Já chegamos ao mês de setembro, e o tempo parece estar voando, tão ou até mais rápido do que os bólidos de competição que vemos nas mais diversas categorias de competição pelo mundo agora, entrando no último mês do terceiro trimestre de 2026. E todo início de mês é hora de mais uma nova sessão da Flying Laps, com alguns comentários de alguns acontecimentos no mundo da velocidade ocorridos nesse último mês de julho, desta vez com parte dos acontecimentos da Formula-E, e um pequeno apanhado da MotoGP. Portanto, uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps no próximo mês, trazendo notas sobre os acontecimentos deste mês de setembro. Até lá, então, pessoal...
A Formula-E começa a definir o line-up de pilotos de alguns times para a próxima temporada da competição, que terá início no final do ano, aqui em São Paulo. A Envision, time cliente dos trens de força da Jaguar, anunciou a renovação de contrato do suíço Sébastien Buemi, em mais um daqueles contratos “plurianuais”, valorizando a experiência do piloto, apesar da má fase que tem vivido em tempos recentes. Por outro lado, Robin Frijns, que fez parceria com Buemi nestes dois últimos anos, deixou o time, e até o fechamento desta coluna, ainda não tinha sua situação certa para a próxima temporada da competição dos carros monopostos totalmente elétricos. E vale lembrar: com a saída da McLaren, o grid encolheu, ficando agora com apenas 10 times, e 20 carros, o que torna mais difícil a manutenção de certos pilotos na competição. Na disputa pelo segundo carro da Envision, o nome de Joel Eriksson ganhou força na concorrência contra Stoffel Vandoorne e Jake Hughes, que também miram o lugar vago, e pode ser o escolhido, uma vez que o time já tem o seu piloto experiente. Mas é claro que ambos não podem ser descartados nesta escolha. Veremos quem irá ganhar esta parada.
Quem também não fica no mesmo time para a próxima temporada é Antônio Félix da Costa, que anunciou que está deixando o time oficial da Porsche, depois de defender a escuderia alemã pelos últimos três campeonatos. Da Costa nunca escondeu que gostaria de disputar também o Mundial de Endurance – WEC, mas a Porsche exigia comprometimento exclusivo com a Formula-E, o que desagradava o português, que apesar de ter tido desempenhos oscilantes na equipe, tinha contrato para seguir no time pelo próximo campeonato. Mas, com o clima ruim entre o piloto e o time, e ainda mais com Pascal Wehrlein, com quem já não vinha se dando bem há tempos, Antônio preferiu sair em busca de melhores alternativas, e uma delas pode ser a Jaguar, que perdeu Nick Cassidy para o novo time da Citroen, que deve ser o novo nome da Maserati no grid, que em dificuldades financeiras, será assumido pela Stellantis, que tem desejo de promover a marca na competição. O time britânico continua com Mith Evans, e terminou a última temporada em alta, finalmente se acertando na competição, após uma temporada complicada onde foi uma das maiores decepções, ficando longe de disputar o título como prometia fazer. A Porsche, aliás, diante do desempenho oscilante de Da Costa, tinha contratado Nico Muller, que tinha feito uma temporada impressionante com o fraco carro da ABT na temporada retrasada, encaixando-o na Andretti, seu time cliente, com vistas a coloca-lo no lugar do português no time principal, mas Muller fez uma temporada decepcionante no último campeonato, ficando completamente à sombra de Jake Dennis na Andretti, e sua ida para o time da Porsche agora é posta em dúvida, embora ainda não tenha sido completamente descartada.
Enquanto isso, a Stellantis prepara-se para aumentar efetivamente sua participação na Formula-E. O conglomerado já atua na Penske com a sua marca DS, e com a Maserati afundada em dívidas, está assumindo a escuderia – que já foi a Venturi, para promover a entrada de outra marca do grupo na competição, a Citroen, marca que já teve grande sucesso no Mundial de Rali. E a dupla do novo time terá ninguém menos que Jean-Éric Vergne, que está deixando o time de Jay Penske para apostar na nova empreitada da Stellantis, que também terá Nick Cassidy, que deixou a Jaguar, depois de uma temporada irregular pelo time inglês, preferindo buscar novos caminhos. Mas a investida da Stellantis é muito maior do que apenas assumir o time da Maserati e trocar seu nome. Muitas mudanças serão feitas na escuderia, sendo que inclusive, deverá deixar suas atuais instalações em Mônaco para provavelmente se mudar para perto de Paris, para desenvolver suas atividades na era dos carros Gen4 da Formula-E, e com a intenção de ser um time de ponta, e disputar o título. São grandes metas, vamos ver se eles conseguirão promover este crescimento todo que dizem que vão promover...
Marc Márquez tem feito a temporada 2025 da MotoGp parecer um campeonato de um piloto só. Apesar de ter travado algumas boas disputas, a maior parte delas com o próprio irmão caçula Álex, pela vitória em algumas provas, a “Formiga Atômica” tem deitado e rolado na competição, e teoricamente quem mais poderia lhe fazer frente, Francesco Bagnaia, justamente seu companheiro de equipe na Ducati, tem ficado pelo caminho, e cada vez mais vê sua temporada ficar ridícula, quando deveria estar não apenas brigando pelo título, mas está perdendo até mesmo a disputa pelo vice-campeonato. Na etapa da Áustria, enquanto vimos um Marc Márquez decidido e determinado, que arrancou a vitória tanto na prova Sprint quanto na corrida de domingo, o bicampeão italiano ficou pelo caminho na corrida curta, e na prova principal, um mediano 8º lugar que só serviu para deixá-lo ainda mais longe na classificação, uma vez que Álex Marquez abriu mais 7 pontos de vantagem para Bagnaia, que só não está pior no campeonato porque o resto da concorrência não consegue se aprumar para aproveitar devidamente os percalços dos pilotos do time oficial da Ducati. Na prova Sprint em Zeltweg, o duelo pela vitória se deu novamente entre os irmãos Márquez, com novo triunfo para o irmão mais velho, sobre o caçula, que faz sua melhor temporada na MotoGP, e é o vice-líder da competição, defendendo a Gresini, time satélite da Ducati. Já no domingo, Marc Márquez também precisou tirar o doce da boca de um piloto da Gresini, neste caso, de Fermin Aldeguer, que bem que tentou resistir, mas não foi páreo para o hexacampeão. Quem também foi muito bem no fim de semana da MotoGP na Estíria foram Pedro Acosta e Marco Bezzecchi, que terminaram as corridas em posições invertidas: Acosta foi 3º colocado na prova Sprint, e 4º na corrida de domingo; já Bezzecchi foi 4º na corrida curta, e 3º na prova de domingo. Em depois de fazer seu retorno à competição na etapa da República Tcheca, Jorge Martin terminou a prova Sprint da Áustria em 10º, quase marcando ponto em sua reestréia na temporada, enquanto no domingo, as coisas não fluíram muito bem, e ele acabou abandonando a corrida, mas pelo menos dando a entender que os humores do piloto com a Aprilia parecem superados, depois que o atual campeão deu a entender que queria pular fora do time já para 2026, no que a Aprilia bateu o pé e disse que exigira o cumprimento integral do contrato do espanhol, prometendo ir aos tribunais para fazer valer o seu direito.
E a MotoGP enfim estreou a pista nova da prova da Hungria, o circuito de Balaton Park. Mas, se fora da pista as coisas eram diferentes, com o pessoal se acostumando com as instalações, e o traçado do novo circuito do calendário, dentro dela a situação continuou a mesma de sempre: Marc Márquez fez novamente tudo o que havia para ser ganho no fim de semana húngaro, com novas vitórias tanto na corrida Sprint quanto na corrida de domingo, não dando chance a ninguém. A “Formiga Atômica” teve a companhia da dupla da VR46 no “pódio” da prova curta, com Fabio Di Giannantonio em 2º lugar e Franco Morbidelli em 3º. E com o 9º lugar, o atual campeão Jorge Martin marcou seu primeiro ponto na temporada 2025, o seu primeiro na Aprilia. E quem fez uma boa corrida curta foi Luca Marini, com um 4º lugar encorajador com a Honda oficial. Quem não fez grande coisa, mais uma vez, foi “Pecco Bagnaia”, que teve um desempenho sofrível na prova curta, terminando apenas em 13º lugar. E perdendo mais terreno na briga com Álex Márquez, que foi o 8º colocado, um resultado mediano, mas ainda assim, marcando mais 2 pontos, e indo-se embora do bicampeão italiano. Está ficando feio mesmo para Bagnaia esse momento...
Como desgraça pouca é bobagem, o bicampeão não foi lá muito melhor na corrida principal, recebendo a bandeirada com um morno 9º lugar. Mas, se “Pecco” teve de ver seu companheiro de equipe vencer a corrida, ao menos ele retirou alguns pontos do déficit que possui em relação a Álex Márquez, que não foi bem na corrida principal, terminando em um inesperado 14º posto, perdendo assim 5 pontos da dianteira que possui em relação a Bagnaia. Mesmo assim, é uma consolação vã: Álex Márquez segue firme na vice-liderança do campeonato, com nada menos do que 280 pontos, enquanto Bagnaia tem “apenas” 228, um diferença de 52 pontos. OK, quando foi campeão pela primeira vez, “Pecco” precisou tirar uma diferença muito maior de Fabio Quartararo, mas o francês corria com uma Yamaha que já começava a ficar claudicante, enquanto o italiano contava com a ascendente Ducati, que passava a ser a moto dominante na competição. Aqui, a parada é mais complicada, porque ambos os pilotos competem com motos da Ducati, sendo que Bagnaia conta com a GP25, enquanto Álex, na Gresini, corre com a GP24, que foi campeã no ano passado com Jorge Martin, na Pramac. A diferença entre as duas motos tem sido pequena, mas para piorar, Bagnaia parece se complicar a cada final de semana, e não tem conseguido tirar a diferença para o mais novo dos irmãos Márquez, e assim, vemos o bicampeão em uma situação inusitada, e nada agradável, sendo um coadjuvante de luxo na temporada, completamente à sombra dos irmãos Márquez, que vem dominando a competição com o mais velho, e vendo o mais novo deitar e rolar com a sua melhor campanha na classe rainha do motociclismo.
E Jorge Martin finalmente fez uma corrida digna do seu status de campeão da MotoGP. O espanhol já tinha conseguido marcar seu primeiro ponto na corrida de sábado, mas no domingo, voltou a mostrar a velha forma, e terminou em um merecido 4º lugar, em um dia onde a Aprilia brilhou na pista de Balaton Park, com Marco Bezzecchi terminando em um excelente 3º lugar, fechando o pódio, atrás de Pedro Acosta, da KTM. Jorge ainda está se familiarizando com a nova moto, e por isso mesmo, o desempenho é encorajador, mostrando que o atual campeão, depois dos percalços vivenciados desde o início da pré-temporada, parece que vai recuperando a forma e a velocidade, e está pronto para tentar se reerguer na Aprilia, seu novo time, que certamente espera ver o piloto em ascenção nas provas que restam nesta temporada, que acabou ficando completamente comprometida diante dos problemas enfrentados pelo espanhol. E é o que a Aprilia espera do piloto, que contratou para comandar o time na pista, buscando conseguir desafiar a supremacia da conterrânea Ducati. E Marco Bezzecchi, que já conseguiu vencer uma corrida este ano, mostra que a moto não é tão ruim como Martin chegou a insinuar que poderia ser, quando deu mostras de querer abandonar o barco sem ter estreado devidamente. A Aprilia ainda não é a Ducati, mas quem sabe possa vir a ser no futuro próximo. É o que todos esperam...