sexta-feira, 4 de julho de 2025

NORRIS OU PIASTRI?

McLaren: domínio do GP da Áustria, e duelo entre seus pilotos marcaram a tônica da prova em Zeltweg.

            Depois de enfrentar alguns percalços na etapa do Canadá, a McLaren voltou a deitar e rolar na etapa da Áustria, em Zeltweg, e conquistou uma nova dobradinha para ninguém botar defeito, com uma dominância firme e visceral no circuito da Estíria. E vimos um duelo onde a equipe interveio para evitar um desfecho similar ao de Montreal, dando uma “preferência” a Lando Norris em detrimento de Oscar Piastri, e mesmo assim, o australiano chegou colado no inglês na reta de chegada.

            Mas chegamos perto de vermos um repeteco do que ocorreu em Montreal, quando numa disputa de posição, na freada de uma curva, Piastri precisou frear forte, com direito a cantada de pneu, para evitar colidir com Norris. E a partir das paradas de box, a McLaren resolveu mexer uns pauzinhos, de modo que quando cada um dos pilotos fez sua troca de pneus, o resultado deixou Piastri mais distante de Norris, garantindo certa “tranquilidade” à disputa. E mesmo assim, Piastri foi à caça, tendo que tirar a diferença, e alcançando o colega de equipe, onde na segunda parada, mais uma vez o inglês aumentou sua vantagem sobre o australiano, que de novo no ataque, chegou em Lando nas voltas finais, mas não conseguiu consumar uma tentativa de ultrapassagem. Ou talvez tenha se contentado com o 2º lugar, e não arriscar a liderança do campeonato, que ainda é dele, agora por uma diferença de 15 pontos.

            Com o abandono de Max Verstappen, diante da barbeiragem de Andrea Kimi Antonelli ainda na primeira volta, pode-se dizer que a disputa pelo título da temporada deve ficar mesmo só entre a dupla da McLaren. Não que Verstappen pudesse fazer algo na corrida contra a dupla papaia, pelo desempenho dos treinos, mas certamente ter ficado zerado em Zeltweg representou uma desvantagem ainda maior na pontuação do holandês frente a dupla do time de Woking, ficando 61 pontos atrás do líder Piastri, mais do que a pontuação de dois GPs seguidos em caso de vitória, e forçando Max a ter de começar a se preocupar com quem vem atrás, como George Russell, Charles LeClerc, e talvez até Lewis Hamilton. O fato de Max ter demonstrado calma e até resignação com o abandono é um sinal que pode significar maturidade em relação ao momento atual: não há muito o que fazer, mas não adianta ficar de birra e brigado com todo mundo… Ele ainda pode fazer um campeonato muito decente, se entendeu de fato que este ano não dá, mas quem sabe no ano que vem… Há momentos de glória, e de derrota, cabe a ele aproveitar cada momento como for possível.

Na casa da Red Bull, Max Verstappen foi atingido por Andrea Kimi Antonelli logo na primeira volta e abandonou a corrida, com o time dos energéticos saindo completamente zerado da prova.

            Com o afastamento talvez da ameaça mais provável, que seria justamente Verstappen, a McLaren pode se dar ao luxo de deixar a briga em aberto entre seus pilotos. Mas, o que vimos na Áustria pode começar a dizer que a luta não será tão aberta assim, ou no mínimo, quem largar e se manter na frente, fica por lá. E Lando Norris dominou as atenções neste final de semana em Zeltweg, ficando sempre à frente de Piastri, que inclusive, na hora H, falhou em conseguir um lugar na primeira fila, sendo superado por LeClerc. Piastri ainda largou bem, e quase tomou a liderança de Norris, que contudo se defendeu bem, e não abriu brechas para ser ultrapassado pelo companheiro de equipe, que continuou colado nele por um bom tempo, deixando todo mundo na expectativa se iria tomar a ponta e vencer mais uma, até porque parecia mostrar mais desenvoltura e velocidade que Norris.

            Mas o inglês cumpriu o seu papel. Fez uma pole-position demolidora, e em boa parte da corrida andou mais forte, deixando ao australiano a posição secundária na prova, o que vinha faltando nas atuações de Lando até aqui na maior parte do campeonato, onde sempre chegou a andar forte nos treinos, mas na classificação, vinha errando, e comprometendo seu desempenho na corrida, enquanto Piastri, mais centrado e cirúrgico, cometia menos erros e validava as chances que o excelente carro da McLaren lhe proporciona. Agora resta ver como se dará o duelo entre ambos nas etapas restantes da competição, até porque ainda nem chegamos na metade da temporada.

            Piastri vem fazendo um excelente campeonato, surpreendendo pela maturidade, e pela constância. Tirando a rodada na prova da Austrália, Oscar vem bem em todas as demais corridas, sendo que no Canadá foi a primeira prova sem um carro da McLaren no pódio, mas onde podemos ver que foi um resultado mais circunstancial do que uma queda de rendimento do time como um todo. E mesmo assim, eles estavam com a primeira posição da corrida logo à vista curta, sendo que, com um pouco mais de sorte na estratégia, talvez tivessem brigado por mais um triunfo também. E Norris, depois da besteira que fez no fim daquela corrida, se redime com uma atuação impecável em Zeltweg mais do que merecida, e se recredenciando à briga pelo título, algo que parecia estar lhe escapando depois de ser superado, até com certa facilidade, por seu colega de time australiano.

Depois de errar e bater no Canadá, Lando Norris se redime com uma vitória firme na Áustria, tentando recuperar-se perante Oscar Piastri no campeonato. Mas quem será o campeão de 2025?

            A disputa entre os dois promete. Norris já mostrou muito potencial para ser um piloto campeão, mas sempre parece precisar provar que tem verve e determinação para isso, especialmente no ano passado, onde quando teve um carro efetivamente melhor, perdeu o duelo com Max Verstappen em vários momentos, permitindo ao holandês conquistar seu tetracampeonato com poucos sustos. E, neste ano, os erros do inglês, seja em classificação, seja em corrida, chegaram a comprometer seu favoritismo na disputa, com Piastri chegando a ser apontado como grande favorito para levar a taça. Mas, ainda é cedo para afirmarmos quem vai de fato levar o troféu. Se quiser confirmar mesmo que está de volta, Lando precisa ser impecável como foi na Áustria, e não há tempo a perder, porque hoje começam os treinos em Silverstone, e é a chance de afirmar que a boa forma exibida na Estíria é o novo Lando Norris que precisa se garantir como postulante ao título. E a Piastri, cabe afirmar que não vai se deixar abater, e virá para manter sua liderança no campeonato.

            No cômputo geral da temporada, o retrospecto é favorável a Piastri, que tem conseguido manter melhor o foco, e errar menos. Já Norris, apesar de aparentemente ter recuperado a determinação, ainda precisa se firmar. Com a disputa no ano reduzida praticamente aos dois pilotos, vai vencer quem errar menos. E ninguém aqui quer perder, o que não significa que ambos serão sempre impecáveis na pista. E por enquanto, o clima interno na escuderia é de tranquilidade, o que é muito bom, evitando ruídos e estresses desnecessários. Mas, claro, isso pode não durar para sempre, basta lembrarmos de como começou a parceria entre Ayrton Senna e Alain Prost na mesma McLaren, em 1988, tudo muito cordial e de respeito mútuo entre ambos, mas que já começou a ter algumas intrigas e discordâncias na segunda metade daquele mesmo ano, até descambar para a rivalidade e guerra declarada no início da temporada de 1989. Não parece que Norris e Piastri sejam ainda tão enfáticos assim, afinal, ambos estão lutando pela primeira vez com chances de serem campeões, e ambos sabem que alguém vai vencer, e que alguém vai perder. Resta saber quem...

Ferrari: a melhor do "resto" do grid na prova da Áustria, mas ainda sem força para desafiar a McLaren.

            E precisamos ver como a McLaren vai se portar também. Depois de ver seus pilotos quase se pegando na pista, o time adotou paradas de box que separaram a dupla na pista por alguns segundos, garantindo uma relativa tranquilidade, e evitando novos entreveros. Resta saber se isso não vai criar certa animosidade entre os pilotos. Norris acabou privilegiado na Áustria, mas ele tinha começado melhor a corrida e se mantinha firme ali, uma vez que Piastri não conseguiu tomar a liderança da prova. Mas, e se na prova deste final de semana, for Piastri quem se colocar melhor? Se houve a possibilidade de um novo duelo potencial entre ambos, com riscos explícitos de um erro crasso no embate de ambos, o time poderá ter de apelar para a mesma estratégia de Zeltweg, e aí, quem for prejudicado na luta vai aceitar, ou vai começar a chiar? No ano passado a McLaren meteu os pés pelas mãos em alguns momentos, notadamente no GP da Hungria, onde Piastri vinha para uma vitória tranquila, mas tivemos aquele rolo da parada de box, que deixou Norris na liderança, e toda aquela conversa de rádio a respeito de devolver a posição ao australiano, algo que Lando relutou muito em fazer, até acatar a ordem, mas que a McLaren poderia ter evitado se expor a esse desgaste, e a seus pilotos. Vamos apenas esperar que a escuderia não cometa este tipo de tropeço de novo, e que as decisões sejam feitas na pista, e não fora dela.

            Qualquer que seja o campeão, Lando Norris, ou Oscar Piastri, será um regresso triunfal da McLaren ao posto de protagonista na F-1, depois de uma década completa praticamente no posto de figurante, e chegando até a flertar com o fundo do grid, nos tempos da parceria com a Honda, entre 2015 e 2017, onde o time de Woking parecia seguir o caminho de outros times vencedores que, por más escolhas e administração equivocada, iniciaram sua longa e interminável decadência… Mas a escuderia renasceu na competição nos últimos anos, e com um projeto técnico bem sucedido, voltou ao pelotão da frente, e está pronta para, novamente, ser campeã na categoria máxima do automobilismo. Um retorno ao topo mais do que bem-vindo, se lembrarmos que, de 2010 para cá, apenas Mercedes e Red Bull foram campeãs na competição, com no máximo a Ferrari chegando perto, mas batendo na trave em algumas oportunidades.

 

 

E Gabriel Bhortoleto finalmente desencantou na F-1. Depois de penar com o carro pouco competitivo no início do ano, sofrer com erros normais de qualquer novato no grid, e ainda ter de encarar estratégias de corrida equivocadas impostas pelo time que o prejudicou em algumas provas, eis que o brasileiro começou a etapa da Áustria com o pé direito, e acelerando firme. Ficou com bons tempos em todos os treinos livres, aproveitando as evoluções que deixaram o carro da Sauber mais competitivo, e na hora da classificação, deu um show de competência e velocidade, indo pela primeira vez ao Q3, com uma ótima 8ª posição de largada. Mas tudo poderia ter ido pelo brejo logo no início da corrida, quando Andrea Kimi Antonelli perdeu a freada numa curva, e atingiu Max Verstappen, obrigando o brasileiro a ir para fora da pista para evitar ser atingido pelo enrosco, o que quase aconteceu, e poderia ter comprometido seu bom final de semana. Dali em diante, sem dois adversários potenciais na prova, Gabriel manteve seu ritmo forte, brigando sempre na zona de pontuação, e chegando a duelar com Fernando Alonso no final da prova pelo 7º lugar, só não vencendo o espanhol, e seu empresário, diante do fato de Alonso ser Alonso. Mas dava para ter efetivamente chegado uma posição à frente, mas o time deixou Bortoleto na pista quando poderia ter feito o último pit stop algumas voltas antes, o que teria feito Gabriel alcançar Alonso um pouco mais cedo, e quem sabe, tivesse chance até de disputar o 6º lugar com Liam Lawson, que chegou pouca coisa logo à frente de ambos, mas cujo ritmo de corrida limpa, na comparação com Bortoleto, o colocava na alça de mira do brasileiro, se tivesse parado um pouco antes na parte final da corrida. Agora, resta esperar que Gabriel continue mostrando seu bom serviço nas próximas corridas, se o carro continuar se mostrando competitivo como está, o que permitiu à Sauber marcar pontos pela terceira corrida consecutiva. Um alento dos mais importantes, especialmente quando consideramos que as expectativas no início do ano era de que em seu último ano de existência a Sauber poderia ficar fazendo mera figuração no grid, à espera de sua mudança para Audi em 2026. Com boas evoluções no carro, que se mostraram eficientes, o horizonte é mais promissor, e cabe a Gabriel continuar evoluindo e mostrando do que é capaz, reforçando porque foi escolhido pela Audi para seu projeto de equipe na F-1. A pontuação de Bortoleto na Áustria foi a primeira de um brasileiro na F-1 desde o GP de Abu Dhabi de 2017, quando Felipe Massa, justamente em sua prova de despedida da categoria máxima do automobilismo, chegou em 10º lugar, marcando seu último ponto na carreira, e do Brasil até então na F-1...

Gabriel fez uma corrida sólida e marcou seus primeiros pontos na F-1. E quer mais...

 

 

Franco Colapinto na marca do pênalti? Começaram rumos sobre a possibilidade de Valtteri Bottas, atual piloto reserva da Mercedes, voltar ao grid como titular, e na equipe de Alpine. Flavio Briatore teria sondado Toto Wolf sobre a liberação do finlandês, que trabalha para voltar ao grid na próxima temporada, sendo um dos pilotos que estariam sendo considerados para integrar o projeto da Cadillac, mas tudo indica que Bottas pode voltar às corridas ainda este ano. E o motivo é claro: Colapinto, que tanto furor causou no ano passado quando substituiu Logan Sargeant na Williams, não está desencantando em 2025 na Alpine, e muitos dizem que é mera questão de tempo o piloto argentino ser sacado por Briatore, que de início era fã, e agora pode virar carrasco, como tantas vezes já fez com pilotos ao sabor de seu humor, mesmo com os patrocínios que Franco traz ao time. O problema é que os resultados de Colapinto até agora pouco foram diferentes dos apresentados por Jack Doohan nas primeiras corridas, e as cinco provas onde o dirigente italiano mencionou que seriam o prazo para ele mostrar serviço se esgotaram em Zeltweg. Claro que Briatore já mudou o discurso, mas agora, ficou complicado arrumar uma “saída” que não o comprometa diretamente, depois de fritar o filho de Michael Doohan como prometeu que faria antes mesmo da temporada começar. E olhe que Colapinto por pouco não arrumou mais encrenca na Áustria quando fechou, ainda que involuntariamente, Oscar Piastri, com os dois quase colidindo, e forçando o australiano da McLaren a ir para a grama e quase perdendo o controle do carro, o que valeu uma punição de 5s ao tempo de corrida do argentino. Talvez Franco fique no cockpit até a etapa da Hungria, quando a F-1 entra nas férias de verão, e se não mostrar nada melhor até lá, pode ser que na prova da Holanda, em Zandvort, teremos novidades no time francês. A conferir…

Franco Colapinto não viu Oscar Piastri chegando e quase o jogou para fora da pista, deixando o piloto da McLaren bem irritado, e lembrando-o do porque de ter abandonado a Alpine para ir para o time de Woking.

 

 

A escolha de Valtteri Bottas não seria gratuita: a Renault está se despedindo da F-1 como fornecedora de motores, e o time da Alpine, de sua propriedade, usará propulsores da Mercedes em 2026, e Bottas é piloto reserva da Mercedes, já tendo sido piloto titular da escuderia alemã durante 2017 e 2021, e portanto, bom conhecedor dos motores alemães. A chegada de Bottas ao time francês seria uma preparação para a troca de equipamento em 2026, e muitos especulam que, dependendo dos resultados, Valtteri será efetivado também para a próxima temporada, fazendo dupla com Pierre Gasly, que até agora conquistou os únicos pontos da Alpine na temporada deste ano…

 

 

A Indycar, depois de passar pelo melhor circuito misto da temporada, em Road America, chega neste final de semana a outra pista clássica, o circuito de Mid-Ohio, em Lexington, e que oferece muitos desafios aos pilotos no quesito ultrapassagem, apesar de possuir alguns bons pontos de reta. E será que alguém será capaz de desafiar o domínio de Álex Palou na temporada? A TV Cultura e a ESPN transmitem a prova ao vivo, com largada programada para as 14:00 Hrs. Deste domingo, pelo horário de Brasília.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

FLYING LAPS – JUNHO DE 2025

            E o primeiro semestre de 2025 já ficou para trás. Acabamos de entrar no mês de julho, e no segundo semestre do ano. E as competições seguem a toda força, nos mais variados certames e competições, e aqui vamos nós para mais uma edição da Flying Laps, trazendo alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade desde último mês de junho, com alguns comentários rápidos. Uma boa leitura a todos, e até a próxima sessão Flying Laps no mês que vem...

 

A Ferrari venceu mais uma vez as 24 Horas de Le Mans, e foi a terceira vitória consecutiva dos carros de Maranello, desde que marca do cavalinno rampante retornou ao Mundial de Endurance. Mas, depois dos triunfos de 2023 e 2024 terem acontecido com o time de fábrica, a vitória neste ano ficou com o time “semi-oficial”, a AF Corse, que triunfou com o modelo 499P pintado de amarelo, com o Nº 83, e com um trio que faz história nas 24 Horas mais famosas do mundo do automobilismo mundial. Robert Kubica,Yifei Ye e Philip Hanson conduziram o carro que recebeu a bandeirada em La Sarthe em primeiro lugar na classificação geral, e com Kubica ao volante no momento da glória suprema.O pódio das 24 Horas foi completado pelo Porsche Penske Nº 6, de Kévin Estre, Laurens Vanthoor e Matt Campbell, que terminou em segundo, à frente da Ferrari Nº 51, conduzida pelo trio Antonio Giovinazzi, Alessandro Pier Guidi e James Calado. A Ferrari Nº 50, com o trioAntonio Fuoco, Nicklas Nielsen e Miguel Molina, terminou na 4ª posição, entretanto, dias depois, eles acabaram desclassificados por terem sido reprovados na inspeção técnica, que acusou irregularidade no teste de deflexão da asa traseira, o que levou à eliminação da corrida. O aerofólio traseiro foi considerado irregular por conta da ausência de quatro parafusos na parte central da peça, sendo que no relatório publicado pelos comissários, a asa teria apresentado uma distorção de 52mm nos testes, sendo que o máximo permitido é 15mm. A Ferrari, claro, alegou que isso em nenhum momento se traduziu em uma vantagem, e que provavelmente foi apenas um erro de montagem da peça, mas mesmo assim, a desclassificação foi mantida.

 

 

Enquanto isso, na classe LMP2, a vitória ficou com o carro Nº 43 da equipe Inter Europol, guiado por Nick Yelloly, Tom Dillmann e Jakub Smiechowski. O VDS Panis Nº 48, do trio Esteban Masson, Oliver Gray e Franck Perera, foi o 2º colocado; e coube ao carro Nº 199, de Louis Delétraz, Dane Cameron e PJ Hyett, completarem o pódio com o top-3. Já na classe dos carros de turismo, a LMGT3, o vencedor foi o Porsche Nº 92 da Manthey, comandado por Richard Lietz, Riccardo Pera e Ryan Hardwick. O pódio foi preenchido também pela Ferrari Nº 21, de François Hériau, Simon Mann e Alessio Rovero, na 2ª colocação; e o Corvette Nº 81, conduzido por Charlie Eastwood, Rui Andrade e Tom Van Rompuy, que terminaram em 3º.

 

 

Os brasileiros, para variar, não alcançaram os objetivos pretendidos na edição de 2025 das 24 Horas de Le Mans, mesmo os que estavam em tese em carros favoritos para obter bons resultados em suas respectivas classes. Na principal classe, a Hypercar, Felipe Nasr terminou em nono a bordo do Porsche Penske Nº 4 ao lado de Pascal Wehrlein e Nick Tandy. Já Felipe Drugovich, que correu no carro Cadillac Nº 311 em parceria com Jack Aitken e Frederick Vesti, abandonou a corrida durante a manhã de domingo em La Sarthe. Na classe dos carros LMP2, Pietro Fittipaldi, defendendo a equipe United no carro Nº 22, junto com Renger van der Zande e David Heinemeier-Hansson, acabaram na 7ª posição, enquanto Daniel Schneider, a bordo do  carro Nº 23, terminou em 11º ao lado de Oliver Jarvis e Benjamin Hanley. E, na classe LMGT3, Daniel Serra concluiu a etapa em oitavo com a Ferrari Nº 57 junto dos pilotos Takeshi Kimura e Casper Stevenson. Dudu Barrichello, por sua vez, terminou em 13º lugar a bordo do modelo Aston Martin Nº 10 junto com Valentin Hasse-Clot e Derek Deboer, enquanto Custodio Toledo ficou em 11º junto com Lilou Wadoux e Riccardo Agostini na Ferrari Nº 150. Augusto Farfus, no BMW Nº 31, em parceria com Timur Boguslavskiy e Yasser Shahin, não deu sorte, e abandonou a corrida. Melhor sorte a todos no próximo ano, quando tentarem novamente disputar a corrida em La Sarthe.

 

 

A Formula-E, que ameaçava ver uma disputa pelo título encerrada prematuramente diante da excelência de resultados do inglês Oliver Rowland com a Nissan, teve um respiro de dias um pouco mais imprevisíveis nas últimas etapas. Na rodada dupla da China, disputada no autódromo de Shanghai, tivemos vitórias de Maxximilian Gunther, da DS Penske na primeira corrida do fim de semana, com direito a dobradinha da equipe, já que Jean-Éric Vergne terminou em 2º lugar. O pódio foi fechado com o 3º lugar de Taylor Barnard, em mais uma excelente corrida do jovem talento da equipe McLaren, mas quem também teve uma prova de encher os olhos foi Dan Ticktun, que aos poucos vai devolvendo a dignidade de sua escuderia, a Kiro, antiga ERT, que até o ano passado padecia dos maus resultados de usar um trem de força pouco competitivo, e agora dispõe do Porsche em seus carros, mesmo que seja a especificação da temporada passada. E Oliver Rowland ficou “apenas” em 5º lugar, para variar. Já na segunda prova da rodada dupla em terras chinesas, Nick Cassidy brilhou debaixo de uma corrida disputada debaixo de chuva que, ao contrário do esperado, apenas reduziu o brilho do que poderia ser uma prova bem mais disputada. Largando de uma pole inesperada, Cassidy comandou a prova do início ao fim, tirando um grande peso das costas, e espantando um pouco a zica que vem sendo a atual temporada para a equipe Jaguar, que de favorita a ser protagonista na luta pelo título, entrou em uma espiral negativa que a relegou ao posto de figurante na competição. E a Porsche, que vinha tendo um desempenho melhor, mas ainda assim sendo eclipsada por Rowland e a Nissa, deu um bom respiro, com Pascal Wehrlein terminando em 2º, com Antonio Félix da Costa fechando o pódio em 3º lugar. Quem deu azar nesta segunda corrida foi justamente Gunther, o vencedor da primeira, que acabou abandonando a corrida após 9 voltas, enquanto Jean-Éric Vergne ainda salvou um 5º lugar para a DS Penske. E Rowland, por acaso, também não conseguiu brilhar nesta segunda prova, terminando apenas em 14º, e ficando sem marcar pontos, o que foi um bom alento para o campeonato, ainda que o piloto inglês continue com uma liderança das mais folgadas na classificação, já que os rivais não conseguiram aproveitar direito as chances que surgiram em Shanghai, em especial a Porsche, que só conseguiu brilhar na segunda prova, mas ficou zerada na primeira corrida, com seus dois pilotos terminando fora da zona de pontos. Quem também fez uma corrida tática na chuva foi Lucas Di Grassi, que fez uma excelente classificação, saindo em 4º, para tentar se manter na zona de pontuação, e conseguiu, recebendo a bandeirada em 9º lugar, e marcando mais alguns pontos na competição.

 

 

O calvário de Oliver Rowland, com certo tom de exagero, continuou na prova de Jakarta, onde o piloto da Nissan teve uma das corridas mais complicadas da temporada, e terminou apenas em 10º lugar, marcando apenas um ponto. Mas o problema é que, mais uma vez, seus adversários mais diretos, os pilotos da Porsche, não conseguiram capitalizar o revés a contento: Pascal Wehrlein foi apenas o 11º, ficando sem marcar pontos, enquanto Antônio Félix da Costa, com um 4º lugar, apenas conseguiu empatar a disputa com o próprio companheiro de equipe na Porsche, ocupando agora a 3ª posição, com 100 pontos, enquanto Wehrlein ainda o vice-líder, conta com 103 pontos. Mas Rowland, mesmo com todos os reveses e entreveros, ainda lidera com folga, com 172 pontos, ou seja, 69 pontos de vantagem sobre o mais próximo rival, e mostrando que a disputa pelo título apenas ganhou um respiro, não uma reviravolta, e que dificilmente escapará das mãos do inglês da Nissan, já que agora faltam apenas 4 corridas, nas rodadas duplas de Berlim e Londres, com um total de 100 pontos a serem disputados nas corridas, fora os pontos das poles e das voltas mais rápidas. Rowland precisaria sair zerado de Berlim, e mesmo assim, a depender das circunstâncias, ainda chegaria em Londres como franco favorito para levar o título, o seu primeiro, e o segundo de seu time, que quando era a antiga equipe e.Dams, foi campeão com Sébastien Buemi. E o risco de que a disputa pelo título feche na rodada dupla a ser disputada no traçado montado no antigo aeroporto de Tempelhoff ainda é bastante considerável…

 

 

Mas quem saiu consagrado da prova na Indonésia foi Dan Ticktun, que conquistou uma vitória merecida, diante de uma excelente performance na corrida, levando sua equipe de volta ao topo do pódio, de onde estava ausente desde a segunda temporada da Formula-E, sendo que a equipe, à época chamada de China Racing, foi a primeira campeã de pilotos da história da categoria de carros monopostos elétricos, que faturou a temporada inaugural, em 2014/2025, com o brasileiro Nelsinho Piquet, que naquele ano da competição venceu duas corridas. De lá para cá, contudo, a escuderia se perdeu no desenvolvimento de seu equipamento e trem de força, nunca mais sequer vencendo uma corrida, e muito menos, claro, entrando na briga pelo título. A equipe mudou de nome, de proprietário, e a última mudança, da temporada passada para cá, quando adotou a nova nomenclatura, Kiro, com aporte da marca Cupra, e agora usando o trem de força da Porsche, mesmo em versão antiga, ajudaram a tirar o time das últimas colocações, onde vinha se posicionando nos últimos anos. E Dan Ticktun, mais do que tudo, se empenhou no processo de transferência de propriedade e restruturação da escuderia, que agora, com o retorno ao degrau mais alto do pódio, mostra os frutos deste procedimento, que já podia ser visto nas últimas corridas, com o desempenho do piloto inglês, que colhe os resultados do esforço que empreendeu para ajudar o time. O único ponto negativo desta história foi como a escuderia foi ingrata com Sérgio Sette Câmara, que acabou dispensando o piloto brasileiro praticamente às vésperas do início da temporada atual, mantendo-o no escuro a respeito de sua manutenção ou não no time, cedendo à imposição da Porsche por seu piloto David Beckmann, que até o presente momento segue zerado na temporada, sem ter conseguido marcar um único ponto, ocupando o último lugar na classificação de pilotos, enquanto Ticktun já pulou, com o triunfo, para a 5ª posição, com 80 pontos. Dispensado sem a menor consideração, restou ao brasileiro a posição de piloto reserva da Nissan, onde batalha para tentar voltar ao grid no próximo campeonato, chance que se avoluma diante dos resultados até agora modestos de Norman Nato na equipe japonesa, onde Nato é apenas o 19º colocado, enquanto Oliver Rowland lidera a competição, e está bem perto de ser campeão...

 

 

A Maserati deve deixar a Formula-E ao fim da atual temporada, mas a escuderia, que nada mais é a antiga Venturi, deve permanecer na competição. O Grupo Stelantis, dono da marca, já participa também com a marca DS, associada à Penske (ex-Dragon), e as conversas apontam para a entrada da Citroen no lugar da marca Maserati, como nova denominação da escuderia, ajudando a manter o número de equipes estável na categoria dos carros monopostos elétricos. Até o presente momento, ainda também não definida como ficará a situação da McLaren, que está deixando a categoria para se dedicar ao seu novo projeto no Mundial de Endurance, mas se cogita que a DS também poderá assumir as operações do time, e possivelmente, envolver outra marca do grupo, a Opel, que já teve muito envolvimento no mundo do automobilismo. Vamos aguardar, e ver o que será decidido. Perde-se as marcas Maserati e McLaren, mas se tudo correr bem, teremos a Citroen e a Opel para se juntarem ao rol de marcas na Formula-E