sexta-feira, 22 de novembro de 2024

A VINGANÇA DE JORGE MARTIN

Jorge Martin comemorou a conquista do título da MotoGP em grande estilo na pista de Barcelona com o pódio do 3º lugar.

            E a temporada de 2024 da MotoGP chegou ao seu final, e consagrou Jorge Martin como campeão. O piloto da Pramac prometia se vingar da Ducati por não tê-lo promovido para o time de fábrica, e cumpriu sua promessa, roubando o que seria o terceiro título de Francesco Bagnaia, do time oficial da fábrica de Borgo Panigale, para si. Uma vingança que, apesar dos méritos de ser com uma moto da marca italiana, teve seus efeitos no time oficial, que além de ver Bagnaia amargar o vice-campeonato, verá o espanhol levar o número 1 para a rival Aprilia, para onde Martin se transferirá em 2025.

            A mágoa de Jorge Martin com a direção da Ducati já vem de longe. Ao fim da temporada de 2022, o espanhol viu suas pretensões de ser promovido ao time oficial barradas pela contratação de Enea Bastianini, que havia feito uma temporada impressionante com o time satélite da Gresini, e a bem ou mal, tinha demonstrado muito mais controle emocional do que Jorge, ainda afeito a humores instáveis que não condiziam muito com as necessidades do time de fábrica. Até aí, bem, as justificativas eram válidas, e Enea realmente havia feito por merecer. Cabia a Jorge melhorar seu temperamento, e aprimorar sua já habilidosa pilotagem.

            Ao fim da temporada do ano passado, a impressão foi positiva para o espanhol, que disputou o título até a última etapa, em Valência, e perdeu justamente para sua impetuosidade, caindo na etapa final, e entregando o título a Bagnaia, que saia com seu segundo campeonato em mãos, e se tornava o homem a ser batido em 2024. Houve o boato de que Bastianini poderia ser substituído por Martin, depois de um ano apagado do italiano, mas a Ducati preferiu ser justa: Enea teve sua temporada comprometida por um acidente sofrido logo na primeira etapa do campeonato, o que o deixou de fora de boa parte do campeonato, perdendo inúmeras provas, e quando retornou, precisava se reaclimatar à competição, e à moto, o que o fez perder terreno no campeonato. Ao fim do ano, Bastianini parecia plenamente recuperado, e pronto para fazer este ano o que não teve chance de mostrar em 2023. Nesta, Martin também não poderia ficar desapontado, embora, claro, tenha ficado. Era sua segunda negativa do time de fábrica à sua promoção, em que pese a Ducati tenha sido justa com Bastianini.

            E o tira-teima seria em 2024. Caso Enea não voltasse a vingar, estava mais do que óbvio que Jorge teria sua promoção para a equipe oficial. Bstava Jorge manter a excelente forma demonstrada em 2023, e aprimorar seu controle emocional, que ainda dava brechas para serem aproveitadas pelos rivais. E, até meio da temporada deste ano, tudo caminhava neste sentido. O duelo pelo título estava restrito a “Pecco” e a Martin. Inclusive, a direção da Ducati chegou a comunicar Jorge de que tudo estava certo, faltando apenas o momento oportuno de divulgar tudo oficialmente. Teoricamente, tudo perfeito para a fabricante italiana: fosse Bagnaia ou Martin o campeão, eles continuariam com o campeão vigente em 2025, coroando a fase de supremacia da Ducati no momento atual da MotoGP. Os esforços de Martin, que estava se engalfinhando com Bagnaia na disputa pelo título, com todos os demais competidores não passando de meros coadjuvantes, seriam finalmente reconhecidos.

Com uma moto competitiva, Marc Márquez voltou a ser destaque na competição, e bagunçou os planos de Jorge Martin, tomando seu lugar na equipe oficial da Ducati para a temporada de 2025.

            Mas aí, entrou um fator inesperado na jogada. Marc Márquez, hexacampeão da MotoGP, resolveu deixar a Honda, time pelo qual conquistou todos os seus títulos na classe rainha do motociclismo, mas atualmente vivendo uma crise de competitividade na qual nem mesmo todo o talento da “Formiga Atômica” estava conseguindo tirar do buraco. Vivenciando uma fase de mais baixos que altos, depois do acidente que comprometeu sua temporada em 2020, o maior campeão recente da MotoGP depois de Valentino Rossi resolveu dar um passo atrás na carreira, ao deixar a marca da asa dourada, e aceitar correr por um time satélite nesta temporada, mas que tinha acesso à moto campeã de 2023, a Gresini. Márquez queria se testar, ver se ainda podia voltar a ser competitivo, algo que a pouco competitiva Honda não lhe permitia mais saber. E o resultado foi positivo, com o hexacampeão voltando a ser protagonista, brigando por pódios e vitórias, embora estas só viessem mesmo na segunda metade da temporada. Mas o recado estava dado: com uma moto competitiva, Márquez podia voltar a dar show, e o espanhol não deixou por menos: ou ganhava uma moto de fábrica, ou iria para outro time rival. Nem mesmo a oferta de pilotar para a Pramac, time de Jorge, que contava com as mesmas motos da equipe oficial, seduziu o piloto, que achou pouco. E isso deixou a direção da Ducati numa saia justa.

            Apostar num campeão já consagrado, que pode voltar a massacrar seus rivais na pista, como fez em seus tempos áureos na Honda, ou em um piloto que, mesmo já dando mostras inegáveis de talento e velocidade com a moto italiana, mas que ainda não tinha sido campeão. Entre escolher um nome do presente ou do passado para o seu futuro, pesou o currículo de Marc Márquez, que não era o de qualquer um, mas do maior vencedor da categoria na última década e meia. E deu Márquez. Fosse outro nome, mesmo campeão, e não teria havido dúvidas por parte da Ducati em finalmente dar a Jorge Martin a sua merecida promoção para o time oficial da marca. Mas o risco de perder alguém como a “Formiga Atômica” para a concorrência foi mais contundente. Quem deixaria o maior vencedor do grid atual escapar quando tinha a chance de lhe dar um equipamento vencedor e campeão? E basta ver o desempenho de Marc na temporada: mesmo tendo passado as etapas iniciais se acostumando com o novo equipamento, o hexacampeão se envolveu na luta pelo TOP-3 do campeonato, tendo Enea Bastianini como grande rival para ver quem ficaria logo atrás da dupla postulante ao título. Não fosse esse desempenho, certamente a Ducati teria mantido sua aposta no espanhol da Pramac.

            Mas, lógico que isso não foi bem digerido por Jorge Martin, e a situação ficou muito mais complexa que isso, a ponto de a própria Pramac resolver encerrar sua parceria de décadas com a Ducati, e aceitar a oferta feita pela Yamaha para ser seu novo time satélite. A Pramac vinha sendo a porta de “entrada” para vários pilotos da Ducati, que conforme seu desempenho, eram promovidos ao time de fábrica, tanto que a escuderia tinha até as mesmas motos do time oficial, enquanto os demais times satélites contavam com motos do ano anterior para competir. O próprio “Pecco” Bagnaia defendeu o time satélite, antes de ser promovido ao time oficial. Bastianini, em que pese o descontentamento de Martin à época, também veio de um time satélite, a Gresini. Oficialmente, não havia nada que obrigasse a Ducati a escolher um piloto da Pramac para a promoção. Mas, ao ver Marc Márquez “furar a fila”, quebrando a promessa do que já estava combinado, a paciência, tanto de Jorge Martin, quanto da própria Pramac, esgotou-se. E com razões mais do que justas, diga-se.

            E com o anúncio da aposentadoria de Aleix Spargaró, abriu-se uma vaga na Aprilia, que foi preenchida rapidamente por Martin, num acerto relâmpago. O piloto espanhol cumpria sua ameaça de deixar as asas da Ducati, e partir para defender um time de fábrica rival, se não ganhasse sua promoção, a esta altura, mais do que justa, diante do desempenho apresentado pelo piloto. E a Pramac, bem, tomou as dores de Jorge, e encerrou sua parceria com a marca italiana, e vai correr como time satélite da Yamaha a partir do próximo ano. É verdade que corriam rumores a respeito da Pramac poder deixar de correr com as motos italianas, apesar de serem as melhores do grid, mas parece que a negativa da marca à promoção de Martin detonou de vez a ruptura entre a escuderia e a Ducati.

            Destino definido, Martin concentrou-se em disputar o título, e ficou logo nítido que quem errasse menos levaria a taça. Jorge errou, mas Bagnaia errou mais. O próprio bicampeão reconheceu isso em Barcelona, após um final de semana perfeito, onde marcou a pole, e dominou tanto a corrida Sprint quanto a corrida principal. Mas ali já era tarde. A diferença, de apenas 10 pontos, indica como cada resultado contou no ano. Martin manteve-se mais constante, nunca deixando de marcar pelo menos 12 pontos em cada fim de semana, contando as corridas curtas e longas. Já Bagnaia, por sua vez, teve pelo menos dois resultados abaixo disso: em Aragón, ele marcou apenas 1 ponto no fim de semana, e em Portimão, ele se acidentou com Marc Márquez em disputa de posição, tendo contabilizado apenas 6 pontos no fim de semana lusitano.

            É bem verdade que Bagnaia já tinha cometido vários erros nas duas temporadas em que foi campeão, e no ano passado, ainda teve o acidente sofrido em Barcelona que, se não o tirou das provas seguintes, com certeza ajudou a baquear temporariamente o piloto, ocasião em que Jorge Martin cresceu para cima, e lançou-se como postulante ao título. Mas o espanhol não conseguiu evitar de errar em alguns momentos decisivos, como na etapa final, facilitando a tarefa de Bagnaia de chegar ao bicampeonato. Mas em 2024, caso tivesse aprendido estas lições, seria um adversário ainda mais forte para as pretensões de “Pecco” chegar ao tricampeonato. E foi o que vimos.

Francesco Bagnaia (acima) teve um fim de semana perfeito no encerramento da temporada, vencendo a prova sprint e a corrida de domingo, mas mesmo assim terminou com o vice-campeonato, e não se fez de rogado, parabenizando o rival Jorge Martin pela conquista (abaixo).


            Inclusive, na etapa final, Martin até conseguiu controlar sua agressividade, embora tenha contado com uma certa apatia dos demais concorrentes, que não conseguiram se intrometer na briga pelos primeiros lugares, facilitando a vida do espanhol, inclusive Aleix Spargaró, que para alguns, serviu de escudeiro ao compatriota na etapa derradeira, procurando mais bloquear quem vinha atrás do que atacar buscando um lugar no pódio, ainda mais em sua última corrida na MotoGP. E quem acusou o golpe foi Enea Bastianini, que acabou não conseguindo superar o piloto da Aprilia, e tentar repetir o que fizera no dia anterior, ao garantir para a Ducati uma dobradinha na prova Sprint, e com isso reduzir a pontuação de Martin para a prova final. Mas, mesmo que tivesse conseguido, a tarefa não teria valido muito, já que Jorge precisava no mínimo de um 9º lugar para ser campeão, de modo que ele muito provavelmente poderia ter terminado em 4º ou 5º, que teria levado o título de qualquer maneira.

            E Martin precisava ter cuidado. Mesmo com a folga na pontuação, uma queda poderia ter sido fatal para o piloto da Pramac, que veria o título fugir para Bagnaia de forma ainda mais dramática do que em 2023. E já vimos casos no esporte onde um competidor, mesmo próximo do triunfo, viu tudo dar errado nos momentos finais de uma etapa, contrariando as previsões. Mesmo controlando a situação na pista, era preciso ter atenção redobrada. E Martin não deu chances ao azar desta vez. Ele sabia que era agora, ou talvez nunca, e conquistou o título. E Bagnaia deu uma lição de esportividade cumprimentando e exaltando o feito do rival, aceitando a derrota, e não polemizando sobre o que poderia ou não ter acontecido na temporada. Não deu, voltemos à luta em 2025, simples assim. Martin não se fez de rogado, aceitou os cumprimentos, e mostrou que a rivalidade na pista fica só na pista, e não fora dela.

Francesco Bagnaia VS Marc Márquez: ambos dividirão o time oficial da Ducati em 2025 e pode sair faíscas entre ambos.

            Mais do que o comportamento esportivo admirável, Bagnaia sabe que ele próprio foi culpado pelos erros que provocaram sua derrota na temporada, e agora cabe a ele e seu time analisarem tudo, e cuidarem para não errar novamente no próximo ano, quando a temperatura nos boxes do time oficial da Ducati provavelmente irá ferver com a disputa entre “Pecco” e a “Formiga Atômica”, seu novo companheiro de equipe. Mas isso é um problema dele, e Jorge Martin no momento comemora a maior conquista de sua carreira no motociclismo, que como diversos outros pilotos, passou por diversas dificuldades para fazer sua carreira no esporte, até surgir as chances de alcançar a MotoGP. Uma conquista que ele saboreou com toda a justiça, depois do que mostrou na temporada, e já vinha demonstrando na temporada de 2023.

            E o futuro? Teoricamente, Jorge Martin deveria ser o homem a ser batido em 2025, mas isso dificilmente ocorrerá. A Aprilia até ensaiou um grande salto de performance em 2022, mas desde então vem patinando, não conseguindo manter a mesma performance daquele ano, desapontando quem esperava ver a Casa de Noale brigar firme por vitórias e pelo título, com seus pilotos obtendo apenas vitórias ocasionais aqui e ali. E não deve ser favorita como é a Ducati no momento. O time de Bolonha deve se manter favorito, agora ainda mais por contar com a dupla mais forte do grid, o hexacampeão Marc Márquez, e o bicampeão Francesco Bagnaia. Pode-se esperar por uma melhora da Aprilia, mas talvez não no ponto necessário para conseguir desafiar com autoridade a dinastia da compatriota rival. Mas, quem sabe a Aprilia consiga surpreender? Pode ser difícil, mas não impossível. Resta apenas esperar para ver. Mas a experiência recente na classe rainha mostra que um time recuperar performance e competitividade é uma situação complicada. Honda e Yamaha, as maiores vencedoras das últimas duas décadas, estão aí para provar isso, com as duas marcas nipônicas chegando a se digladiar para não serem as últimas do grid em várias etapas neste ano. A Yamaha parece estar se saindo melhor em tentar reencontrar seu caminho para voltar a ser competitiva, mas mesmo assim, ainda muito aquém do que precisa. Já a Honda parece completamente sem rumo e à deriva. Isso por si só já dá uma idéia das possíveis dificuldades que a Aprilia terá para dar à sua nova estrela as condições para defender seu título.

            Uma dificuldade que poderia ser medida já no que vimos nos testes de pré-temporada feitos em Barcelona esta semana, onde o novo campeão, já conhecendo a moto da Aprilia, ficou apenas em 11º lugar, enquanto Bagnaia foi o 3º, Márquez o 4º, e seu irmão Álex ficou com o melhor tempo, confirmando a força das Ducatis. Mas, as motos de 2025 serão diferentes, e ainda não dá para saber como será a relação de forças no próximo ano. Mas o momento é da comemoração de Jorge Martin. A temporada de 2025 fica para 2025. Nos vemos lá, então...

 

 

Hora da farra da Liberty Media na temporada 2024 da Fórmula 1. É o momento do GP de Las Vegas, prova faraônica que o grupo detentor da F-1 resolveu inventar para tentar reinventar o conceito de um fim de semana de GP, com resultados que beiraram o ridículo no ano passado, dentro e fora da pista. É de se esperar menos complicações este ano, se tiverem aprendido de fato a lição do que ocorreu no fim de semana de 2023, onde pelo menos a corrida acabou se salvando, mostrando algumas boas disputas, e ajudando a livrar a cara da Liberty, que do contrário sairia de Las Vegas recheada de críticas e desmoralizada em uma corrida onde ela própria é a promotora. Vários pilotos não gostaram das atividades extra-pista montadas pela empresa, entre eles o próprio Max Verstappen, que achou os shows ridículos, para dizer o mínimo, onde os pilotos participaram. O destaque do fim de semana é a possibilidade de Max Verstappen fechar a conquista do tetracampeonato, se conseguir marcar pelo menos mais dois pontos do que Lando Norris. O holandês teve algumas dificuldades para vencer a corrida no ano passado, que devem ser maiores este ano, diante da menor competitividade da Red Bull, se bem que vai depender do que os adversários fizerem no fim de semana. A Ferrari quer discutir o título de construtores, e parece vir mais forte que a McLaren, que por sua vez, já afirmou que batalha apenas pelo título de construtores, dando o de pilotos já como perdido para Verstappen. Mas perder o campeonato de construtores soaria como mais um fracasso do time de Woking, e de vitória para a Ferrari, que enfrentou muito mais problemas ao longo do ano do que a escuderia inglesa. Para o torcedor brasileiro, contudo, acompanhar a corrida deve ser um saco, pelos horários das atividades de pista, que começaram nesta quinta-feira às 23:30 Hrs. com o primeiro treino livre. A classificação será na madrugada de sexta para sábado, às 03:00 Hrs. da madrugada, mesmo horário da largada, na madrugada de sábado para domingo. E com transmissão ao vivo pela Bandeirantes.

Las Vegas sedia mais uma vez uma etapa da F-1.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

HAVOC SERIES – O FABULOSO FITTIPALDI

            Voltando com uma postagem de vídeos, a de hoje é especial, referente a um único vídeo, por se tratar de um material bem raro, produzido há mais de 50 anos atrás, cujo título é “O Fabuloso Fittipaldi”, um documentário produzido por Roberto Farias e escrito por ele mesmo juntamente com Héctor Babenco. Trata-se de uma produção realizada em 1973, e exibida nos cinemas brasileiros da época, e também em 1974. Como não poderia deixar de ser, é uma obra que detalha como é Émerson Fittipaldi, nosso primeiro piloto a vencer na Fórmula 1, não apenas corridas, mas também o campeonato mundial, feito obtido pela primeira vez em 1972, com a lendária Lotus negra e dourada.

            Trata-se de um material interessante, que começa no meio da família Fittipaldi, mostrando os hábitos de Émerson e seu irmão Wilsinho, e de como começaram a participar de competições, a contragosto do pai, que até tentou fazer com que os filhos enveredassem por outros caminhos na vida, mas não conseguiu demovê-los da idéia de se tornarem pilotos de competição. Filmado também junto às corridas da temporada de 1972 e de 1973, podemos ver vários momentos de como eram as competições da época, com algumas cenas que seriam impensáveis nos dias de hoje. Quanto às corridas da temporada de 1972, o documentário faz um apanhado bem satisfatório, com maior detalhamento no momento dramático vivido não só pelo piloto brasileiro mas também pela equipe Lotus no GP da Itália de 1972, onde Émerson não só venceria a corrida, mas levaria o título também, em um momento de redenção lembrando que o time teve um momento trágico na mesma pista italiana dois anos antes, quando seu principal piloto, Jochen Rindt, morreria após se acidentar com seu carro na entrada da curva Parabólica.

            Este momento trágico fez de Émerson o principal piloto do time, e ele se mostrou à altura, quando venceu o GP dos Estados Unidos em Watkins Glen, resultado que deu o título da temporada de 1970 a Rindt, até hoje o único campeão póstumo da história da F-1. Podemos ver também Émerson dando uma volta pela antiga pista de Interlagos, lembrando que em 1972, à época do início dos trabalhos do documentário, o Brasil ainda não fazia parte do calendário da competição. O único ponto negativo da produção foi não colocar legendas nas falas dos pilotos estrangeiros, e demais profissionais do meio, como Colin Chapman, o que prejudica o entendimento para quem não entende inglês, mas está valendo.

            Exibido nos cinemas brasileiros em 1974, este documentário ganhou uma boa chance de ser conferido novamente quando foi lançado em VHS no fim dos anos 1980 pela distribuidora Transvídeo, na última aparição pública deste documentário, que felizmente, foi disponibilizado na internet, possibilitando que muitos fãs possam ter acesso a este material sobre o nosso primeiro grande campeão da F-1, lembrando que ele só trata mais dos assuntos de corridas até a temporada de 1973, com maior ênfase na temporada em que Émerson foi campeão, e em momentos mais íntimos do corredor. Abaixo, a ficha técnica deste documentário:

 

Direção: Roberto Farias

Produção: Roberto Farias e Héctor Babenco

Roteiro: Roberto Farias e Héctor Babenco

Elenco: Emerson Fittipaldi, Wilsinho Fittipaldi Jr., vários outros pilotos da época

Música: Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle

Diretor de fotografia: Jorge Bodanzky

Companhias produtoras: Hector Babenco Filmes e Produções Cinematográficas R.F. Farias Ltda

Distribuição: Ipanema Filmes

Lançamento: 1973

Distribuição em vídeo (VHS): Transvídeo

 

            E, claro, para quem quiser assistir, eis o link do documentário no You Tube, postado pelo usuário diegohill0. Aproveitem a oportunidade para assistir a esta raridade em se tratando de documentários a respeito do automobilismo nacional:

 

https://www.youtube.com/watch?v=xjPLrRQw0CQ

 

            Espero que todos façam bom proveito desta chance, e curtam bastante o material, conhecendo um pouco de como a F-1 era na época.