quarta-feira, 31 de agosto de 2022

COTAÇAO AUTOMOBILÍSTICA - AGOSTO DE 2022


E já estamos chegando ao fim do mês de agosto, e o tempo sempre parece voar, até mais rápido que os bólidos do mundo da velocidade. As principais competições já voltaram de suas férias de meio de ano, e as disputas seguem a toda. Então, lá vamos nós mais uma vez com a edição deste mês da Cotação Automobilística, com uma pequena avaliação de alguns dos vários acontecimentos e personagens do mundo da alta velocidade neste último mês, com meus comentários, no velho esquema de sempre: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Portanto, tenham todos uma boa leitura, e cuidem-se todos, e até a próxima edição da Cotação Automobilística no mês de setembro...

 

 

EM ALTA:

 

Stoffel Vandoorne: O piloto belga chegou ao título da temporada 2022 da Formula-E mostrando muita maturidade e constância de resultados. Mesmo vencendo menos que seus concorrentes, ele superou-os evitando se envolver em confusões e aproveitando todas as oportunidades que surgiram nas corridas, para marcar pontos em quase todas, e subir ao pódio em em metade das corridas do ano. Soube ser rápido quando necessitava, e manteve-se no controle da situação quando necessário, sem cometer erros com a pressão de disputar o título, que acabou vitimando seus rivais. Redimiu-se da temporada passada, quando acabou superado pelo companheiro Nyck De Vries na luta pelo título, e recupera o status de grande piloto que havia perdido em sua passagem pela McLaren na F-1, quando acabou massacrado no confronto com Fernando Alonso, e acabou descartado pelo time de Woking. Pode não ter feito um campeonato vistoso, mas deu o resultado pretendido: o título, mostrando que nem sempre quem vence mais é campeão.

 

Mercedes na Formula-E: O time alemão conquistou o campeonato de pilotos e de equipes pela segunda temporada consecutiva no certame de carros monopostos 100% elétricos. Não exerceu um domínio como o de sua contraparte na F-1 quando foi campeã, mas foi mais competente para chegar ao título do que os times rivais, ainda que o maior mérito tenha ido para Stoffel Vandoorne, que fez melhor uso dos recursos do time do que Nyck De Vries, que fez uma temporada apagada depois de conquistar o título no ano passado. Uma pena que, por planejamento e estratégia de seus recursos de competição, tenha resolvido deixar o certame depois de passagem breve pela categoria, pois tinha tudo para poder continuar participando e lutar por mais títulos. De salientar que o time que foi vice-campeão no campeonato de equipes, a Venturi, também usou o trem de força da Mercedes, que até venceu mais que o time de fábrica, 5 triunfos contra 3, mas na soma, mostra que a Mercedes venceu metade das corridas da temporada com seu equipamento, somando seu time oficial e time cliente, o que também não é de se desmerecer.

 

Campeonato da Formula-E: A categoria de carros monopostos 100% elétricos encerrou sua oitava temporada, e a era dos carros de segunda geração, abrindo caminho para os novos carros de terceira geração, muito mais potentes e velozes do que nunca, mostrando um crescimento gradual, mas firme, e consolidando seu nome como opção de carreira para os pilotos no mercado internacional de competições do mundo do esporte a motor. Se é verdade que ao fim desta temporada encerrou-se as participações, oficiais e não-oficiais, de Mercedes, BMW e Audi, para o próximo ano chegam a Maserati, e a McLaren, para integrar o grid da competição, que vê também o retorno da antiga equipe ABT, agora sem o apoio da Audi, mas reforçando o leque de forças da competição, que ainda conta com mais montadoras do que a F-1, sendo que várias delas agora tornam-se não apenas construtores, mas também fornecedores, com equipes adquirindo seus trens de força para competirem no campeonato. Jaguar, Porsche, Mahindra e Nissan aumentam assim sua participação na categoria, que terá em 2023 o maior campeonato de sua história, que encerrou 2022 com o número de 100 corridas realizadas. É verdade que a F-E ainda não agrada a muitos fãs do automobilismo, que torcem o nariz para os carros movidos a eletricidade, e ainda tem problemas para ajustar suas regras, e evitar punições que por vezes não aplicadas a torto e a direito, mas para quem apostava que a F-E seria mais uma aventura como foram outros certames como a GP Masters e a A1GP, o fato da competição seguir firme, e forte, é uma prova de que seus objetivos estão sendo alcançados, ajudando no desenvolvimento de tecnologias mais sustentáveis, e oferecendo disputa, competição, e entretenimento para os fãs do esporte. E vai seguir em frente, procurando evoluir cada vez mais e mais.

 

Disputa pelo título na Indycar 2022: Faltando duas corridas para terminar o campeonato da Indycar, a disputa ficou mais embolada com o resultado do GP de Gateway, vencido por Josef Newgarden, que encostou na liderança do campeonato, ainda em mãos de Will Power, por uma margem de 3 pontos. Mas o trio da Ganassi, formado por Scott Dixon, Marcus Ericsson e Álex Palou também está no páreo, e com menos chances, ainda temos Patricio O’Ward, da McLaren, e o terceiro piloto da Penske, Scott MacLaughin, que ainda tem chances matemáticas, e correm como azarões nesta reta final da competição. Mesmo assim, é um grande número de pilotos com chances de levar a taça do título, em que pese apenas cinco deles terem chances mais efetivas na disputa, que deve ser acirrada nas provas que restam, ambas em circuitos mistos, em Portland, e Laguna Seca. Quem vai levar o título da temporada? Mais uma vez, o binômio Penske/Ganassi está dominando a parada, uma vez que a Andretti não conseguiu mostrar força novamente para entrar na briga, que não deve desapontar os mais ferrenhos fãs da velocidade em uma disputa ferrenha. Fiquem preparados.

 

Max Verstappen: O piloto holandês deu mais um show na etapa da Bélgica, e ampliou ainda mais sua vantagem no campeonato de pilotos rumo ao bicampeonato na F-1, que vai ficando cada vez mais fácil com uma Ferrari que parece ficar cada vez mais apática e irregular nas suas estratégias de corrida. Mesmo largando na segunda metade do grid por troca de componentes do motor, o piloto holandês foi para o ataque, e com uma exibição impressionante, escalou todo o pelotão até assumir a liderança e vencer mais uma vez na temporada, sem ter quem conseguisse enfrenta-lo na briga pela vitória. Nesse ritmo, e agora com uma vantagem de 93 pontos para o mais próximo rival, no caso, seu próprio companheiro de equipe Sergio Perez, que nas últimas corridas tem ficado cada vez mais distante do holandês, sem conseguir extrair do carro o mesmo que conseguia fazer no início do campeonato. Sem rivais à altura e de fato na pista, Verstappen segue rumo à conquista do bi, o que deve crescer ainda mais na próxima corrida, que é justamente em sua casa, na Holanda, e onde venceu com relativa facilidade no ano passado, o que pode acabar se repetindo este ano, para humilhação da concorrência, se esta não se aprumar e parar de cometer erros, que só tem facilitado a vida de Max nas últimas provas. Do contrário, melhor já ir pensando mesmo só em 2023...

 

 

 

NA MESMA:

 

Equipe Mercedes: O time alemão vinha crescendo de produção nas últimas corridas, dando até a impressão de que pode voltar a vencer este ano, apesar da diferença para os carros mais rápidos, como Red Bull e Ferrari, se bem que, pelos erros cometidos pela equipe italiana, a Mercedes até teria chances de terminar como segunda força. Mas, quando se esperava uma maior proximidade na etapa belga, quando a FIA instituiu limites de rigidez mais severos para o assoalho dos carros, sob suspeita de que Red Bull e Ferrari poderiam estar burlando o regulamento, a diferença da Mercedes na classificação aumentou ainda mais, com George Russell e Lewis Hamilton ficando a mais de 1s de distância do pole-position. Na corrida, o ritmo foi um pouco melhor, mas sem ter esperanças de tentar disputar com a dupla da Red Bull e da Ferrari em condições normais. O comportamento do modelo W13 ainda não rendeu o que se esperava, e cada prova a mais é tempo a menos para o time decidir qual será sua diretriz no projeto para o carro de 2023, o que aumenta o risco de não se produzir um carro mais competitivo.

 

Brasileiros no grid da Formula-E 2023: Os brasileiros continuarão presentes no grid na próxima temporada da categoria de carros monopostos 100% elétricos. Lucas Di Grassi firmou contrato para defender a Mahindra, onde voltará também a trocar idéias com os engenheiros da sua antiga equipe ABT, já que está será cliente dos trens de força indianos, e os dois times atuarão em conjunto visando melhorar a competitividade do equipamento. Já Sergio Sette Câmara acertou com a equipe NIO para ser titular do time na próxima temporada, no lugar do inglês Oliver Turvey, que foi dispensado pelo time. Fica a expectativa da competitividade dos brasileiros em seus novos times no próximo ano, com a esperança de tudo mudar com a estréia dos novos carros Gen3, que pode alterar a relação de forças do grid. A Mahindra já venceu corridas, mas nunca conseguiu ir até o fim do campeonato disputando o título. Já a NIO já venceu um campeonato, mas foi na primeira temporada, quando ainda se chamava China Racing, e desde então, nunca mais se achou na competição. Para Sergio, que defendeu o pior time da categoria neste ano, pode parecer uma melhora tímida de possibilidades na competição, mas é preciso esperar para ver como os times conseguirão se ajeitar com os novos carros, e os novos trens de força, muito mais potentes. Ao menos, os torcedores brasileiros terão a chance de ver seus compatriotas em ação na pista no primeiro ePrix de São Paulo, que ocorrerá em março do próximo ano, e marcará a entrada do Brasil no calendário da competição.

 

Como está fica na Pramac em 2023 na MotoGP: Acabou o mistério sobre quem iria para o time de fábrica da Ducati na MotoGP no próximo ano. Com Francesco Bagnaia garantido no time, a disputa entre os pilotos das equipes satélites estavam divididas entre Jorge Martin e Enea Bastianini, e em último caso, até mesmo Johaan Zarco. A cúpula do time de fábrica da marca italiana optou por Bastianini, que venceu três provas na temporada, mesmo com uma máquina defasada em relação ao time de fábrica, chegando a liderar a competição, enquanto o time principal ainda busca sua recuperação na temporada para lutar a fundo pelo título. Com a confirmação de Enea, seu time, a Gresini, terá de arrumar um novo piloto para 2023. Em contrapartida, na Pramac, que seria o destino do “perdedor” da disputa, nada muda: Johaan Zarco e Jorge Martin farão novamente a dupla titular do time satélite da Ducati em mais uma temporada. Zarco ocupa a 4ª posição no campeonato no momento, enquanto Martin é o 9º colocado. Curiosamente, Bastianini, que já chegou a liderar a competição este ano, caiu de rendimento nas provas mais recentes, e no momento é o 6º colocado, ficando bem distante do líder do certame, mas já com muitas expectativas para a próxima temporada, quando defenderá o time oficial da fábrica.

 

Fabio Quartararo: o piloto da equipe Yamaha vem conseguindo minimizar os prejuízos nas últimas corridas diante da ascenção de Francesco Bagnaia, da Ducati, que vem de três vitórias consecutivas no campeonato da classe rainha do motociclismo, mostrando que a equipe oficial da marca italiana entrou nos eixos na disputa pela vitórias na atual temporada. Mas Quartararo tem sido inteligente, e vem tendo sorte também nas disputas nas últimas corridas, evitando que sua grande vantagem na pontuação caia com mais vigor frente à melhor forma dos rivais. Ele ainda tem 32 pontos de vantagem para Aleix Spargaró, da Aprilia, e 44 pontos para Bagnaia, uma diferença até considerável, e que no presente momento, tem permitido ao atual campeão administrar os resultados em um momento onde a Yamaha tem tido alguns problemas para fazer com que o francês se imponha com mais determinação sobre os rivais. Mas, dando tudo de si, Fabio vem conseguindo fazer corridas cerebrais, e contando também com azares dos concorrentes para se manter nas melhores colocações possíveis, e evitar a maior aproximação dos demais pilotos, que não tem conseguido manter a mesma constância que o piloto da marca dos três diapasões. Bagnaia, por exemplo, ainda está muito atrás, devido ao início de temporada claudicante, e precisa torcer não só para manter a boa fase da Ducati, como também por um mau resultado do francês, se quiser chegar mais rápido na pontuação do rival, que não é de cometer erros nas corridas, salvo casos excepcionais, como o ocorrido em Assen. Se mantiver a toada atual, Quartararo deve conseguir se manter líder na disputa até o encerramento do campeonato, mas ele vai tratar de voltar a vencer tão logo tenha chance, e enquanto isso, vai se segurando como pode, e muito bem, para azar dos rivais.

 

Situação de Alex Palou: O destino do piloto espanhol ainda está tramitando nos tribunais da justiça dos Estados Unidos, e até o presente momento, ninguém sabe por onde o atual campeão mundial da Indycar vai correr em 2023. O espanhol acabou confirmando que a McLaren teria lhe prometido a vaga de Daniel Ricciardo no time de F-1, mas agora, com a notícia da “contratação” de Oscar Piastri, tudo indica que ou ele fica na Ganassi, e luta para restabelecer sua credibilidade junto ao time, ou vai ter de se contentar com a McLaren da Indycar, na vaga de Felix Rosenqvist, já que Patrício O’Ward e Alexander Rossi já tem contratos firmados para a próxima temporada. Só que Piastri ainda não pôde ser confirmado, até o fechamento desta matéria, na McLaren, que já se livrou de Daniel Ricciardo para 2023, o australiano já teria ficado “queimado” na Alpine. Enquanto o nó de pilotos não se desenrola, tudo parece contribuir para Palou ficar mesmo onde está, já que a Ganassi, em tese, é um time mais competitivo que a McLaren na categoria de monopostos dos Estados Unidos no momento. Resta saber como a justiça irá decidir o caso, se Palou ainda tem contrato válido com Chip Ganassi, que não quer perdê-lo, e muito menos deixar que vá para a concorrência, ou com a McLaren, que neste momento parece ter mais pilotos que carros disponíveis...

 

 

 

EM BAIXA:

 

Antonio Giovinazzi: O piloto italiano ficou a ver navios pelo segundo ano consecutivo. Se no ano passado já havia perdido seu lugar na equipe Alfa Romeo, que o dispensou para chegada de Guanyo Zhou, a temporada de estréia na Formula-E foi de comer o pão que o diabo amassou. Além de defender o time com o pior carro do grid, o que já limitava e muito os resultados potenciais, Antonio não conseguiu se adaptar ao estilo de condução e competição dos carros monopostos 100% elétricos, tendo sido superado com facilidade por Sergio Sette Câmara. Giovinazzi não escondeu o seu descontentamento com a categoria, e acabou nem terminando o campeonato, ficando de fora da última corrida devido a uma lesão, e sendo substituído pelo francês Sasha Fenestraz. O fato de Antonio ainda fazer parte da Academia de Pilotos da Ferrari com certeza lhe dá alguma segurança em termos de carreira, tanto que ele vai participar de dois treinos livres com a equipe Haas, mas se ele não apresentar resultados, mesmo o apoio da Ferrari pode ter vida curta, e vai ser preciso contar com o azar de outros pilotos para se manter como opção viável, estratégia arriscada para quem está novamente a pé. Resta saber se vai arrumar algum lugar decente para competir em 2023...

 

Daniel Ricciardo: O piloto australiano bem que tentou, mas não teve jeito. A McLaren, em comum acordo com seu piloto, concordaram em encerrar o contrato entre ambos ao fim da atual temporada da F-1, e não como previsto inicialmente, até o fim de 2023. O time inglês assume que não conseguiu dar ao piloto condições à altura para que ele rendesse todo o seu potencial, e Daniel, por sua vez, consentiu que também não conseguiu se ajustar ao equipamento que lhe foi oferecido. No ano passado, Ricciardo foi amplamente superado na maior parte do campeonato pelo companheiro de equipe Lando Norris, e neste ano, com um carro totalmente novo, em virtude do novo regulamento técnico da F-1, a diferença entre ambos aumentou ainda mais, com Lando tendo conseguido até subir ao pódio, enquanto o australiano mal conseguiu pontuar na maioria das corridas. Apesar do apoio moral de campeões como Lewis Hamilton, Sebastian Vettel e até Max Verstappen, o destino de Daniel em 2023 até o presente momento é totalmente incerto. Decidido a permanecer na F-1, o australiano até admitiu ter um ano fora das pistas em 2023, se não conseguir uma equipe para competir. A Alpine, time em que Daniel competiu entre 2019 e 2020, ainda com o nome de Renault, pode ser uma alternativa para o australiano, que teve uma passagem relativamente boa por lá em termos de resultados, mas resta saber se ambos unirão forças mais uma vez, para a próxima temporada.

 

GP da França fora do calendário da F-1 em 2023: E não deu mesmo, e Paul Ricard disse “au revoir” novamente à F-1, sendo confirmado oficialmente que a pista francesa não voltará ao calendário da competição da categoria máxima do automobilismo no próximo ano. Nem tudo está perdido, porém, e Paul Ricard aceitaria entrar em um revezamento com alguma outra corrida, para permanecer no calendário, que mais uma vez não deve contar também com o GP da Alemanha, já que tanto Hockenhein quanto Nurburgring alegam não terem fundos para bancar o GP. E vamos lembrar que o calendário de 2023 deverá ter a volta do GP do Qatar, além da estréia do novo GP de Las Vegas, que se mantido o calendário atual para as demais provas, ainda aumentaria em um GP, resultando no total de 22 provas, e com expectativa de termos 23, como quer a Liberty Media. O único ponto positivo, pelo menos para o próximo ano, é que a prova da Bélgica, que corria risco de ficar de fora também, está garantida, mas só para 2023. Se o pessoal não gostou muito da nova configuração de Paul Ricard, ninguém quer ver Spa-Francorchamps de fora do calendário, então, eles preferem ficar sem a prova da França, e perderem o GP belga, mas isso pelo lado de times e pilotos. Resta saber o que o pessoal da Liberty Media pensa a respeito...

 

Mick Schumacher na F-1 2023: O filho do heptacampeão Michael Schumacher até melhorou sua performance em provas recentes na temporada deste ano da F-1, conseguindo marcar seus primeiros pontos e mostrando que pode, sim, ter algo a mostrar na categoria máxima do automobilismo. Mas a parada continua difícil para o jovem alemão, que até o presente momento, não tem vaga garantida na Haas para a próxima temporada, com a escuderia estadunidense confirmando a presença apenas de Kevin Magnussen como titular. E agora, o jovem Mick estaria deixando a Academia de Pilotos da Ferrari, que o acolheu desde 2019, com a intenção de levá-lo para a F-1, o que aconteceu de fato no ano passado. Por mais que Mattia Binotto afirme que o fato de Mick ser filho do heptacampeão mundial nada teve a ver com sua inclusão no programa de pilotos da Ferrari, é inegável que isso teve peso, sim, e o jovem Schumacher conseguiu mostrar resultado ao ser campeão da F-2 em 2020. Mas, costuma-se dizer que quando você chega à F-1, não faz diferença o que você fez nas categorias de base, então o anúncio de que Mick está saindo do programa de Maranello sinaliza sim uma insatisfação com o jovem, que pode ser talentoso, mas já deu mostras de que não é como seu pai, e assim, as mesmas portas que o sobrenome lhe abriu agora cobram sua conta, e existe o perigo de que ele não consiga vaga no grid em 2023, mesmo em outra equipe, o que agora o fato de não pertencer mais à Academia de Pilotos da Ferrari deveria facilitar o acordo com outras escuderias. Cabe a Mick aproveitar as corridas restantes da temporada para mostrar o que vale a potenciais times que poderiam tê-lo em seu cockpit, ou do contrário, Mick vai engrossar a lista dos filhos de campeões que não conseguiram vingar no certame que consagrou seus pais...

 

Acordo Red Bull/Porsche na F-1: O que muita gente esperava finalmente vai acontecer. A Audi confirmou em Spa-Francorchamps que entra na categoria máxima do automobilismo em 2026, e os indícios apontam para a compra paulatina por parte dos alemães da equipe Sauber, atual Alfa Romeo, que encerrará sua parceria de patrocínio com a marca italiana ao fim de 2023. E o anúncio confirmou nas entrelinhas que a Porsche voltará à F-1 também, mas a perspectiva inicial, de que a marca alemã compraria 50% da equipe Red Bull, e a transformaria em seu time de fábrica parece ter começado a engasgar. A Honda teria se pronunciado veladamente sobre um retorno em 2026, e como já vem equipando a Red Bull e Alpha Tauri com seus propulsores, agora sob acordo de desenvolvimento por parte da equipe rubrotaurina, e vendo os resultados obtidos na atual temporada, os japoneses não gostariam de se verem substituídos pela marca alemã, e a Red Bull, por sua vez, amplamente satisfeita com a performance das unidades de potência que usa atualmente, não estaria interessada em encerrar a parceria e iniciar outra que nem sabe que resultados dará inicialmente. Um acordo de compra já teria sido iniciado, verificado por cruzamento de dados indiretos a respeito da situação da Porsche, e o que parecia algo líquido e certo agora está nebuloso e incerto. Se de fato não rolar o acordo previsto, a Porsche certamente terá de mudar suas diretizes, e nisso, quem será que seria o possível novo time a receber a parceria dos alemães? Vamos esperar para ver... 

 

 

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

O OCASO DE RICCIARDO

Daniel Ricciardo e McLaren: um casamento que não deu certo na F-1, para surpresa de muitos.

            A Fórmula 1 volta de suas férias de verão, e um dos assuntos mais comentados no paddock de Spa-Francorchamps é a demissão de Daniel Ricciardo da equipe McLaren, acertada em comum acordo com o piloto, pondo fim antecipado ao contrato firmado entre ambas as partes, que ia até o fim da temporada de 2023. O simpático piloto australiano fica no time de Woking até o fim da atual temporada, e até o presente momento, seu destino no próximo ano ainda é totalmente incerto.

            O motivo para a dispensa do piloto é o mais óbvio possível: falta de resultados. E coloca uma mancha na carreira do piloto, que sempre foi visto como um potencial campeão do mundo. Mas, não é de hoje que infelizmente vemos candidatos potenciais a campeão naufragarem na categoria máxima do automobilismo. Vários nomes que eram tidos como possíveis grandes campeões nunca vingaram na categoria, por vários motivos. O mais aceito, é de precisar estar no lugar certo, na hora certa, e mesmo assim, é preciso saber aproveitar a chance, ao mesmo tempo em que precisa torcer para não dar azar.

            Tendo estreado na F-1 na temporada de 2011, Daniel iniciou sua participação na equipe Hispania, como uma preparação programada pela Red Bull visando estrear o piloto na Toro Rosso no ano seguinte. Ricciardo era um dos vários pilotos participantes do programa de formação da Red Bull, gerenciado pelo implacável e turrão Helmut Marko, e pode-se dizer que o australiano saiu-se bem, a ponto de ser promovido, após disputar as temporadas de 2012 e 2013 no time de Faenza, ao time principal, para a temporada de 2014, sendo companheiro da nova sensação da F-1, o alemão Sebastian Vettel, que tinha enfileirado quatro títulos consecutivos, e era o homem a ser batido no momento.

            Só que a temporada de 2014 deu início à nova era híbrida de motores da F-1, e a Red Bull sofreu naquele ano, não conseguindo apresentar os mesmos resultados dos anos anteriores, enquanto a Mercedes assumia a posição de supremacia na competição, deixando poucas chances aos outros times. Mesmo assim, a Red Bull terminou o ano como vice-campeã no campeonato de construtores, e com uma surpresa: todas as três vitórias obtidas pela escuderia naquele ano foram conquistadas por Daniel Ricciardo, que contra todas as expectativas, havia superado o tetracampeão mundial Sebastian Vettel, que passou o ano sem conseguir nenhuma vitória. O piloto alemão conquistara 4 pódios no ano, sendo um deles um 2º lugar, e terminou a temporada em 5º lugar, com 167 pontos. Ricciardo foi o 3º colocado, com 238 pontos. Foi demais para Vettel, que arrumou suas malas e se mandou para a Ferrari. Teria a Red Bull descoberto outro talento tão incrível quando o de Sebastian?

            A temporada de 2015 não daria uma resposta a essa pergunta. Tendo o russo Daniil Kvyat como novo companheiro de time, o australiano terminou o ano atrás dele, classificando-se em 8º, com 92 pontos, enquanto Kvyat foi o 7º, com 95 pontos. Foi um ano de altos e baixos para a Red Bull, que não conseguiu manter o nível de 2014, e acabou atrás de Ferrari e uma renascida Williams, e os resultados de Daniel e Daniil foram parecidos. A temporada de 2016 só confirmou o talento de Daniel, que fez um ano muito bom com a Red Bull, ficando atrás apenas da dupla de pilotos da imbatível Mercedes. No mesmo ano, impaciente com resultados, a Red Bull colocou o holandês Max Verstappen no lugar de Daniil Kvyat, que foi “rebaixado” de volta para a Toro Rosso. Verstappen tratou de aproveitar a chance, e colocaria o status de Daniel à prova na equipe rubrotaurina.

Promovido para a Red Bull em 2014, o australiano era só sorrisos, assim como Vettel (acima), que logo mudaria de opinião ao ver Ricciardo vencer corridas com a Red Bull (abaixo) na temporada e ele não.


            Na temporada de 2017, a Reb Bull combinava arrojo e competência. Se Max Verstappen abusava da agressividade, Daniel Ricciardo mostrava ter mais visão de corrida, e cometia muito poucos erros, conseguindo resultados com muito mais frequência que o colega de time, que apesar de absurdamente rápido, se envolvia em confusões, e jogava fora oportunidades de pontuar melhor. Mas, esse estilo agressivo fazia do holandês a nova paixão de Helmut Marko, que desesperado em repetir um novo campeão como fizera com Vettel, começou a ter olhos só para o holandês, chegando a relativizar as encrencas que ele arrumava na pista, mesmo quando acaba trombando com o próprio companheiro de time. Não dá para negar que Ricciardo, apesar de trazer mais resultados com uma postura mais sóbria na pista, e não menos veloz, ficava ressabiado com tal atitude, vendo seus feitos não serem tão valorizados como antes. E Verstappen, por sua vez, mostrava não ter respeito pelo companheiro de time, não se intimidando e muito menos se arrependendo de, por vezes, arruinar a corrida de ambos com batidas desnecessárias com sua agressividade de pilotar. Em 2018, os dois acabaram batendo em um duelo em Baku, no Azerbaijão, onde nenhum dos dois cedeu para o outro, com o australiano a acabar atingindo o holandês por trás em uma manobra de ultrapassagem com Verstappen a fechar levemente a passagem, e com ambos os pilotos ficando de fora da prova azeri. Como nada acontecia com Verstappen, que era cada vez mais visto como a grande estrela do time, Daniel preferiu sair.

            Para muitos, foi um erro, pois a Red Bull era um dos carros mais competitivos do grid, e continuou a ser nos anos seguintes. Mas era também a oportunidade de Daniel se firmar como piloto candidato a campeão, podendo liderar outro time na competição. Suas credenciais como grande piloto eram mais do que reconhecidas, como um piloto que sabia muito bem se portar em uma corrida, aproveitando todas as oportunidades, não se envolvia em acidentes, e quase não errava. Curiosamente, ele era cotado para ocupar o lugar de Kimi Raikkonem na Ferrari, mas Vettel, ressabiado pela derrota de 2014, fez muita força para a manutenção do finlandês no time vermelho. Ricciardo acabou acertando com a Renault para 2019, pegando a Red Bull de surpresa, que não ficou feliz com a saída do australiano, alegando ter feito tudo o que precisava para mantê-lo no time. Sabendo que os olhos da escuderia estavam voltados todos para Verstappen, ele não teria onde crescer no time, e mesmo sabendo que a Renault não era tão competitiva, era o caso de dar um passo para trás na esperança de dar novos passos para a frente. Afinal, era um time de fábrica, que tinha metas ambiciosas para voltar a vencer na F-1, e se pudesse liderar esse retorno da marca francesa aos triunfos, ele seria reconhecido como peça fundamental nesse projeto.

            De vez em quando, sempre é preciso novos ares, e com as perspectivas de crescimento da Renault, não se pode culpar Daniel por tentar um novo rumo na carreira. Ele até teve um início um pouco complicado no novo time, mas foi crescendo a ponto de realmente liderar a equipe francesa na pista, superando Nico Hulkenberg, que acabaria dispensado pela equipe para 2020, quando teria Esteban Ocón em seu lugar. A Renault realmente cresceu naquele ano, e Ricciardo estava cumprindo com seu papel, sendo o principal nome da equipe na pista, que esteve em luta para ser o 3º time na competição, mas acabou perdendo para a McLaren e a Racing Point, numa disputa acirrada entre os três times. Tudo indicava que a Renault estava cumprindo com seu plano de voltar às primeiras posições. Mas, então, também de forma surpreendente, eis que Daniel resolve se mudar para a McLaren, ocupando a vaga de Carlos Sainz Jr., que ia para a Ferrari. O time inglês, depois da malsucedida parceria com a Honda, voltava a crescer, e parecia ter muito mais ímpeto e determinação para voltar a ser um time vencedor, enquanto a Renault, apesar dos progressos, ainda patinava nesse quesito. Na teoria, era algo lógico buscar melhores oportunidades.

A vitória no GP da Itália em 2021 parecia prometer melhores dias para Daniel Ricciardo na McLaren, mas infelizmente isso não ocorreu.

            Em tese, tinha tudo para dar certo. Afinal, a McLaren vinha em ascenção muito mais forte que a Renault, que em 2021, resolveu dar uma reformulada em seu projeto, mudando o nome da escuderia para Alpine, e alterando substancialmente o projeto do carro do ano anterior. Já a McLaren retomava a parceria com a Mercedes para uso de sua unidade de potência, e apesar dos temores de adaptação do carro ao novo equipamento, ele se mostrou competitivo, mostrando que a escuderia de Woking continuava no seu caminho para retornar às posições de protagonismo na F-1. Enquanto isso, a Alpine mostrava que havia perdido parte da performance do ano anterior, e que precisaria remar novamente só para recuperar o que já tinha conquistado. Quem poderia dizer que a mudança não era positiva?

            Bem, nem sempre as coisas saem como se imaginava, e como a própria McLaren admitiu com surpresa no comunicado onde informava o encerramento do contrato, foi algo totalmente inesperado a falta de adaptação do australiano ao carro do time. O próprio Lando Norris já dizia que o comportamento do carro da McLaren não era dos mais fáceis, e que ele próprio não gostava das reações do bólido. Daí, o espanto de ver como Daniel não conseguia obter os mesmos resultados de Norris com o mesmo carro. Certo, Ricciardo já tinha tido problemas na Renault, tendo que se adaptar ao novo time, e ao novo carro, mas ele tinha conseguido superar isso, e assumido de fato a função que a equipe esperava dele. Deveria ter ocorrido o mesmo na McLaren, era o que todos, até mesmo a direção da escuderia, esperava que ocorresse. Mas não aconteceu. Houve resultados melhores de Daniel do que os de Lando, mas foram casos pontuais, em que pese a bela vitória obtida pelo australiano em Monza, dando à McLaren sua primeira vitória em quase uma década. Só que os bons resultados não se repetiram. Enquanto Norris conseguiu subir ao pódio em 4 oportunidades, Ricciardo só teve essa sorte justamente no seu triunfo na Itália. E enquanto Norris deixou de pontuar em apenas duas corridas, sendo uma delas um abandono, Daniel ficou zerado em nove GPs, tendo igualmente apenas um abandono. Em outras palavras, ele terminou oito provas fora da zona de pontos, com um carro razoavelmente competitivo. Mesmo que já tivesse sido superado em campeonatos por outros companheiros em seus times anteriores, nenhuma dessas ocasiões havia sido de uma derrota tão contundente para um parceiro de time quando em 2021.

            A diferença de 45 pontos a menos para Lando Norris foi decisiva para a McLaren perder o duelo com a Ferrari pela 3ª posição no campeonato de construtores, onde o time italiano ficou 48,5 pontos à frente, de modo que teria sido um duelo muito mais renhido e disputado se Ricciardo tivesse correspondido à altura ao que o time esperava dele. Tinha-se esperança de que neste ano, com um novo regulamento técnico, e carros novos para todos, a situação do australiano voltasse ao normal. Mas ocorreu o contrário: Daniel afundou ainda mais. A própria McLaren regrediu, com um carro que não é tão competitivo quanto foi em 2020 e 2021, com um comportamento que deixou a desejar em vários GPs. Mesmo assim, o time conseguiu encontrar um rumo, e vem melhorando seu desempenho, mas isso só foi demonstrado por Norris. O piloto inglês ficou fora da zona de pontos em apenas duas corridas este ano, mas Ricciardo ficou sem pontuar em oito provas, de um total de 13 disputadas até agora. No campeonato de construtores, a McLaren é a 5º colocada, superada pela Alpine, que vem crescendo nas últimas corridas, enquanto o time de Woking parece correr com apenas um piloto. Realmente, algo impensável de se esperar de Ricciardo, que foi contratado justamente para capitanear o time na pista, e não se tornar o seu principal ponto fraco.

Na Renault, Daniel também teve um início um pouco complicado, mas se recuperou e liderou o time nas temporadas de 2019 e 2020. Agora Alpine, o time francês pode ser uma excelente chance para recuperar sua imagem de piloto de talento.

            Tentar achar justificativas para o fracasso do australiano na McLaren parece complicado. Por mais que Daniel tenha tido problemas em tentar se achar no carro do time, é inconcebível que em mais de um ano, ele não tenha conseguido evoluir na solução desse problema. Por mais que o carro continue sendo complicado de guiar, algo que Lando Norris voltou a confirmar, até mais neste modelo 2022 do que no do ano passado, um piloto com as credenciais até então exibidas por Daniel não deveria demorar tanto para conseguir superar essas deficiências. Tratando-se de um ano complicado para o time, com a própria McLaren admitindo isso, e sabendo que tal panorama não ajudou na situação, muito pelo contrário, mesmo assim o resultado é decepcionante. Apesar das afirmações iniciais de que o contrato seria cumprido até o seu final, em 2023, no que foi repetido nos últimos meses, a realidade acabou se impondo, e ambas as partes concordaram que seria melhor terminar tudo, e tentar recomeçar, na falta de perspectivas de ambos conseguirem o que se esperava inicialmente.

            Há casos na história da F-1 de pilotos muito talentosos e que tinham tudo para serem campeões, mas que lhes faltou oportunidade em terem carros capazes de vencer e de serem campeões, mas também em que alguns pilotos simplesmente não conseguiram se achar quando tiveram a chance de fazê-lo. Um caso mais recente na memória de todos talvez seja o de Heinz-Harald Frentzen, piloto alemão que participou do antigo Mundial de Esporte-Protótipos pela Mercedes, como companheiro de Michael Schumacher, e era considerado por todos na competição como muito mais talentoso e capaz que o compatriota. Mas, eis que na F-1, Michael se transformou num dos maiores vencedores e campeões de toda a história da categoria máxima do automobilismo, tendo carros competitivos ao seu dispor. Frentzen, por sua vez, teve carros pouco competitivos para fazer o mesmo, mas teve uma chance na Williams, que em 1997 era o time a ser batido. Era a oportunidade da vida de Heinz-Harald, que estranhamente, não conseguiu aproveitar tendo sido amplamente superado pelo companheiro Jacques Villeneuve, que foi campeão naquele ano, enquanto Frentzen foi 3º colocado no ano, numa temporada sem muito brilho, e com apenas uma vitória. Acabaria ficando com o vice-campeonato, pela desclassificação de Michael Schumacher por tentar tirar Villeneuve da pista na corrida decisiva em Jerez de La Frontera. No ano seguinte, a Williams não tinha mais um carro tão competitivo, e mesmo assim, o alemão foi facilmente superado por Villeneuve. Em 1999, na Jordan, um time médio, ele voltaria a brilhar como piloto, mas sem chances realmente efetivas de voltar a ser um piloto vencedor, apesar de duas vitórias naquele ano. E terminou sua passagem pela F-1 sem ter uma fração do sucesso alcançado pelo velho companheiro da Mercedes, deixando a categoria pela porta dos fundos, como muitos pilotos.

            Na mesma toada, podemos citar o caso do italiano Alessandro Zanardi, que foi bicampeão da antiga F-Indy em 1997 e 1998, e foi contratado pela Williams para voltar à F-1 em 1999, e numa das situações mais improváveis, passou o ano completamente em branco, sem marcar um único ponto pelo time de Frank Williams, que apesar de não ter um carro vencedor, era plenamente competitivo para marcar pontos, o que Ralf Schumacher conseguiu, acumulando 35 pontos naquele ano, os únicos da Williams. Não deu outra: o italiano foi dispensado ao fim do ano, para nunca mais retornar à F-1. Outro exemplo também na memória recente é do colombiano Juan Pablo Montoya, que assim como Zanardi, foi campeão na F-Indy, e chegou à F-1 como possível desafiante de Michael Schumacher. Algumas temporadas na Williams confirmaram o talento do colombiano e seu arrojo ao volante, mas o time de Grove não tinha um carro tão competitivo para desafiar a Ferrari do alemão. Em 2005, então, ele se mudou para a McLaren, que estava em condições mais competitivas para disputar o título, o que de fato ocorreu, mas não com Montoya, e sim como Kimi Raikkonen, que superou Juan Pablo facilmente, e foi vice-campeão com quase o dobro de pontos conquistados pelo sul-americano. Em 2006, a performance de Montoya perante Raikkonen desabou ainda mais, a ponto de haver a ruptura do contrato do piloto colombiano a meio da temporada, sendo dispensado imediatamente, em virtude dos baixos resultados, além de algumas confusões internas no time. Montoya nunca mais voltaria à F-1, e saiu por baixo da categoria máxima do automobilismo, ao contrário do que muitos esperavam dele. Realmente, tem pilotos que não conseguem se encaixar em certas equipes. Daniel não conseguiu se encaixar na McLaren, e o time também não conseguiu integrá-lo como gostaria.

            Daniel Ricciardo ainda não esteve em posição de lutar efetivamente por um título, e enquanto defendeu a Red Bull, esta não tinha chances de vencer a Mercedes. Buscar novos caminhos em busca de melhores oportunidades não é errado, mas nem sempre as coisas dão certo. Ele pode ter uma nova chance na Alpine, que já declarou que poderia recebe-lo de volta em 2023, e quem sabe, ele possa redimir-se na pista, e recuperar sua imagem de piloto vencedor, e potencial campeão. Mas nada está decidido, e ele até considera tirar um ano sabático, se não achar um lugar adequado para competir na F-1, recusando-se a ir para outras categorias, como a F-E, ou a Indycar. Ficar um ano fora, contudo, poderia só diminuir suas chances de tentar se recuperar na F-1. A Alpine seria a melhor e mais óbvia opção, uma vez que eles precisarão de um substituto para Fernando Alonso, e um nome como o de Ricciardo, que já conhece o time, seria crucial, satisfazendo as necessidades da escuderia francesa. Ainda é cedo para afirmar que ele já deu o que tinha que dar na categoria máxima do automobilismo.

            Mas, poderia ser também a última oportunidade do australiano, caso ele volte a não apresentar os resultados esperados. Neste momento, estaremos vendo o ocaso de Ricciardo na F-1? Na McLaren, uma recuperação é vista como muito improvável. Ele merece uma chance, conforme atestam as declarações de campeões como Lewis Hamilton, Max Verstappen, e Sebastian Vettel, que sabem do talento do australiano, e do que ele é capaz de fazer. Se a chance surgir, que ele possa aproveitar, e conseguir reverter a imagem ruim que acumulou nestas duas últimas temporadas.

 

 

Esta é a 5ª temporada em que Daniel Ricciardo fica atrás de um companheiro de equipe na classificação, se mantida a posição dele atrás de Lando Norris na McLaren. Em seu primeiro ano na Toro Rosso, em 2012, ele ficou atrás do companheiro de equipe Jean-Éric Vergne, tendo terminado o ano em 18º, com 10 pontos, contra os 16 pontos do francês, que foi 17º no ano. Em 2013, a situação se inverteu, com Vergne a ficar atrás do australiano na temporada, tendo terminado em 15º, com 13 pontos, contra os 20 de Daniel, que foi o 14º. Em 2015, ele ficou atrás do companheiro Daniil Kvyat, agora na Red Bull, por 3 pontos (92 a 95 para o russo). Ele só voltaria a perder para um companheiro de time em 2018, quanto ficou em 6º no campeonato, com 170 pontos, contra 249 de Max Verstappen, que foi o 4º colocado. De salientar que, nesse ano, seu carro começou a sofrer várias quebras coincidentemente depois que ele anunciou sua saída da Red Bull. No ano passado, em sua estréia na McLaren, ele perdeu para Lando Norris, situação que está se repetindo neste ano.

 

 

Curiosamente, Daniel Ricciardo estreou na Red Bull em 2014, substituindo um conterrâneo, Mark Webber, que havia resolvido deixar a F-1 ao fim do ano anterior. E hoje, Webber é empresário do também australiano Oscar Piastri, que sob seu gerenciamento, teria assinado contrato para justamente ocupar o lugar de Ricciardo na McLaren, tirando a posição de titular do compatriota...

 

 

A situação de Oscar Piastri, contudo, ainda não está definida, com sua contratação pela McLaren, e sua situação perante a Alpine sendo analisada por um corpo de advogados independentes a serviço da FIA, que se ocupa justamente de avaliar estes rolos contratuais que surgem entre os pilotos. A avaliação do caso deve ocorrer nesta próxima semana, em Paris, e só depois do resultado poderemos saber como ficará a situação do australiano, se ele poderá ir de fato para o time de Woking, ou se a Alpine ainda tem direito de contar com seus serviços.