilo, veio implacável para se colocar na disputa, mesmo como potencial azarão. E vamos lembrar que, no ano passado, foi praticamente aqui que o piloto da Red Bull, que vinha sendo acossado à distância por Norris na luta pelo título, simplesmente desmoralizou a dupla da McLaren, que naquela altura, já tinha o melhor carro da competição, e vinha numa perseguição ao holandês onde, mesmo sendo difícil, levantava a expectativa do público.

Lando Norris começou o fim de semana com o pé direito... No acelerador! O inglês liderou o único treinoi livre, e vai largar na pole da corrida sprint neste sábado.

           
E o que vimos foi a McLaren dar uma demonstração de força na corrida curta, com uma dobradinha do time papaia, com Norris a tirar mais um pouco a grande vantagem que Verstappen ainda estava conseguindo manter à época, e com isso, conseguindo manter a situação sob controle, apesar de já não contar mais com o melhor carro. O holandês foi o 4º na prova Sprint, e isso ajudava a controlar o prejuízo. Mas no domingo, largando lá de trás com uma punição de troca de motor, enquanto a dupla da McLaren partia à frente, o cenário parecia desolador. Mas a chuva no domingo inverteu as possibilidades, e vimos ali um show antológico do piloto da Red Bull, que no molhado, humilhou toda a concorrência, em especial a dupla titular do time de Woking, batida incontestavelmente na pista, ficando apenas em 6º (Norris) e 8º (Piastri), enquanto Max garantia um triunfo acachampante, e eliminava qualquer hipótese de ainda perder o título de pilotos, que seria confirmado pouco tempo depois. Este ano, a situação é inversa: a dupla de Woking é favorita, mas este favoritismo já vem sendo posto em xeque por Verstappen nas últimas corridas, representando uma séria ameaça que não pode de modo algum ser desprezada. E a pista de Interlagos é um palco potencial de perigo para Norris e Piastri, frente à desenvoltura de Max na pista brasileira. E se voltar a chover de novo? Aí o desastre pode vir a ser certo, se Norris e Piastri não se ajeitarem como se deve.

            Um novo desastre para a dupla papaia pode fazer Verstappen chegar de vez e colocar pressão realmente efetiva, o que irá exigir concentração e determinação de Norris e Verstappen para retomarem as rédeas da situação. O problema é que até agora, no mano a mano, quem você acha que pode ser mais determinado e forte na pista? Por mais que ainda tenham o melhor carro do grid, lamento dizer que nem Lando nem Oscar são os favoritos neste quesito. Ou eles crescem os brios, ou Verstappen vai inevitavelmente sapatear em cima deles, podendo promover a maior reviravolta na pista das últimas décadas da F-1. E para isso, o desempenho de cada um aqui no Brasil é mais do que fundamental, para tentar controlar os danos que possam surgir em Losail, Las Vegas, e Yas Marina.

            No único treino livre, a McLaren fez dobradinha, enquanto Verstappen e a Red Bull pareceram ter mais problemas do que o esperado, mas na hora do grid da prova Sprint, que é quando as coisas ficam mais realistas, Lando Norris mostrou força para arrancar a pole, e Piastri sai em 3º lugar, surpreendido que foi por Andrea Kimi Antonelli, da Mercedes, que surpreendeu com o 2º tempo, e vai largar na primeira fila. Verstappen, reclamando muito do carro, sai em 6º, e a Red Bull aparentemente joga a toalha quanto a tentar brigar pela vitória no final de semana. Só que não é bom ficar relaxando assim, pois no México eles também diziam que não brigariam pela vitória, mas Verstappen foi ao pódio, e ficou na frente de Piastri, devido aos erros do australiano na classificação para o grid da prova mexicana. Se o clima não aprontar nada com uma proverbial intervenção de São Pedro, pode até ser que a McLaren deite e role em Interlagos, mas enquanto a bandeirada de chegada não for dada, nada pode ser dado como garantido, e portanto, tudo ainda fica na expectativa. Pode até não rolar nada na prova Sprint amanhã, mas e domingo? Pelo sim, pelo não, que ninguém se espante se flagrar alguém no box da Red Bull fazendo a dança da chuva para alterar as probabilidades do fim de semana...


Oscar Piastri já começou atrás de Norris no fim de semana. O australiano vai conseguir reagir e retomar a liderança do campeonato?

            
A Mercedes pode até tentar entrar na briga pela vitória. Antonelli andou até mais forte que George Russell na classificação da Sprint, mas vamos ver como os carros prateados se comportarão na corrida, e se realmente brigarão pelo degrau mais alto do pódio. A Aston Martin até surpreendeu, mas classificação não tem sido uma condição muito real para o time de Silverstone, que vive seus últimos dias de competição esperando o novo bólido do projetista Adrian Newey que estréia em 2026. E a Ferrari, depois de mostrar um bom desempenho na Cidade do México, voltou a decepcionar, e a ter de brigar por posições secundárias no TOP-10, em mais um fim de semana que, ao que parece, não vai comover os tiffosi, comprovando mais uma vez que foi uma temporada completamente perdida para o time de Maranello. Para os brasileiros, a boa forma exibida pela Sauber no treino livre até que foi esperançosa, mas Gabriel caiu no Q2, e pelo menos na Sprint, vai tentar dar o seu melhor para chegar no TOP-10, e ver o que de fato poderá oferecer na classificação para a corrida de domingo. Mas só o fato de os brasileiros terem de novo um piloto no grid já é motivo de comemoração, e quem sabe, ver Bortoleto conseguir pontuar, já seria praticamente uma vitória. Gabriel sabe disso, mas mantém a cautela, mesmo com boas expectativas de rendimento do carro da Sauber, exibidas por Nico Hulkenberg. Vejamos se nosso novo representante brasileiro na categoria máxima do automobilismo poderá ter uma estréia positiva no seu GP caseiro...

            Então, vamos para as provas do fim de semana, e podemos esperar por muita agitação na pista, porque se tem uma regra de um ditado popular que vale para o circuito paulistano, é de que pista antiga é que faz corrida boa, e no caso de Interlagos, isso é bem verdadeiro...

Max Verstappen (acima) diz que não espera um bom resultado no Brasil, se alguém acreditar, claro. E os torcedores brasileiros terão novamente um conterrâneo no grid: Gabriel Bortoleto, com a Sauber.


 

 

E alguns milagres ainda acontecem na F-1. Franco Colapinto foi anunciado com contrato renovado para seguir na Alpine em 2026. O piloto argentino foi jogado no lugar de Jack Doohan após um processo de fritura óbvia do australiano nas primeiras corridas do ano, sendo despachado por Flavio Briatore bem ao seu estilo destruidor de pilotos que o caracterizaram em seus antigos dias na categoria máxima do automobilismo. Só que o argentino segue até agora zerado no campeonato, e só conseguiu se salvar porque começou a andar mais próximo de Pierre Gasly, que já renovou com o time de Enstone até 2028, e graças ao polpudo patrocínio do Mercado Livre, que passou inclusive a estampar seu logo na asa traseira dos carros franceses nas últimas corridas. É verdade que o carro ruim da Alpine também não ajudou, mas certamente o apoio financeiro foi mais forte do que a falta de resultados, pois Jack Doohan quase teria recuperado sua vaga no time, não fosse o patrocínio levado pelo piloto argentino. E Paul Aron, que foi sondado para a vaga, também não teria conseguido atrair um suporte financeiro, o que acabou dando a Colapinto o trunfo para seguir no time, apesar da irascibilidade de Briatore. Bom, sorte de Franco, que seguirá no grid, embora sempre se possa perguntar sabe-se lá por quanto tempo, porque com Briatore no comando, nenhum contrato tem garantia alguma, e até mesmo Gasly pode entrar na corda bamba se não mostrar resultados. Para 2026 a Alpine vira equipe cliente da Mercedes, e terá um propulsor de respeito, embora o problema atual do time seja ter o pior carro do grid, situação que precisará ser resolvida no próximo campeonato, quando estréia no novo regulamento técnico, e que certamente será o principal aspecto que a escuderia precisará resolver...

 

 

A MotoGP chega a Portugal para a penúltima etapa da temporada, no belo circuito de Portimão, no Algarve. Se o título e o vice-título da classe rainha estão decididos, a 3ª posição no campeonato, contudo, ainda está em jogo, e a disputa é de tudo ou nada para seus contendores, que se resumem basicamente a Marco Bezzecchi e Francesco Bagnaia. Bezzecchi chegou a uma Aprilia onde se imaginava que seria mero coadjuvante, tendo a seu lado o então campeão reinante Jorge Martin, que chegava ao time italiano com a missão de provar à Ducati que eles haviam errado em preteri-lo em lugar de contratar Marc Márquez. Só que uma série de azares do espanhol o fez ficar praticamente de fora de quase toda a temporada, de modo que Marco ganhou espaço para brilhar, e fez bonito, ganhando até corrida, e crescendo no time, ganhando respeito de todos, enquanto Martin vivia seu inferno astral e chegou até a criar um bate-boca sobre se cumpriria o seu contrato de dois anos com a Aprilia, o que certamente não ajudou a criar um bom clima do campeão com seu novo time. Indiferente a isso, Bezzecchi aproveitou, e bem, a chance para crescer, e graças ao comportamento errático de “Pecco” Bagnaia na temporada, ficando fora da briga pelo título, eis que agora o bicampeão foi passado para trás na classificação do campeonato por Marco, que certamente vai querer manter essa posição até o fim, e se consolidar como “melhor do resto”, em um ano onde Marc Márquez ofuscou a todos, e deixou todo mundo na sobra, até mesmo seu irmão caçula Álex, que só não foi massacrado como os demais porque fez sua melhor temporada na competição, conquistando merecidamente o vice-campeonato. Mas a diferença entre Bezzecchi e Bagnaia é de míseros 5 pontos, e com 74 ainda em jogo, muita coisa pode acontecer. Consolidar-se como 3º colocado faria Bezzecchi ser o líder da Aprilia em 2026, quando Jorge Martin deverá estar de volta e, quem sabe, recuperado, e disposto a mostrar porque foi campeão e vic-campeão mundial, o que pode significar querer colocar Bezzecchi de novo para escanteio, o que será bem mais difícil do que ele poderia imaginar. Lógico que, pelas comdições da Aprilia no ano, tanto faz ser 3º ou 4º, mas porque se contentar com o menos quando se pode ter o mais? Já “Pecco”, que viveu um inferno na temporada 2025, vendo o colega de time arrasar a concorrência enquanto ele se debatia com problemas na moto, e consigo mesmo, já sofreu outra derrota contundente ao perder o vice-campeonato para Álex Márquez, e agora, ser superado por Bezzecchi só complica ainda mais a situação. Já era ponto de honra ser vice-campeão, e ele perdeu a batalha. Agora, perder mais uma, e ficar apenas em 4º lugar vai ser ainda mais desmoralizante. Diante do retrospecto no ano, Bezzecchi é o favorito na briga, mas Bagnaia pode conseguir reagir, como mostrou em Motegi, revivendo seus bons momentos na competição. Com Marc Márquez afastado pelo acidente causado por Bezzecchi na Indonésia, Bagnaia tem a atenção total da Ducati para pelo menos evitar esta nova derrota. Resta saber se ele irá conseguir pelo menos isso como conquista moral, que já não é tão moral como deveria ser, mas... A corrida Sprint tem largada às 12:00 Hrs. neste sábado, e no domingo, a corrida começa às 10:00 Hrs., pelo horário de Brasília, e com transmissão ao vivo pelo canal pago ESPN.

 

 

E quem chega a Portimão com chance de conquistar o título é o brasileiro Diogo Moreira, que assumiu a liderança do campeonato da Moto 2 na última etapa. Diogo abriu 9 pontos de vantagem sobre Manuel Gonzalez, e precisa abrir mais 17 para não levar a decisão para Valência. A tarefa não é muito fácil, pois ainda temos 50 pontos em jogo, mas qualquer aumento da vantagem será positivo para Moreira, que já sobe para a MotoGP em 2026 defendendo a equipe satélite da Honda, a LCR, mas claro que levar o título da categoria de acesso dá mais moral para o piloto, ainda que, tal qual a F-1, ele terá de construir o seu próprio brilho na classe rainha do motociclismo se quiser trilhar carreira por lá. O que pode complicar as coisas é que Manuel Gonzalez tem um bom retrospecto na pista de Portimão, e isso indica que ele tem tudo para repetir o bom desempenho e dificultar a tarefa de Diogo de aumentar a vantagem para chegar a Valência com mais folga para poder decidir o título. E claro que Diogo também tem que tomar cuidado. Desde o retorno das férias de verão Moreira reverteu sua posição no campeonato, tendo atuações melhores que o rival, mas nem por isso significa que a situação será mais fácil. Se as coisas se complicaram para Gonzalez nas últimas corridas, quem garante que a sorte de Diogo não toma um revés? Ele tem que estar preparado para o tudo ou nada, e em se tratando de provas de motovelocidade, muita coisa pode acontecer..

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